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terça-feira, 19 de agosto de 2014

Omar Aziz poderá ser condenado por danos difusos por manter Vidal Pessoa ativa em seu governo

(blog do Pávulo)
O ex-governador Omar Aziz (PSD), poderá ser condenado por danos difuso em Ação Civil Pública impetrada pelo Ministério Público, que pede a desativação da Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa, localizada na Avenida 7 de Setembro, Centro de Manaus. De acordo com o MP, mesmo sabendo das péssimas condições e das mortes ocorridas na penitenciária o chefe do executivo estadual (na época governador) manteve o estabelecimento prisional em atividades e ainda negou-se a assinar o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) de providências a serem tomadas pelo governo do estado.
O ex-secretário de Justiça, Carlos Lélio Lauria Ferreira, e o ex-diretor da Cadeia Pública, também poderão ser penalizados pela mesma pena imposta a Omar Aziz, danos difusos.
Os autos estão conclusos ao juiz Ronnie Frank Torres Stone, da 1ª Vara da Fazenda Pública Estadual da Comarca de Manaus, que decidiu no dia 16 do mês passado julgar o mérito da Ação Civil Pública, impetrada dia 22 de novembro de 2010, pela promotora Liani Mônica Guedes Freitas Rodrigues, da 58ª Promotoria de Justiça Especializada na Proteção e Defesa dos Direitos Constitucionais do Cidadão.
Com base no artigo 330 do Código de Processo Civil (CPC), o magistrado decidiu que não existe a necessidade de produção de provas em audiências e dará a sentença onde poderá determinar a desativação da Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa e condenar por danos difusos (por atos comissivos e omissos) Omar Aziz, Lélio Lauria o ex-diretor da prisão Frank dos Santos.
Os atos ilegais alegados pelo Ministério Público na ação seria o fato de como governador o estado, Omar Aziz, tendo conhecimento das mínimas condições de salubridade e demais falhas, manteve a Cadeia Pública, em funcionamento, onde já teve mortes e várias rebeliões.
Ao pedir da decretação da impossibilidade do prédio da Vidal Pessoa, o MP, afirma que o prédio é anacrônico e inadequado aos padrões atuais de segurança e respeito a dignidade humana, está localizado em área urbana e coloca em risco a integridade da comunidade e inviabilização de ampliação da estrutura por ser  tombado pelo patrimônio estadual.
CNJ mandou desativar ano passado
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) recomendou em setembro do ano passado a desativação da Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa, que funciona no Centro de Manaus, Zona Sul. Considerada a "porta de entrada" do sistema prisional do Estado, a unidade foi inaugurada em março de 1907 e recebe os presos provisórios - que aguardam julgamento.
"Esse presídio precisa ser desativado, não tem a mínima condição de manter seres humanos. Isso aqui é cruel, desumano e não podemos permitir que continue. Como membros do Poder Judiciário, temos o dever da pacificação social, do cumprimento da lei e não podemos pensar em ressocialização de presos com essas condições", foi a declaração ano passado do ex-presidente do Tribunal de Justiça do Amazonas, desembargador Ari Moutinho, ao final do primeiro dia de atividades da comissão que realizará o mutirão carcerário, formada por membros do CNJ e do Judiciário estadual, após visita à cadeia pública.
O conselheiro do CNJ e desembargador do Tribunal Regional Federal (TRF) da 2ª Região, Guilherme Calmon, lembrou que "no ano de 2010, o CNJ já havia recomendado a desativação da 'Vidal Pessoa' por força da ausência completa de condições de manutenção de pessoas, ainda que presas provisoriamente". Calmon disse ainda que, de 2010 até este ano, a situação do presídio piorou muito. "Se naquela época já era caso de desativação, agora com muito mais urgência", disse.
De acordo com o conselheiro, o Estado do Amazonas tem hoje um dos maiores percentuais de presos provisórios em relação à média nacional brasileira. "Temos aqui 78% de presos provisórios da população carcerária, ultrapassando a média nacional de 48%, que já é um número significativo e elevado. É preciso que haja uma conscientização de todas as autoridades envolvidas, em especial dos juízes, promotores de justiça, defensores públicos, dos advogados e demais autoridades do sistema carcerário", disse.
Para Calmon, a situação da "Vidal Pessoa" precisa, com urgência, ser modificada, sob pena de se decretar a falência do Estado e do poder público, que não tem a mínima condição de manter seus presos. "É importante destacar que o Brasil já foi e ainda é, em alguns lugares, denunciado internacionalmente por violações frontais aos direitos humanos. Não tenho dúvida de que o exemplo aqui, desta cadeia pública, é de grave violação dos direitos humanos, passível de denúncia internacional", concluiu.

Fonte: Fato Amazônico

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