BRASÍLIA, DF - Ex-líder
do governo Dilma Rousseff, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) fez críticas
à gestão da petista e declarou voto no candidato do PSDB à Presidência,
Aécio Neves. Em palestra em Roraima para economistas, Jucá disse que
votará no tucano porque é o nome com "um pouco mais de condição de mudar
a linha de pensamento que não combina com o Brasil". "Na minha
avaliação, temos que mudar o rumo econômico que o Brasil está tomando. A
gente tinha duas opções de voto, o Aécio e o Eduardo. Hoje perdemos
uma. Eu não quero influenciar ninguém, mas vou declarar o meu. Vou votar
no Aécio", afirmou.
Apesar
de integrar o partido de Michel Temer (PMDB), candidato a vice na chapa
de Dilma, Jucá disse que o governo do PT "falha ao pender para a linha
ideológica" e adota um modelo econômico que dá certo na "Albânia e no
Cazaquistão", mas não no Brasil.
"A Dilma
tem um discurso socialista e a prática dela é socialista. Você tem um
governo ideológico na forma de comandar a economia. Ideologia,
centralização, estatização, não combina com capitalismo. Isso dá certo
na Albânia, Cazaquistão e alguns lugares onde a visão é outra. No caso
do Brasil, nós temos que ter estabilidade e uma boa perspectiva",
afirmou.
Convidado
a falar sobre política e economia, Jucá fez as críticas durante
palestra no Conselho Regional dos Economistas de Roraima. A palestra
ocorreu na semana passada, no dia da morte de Eduardo Campos (13).
O
conselho gravou o áudio do encontro, que foi divulgado pelo site "Rede
Brasil Atual". Por meio de sua assessoria, Jucá confirmou o que disse na
palestra, mas afirmou que não comentaria suas declarações.
Na
palestra, Jucá disse que, como economista, não votará no governo Dilma
Rousseff por discordar das ações de sua área econômica. O peemedebista
chegou a falar em "tarifaço" que ocorrerá no país se a petista for
eleita em outubro.
"Estamos
vivendo um momento de grande dificuldades e definições. Eu fui líder do
Fernando Henrique, do Lula e do começo do governo da Dilma. Mas sou
economista. E vou dizer a vocês com muita sinceridade: do jeito que o
governo está tocando a economia, eu não voto no PT. O Brasil não aguenta
quatro anos do jeito que os caras estão levando."
O
peemedebista disse que o governo Lula foi diferente do de Dilma porque o
petista fazia um discurso social, mas tomava medidas capitalistas,
enquanto a presidente mantém a linha socialista. Também criticou
alianças do governo com países como Venezuela e Argentina, além do
modelo legislativo adotado pelo Palácio do Planalto. Jucá disse estar
"cansado" de pegar leis do Executivo e "ter que mudar tudo".
"É pouca
gente ali [no Congresso] que sabe o que está fazendo. Normalmente, as
pessoas votam ali sem saber. Quando você chega na Câmara então, é uma
loucura", criticou.
Além de
ter sido líder de Dilma até 2012, Jucá também foi líder no Senado de
parte do governo Lula e na gestão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). O
senador também é relator do Orçamento da União de 2015, peça
considerada vital para o futuro presidente do país.
ATAQUES
As críticas de Jucá são reproduzidas, nos bastidores, por uma ala do PMDB insatisfeita com Dilma.
Parte do
PMDB considera que a presidente não dialoga com o Congresso e impõe
medidas econômicas contrárias ao que defende a sigla. Em junho, o
partido aprovou o apoio à reeleição de Dilma com críticas ao PT e ao
governo. Foram 398 votos pela manutenção da aliança (59%) contra 275
(41%) da ala que defendia o rompimento.
Em 2010,
o apoio peemedebista à chapa de Dilma havia sido aprovado por 85% dos
convencionais. A ala contrária a Dilma chegou a discursar contra a
aliança e a distribuir panfletos em que acusa o governo de ineficiência e
corrupção. Maior aliado do PT na coalizão dilmista, o PMDB possui cinco
ministérios, mas reclama constantemente que seu espaço é pequeno e que
não tem autonomia total nas pastas sob sua responsabilidade.
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