Gol

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Homilia Diária

30NOV2016

Temos que levar as pessoas para que se encontrem com Jesus, o Salvador

“Eles imediatamente deixaram as redes e o seguiram” (Mateus 4,20).

Hoje, celebramos o apóstolo Santo André, irmão de Simão Pedro. Os dois irmãos deixaram suas redes e foram atrás de Jesus, tornaram-se discípulos, apóstolos, seguidores do Mestre Jesus. Hoje, falando particularmente de André, há outra narrativa do Evangelho que nos mostra este apóstolo como aquele que vai levar Simão Pedro até Jesus.

André encontrou-se primeiro com Jesus, não foi numa única circunstância, mas hoje os dois vão juntos. Mas numa ocasião anterior, André foi primeiro, e foi dizer a seu irmão: "Encontrei o Messias", e o conduziu pela mão.

Quando celebro o apóstolo Sandro André, gosto justamente de olhar para essa situação: como Deus precisa de mãos para que conduzam outras mãos, para que elas encontrem o caminho! Todos nós estamos em busca de um caminho, de uma luz, da verdade, da salvação, felicidade e direção para a nossa vida.

Há pessoas que nos levam para o mau caminho. E nós nos deixamos levar pelo mau caminho quando somos facilmente influenciados por outras pessoas. Muitas vezes, até andamos no caminho da salvação, mas nos deixamos influenciar por falácias, por pessoas que parecem convincentes naquilo que dizem, e essas pessoas vão nos seduzindo, conduzindo-nos pelas veredas de suas falácias, por suas filosofias e histórias.

O discípulo de Cristo é muito humilde, movido por uma profunda fé, mas, acima de tudo, por um encontro pessoal com Jesus. O discípulo de Cristo não leva a pessoa junto de si, leva-a para encontrar-se com Cristo. O discípulo de Cristo não forma discípulos para si, para que vá atrás dele, mas coloca as pessoas no caminho, no seguimento de Jesus.

Precisamos ter sabedoria, precisamos de apoio, mas temos que ter cuidado com isso, porque, quando temos confiança demais nas pessoas, chega uma hora que o apoio pode balançar, ir para lá e para cá e caímos juntos.

O nosso apoio, a nossa segurança é Jesus, e se precisamos levar as pessoas para que se salvem, não é para nós, pois não somos salvadores; temos de levar as pessoas para que se encontrem com Jesus, o Salvador.

André não levou seu irmão para junto de si: "Venha que o Salvador está em mim", mas disse: "Vamos até Ele!". Leve as pessoas para Jesus, leve-as para que se encontrem pessoalmente com Jesus, para que entreguem suas vidas a Ele. No início, podemos ajudar, devemos conduzir, podemos realmente mostrar o caminho, mas não podemos deixar que as pessoas parem em nós, porque vamos, porque seguimos, porque seguimos adiante. Mas que bom que aquela pessoa encontrou-se com o Mestre.

Veja: Simão Pedro vai se tornar, depois, até mais importante para o Mestre, devido aquilo que ele vai fazer e ser. Não podemos dizer que Pedro não seria Pedro, se não tivesse um irmão  como André, que o levou até Jesus.

Seja um irmão, o amigo do Esposo e leve as pessoas para Jesus e não para si.

Deus abençoe você!

Homilia Diária

29NOV2016

Precisamos deixar que Deus ilumine nosso olhar, para contemplarmos o Seu Reino presente no meio de nós

“Felizes os olhos que veem o que vós vedes!” (Lucas 10, 23).

Jesus está exultando de alegria pelo Pai, louvando e bendizendo, porque não foi aos sábios, aos grandes, poderosos e entendidos que o Pai revelou os segredos do Reino, mas aos humildes de coração, àqueles que dispõe do seu coração qualquer soberba e orgulho, e o abrem para contemplar as manifestações de Deus no meio de nós.

Deixe-me dizer ao seu coração: onde está a mão de Deus, que não a vejo? Onde está a graça de Deus quando me toca? Onde estão os prodígios de Deus que as pessoas exultam e eu não consigo ver? Felizes os humildes, os bem-aventurados, aqueles que estão na humildade de coração, porque são esses que contemplam a glória, a ação, a graça de Deus agindo no meio de nós!

O problema não é a mão de Deus, que não está agindo, o problema é o nosso coração que não se despiu, não se revestiu de graça e humildade. Se não lapidarmos esse coração, se não o tirarmos daquelas disputas humanas e pretensões covardes, as quais, muitas vezes, a humanidade nos impõe, não conseguiremos ver o Reino de Deus, as graças d'Ele acontecendo.

Jesus, agindo no meio de Seu povo, fez graças, prodígios, milagres, mas muitos não puderam tocar, ver e contemplar. Mesmo aqueles milagres que foram feitos à vista de muitos, não passou de fatores humanos para alguns, porque não estavam revestidos com o olhar da fé, sobretudo, com a humildade que os une aos desígnios de Deus, a graça d'Ele acontecendo no meio de nós.

Amados irmãos, o Reino de Deus está acontecendo, Ele está no meio de nós. Precisamos nos revestir da graça para vê-lo acontecendo! Precisamos mudar essa mentalidade, essa maneira de enxergarmos a vida. Não podemos continuar enxergando as coisas somente pela nossa maneira de ver, porque essa maneira é, às vezes, revestida de elementos que vamos adquirindo ao longo da história, da vida; eles são fantasiosos, enganosos e mentirosos, revestidos de ilusão e, acima de tudo, de pretensões humanas.

Quando colocamos nossas pretensões humanas à nossa frente, não conseguimos tocar na graça de Deus. Essa sim [graça de Deus] cura a nossa humanidade, coloca a nossa humanidade na sintonia e na graça do divino. Permita que seus olhos vejam, que contemplem!

Você pode olhar para uma pessoa e ver nela ódio, rancor, ressentimento e raiva. Escuto tantas vezes as pessoas dizerem: "Eu não vou com a cara daquela pessoa!". O problema não é a cara da pessoa, o problema é o nosso olhar, é a maneira como olhamos para o outro.

Você pode olhar para uma pessoa jogada, prostrada no chão e dizer que é um bandido, que é alguém que não deu valor à vida, mas você também pode olhar para ela com o olhar de Deus e dizer: "É Jesus quem está ali, precisando de mim e dos meus cuidados!”.

O problema não é aquilo que vemos, mas o que o nosso olhar capta. Se o nosso olhar se reveste da graça, veremos a graça de Deus acontecendo no meio de nós; mas se estamos com o olhar obcecado pela amargura, pelos ressentimentos, pela visão secularista e mundana, vamos ver as pessoas, as coisas, o mundo, a vida a partir disso.

Se nossa visão de vida é baseada apenas em valores ou cifras econômicas, podemos perceber que tudo o que olhamos é visto com o olhar de avareza, de posse e dinheiro. Se nosso olhar é revestido da humildade cristã, é revestido do olhar de Cristo, você olha para coisas com amor e caridade, e é capaz de enxergar a presença de Deus mesmo em meio à coisas desastrosas que não entendemos nem compreendemos.

O que transforma nosso mundo, sobretudo o mundo interior que há em nós, é o olhar, a visão que temos. Precisamos deixar que Deus ilumine nosso olhar  para contemplarmos o Seu Reino presente no meio de nós!

Deus abençoe você!

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Homilia Diária

28NOV2016

“Em verdade, vos digo: nunca encontrei em Israel alguém que tivesse tanta fé” (Mateus 8, 10).

Jesus está admirado com a fé do oficial romano. Veja, este homem era tido como um pagão, e a sua responsabilidade era cuidar do exército romano. Ele não tinha a cultura judaica, os elementos da fé como os judeus por si tinham. Mas ele tinha algo fundamental: docilidade e sede de Deus. Isso fazia dele um homem não só bom, mas aberto, e desse modo sabia do que Jesus era capaz.

O oficial tinha um de seus soldados doente, precisando de cuidados; ele sabia que com tudo o que tinha de dinheiro e poder, posses e responsabilidades não poderiam fazer nada pelo seu empregado.

Há algo que me chama à atenção: além da fé deste homem, a solicitude, o cuidado, o amor, o carinho que ele tem para com o seu empregado. Muitas vezes, consideramos pessoas “inferiores” sem importância para nós; a pessoa que trabalha conosco na empresa, que está na faxina, aquele que vai em nossa casa trabalhar, não passam de simples empregados. Que mentalidade errada, que mentalidade mundana!

Precisamos ter solicitude para com todos! Quem tem responsabilidade para com alguém tem de se preocupar com a pessoa por inteiro, preocupar-se que ela esteja bem psicológica e fisicamente. Não que vamos resolver os problemas de todo mundo, cuidar dos problemas das pessoas que estão à nossa volta, mas, às vezes, as pessoas que trabalham conosco estão ao nosso lado há tanto tempo e não temos nem atenção por aquilo que se passa com ela.

Louvado seja Deus pela solicitude e pela caridade que move o coração desse oficial romano! É bonito, porque é a caridade unida à fé; e ele sabe que não pode mesmo fazer nada pelo seu empregado, mas sabe que Jesus pode, que Ele tem poder. Ele ouviu falar de tudo o que Jesus fez e acreditou. É por isso que ele recorreu a um gesto de profunda humildade: “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha casa, mas basta uma palavra tua para o meu empregado ser curado".

Confessando a sua indignidade e incapacidade, ele reconhece que só Deus é grande, só Ele pode e que, Ele querendo, pode fazer por aquele empregado. A sua humildade está aliada à sua fé: “Eu creio que Jesus pode!”.

O que vai fazer com que esse empregado seja curado é, de fato, a fé do oficial, uma fé confiante, humilde e determinante, para que a graça de Deus aconteça.

Às vezes, encontramos muitas pessoas que tem mais fé do que as pessoas nosso contexto religioso, dos nossos grupos de oração, da nossa caminhada de igreja, do que nós que caminhamos em Deus. Não que isso justifique que a pessoa tem que estar fora da igreja. Não é nada disso! Porque fé é algo que vem do coração; que, de fato, coloca em Deus a sua total confiança.

É verdade que a fé nos leva a ter compromisso com Deus, leva-nos a buscá-Lo com mais sede, mais determinação. No entanto, o que determina a nossa fé não é ir ou não ir à igreja.

O que faz com que nossa fé seja verdadeira é a confiança, a entrada, é colocar-se, verdadeiramente, nos braços de Deus e saber que só Ele pode. Muitas vezes, achamos que podemos sem Deus mesmo estando nos caminhos d'Ele, é um erro e uma tremenda ilusão.

Que Deus nos ajude a ter uma fé verdadeira e a aumente em nós, para que assim possamos viver na sintonia da graça e do amor divino!

Deus abençoe você!

domingo, 27 de novembro de 2016

Homilia Diária

27NOV2016

A vigilância cristã nos chama a estarmos preparados a cada dia, mas não é com aquela neura de que vamos morrer logo

“Portanto, ficai atentos, porque não sabeis em que dia virá o Senhor”(Mateus 24, 42).

A nossa espiritualidade deve ser revestida desse elemento principal: a vigilância, palavra que, acima de tudo, quer dizer "cuidado". Vigiar é cuidar de si, da vida, da nossa espiritualidade e das nossas relações, é o cuidado que precisamos ter para com a nossa vida.

Imagine um vigilante: o papel dele é cuidar daquilo que foi colocado sob sua responsabilidade. Ele precisa estar atento, ligado, precisa cuidar, da melhor forma possível, para que nada de errado aconteça com aquilo que está sobre sua responsabilidade e cuidado.

A nossa espiritualidade é a vigilância. Todos nós somos vigilantes, todos nós precisamos cuidar da nossa vida com a diligência necessária. Cuidado exige responsabilidade, é sermos responsáveis pelos nossos atos, pelas nossas atitudes, por aquilo que fazemos; é prestar atenção onde devemos ou não ir, é prestar atenção naquilo que nós devemos fazer e naquilo que não devemos fazer. Acima de tudo, não podemos dormir no ponto.

Imagine um vigia que dorme no ponto! Onde era para ele estar de guarda, de sentinela, para que nada de mal acontecesse, ele dorme. Então, chega alguém e assalta a casa, o prédio, o edifício, porque o guarda estava dormindo.

Não podemos deixar que roubem nossa vida e nossos valores, que roubem a nossa fé por falta de cuidado ou vigilância. Sabemos que se o vigia soubesse que hora o ladrão viria, ele certamente vigiaria e não deixaria que a sua casa fosse arrombada.

Cuide bem da sua casa e do seu coração! Cuide bem da sua vida, pois ninguém sabe a hora em que o Senhor virá. Nenhum de nós sabe em que dia iremos ao encontro do Senhor.

A vigilância cristã nos chama a estarmos preparados a cada dia, mas não com aquela neura de que vamos morrer logo, que a nossa vida vai acabar. Não! É estarmos prontos, é, a qualquer momento, sermos chamados por Deus e dizer: "Senhor, eis-me aqui!".

Gostamos muito de improvisar as coisas, vamos protelando as coisas e não colamos nossa vida no eixo, no prumo, na direção, na correção e nos cuidados. Temos de viver o hoje como se hoje fôssemos ao encontro do Senhor!

Há uma outra coisa muito importante: não temos que cuidar da nossa vida ou fazer dela uma vigilância constante, porque estamos preocupados quando vamos morrer, quando vamos nos encontrar com o Senhor. Quero a minha vida bem cuidada, bem direcionada, quero que minha vida seja direcionada, não só no final dela, mas todos os dias da minha vida. Por isso, é muito mais uma questão de amor, do que uma mentalidade de medo de morrer, de Deus me aparecer hoje. É a mentalidade de quem ama e se cuida a cada dia, porque a cada dia o Senhor está no meio de nós!

Deus abençoe você!

sábado, 26 de novembro de 2016

Homilia Diária

26NOV2016

Quando uma pessoa perde a sensibilidade do coração, é terrível, porque ela já não faz mais distinção do que é certo e errado

“Tomai cuidado para que vossos corações não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida, e esse dia não caia de repente sobre vós” (Lucas 21, 34).

A Palavra de Deus, com toda sabedoria, traz a nós: “Tomai muito cuidado para que nossos corações não caiam na insensibilidade", pois esta é, de fato, a perda do sentido, do lado sensível e tátil da vida.

Eu já vi várias pessoas que perderam a sensibilidade das mãos e do corpo, de tocar e não sentir nada, passarem pelo gelado e pelo quente e ser a mesma coisa. Mas há uma sensibilidade muito mais aguçada do que essa física: a do coração.

Quando uma pessoa perde a sensibilidade do coração, é terrível, porque ela já não faz mais distinção do que é certo e errado, perde o calor humano, o afeto humano e divino.

Temos razão e lógica, mas a nossa vida não é só isso, ela é também sensibilidade humana. Há os elementos que Jesus está nos mostrando, hoje, que vão minando a sensibilidade da nossa alma e do nosso coração. Muito cuidado, primeiro, com a gula; os alimentos são necessários para a nossa vida, nós precisamos comer e beber, mas todo excesso faz mal a nossa natureza, a nossa capacidade de visão e reflexão. A prudência em saber comer e beber é fundamental para se ter sensibilidade.

Quem vive somente em função do comer torna-se uma pessoa irracional. É próprio dos animais viver em função da caça, em função daquilo que vão buscar. Sabe, meus irmãos, isso se torna tão insensível, porque é uma realidade prática para os nossos dias, a nossa própria forma de ver o prato do alimento que comemos.

Às vezes, você,  que preparou a comida para tantas pessoas comerem, ou a cozinheira sabe que a comida dá para todos e ainda sobra, mas basta ver três gulosos comerem primeiro, encher o prato daquela forma, porque acha que somente eles têm de comer, e nem pensam nos outros. Prepararam uma carne para todos, mas o primeiro foi e colocou metade dela no seu prato. Coitados dos outros que vêm depois dele!

A gula faz a pessoa centrar-se somente nela, os outros que se virem. Não é só em casa não! Por exemplo: em um restaurante, a pessoa vê tudo arrumado, "bonitinho", ela enche o seu prato e bagunça tudo o que está lá, porque pensa só no seu prato. "Farinha pouca, meu pirão primeiro". Há insensibilidade no dividir, no pensar no outro.

A mesma coisa faz em nós a tal da embriaguez. Não preciso dizer da insensatez que são as pessoas serem levadas pelo vício da bebida, o que ela faz realmente em nossa vida. A bebida causa insensibilidade, porque a pessoa perde o sentido do que é correto, perde o sentido de respeito, perde a família. Já sabemos tudo aquilo que o álcool causa no meio de nós.

As pessoas que têm preocupações de mais na vida ficam neuróticas com suas preocupações. E é realmente uma neurose preocupar-se com tudo. Há aqueles que têm preocupações até com a limpeza, preocupações com filhos.

Cuidado! Esses três elementos – gula, embriaguez e preocupações excessivas –tiram de nós o sentido reto da vida, tiram de nós a verdadeira compreensão e retidão de como ela deve ser, para que não percamos a sensibilidade, a direção do essencial, e para própria vida, no dia em que chega ao fim. Por isso, para muitos, a morte acaba sendo uma tristeza, uma desastre, porque perderam a sensibilidade da vida.

Deus abençoe você!

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Homilia Diária

25NOV2016

Que Deus nos dê sabedoria, discernimento e aplicação para sabermos distinguir os sinais do tempo, da natureza humana e divina

Olhai a figueira e todas as árvores. Quando vedes que elas estão dando brotos, logo sabeis que o verão está perto” (Lucas 21,30).

 

É tão bom ver a sabedoria do homem do campo, sabedoria das pessoas simples que sabem distinguir os sinais dos tempos! A sabedoria da dona de casa, que olha para as nuvens e sabe se a chuva vem ou não, do plantador que sabe quando o tempo está propício ou não para plantar, para regar e colher.

A natureza tem uma lógica, tem um fio condutor, e é nossa obrigação saber lidar com a natureza que está ao nosso lado. Saber quando terá ou não chuva, quando teremos relâmpagos e trovões. A natureza dá seus sinais.

A sabedoria humana é, justamente, saber lidar com a natureza bela na qual estamos vivendo; a sabedoria que rege essa casa onde vivemos, que é o planeta terra. Precisamos de sabedoria para lidar com a nossa natureza interior, com a nossa própria vida!

Veja, a mulher tem sabedoria, desde menina, para saber lidar com a natureza do seu corpo. Quando chega a época da menstruação, há um sinal, um significado maravilhoso para a natureza feminina! E assim os outros sinais que vamos olhando no nosso próprio corpo, na nossa própria vida.

Primeiro, não precisamos  agredir a mãe natureza, seja a natureza que está fora, seja a que está aqui dentro de nós. Precisamos saber lidar com cada coisa, com a sabedoria necessária, porque foi por não saber lidar com a natureza, por agredi-la ou não respeitá-la, que experimentamos, em toda história, desastres enormes desse confronto do homem com a natureza.

Com a nossa natureza humana é do mesmo jeito, temos de saber respeitar e cuidar da nossa natureza. Vai da alimentação que temos, do jeito que procedemos com a nossa vida, uma vida ociosa ou proativa. A natureza não aguenta ficar parada, estagnada, mas também não aguenta os excessos que, muitas vezes, impõe sobre ela.

Desse modo, quando a Palavra de Deus nos chama a ter um discernimento, está querendo nos levar a ter essa sabedoria. Se soubermos lidar com essa natureza de fora, com a natureza que está dentro de nós, saberemos entender também a dinâmica do Reino de Deus, que se manifesta no meio de nós.

O Reino de Deus é dinâmico, não é estático. Nós queremos tudo pronto, queremos uma coisa comprada ali no freezer e só esquentamos, mas com Deus não é assim! Se não nos abrirmos à dinâmica da vida, não entenderemos a dinâmica do Reino de Deus no meio de nós. De quanta sabedoria carece o mundo, a nossa Igreja, a nossa fé, o nosso seguimento!

Que Deus nos dê sabedoria, discernimento e aplicação para sabermos distinguir os sinais do tempo, da natureza humana e divina, e toda natureza que nos cerca!

Deus abençoe você!

Homilia Diária

24NOV2016

Precisamos erguer a nossa cabeça, saber que nossa libertação está próxima e agirmos para salvar o maior númerode pessoas para Cristo Jesus

“Então eles verão o Filho do Homem, vindo numa nuvem com grande poder e glória. Quando estas coisas começarem a acontecer, levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima” (Lucas 21,27-28).

 

Nesse contexto, colocamo-nos na última semana do Tempo Comum. Para o início do tempo do Advento, rodeamo-nos da Palavra de Deus, que nos cerca com textos que nos lembram sempre dos acontecimentos finais de nossa vida; afinal de contas, esses elementos não podem sair, de forma nenhuma, da nossa reflexão.

Hoje, a Palavra de Deus vem nos trazer um acontecimento fundamental da nossa fé: a parusia ou a vinda gloriosa de Jesus. É oelemento da nossa fé, não podemos nos esquecer aquilo que nós professamos: “Eu creio que Ele virá para julgar os vivos e os mortos". Virá num momento histórico, que será a consumação final dos dias da humanidade. Cristo Jesus virá em poder e glória, é um elemento da nossa fé, afirmação da Palavra de Deus, é aquilo que ansiamos, procuramos e proclamamos: “Maranatha, vem Senhor Jesus! Vem no meu dia a dia, vem na hora da minha morte, vem de forma definitiva restaurar, no meio de nós, o Seu Reino glorioso!".

Como nos preparamos para aguardar essa vinda gloriosa de Jesus? A primeira coisa é não nos deixarmos intimidar por elementos trágicos: guerras, conflitos, acontecimentos sísmicos, tragédias e tantas situações calamitosas que existiram no passado, existem no presente e existirão em tempos futuros, por tudo aquilo que é o coração humano, voltado para guerras, conflitos e assim por diante.

O importante é que o discípulo de Jesus tem que manter a serenidade e a vigilância. A serenidade para não se deixar iludir e confundir, para não se deixar levar pelos elementos do medo, do pavor, do conflito, da tragédia e da desgraça.

Vivemos num mundo cercado por profetas da desgraça, estão sempre propagando acontecimentos trágicos e desastrosos; e não podemos negar que estamos vendo, realmente, acontecimentos trágicos.  Vivemos, no nosso Brasil, há cerca de um ano, o ocorrido em Mariana (MG), uma ofensa à natureza. Mas não basta dizer o que está acontecendo, é preciso lutar contra essas tragédias provocadas na natureza, e não é simplesmente abaixar a cabeça e dizer: “Olha, é sinal de que Deus está voltando!”. Não! É preciso colocar-se numa atitude profética.

A Palavra diz que quando essas coisas estão acontecendo, precisamos levantar a cabeça numa atitude de fé e confiança. O discípulo de Jesus não se esconde debaixo da mesa nem corre dos acontecimentos.O discípulo de Jesus está ali firme, seguindo o seu Senhor, aconteça o que acontecer, sendo um agente de resgate e salvação.

Quando a coisa aperta, cada um quer salvar a si mesmo; e essa é a visão do mundo. No Reino de Deus, colocamo-nos de pé para salvar a nossa pele, mas, muitas vezes, arriscamos a nossa vida para salvar a de muitos. Um pai justo e sensato faz isso pela sua família. Nós, neste contexto de mundo em que vivemos, precisamos erguer a nossa cabeça, saber que nossa libertação está próxima eagirmos para salvar o maior númerode pessoas para Cristo Jesus!

Deus abençoe você!

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Homilia Diária

23NOV2016

Desarme o seu coração, sua mente e seu interior, não fique carregando coisas pesadas nem preocupado em dizer isso e aquilo

“Fazei o firme propósito de não planejar com antecedência a própria defesa, porque eu vos darei palavras tão acertadas, que nenhum dos inimigos vos poderá resistir” (Lucas 21,14-15).

O contexto que Jesus está nos dando, as palavras do Evangelho de hoje são de perseguição, de tempos muito difíceis, sobretudo, tempo das grandes perseguições que os apóstolos de Cristo viveram naquela época. Muitos ainda vivem, no dia de hoje, perseguições que os levam ao martírio, a doar o próprio sangue e a morrer por causa da fé.

A palavra deve ser aplicada em todas as épocas e situações de nossa vida, porque, em grau maior ou menor, as perseguições, ou seja, a oposição àquilo que vivemos, passamos em todas as épocas de nossa vida.

Qualquer pessoa coerente vai ser confrontada pela sua coerência. O mundo não suporta a coerência, a verdade, a diversidade; muitas vezes, não suportamos viver com quem pensa, com quem fala, com quem tem uma visão diferente da nossa. Não podemos fazer aquilo que o mundo faz conosco. Passamos, muitas vezes, por situações constrangedoras nos ambientes familiares, de trabalho, nas convivências sociais, pelas escolhas que fazemos.

Sermos confrontados, questionados por aquilo que seguimos e acreditamos não deve ser para nós uma afronta, mas ocasião para duas coisas importantes na vida: primeiro, para refletirmos, pois toda escolha é fruto de reflexões que, cada vez mais, vão se aprofundando. Quando alguém confronta aquilo que cremos, paramos para meditar, para nos rever, para ver se essa é a opção que temos na vida. O segundo elemento é para que realmente fiquemos convictos daquilo que estamos seguindo, daquilo que é importante para nossa vida.

O que não pode acontecer é aquilo que o Evangelho está dizendo a nós: ficarmos preocupados em nos defendermos, darmos respostas às pessoas.

Veja só: quando alguém nos ofende, queremos dar respostas àquela pessoa. Às vezes, ficamos com aquilo na cabeça, pensando o tempo inteiro: “O que eu vou dizer a ela? Qual é a resposta que vou dar?”.

Desculpe-me, mas essa preocupação é mundana, é daqueles que vivem os confrontos do mundo. Aqueles que vivem à luz da fé, iluminados e guiados por Deus, não devem fazer propósitos daquilo que irão dizer e jogar na cara do outro. Não se preocupe! Quando for necessário você falar, pode ter confiança e certeza que a palavra inspiradora virá do coração de Deus para o seu coração.

Desarme o seu coração, sua mente e seu interior, não fique carregando coisas pesadas nem preocupado em dizer isso e aquilo; não fique fantasiando e perdendo noites de sono, preocupado com confrontos, respostas a serem dadas.

A melhor resposta que podemos dar, em qualquer situação, é a coerência de vida, é o amor por aquilo que temos, sem fanatismos, sem vivermos isso de forma ilusória, mas seguirmos com convicção naquilo que é meta da nossa vida.

Deus abençoe você!

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Homilia Diária

22NOV2016

Precisamos, de fato, formar seres humanos que sejam maduros na fé, mas que sejam prevenidos e preparados para saber lidar com as propagandas enganosas

“Cuidado para não serdes enganados, porque muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Sou eu!’ E ainda: ‘O tempo está próximo’. Não sigais essa gente!”(Lucas 21, 8).

A tendência do ser humano de ser enganado é muito grande, e a tendência de nos iludirmos é maior ainda. Isso acontece no aspecto geral da vida, pois somos iludidos e enganados com compras, com roupas e tudo aquilo que estão nos oferecendo por aí.

Existe a tal da propaganda, que exerce um poder de sedução, que seduz a alma, o coração e, sobretudo, a vontade, colocando as pessoas reféns daquilo que está sendo propagado, divulgado e falado.

Chamo atenção para que nos vigiemos, para que cuidemos do nosso coração, a fim de que não sejamos levados, enganados e iludidos por isso.

Nossas crianças são as primeiras vítimas do mundo da propaganda. Por que são vítimas? Colocamos nossas crianças em frente à televisão, para que ela comande o coração, a mente, o cérebro e a vontade delas. Elas ficam o tempo inteiro ouvindo o que é para propagar, o que se propaga, o que se fala. É óbvio que a criança que passou a manhã toda em frente à televisão, fica com vontade de fazer o que foi propagado ali: coisas boas, coisas ruins, sobretudo porque há uma propaganda por trás de filmes, desenhos, comerciais que todos nós conhecemos.

As crianças são seduzidas e nós adultos também! Desde o creme de cabelo até aquilo que comemos, bebemos e fazemos é levado pela propaganda que o mundo nos apresenta. Muitas vezes, temos uma atitude passiva diante delas. No mundo religioso não é diferente, descobriram o segredo e o poder que a propaganda tem para propagar, sobretudo, para seduzir, enganar e assim por diante. Por isso, as pessoas seguem filosofias, religiões, vão atrás daquele que fala bonito, que tem, muitas vezes, pânico, pavor, medo, aqueles que choram. Enfim, vemos o quanto as pessoas são iludidas e seduzidas por sofismas, falsos discursos que carecem de elementos reais.

Jesus está dizendo isso a mim e a você: "Cuidado! Porque muitos vêm em meu nome, falam em meu nome, falam por mim, mas não são os meus. São ilusões e enganos".

Desde que mundo é mundo, desde que Deus se foi para o céu, em todos os séculos, em todas as épocas e, acho que não existiu nenhuma década da humanidade que não surgiram profetas,  pregadores, pessoas que arrebanham e levam outras atrás de si, iludindo-as, enganando, pegando a carência que há no coração humano e preenchendo com fantasias, inclusive, a respeito do Reino de Deus.

Precisamos, de fato, formar seres humanos que sejam maduros na fé, mas que sejam prevenidos e preparados para saber lidar com as propagandas enganosas, seja do mundo sedutor ou da religião sedutora, porque a Palavra de Deus não foi enviada para nos iludir nem enganar, mas para gerar confiança. Por isso, precisamos ter cuidado até mesmo com os pregadores no meio de nós, que semeiam medo e, muitas vezes, pavor nos nossos corações.

A Palavra de Deus é para nos tornar íntimos de Cristo, com fé e confiança, sem  medo nem sem pavor, porque é Cristo quem conduz a nossa vida.

Deus abençoe você!

domingo, 20 de novembro de 2016

Homilia Diária

21NOV2016

Aqueles que fazem a vontade de Deus se dobram para reconhecer que somente Ele é Senhor

“Pois todo aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”(Mateus 12,50).

Hoje, na Festa da Apresentação de Nossa Senhora, reconhecemos quem, de fato, é da família de Jesus e quem não é. Para nós, família é questão consanguínea, ou seja, a pessoa que tem nosso sangue, sobretudo, a familiaridade mais próxima, como pai, mãe, filhos, irmãos e todos aqueles critérios que a sociedade e o mundo nos dão para realmente entendermos o que é família.

No Reino de Deus, a família tem um sentido mais amplo, um sentido de eternidade, daqueles que para sempre farão parte do nosso convívio.

Às vezes, muitos da nossa família (espero que nenhum seja excluído) não fazem uma opção pelo Reino de Deus, então, é óbvio que não farão parte desse Reino, porque é uma questão de opção no coração. Essa opção se faz, sobretudo, quando a pessoa está disposta a dobrar sua vontade para viver na sua vida a vontade de Deus. Jesus nos diz que não é uma questão humana que faz daqueles que estão próximos d'Ele Seus seguidores.

Quando celebramos a apresentação de Maria ainda criança (para crescer fazendo a vontade de Deus), é óbvio que essa rota pode ser seguida ou desviada. Quando vejo Maria sendo apresentada no templo, vejo nossas crianças sendo apresentadas em nossas igrejas, sobretudo, no dia do batismo.

O desejo que vem ao meu coração enquanto sacerdote, quando batizo uma criança, é suplicar a Deus que ela cresça sendo toda d'Ele, cheia e iluminada por Ele, mas que seus pais façam tudo, para que esse trabalho possa acontecer.

Já batizei crianças, e elas seguiram no caminho do Senhor, mas eu sei que muitas delas, por falta de cuidado, não seguiram na vontade d'Ele.

Quantos de nós adultos, muitas vezes, desviamo-nos da vontade do Senhor! Desse modo, não basta sermos batizados, irmos à igreja, termos feito a Primeira Comunhão. Não basta dizer: "Eu vou à Missa todos os dias! Eu leio a Palavra, rezo o terço!". Esses são meios, mas o que, na verdade, nos caracteriza como seguidores e discípulos de Jesus Cristo é ter a vontade de segui-Lo.

É preciso lutar contra essa vontade interior, muitas vezes, mal inclinada, indisciplinada, influenciada por prazeres, seduções do mundo e tantas outras más inclinações, para que esse coração se dobre, para que em tudo façamos a vontade de Deus.

Há um inimigo número um da vontade própria. Quando a pessoa só faz o que dá vontade, muitas vezes, ela não faz a vontade de Deus. Nossa vontade é soberba, orgulhosa, egocêntrica, inclina-se para fazer de nós reis. Aqueles que fazem a vontade de Deus se dobram para reconhecer que somente Ele é Senhor!

Deus abençoe você!

sábado, 19 de novembro de 2016

Homilia Diária

19NOV2016

Se não fizermos das coisas espirituais a realidade primeira da nossa vida, cairemos nesse materialismo mundano que há por aí, e não tocaremos no sentido da eternidade

“Os que forem julgados dignos da ressurreição dos mortos e de participar da vida futura, nem eles se casam nem elas se dão em casamento” (Lucas 20,35).

O desenrolar do Evangelho de hoje dá-se pelos saduceus, que negam a ressurreição. Veja que eles fazem parte de um grupo religioso, um grupo de judeus, e creem na Palavra de Deus, na Sua Lei, mas há um elemento fundamental que não faz parte da fé deles: a fé na ressurreição dos mortos.

Para nós é um elemento essencial de nossa fé: cremos que o Senhor ressuscitou e, como Ele ressuscitou, também ressuscitaremos.

Temos que ter muito cuidado, pois vivemos numa época em que muitas outras teorias, filosofias e seguimentos querem negar entre nós a ressurreição dos mortos, por causa de uma visão espiritualista que não corresponde à verdade revelada por Jesus Cristo.

São Paulo nos disse: "Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa fé, é inútil o que queremos. Se Ele não ressuscitou, nós também não ressuscitaremos" (cf. I Coríntios 15). Temos que ter cuidado com esses seguimentos, inclusive, os religiosos que pregam isso.

Por outro lado, há também uma contaminação materialista que resume a vida humana ao material, à existência carnal; resume a existência humana pelos prazeres que a vida nos dá. O apego aos prazeres deste mundo é tão grande, que a pessoa não consegue se perceber, ela quer criar um paraíso aqui na Terra, onde viverá todas as delícias, os prazeres da carne, tudo aquilo que se vive neste mundo. Muitos falam: “Este mundo é bom demais!”, dizem que nele há muitos prazeres para vivermos. Essa é uma visão hedonista, cercada apenas da visão material e prazerosa da vida.

Se não tivermos uma sintonia espiritual, se não fizermos das coisas espirituais a primeira realidade da nossa vida, também vamos cair neste materialismo mundano que há por aí, e não vamos tocar no sentido da eternidade.

Meus irmãos, é fundamental desenvolver uma vida mística, uma relação pessoal de espiritualidade, para que possamos tocar nas realidades celestes futuras. Já começamos a viver aqui na terra aquilo que Deus preparou para nós na eternidade; porém, se nos cercarmos demais por uma visão materialista ou carnal das realidades, realmente não teremos sentido de eternidade, não compreenderemos a eternidade. Por isso, os saduceus colocaram esta dificuldade para Jesus: "Na vida futura, com quem este homem vai se casar? Afinal de contas, a irmã se casou com ele, depois a outra e assim por diante. Na vida futura, vai ser marido de quem?".

Na vida futura seremos como os anjos. A vida sexual, a relação íntima do homem e da mulher tem uma finalidade procriativa e unitiva, mas correspondente à vida na terra. Na vida futura, teremos outra visão de prazer, de realidade. O nosso prazer, a nossa alegria será a visão beatífica de Deus, a presença amorosa d’Ele, estarmos com Ele e com toda a beleza da vida divina.

Se não nos cercarmos da vida divina, aqui na Terra, e nos deixarmos emergir somente pelos prazeres sensíveis, não saborearemos e não saberemos tocar no sentido da vida celeste que nos espera.

Deus abençoe você!

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Homilia Diária

18NOV2016

É preciso que tenhamos um coração orante, em consonância com Deus

"Minha casa será casa de oração. No entanto, vós fizestes dela um antro de ladrões” (Lucas 19,46).

Hoje, estamos em sintonia com as Basílicas de São Pedro e São Paulo, em Roma. Duas igrejas históricas com um significado muito singular para a história da Igreja e para toda a humanidade.

Pedro e Paulo são dois apóstolos colunas da Igreja, fundamentais para a expansão do cristianismo, para a firmeza de fé que temos no seguimento de Jesus Cristo. Esses dois apóstolos foram grandes heróis na fé, escolhidos por Deus, e com o próprio sangue testemunharam a fé.

Quando nos referimos às duas basílicas, sejam elas de Pedro ou de Paulo, além da referência que fazemos a esses dois apóstolos, queremos lembrar o lugar que as igrejas têm para a nossa fé. Cada igreja é um templo, e o templo é o lugar da presença de Deus.

O que buscamos quando vamos ao templo? O que buscamos quando vamos às igrejas, capelas e santuários? Acima de tudo, santificar este santuário que somos nós. Somos santuários de Deus por excelência!

É bom lembrar que assim que nascemos, nossos pais levam-nos à igreja para sermos batizados; não é um ritual simplesmente do acaso ou qualquer ritual, mas, acima de tudo, uma consagração, uma entrega.

Veja que, no ritual do batismo, está prevista tanto a unção do Óleo do Crisma quanto a unção com o Óleo dos Catecúmenos. São óleos de consagração, que infundem em nós a marca de Deus. Todo batizado é um consagrado, um habitat natural da graça de Deus. Eu e você, como batizados, temos de nos lembrar: Deus habita em nós! Precisamos assumir que aquilo que se realiza na igreja, realiza-se primeiro no coração de cada um de nós.

E que zelo precisamos ter para com a casa de Deus! Que zelo precisamos ter para com o nosso coração!

Quando falamos em igreja, podemos olhar nos símbolos que existem por aí, são sempre aquelas mãos juntinhas que nos recordam a oração, porque a igreja é casa de oração. Jesus está dizendo a respeito do templo: "Minha casa será casa de oração. No entanto, vós fizestes dela um antro de ladrões”. O templo ao qual Jesus se refere tornou-se um lugar de comércio, extraviou a função dele. Aquele templo foi destruído, mas hoje temos dele apenas ruínas e lembranças.

Não permitamos que esse templo que somos nós, seja destruído. Esse templo é para se juntar ao templo eterno de Deus, quando vivermos para sempre na eternidade. Não deixe que esse templo seja corrompido, perdido, extraviado; não deixe que as impurezas tomem conta desse lugar. Santifiquemos o nosso coração!

O caminho, por excelência, para santificar o santuário que somos cada um de nós é a via da oração. É preciso que tenhamos um coração orante, em consonância com Deus, em união com Ele, um coração que fale com o Senhor.

Uma igreja que não vive, não pratica a oração, onde as pessoas não rezam, não se encontram com Deus, perde a razão de ser; devo dizer que essa igreja não serve para nada.

É triste ver muitas igrejas que viraram outras coisas e não são mais casas de oração. Não deixe que esse lugar sagrado que somos nós, desvie de sua rota, mas que nós sejamos o lugar da morada de Deus, que sejamos seres orantes em profunda comunhão com Ele.

Deus abençoe você!

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Homilia Diária

17NOV2016

Não deixemos a visita de Deus passar em branco, não deixemos Seu amor, que nos visita, passar despercebido em nossa vida

“Quando Jesus se aproximou de Jerusalém e viu a cidade, começou a chorar” (Lucas 19,41).

Por que Nosso Senhor Jesus Cristo está chorando sobre Jerusalém? Não se trata somente de Jerusalém, a cidade, os muros, os templos, aquilo que está na composição física dela; é Jerusalém com seus habitantes, sua importância religiosa; é Jerusalém, a cidade do Rei Davi, símbolo celeste.

Jerusalém, escolhida para ser a morada de Deus entre os homens, é a cidade que despreza e não acolhe o Senhor da vida. Jerusalém é para nós símbolo de tantas realidades, pessoas e situações onde Deus se faz presente, onde a graça d'Ele atua, mas as pessoas simplesmente desprezam, menosprezam ou não reconhecem a presença amorosa do Senhor.

Jesus, que chorou sobre Jerusalém, chora também sobre nossas cidades, casas, famílias, países e situações! Isso alegra o coração, porque, assim como em Jerusalém houve pessoas de coração aberto, corações que, na verdade, acolheram a mensagem do Reino, em nossas cidades, em nossas casas, sempre há pessoas abertas, que acolhem o amor generoso de Deus por cada um de nós.

Não há nação, neste mundo, onde não haja uma alma que viva a mensagem do Evangelho. É verdade que o amor de Deus é para todos (não que todos o acolham), mas muitos poderiam e deveriam acolher, sobretudo, aqueles que têm a oportunidade de receber mais de Deus como Jerusalém teve.

Como nós recebemos esse Deus? Não deixemos que Ele chore por causa da nossa indiferença, do nosso desprezo e do nosso pouco caso com a Sua presença no meio de nós.

Choremos, meus irmãos, por tantos que podiam acolher a mensagem de Deus, mas não a acolhem. Choremos pela nossa própria vida, quando, em tantas situações, poderíamos ter acolhido melhor, aberto mais o nosso coração, mas não O reconhecemos.

“Jerusalém, tu não recolhestes no tempo em que fostes visitada!”. É o Senhor quem nos visita e se faz presente no meio de nós!

Penso que deve ser muito decepcionante irmos à casa de alguém e a pessoa nos dizer que está ocupada, não nos dar atenção, virar as costas e pedir que voltemos outra hora; perder aquele momento tão importante da sua visita.

Não deixemos que a visita de Deus passe em branco, não deixemos que o amor d'Ele, que nos visita, passe despercebido em nossa vida!

Deus abençoe você!

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Homilia Diária

16NOV2016

Deus nos deu talentos, dons e capacidades; Ele nos deu Sua graça, Seu Espírito e luz interior

“O homem disse: ‘Muito bem, servo bom. Como foste fiel em coisas pequenas, recebe o governo de dez cidades’” (Lucas 19,17).

Esse Evangelho, com o qual Jesus está, hoje, formando-nos, orientando e conduzindo, conta uma parábola que pode até ser de difícil compreensão, mas é cheia de riquezas e significados para todos nós.

Esse homem nobre, que vai para um país distante, resolve pegar sua riqueza e entregar nas mãos de seus empregados cem moedas de prata, para que façam bom uso delas.

Fico pensando em nossa vida, fico pensando em quantas moedas de pratas Deus já colocou em nossas mãos. Não foram poucas, foram mais de cem moedas de pratas! Deus nos deu talentos, dons e capacidades; Ele nos deu Sua graça, Seu Espírito e luz interior.

Ao voltar, o que entristece aquele homem foi ver que um de seus empregados, que recebeu cem moedas de prata, simplesmente as enterrou e foi viver de forma preguiçosa, relaxada; não foi capaz de multiplicar, não foi capaz de fazer render, de produzir frutos, de fazer com que aquele dinheiro fosse bem aplicado.

Vivemos num mundo capitalista, onde tudo tem retorno. Jesus está falando do retorno dos dons que Ele mesmo confiou a cada um de nós.

Olhamos, neste próprio Evangelho, e vemos um outro empregado que fez render cinco vezes mais, dez vezes mais, porque foi diligente e aplicado, não se acomodou, correu atrás, fez acontecer, não parou nem estagnou, não ficou pensando de forma negativa nem colocou dificuldades, não criou problemas.

Muitas vezes, somos contaminados por uma visão muito negativista da vida, muito pessimista ou acomodada da vida. Vivemos na lamúria, na reclamação, vivemos simplesmente olhando a vida do seguinte prisma: "Tudo vai dar errado! Já tentei, já busquei, mas nunca dá certo!". Desculpe-me, mas essa é a resposta de uma pessoa relaxada, preguiçosa, que, na verdade, não busca se superar.

Meus irmãos e irmãs, todos temos capacidades para ir mais adiante, mesmo que seja a pessoa mais simples do mundo. O homem do campo, do interior, o homem que não tem nada, pega seu rastelo, sua inchada e, com aplicação e determinação, faz uma pequena "hortinha" se transformar num grande varejo de produção de frutas.

Não precisa ser tão grande. Cada um vai produzir o que é capaz, mas precisa de inteligência e aplicação, é preciso levantar cedo, ter determinação. Quando a pessoa faz isso, ela vai colhendo os frutos ao longo da vida.

Fico pensando na situação atual que nós vivemos, de muitas pessoas desempregadas. Como doí no coração ver esse ou aquele desempregado! Entretanto, costumo dizer: desemprego é uma dureza, mas, muitas vezes, acontece; e pode acontecer com qualquer um de nós. Podemos até ficar desempregados, mas desocupados jamais!

Todos nós temos capacidade de fazer acontecer onde estamos. Se não foi possível produzir aqui, se não tem espaço para mim aqui, eu vou fazer acontecer em outro lugar ou de outra forma. Não pode ter essa vergonha, essa acomodação, não pode dizer: “Eu só sei fazer isso”. É impossível que um ser humano só saiba fazer uma coisa na vida!

Há pouco tempo, fiquei olhando os jogos olímpicos, sobretudo os jogos paralímpicos. Trouxe brilho aos meus olhos ver como aquelas pessoas, que aparentemente eram cheias de limites físicos (os quais nem pensamos em ter: falta os braços, as pernas, não enxergam...), como são proativas, capazes de fazer coisas que nós, com os membros inteiros, não somos capazes de fazer.

Fico pensando numa pessoa que não dá conta, que têm as duas pernas, tem saúde física e diz não ter condição de fazer uma caminhada a cada dia. "Senhor, estou cheia de doenças!". Contudo, não é capaz de fazer meia hora de caminhada por dia. Muitos dizem: “Dá uma cansaço!”. É claro, pois você está nessa situação de acomodação.

Queremos saúde, mas de forma mágica: "Deus, me dê saúde!", mas não somos capazes de nos aplicar para buscar a saúde onde ela se encontra. Se não deu certo aqui, busquemos acolá, mas não paremos. Temos que fazer a graça de Deus acontecer!

Deus abençoe você!

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Homilia Diária

15NOV2016

Permita que Jesus entre na sua vida para fazer a diferença, para fazer justiça dentro do seu coração

Ele foi hospedar-se na casa de um pecador!” (Lucas 19, 7).

 

Estamos vendo, no Evangelho de hoje,o esforço, a tentativa de um homem que deseja ver Jesus, quer encontrar-se com Ele. Na verdade, o seu primeiro objetivo, a sua meta interior,com toda humildade que ele tem, éapenas conseguir ver o Senhor, por isso faz um esforço, sobe em uma árvore para tentar enxergá-Lo. Mais do que tentar enxergá-Lo, este homem foi enxergado por Jesus. Antes mesmo que Zaqueu subisse na árvore, Jesus já o conhecia.

Sabe, meus irmãos, Deus leva muito a sério o esforço, a luta e o empenho de cada um de nós para que possamos enxergá-Lo e, de fato, buscá-Lo. Porque antes mesmo de fazermos o esforço e darmos os passos parabuscá-Lo, Ele já estava nos procurando e nos buscando há muito tempo.

O que me preocupa e preocupa o coração de Jesus são as nossas situações cômodas, quando, de fato, nos acomodamos e nos conformamos do jeito que estamos, e não temos sede de busca.

Muitas pessoas estavam ao redor de Jesus, mas alguns buscavam apenas a cura, o milagre; entretanto, Zaqueu buscava ver Jesus; e isso não é ir em busca das novidades que Ele podenos trazer, uma cura, uma necessidade material que temos. Zaqueu precisava de Jesus.

Uma vez que vemos Jesus, Ele nos olha, cura-nos e nos abençoa, liberta-nos da situação de escravidão e pecado que estamos vivendo. Zaqueu era um homem que cometeu tantas atrocidades, roubou demais, era cobrador de impostos – você sabe as falcatruas que essas pessoas realizavam e realizam até nos dias de hoje. Mas ele não quis mais ficar noroubo, no engano; deixou-se iluminar por Jesus. É por isso que o Senhor está na casa de Zaqueu, porque eleabriu as portas do seu coração para O acolher.

Aqueles que ficaram incomodados começaram a murmurar dizendo: "Esse homem vai se hospedar na casa de um pecador!". O Senhor quer se hospedar na casa de qualquer pecador que se abra para o Seu amor misericordioso. Não importa o tamanho do pecado ou o que essa pessoa tenha feito, não importa que tipo de vida tenha levado. O queimporta é que Jesus, com Seu amor,quer se hospedar em nós.

Jesus não é um hospede que vem para humilhar, julgar, para jogar na nossa cara isso e aquilo, mas sim para nos libertar, para nos tirar da situação na qual nos encontramos, da situação que está a nossa vida, a fim de que a nossa vida seja modificada etransformada por essa presença amorosa d'Ele no meio de nós.

Permita que Jesus entre em sua casa,entre na sua vida para valer, para fazer a diferença, para fazer justiça dentro do seu coração. A partir daquele dia, Zaqueu não foi o mesmo.Primeiro, ele fez questão de reparar as injustiças que cometeu, dividir os seus bens e reparar as pessoas prejudicou.

Quando Jesus entra na nossa vida, não temos uma atitude simplesmente passiva. Vamos reparando, costurando, com a graça de Deus, os erros, as coisas que cometemos na vida, o perdão que precisamos buscar, o perdão que precisamos dar, as injustiças que cometemos. A luz de Deus entra dentro de nós e somos capazes de reconsiderar opiniões, situações, relações, coisas para as quais nós, muitas vezes, nos fechamos, enxergando-as apenas de um jeito.

Jesus entra na nossa vida parailuminar o que está obscuro e fazer a diferença na vida de cada um de nós!

Permitamos que, hoje mesmo, o Senhor entre em nossa casa, em nosso coração, por mais sujo e pecador, ou mais santos que achamos que somos. Há tantas situações escondidas dentro de nós, mas quando Jesus chega, ilumina e faz toda a diferença!

Deus abençoe você!

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Homilia Diária

14NOV2016

Quanto precisamos da graça de Deus para iluminar nosso interior, para iluminar a nossa capacidade de enxergar!

"O cego respondeu: 'Senhor, eu quero enxergar de novo'. Jesus disse: 'Enxerga, pois, de novo. A tua fé te salvou” (Lucas 18,41-42).

A caminho de Jericó, o cego, sentado, ouviu aquele burburinho, ouviu aqueles ruídos de que Jesus estava por ali, então, começou a gritar de forma insistente: “Jesus, filho de Davi, tende piedade de mim!”. Quanto mais Jesus se aproximava, de forma mais insistente ele gritava.

Sabe, meus irmãos, esse cego não é um cego de nascença, ele já havia enxergado, mas, por alguma circunstância da vida, perdeu a visão, deixou de enxergar e percebeu quanta diferença isso fez.

O drama desse cego, que busca em Jesus instituir novamente a sua visão, é um drama que, na verdade, ilumina tantas situações presentes em nossa vida. Quantos de nós perdemos a visão do essencial, da compreensão da vida, da fé, a visão iluminada, guiada e conduzida por Deus.

Jesus já nos disse que os olhos são a luz do corpo, mas, aqui, não se trata dos olhos físicos apenas,e sim dos olhos que nos dão a visão e a compreensão. Somos aquilo que enxergamos, e só conseguimos ser aquilo que conseguimos enxergar. Muitas vezes, a nossa visão é muito limitada, reduzida ou proliferada, aberta demais; enxergamos demais, porém não enxergamos o que precisamos enxergar.

Quanto precisamos da graça de Deus para iluminar nosso interior, para iluminar a nossa capacidade de enxergar, para ver coisas que estão à nossa frente, mas não conseguimos ver! Olhamos para a situação de muitas famílias: às vezes, a pessoa consegue enxergar o problema de todos, consegue ver o problema da vizinha, daquela outra casa, mas não enxerga o problema dentro da sua própria casa, não vê as coisas que estão acontecendo a sua frente, a sua vista, onde mora.

A pior cegueira é quando não conseguimos enxergar nós mesmos, quando não conseguimos enxergar nossas realidades interiores, onde precisamos ser tocados. Precisamos de modificações, de direção e luz de Deus.

O pior cego é, de fato, aquele que não se enxerga. Não é só o cego que não quer ver, é o cego que, de fato, enxerga demais o mundo lá fora, vê a luz exterior com muita facilidade, mas não tem a percepção interior necessária para que possa caminhar na vida.

São tantos atropelos! Machucamo-nos em tantas circunstâncias da vida... Que bom seria se enxergássemos melhor o mundo que está ao nosso lado! Por isso, nosso grito precisa ser como o desse cego: "Senhor, que eu veja! Que eu enxergue de novo! Eu necessito melhorar minha visão".

Que nossa fé seja um elemento principal para abrirmos nossos olhos, para iluminarmos nossa mente, para que possamos enxergar o mundo e a nós mesmos com os olhos de Jesus, que é a luz do mundo.

Que Ele seja a luz da nossa vida, do que fazemos, das decisões que tomamos. Quanto precisamos de uma visão interior muito mais ampla, mais perceptível, sensitível para termos direção, prudência, sensatez nas escolhas que fazemos na vida!

Que Deus nos dê aquilo que deu ao cego: a graça de enxergarmos o que, de fato, precisamos enxergar.

Deus abençoe você!

domingo, 13 de novembro de 2016

Homilia Diária

13NOV2016

A vinda de Jesus, no meio de nós, deve criar uma boa sensação, uma grande confiança, uma feliz expectativa

“Mas vós não perdereis um só fio de cabelo da vossa cabeça. É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida” (Lucas 21,18).

O Evangelho que meditamos, neste domingo, traz para nós considerações importantes para aquilo que chamamos de “fim dos tempos”, uma realidade escatológica que não podemos ignorar. Faz parte da nossa fé a consumação final de todas as coisas, de que um dia tudo será consumado em Cristo Jesus, que tem renovado toda a face da Terra, e essa renovação chegará a sua consumação final.

Não podemos nos iludir nem iludir os outros, não podemos ser enganados nem enganar os outros, muitas vezes, com fantasias, afirmações apocalípticas que não correspondem à verdade. Temos de viver a feliz expectativa da vinda do Senhor sem fazer dramas, sem criar fantasias e sem falsas expectativas ou ilusões a esse respeito.

Temos de viver a santidade de cada dia, é isso que nos ajuda a apressar e viver a dimensão da presença gloriosa de Jesus no meio de nós! Digo isso, porque, durante toda a história da fé cristã, durante muitas épocas da história da humanidade, muitos erros já se cometeram a esse respeito, muitas falsas expectativas já se criaram, muitas falsas religiões já surgiram, muitos falsos profetas ontem, hoje e amanhã querem também arrancar as pessoas, puxá-las para que vivam na ilusão, na fantasia ou no medo dessa vinda do Senhor.

A vinda de Jesus no meio de nós deve criar uma boa sensação, uma grande confiança, uma feliz expectativa, mas sabendo viver a vida de cada dia, não nos desprendendo de nossas obrigações e responsabilidades, vivendo com seriedade e serenidade a nossa fé. É o nosso jeito sincero e verdadeiro de esperarmos que o Reino aconteça em nosso meio.

Talvez, alguns façam aquelas leituras apocalípticas de guerras, acontecimentos catastróficos, furações, tsunamis, governantes que se viram uns contra os outros; afinal, são, muitas vezes, elementos bíblicos que lemos nas Sagradas Escrituras. Mas a compreensão exata desses acontecimentos não é simples e fácil, e não se pode viver nessa especulação.

Devemos desejar e ansiar que o Reino de Deus venha entre nós. O nosso grito deve ser: "Maranathá, Vem Senhor Jesus! Venha renovar este mundo, santificar as realidades, venha fazer nova todas as coisas!". Isso é justo, é cristão, é da nossa fé. Não podemos viver ilusões.

Temos de permanecer firmes na fé, passando por tribulações e dificuldades, vivendo neste mundo tão difícil e angustiante. Não é perdendo a fé que vamos permanecer de pé. Jesus, voltando hoje ou amanhã, no dia em que se fizer presente no meio de nós, ou ainda quando nós formos ao Seu encontro, precisamos de uma fé firme, confiante, de uma fé em Deus. Não podemos desirmanar diante dos acontecimentos por mais trágicos e difíceis que sejam.

Deus abençoe você!

sábado, 12 de novembro de 2016

Homilia Diária

12NOV2016

A nossa oração tem de ser como a da viúva: insistente, persistente e consistente. Deve ser a oração de quem acredita, de quem busca e tem confiança

“Escutai o que diz este juiz injusto. E Deus, não fará justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele?” (Lucas 18, 7).

 

A parábola que Jesus nos conta sobre essa viúva, essa mulher insistente que, dia e noite, vai à porta do juiz pedir que faça justiça para com ela, é para nós um exemplo de como deve ser a nossa oração: insistente, perseverante e sem desânimo.

Assim como a viúva está batendo à porta desse juiz: “Por favor, atenda-me! Veja a minha situação!”, não podemos fazer a oração dos acomodados. A nossa oração tem de ser como a da viúva: insistente, persistente e consistente. Deve ser a oração de quem acredita, de quem busca e tem confiança; oração de quem sabe quem é nosso Pai.

Esse juiz é injusto, entretanto, nosso Pai é justo! Se esse juiz injusto foi capaz de ceder a essa viúva, porque ela foi insistente demais com ele, você acha que nosso Pai não fará justiça? É verdade que a justiça de Deus não é a nossa, pois Ele não é justiceiro, é justo! A primeira coisa que Jesus faz é podar e polir o nosso coração, para que ele procure compreender numa dimensão muito maior as realidades da vida que não conseguimos entender. Por isso, Deus não é aquele Pai que nos dá da forma que pedimos, Ele nos dá melhor. Primeiro, guarda-nos para Ele, não quer que percamos o elo da salvação, e isso é fundamental da nossa súplica, da nossa confiança.

Muitos dizem: “Já pedi tanta coisa para Deus e não fui atendido! Já pedi tanto para Deus e não consegui!”. Essa é a resposta dos desanimados ou daqueles que não conseguem mergulhar o coração na conformidade com Deus. A palavra "conformidade" usada aqui não é para ser entendida simplesmente de forma passiva: “Tem que ser assim, porque Deus quer!”. Não é verdade que as coisas estão assim porque Deus quer; muitas coisas estão erradas, não deram certo, porque Ele não queria que fossem assim. Aquela criança pela qual oramos, aquele doente que rezamos por ele e veio a falecer... Não podemos simplesmente dizer e nos conformarmos, abaixarmos a cabeça e dizer: “Foi Deus quem quis!”.

É uma aplicação muito errada da compreensão da vontade de Deus. Primeiro, porque o Pai não quer que nos revoltemos, pois Ele quer que lutemos pela vida, pela verdade e justiça. Mas há muitas coisas que impedem o Reino de Deus de acontecer: são limites e situações humanas, coisas que não compreendemos com os nossos limites. Não podemos deixar de ser insistentes com Deus, de buscarmos, no coração d’Ele, que o nosso coração esteja unido a Ele. Não podemos deixar de buscar a justiça, a verdade e a presença de Deus no meio de nós. É o que nosso mundo, nossa vida mais necessitam.

Se, em algum momento ou situação da sua vida, nossa fé nos deixou desanimados ou nossas orações não foram ouvidas ou atendidas, isso é mais um motivo para orarmos com mais insistência, confiança, esperança de que não podemos viver sem a presença amorosa de Deus. Não desanime da oração, porque nessa vida até podemos perder tudo, mas a fé jamais.

A pergunta final de Jesus é: "Quando o Filho do homem vier, ainda encontrará fé sobre a Terra?". Senhor, que possamos perder tudo nessa vida, mas jamais a nossa fé, porque sem ela perdemos a orientação, o sentido, a direção de eternidade.

A nossa vida não se resume ao momento presente, mas ela é muito mais plena. Precisamos da fé para que ela guie, oriente e conduza nosso viver.

Deus abençoe você!

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Homilia Diária

11NOV2016

Retomemos nossa vida espiritual e vigilância, retomemos a vida com prudência, a nossa vida a cada dia, como se esse fosse o nosso último dia

"Duas mulheres estarão moendo juntas; uma será tomada e a outra será deixada. Dois homens estarão no campo; um será levado e o outro será deixado” (Lucas 17, 35-36).

A reflexão da Palavra de Deus continua na tônica da vinda definitiva de Jesus no meio de nós. Todas as preocupações e elucubrações que as pessoas fazem a respeito da volta de Jesus ao meio de nós, muitas vezes, criam realidades que nos tiram do chão e não nos mantêm centrados na essência da mensagem do Evangelho, que é viver o Reino de Deus a cada dia.

Às vezes, há pessoas, aqui e ali, que fazem loucuras, que deixam de viver a vida, vivem somente na expectativa de que Jesus está voltando amanhã. Mas Ele está voltando hoje, a cada dia!

Precisamos viver cada dia como se fosse o único de nossa vida, e tanto faz Ele chegar hoje ou amanhã, o importante é estarmos preparados. Não podemos viver a vida de improviso, pois nos acostumamos a improvisar as coisas e, muitas vezes, improvisamos a nossa própria vida pessoal, nossa vida espiritual, nossa relação com Deus. Mas quando essa surpresa final, que é a volta definitiva do Senhor, a instalação do Reino acontecer no meio de nós, quem estiver preparado estará, quem não estiver não dará para improvisar.

A realidade do mundo é assim: duas pessoas podem estar dormindo na mesma sala, um ter o espírito direcionado a Deus e a outra não. Duas pessoas podem dormir na mesma cama, marido e mulher, mas um vive de acordo com a vontade de Deus e outro nem tanto.

O Evangelho cita a nós duas mulheres que estão indo buscar água, mas pode ser duas pessoas que trabalham na mesma empresa, dois jogadores que jogam no mesmo time de futebol... Enfim, você pode pensar isso em tantas situações da vida, o importante é que, onde quer que você esteja, no que você estiver fazendo, o seu coração já viva a realidade do Reino de Deus. Que você não esteja enrolando, enganando a si mesmo.

Talvez pensemos que enganamos a Deus, depois improvisamos e Ele dá um jeito. Mas não é assim! O que acontece e não percebemos é que, muitas vezes, enganamos, enrolamos a nós mesmos, permitimo-nos viver uma cegueira e não enxergamos o essencial. Por isso a Palavra de Deus, que vem hoje ao nosso encontro, é um convite para que retomemos a nossa vida espiritual, a nossa vigilância. Retomemos, de fato, viver com prudência a nossa vida a cada dia, como se esse fosse o nosso último dia.

Quem sabe o dia que vamos ao encontro com Deus?

Oxalá, se tivéssemos vida longa! É o que desejo para cada um de nós, mas vivendo mais um dia ou mais cem anos daqui para frente, que cada dia seja único, bem vivido na presença de Deus, sem aquela falsa expectativa de que amanhã mudamos, amanhã conseguimos. Como também não podemos viver aquela ansiedade: “Não consigo mudar! Minha vida não transforma!”.

O mais importante é termos o empenho nosso de cada dia, mesmo que, às vezes, nosso empenho não seja suficiente, não produza os frutos que esperamos, não conseguimos os resultados que queiramos. O importante é o empenho, é o coração que está buscando, mesmo em meio às fraquezas, dificuldades e lutas diárias. Não podemos desanimar, não podemos deixar de vigiar, de viver com seriedade e responsabilidade a nossa vida.

Deus abençoe você!

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Homilia Diária

10NOV2016

O Reino de Deus está entre nós quando assumimos Jesus como o Senhor de nossa vida e O deixamos reinar em nosso coração

“O Reino de Deus não vem ostensivamente. Nem se poderá dizer: ‘Está aqui’ ou ‘Está ali’, porque o Reino de Deus está entre vós” (Lucas 17, 20-21).

Jesus está respondendo a Seus discípulos a respeito da Sua segunda vinda, da Sua volta definitiva, ou ainda, da instalação de Deus no meio de nós.

Na verdade, precisamos compreender essa resposta fundamental de Jesus – “O Reino de Deus já está no meio de nós!” – quando O assumimos como Senhor da nossa vida e O deixamos reinar em nosso coração, em nossa casa e família. Não adianta vivermos a expectativa simplesmente de um reino futuro, se não vivermos o presente, deixando Jesus reinar entre nós.

Do outro lado, Jesus está tirando toda aquela expectativa de novidades. Vivemos num mundo onde as pessoas querem sempre coisas novas, mas estão sempre em busca de notícias, de coisas dramáticas. O Reino de Deus não vem de forma ostensiva, de uma hora para outra, que se instala e tudo acaba, tudo muda. Não! O Reino de Deus vai se instalando, vai acontecendo de modo que, quando o Reino definitivo chegar, será a consumação daquilo que nós já começamos a viver: a presença de Deus no meio de nós.

O reinado do Senhor é, justamente, a presença e a soberania de Deus em nossas vidas, em nossas relações e em tudo aquilo que nós fazemos.

Não podemos negar que temos sede de um mundo novo, da renovação de toda a face da Terra. Não podemos negar que temos sede de um mundo onde a justiça e a paz prevaleçam acima de todas as coisas. Não podemos negar que ansiamos para que o Reino, prometido por Deus, em plenitude aconteça.

Eu fico pensando numa pessoa que sonha em ter uma casa grande e bonita. Ela não vive em função dessa casa grande e bonita ficar pronta. Ela faz da pequena casinha apertada em que está vivendo, construída no dia a dia, o seu lar. Seja com a casa grande ou com a casinha pequena, esse é o seu lar abençoado e harmonioso.

Não temos o Reino de forma esplendorosa, definitiva e plena como nós aguardamos que um dia se estabeleça para sempre. Mas enquanto o Reino definitivo não vem, nós o vivemos aqui e agora onde estamos. Não podemos deixar que o inferno tenha a palavra final em nossa vida, nas nossas relações, por mais difíceis que sejam as situações, as realidades humanas.

A verdade é que nossa missão é fazer com que o Reino esteja presente, acontecendo nas situações ordinárias de nossa vida. Não precisamos ficar naquela expectativa apenas de coisas extraordinárias, porque a Palavra mesmo já diz: 'extraordinário' é aquilo que foge do ordinário.

Às vezes, podemos até contemplar algo excepcional aqui ou ali, mas a nossa vida é no dia a dia, a nossa vida é o arroz com feijão que comemos a cada dia. A nossa vida é a nossa luta diária, são os desafios que temos de enfrentar a cada momento sem desanimar, sem perder a esperança e a confiança.

Precisamos acreditar, a cada dia, que o Reino de Deus está sendo construído, e quando nós O assumimos, ele está no meio de nós!

Deus abençoe você!

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Homilia Diária

09NOV2016

Precisamos ter o zelo que Jesus teve pela Sua casa; devemos ter zelo e amor para com a nossa relação com Deus

“Fez então um chicote de cordas e expulsou todos do Templo, junto com as ovelhas e os bois; espalhou as moedas e derrubou as mesas dos cambistas” (João 2,15).

Hoje, celebramos a Dedicação da Basílica do Latrão, a catedral de Roma, onde o Santo Padre precede a Igreja de Roma, a mãe de todas as igrejas.

Lembrando dessa Igreja Mãe, a Igreja de Latrão lembra-nos de cada igreja, capela, santuário, lugar do nosso encontro com Deus. Como nossas igrejas merecem respeito, consideração e veneração, merecem ser cuidadas da melhor maneira possível!

Essa é uma das poucas situações em que vemos Jesus bravo, porque estão transformando a casa de Seu Pai numa casa de comércio, fazendo negócios, trocando animais, estão vendendo isso e aquilo. A igreja, o templo, não são lugares para isso!

Templo é um lugar sagrado, lugar de encontro com Deus. Lembremos a Escritura quando o salmista diz: “O zelo pela tua casa me consome!” (João 2,17).

Sabe, meus irmãos, quem tem zelo pelas coisas de Deus, quem tem amor pelas coisas divinas, amor para com o Senhor, precisa ter zelo pela casa d'Ele. E o zelo pela casa de Deus não é a igreja somente, porque o templo exterior é reflexo do interior, que somos nós.

Como é difícil fazermos silêncio em nossa casa nos dias de hoje! Não coloquemos a culpa nas crianças, nisso ou naquilo. A culpa, muitas vezes, vem de nós mesmos, pois não sabemos viver sem esses elementos, sem as redes sociais etc. Somos nós quem vivemos uma inquietação interior, que levamos bolsas demais para nossas igrejas. Somos nós que não esvaziamos o nosso interior, para que Deus nos preencha. Já estamos cheios demais de coisas na cabeça e no coração, e não sabemos silenciar, ter zelo por nossa alma e coração.

Esse é um aspecto importante: igreja é sinal de silêncio, pois é no silêncio que Deus habita e fala conosco. Igreja é casa de oração. Impossível pensar que vamos a uma igreja, um templo ou uma capela, para nos encontrarmos com Deus e não rezamos. Estamos com a mente em devaneios, estamos voando, com a mente ocupada de tantas coisas, e não colocamos a nossa cabeça em Deus.

Igreja não é lugar de vaidades nem de desfiles. Imagino que você deva ter a melhor roupa para ir à casa de Deus, mas lá não é lugar de desfilar suas roupas, não é lugar para desfilar aquilo que comprou ou ganhou. É preciso ter discrição, porque não vamos até lá para chamar à atenção sobre nós, mas para sermos chamados à atenção por Deus, para que Ele fale conosco, fale ao nosso coração.

Se quisermos crescer na intimidade com Deus, precisaremos ter o zelo que Jesus teve pela Sua casa; devemos ter zelo e amor para com a nossa relação com Deus!

Quanto mais zelosos e respeitosos formos, mais vivermos essa intimidade com Deus em Sua casa, mais crescerá a nossa relação com Ele.

Deus abençoe você!

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Homilia Diária

08NOV2016

Temos que usar a gratuidade da maneira correta, sermos agradecidos, reconhecidos, sabermos dizer “muito obrigado”

“Assim também vós: quando tiverdes feito tudo o que vos mandaram, dizei:‘Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer’” (Lucas 17, 10).

 

A Palavra de Deus, hoje, está nos formando no sentido da gratuidade de nossas ações, porque, infelizmente, somos formados na mania da grandeza, do reconhecimento, de sermos valorizados e exaltados. Se os outros não nos fazem, somos nós quem nos fazemos, que nos colocamos como importantes e nos sentimos como tal; levantamos placas e troféus para as nossas ações.

Perdemos o sentido da gratuidade, perdemos o sentido de que fazer o bem não é prêmio para quem o faz, pois ainda faltam tantas pessoas fazerem o bem!

Fazer o bem é mais do que nossa obrigação, fazer o que é correto não deveria ser exceção, deveria ser obrigação de todos!

Pena, doloroso e triste é quem não faz o que é correto e justo. Não pense que você é melhor que os outros, que é mais querido, porque frequenta a igreja, porque cumpre suas obrigações religiosas, faz caridade, dá esmolas e paga o dízimo. Fazemos o que deve ser feito.

Sabe, meus irmãos, não é que Jesus não reconheça o que somos. Pelo contrário, Ele reconhece muito o que somos. O que Ele não cultiva nem quer que cultivemos são as falsas ilusões. Ele não quer que cultivemos, dentro de nós, o ego exacerbado, que nos sintamos melhores do que os outros naquilo que realizamos, porque estamos fazendo a nossa obrigação.

Imagine você que um bombeiro salve uma criança numa situação de perigo ou salva um gatinho que está em cima de algum lugar. É uma operação difícil, mas o bombeiro não tem que ser recompensado ou promovido, pois ele fez o que deveria fazer. A função de um bombeiro é justamente essa.

Você não deve dizer à sua empregada: “Olha, você vai ganhar um prêmio”, porque ela limpou sua casa. Ela fez o que deveria fazer, ela é a empregada e deve limpar.

É claro que temos de ser agradecidos, reconhecidos, sabermos dizer “muito obrigado”. Isso não pode tirar a gratuidade e o reconhecimento que temos para com os outros naquilo que fazem.

O que não pode acontecer é darmos méritos excessivos para as coisas e nos esquecermos da nossa obrigação cotidiana. O bombeiro deve estar pronto, a cada dia, para salvar vidas e socorrer quem precisa, e nós devemos ser, a cada dia, um bom cristão, um cidadão honesto, sabendo viver o que precisamos viver.

Existem cristãos, bombeiros e situações excepcionais na vida, mas aqueles que vivem situações excepcionais devem nos chamar à atenção para vivermos nossas obrigações a cada dia de nossa vida.

Deus abençoe você!

Homilia

07NOV2016

Vá ao encontro do irmão com o coração da misericórdia, pois é com esse coração que Deus vem ao seu encontro

“Se o teu irmão pecar, repreende-o. Se ele se converter, perdoa-lhe. Se ele pecar contra ti sete vezes num só dia, e sete vezes vier a ti, dizendo: ‘Estou arrependido’, tu deves perdoá-lo” (Lucas 17, 3-4).

Falamos tanto no amor e na misericórdia, e Jesus está nos ensinando como devemos agir de forma misericordiosa com quem está próximo de nós. O verdadeiro rosto e coração misericordioso é aquele que sabe perdoar. Perdão é sinônimo de misericórdia, e não há vivência da misericórdia sem a prática do perdão.

Não é o perdão humano que desculpa isso e aquilo, que têm limites, que aguenta até um certo ponto. É o perdão sem medida, perdão divino, perdão que vem do coração de Deus.

Como devemos agir? Primeiro o Evangelho nos diz: "Se o teu irmão está vivendo uma situação errada, está fazendo o que não é correto, se está vivendo uma situação de pecado, repreende-o" (cf.Lucas 17,3-4).

A palavra ‘repreender’ usada aqui é o sentido evangélico de corrigir o irmão. Como corrigimos o outro? Como gostaríamos de ser corrigidos. E como gostaríamos que o outro nos corrigisse? Gritando? Brigando? Expondo-nos aos outros? É óbvio que ninguém quer isso!

Se precisamos ser corrigidos, que façamos na caridade, de forma discreta, que façamos para ganhar o outro e não para o perder mais ainda. Que façamos com profunda caridade para ajudar a arrancar o irmão do abismo, do caminho errado, do inferno que ele vive. Mas não vá ao encontro do irmão como juiz; vá ao encontro dele com o coração da misericórdia, pois é com este coração que Deus vem ao nosso encontro.

Não deixe de corrigir, orientar, não deixe de encaminhá-lo. Peça bom senso, caridade, discernimento para fazer da forma certa, sem expor a situação, sem fazer barulho. Precisamos fazer isso uns aos outros, porque é evangélico.

Se você ajudar o irmão a cair em si, a encontrar a luz, e se ele tiver pecado até contra você, perdoe-o. Se você percebeu nele arrependimento, se ele está arrependido pelo que fez, e se no mesmo dia pecar contra você sete vezes, dê a ele o perdão novamente.

Você pode pensar: “Nossa, mas aí é demais! Está exagerando!”. Você já contou quantas vezes foi pedir perdão a Deus? Quantas vezes você buscou o sacramento da confissão? Quantas vezes você necessitou do perdão d'Ele?

Por que para o Senhor possa nos perdoar não há limites, e para perdoarmos aos outros estabelecemos limites? Não é que tenhamos que deixar que o outro faça o que quiser da vida, mas o que vai ajudá-lo a se corrigir é perdoando, quando ele demonstra arrependimento.

Sejamos a face misericordiosa de Deus para com o outro, e o melhor modo de demonstrarmos isso é sermos expressão do perdão para quem precisa!

Deus abençoe você!

domingo, 6 de novembro de 2016

Homilia Diária

06NOV2016

A virtude fundamental é ter amor, paciência e muita misericórdia para com seu próximo, seu semelhante

“Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia” (Mateus 5,7).

Na celebração de todos os santos, queremos referenciar todos aqueles que ocupam um lugar sagrado no céu, junto de Deus. Aquele lugar que Ele preparou para cada um de nós.

Há uma multidão incontável de homens e mulheres, de todas as classes e nações, de todas as raças e línguas que habitam na glória celeste. Esses homens e mulheres tiveram uma vida bem-aventurada, são chamamos de santos e santas.

Na verdade, a santidade é o que Deus espera de cada um de nós!

Hoje, não estamos apenas recordando os santos e santas que foram canonizados, que têm títulos de santos. Lembremo-nos de nosso avô, de nossa avó, nosso pai; lembremo-nos de pessoas que eram como nós, do meio de nós que estão triunfando no céu.

Exaltamos a santidade, exaltamos aqueles que levam a vida e Deus a sério, por isso recebem o prêmio da vida.

O Evangelho aponta-nos quais são os santos, os bem-aventurados e as virtudes que, acima de tudo carregam em si, que nos conduzem para o céu; as virtudes que cada um de nós deve cativar e cultivar, levar com fervor em nosso coração. São elas: a pobreza evangélica; a aflição que, muitas vezes, passamos na vida; a mansidão da alma; a fome e a sede de justiça; a misericórdia de coração; a pureza da alma; a promoção da paz e da justiça e, muitas vezes, o sofrimento diante das perseguições e injustiças por causa do Reino dos Céus.

Entre essas oito bem-aventuranças, gostaria de ressaltar aquela que nos conduz neste ano em que vivemos, o Santo Ano da Misericórdia. “Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia”.

O Reino dos Céus é o Reino dos corações misericordiosos, como é o coração do Nosso Deus.

Se você pesquisar a vida de qualquer santo, verá que a virtude fundamental é ter amor, paciência e muita misericórdia para com seu próximo, seu semelhante. Sobretudo, porque ele foi alcançado e abraçado pela misericórdia divina.

Aquele que é alcançado pela misericórdia de Deus, age com misericórdia em relação ao seu próximo. Cultivemos a bem-aventurança da misericórdia!

Ser misericordioso não é simplesmente ter uma atitude de alguém que reza clamando pela misericórdia de Deus. A primeira misericórdia que precisamos ter é a do Senhor. Mas a misericórdia que recebemos d’Ele é para usarmos uns para com os outros, ao nosso redor, convivendo na mesma casa, na mesma família, trabalhando conosco, na rua que passamos, onde vivemos, no bairro que estamos, na igreja que participamos. Como precisamos agir com misericórdia!

Quem perdeu o senso da misericórdia está sempre julgando, condenando, fechando os olhos e perdendo a paciência com os limites, com as fraquezas necessidades dos outros. Quando você não tem misericórdia com alguém que padece por alguma necessidade, você julga: “Não trabalhou! Não se esforçou!”. Pode ter mil motivos, mas isso não nos dá o direito de agirmos sem misericórdia para com o outro.

Quando alguém falhar conosco, ajamos com ele como gostaríamos que agissem conosco se estivéssemos na mesma situação e condição. Mesmo que muitos na vida não tenham agido com misericórdia conosco, demos o troco.

A expressão ‘dar o troco’ não é fazer o mesmo, mas é dar o que é correto, o que é justo, o que é do céu e de Deus. Dê misericórdia até para que não agiu com misericórdia, porque é assim que o Senhor da misericórdia irá recebê-lo, um dia, nos Céus: pelo amor que demonstramos ao outro, pela paciência que praticamos para com o nosso próximo, pelo perdão que exercemos setenta vezes sete. Ainda que estejamos extrapolados, machucados por tudo que tenhamos vivido, que não nos falte misericórdia para agirmos com nosso próximo!

A misericórdia nos santifica, coloca-nos perto de Deus e abre as portas do céu para nós! Bem-aventurados os misericordiosos, porque serão tratados e recebidos no Reino da misericórdia eterna!

Deus abençoe você!

sábado, 5 de novembro de 2016

Homilia Diária

05NOV2016

Quem é fiel nas pequenas coisas será também nas grandes coisas, entretanto, quem é injusto nas pequenas, será também nas grandes

“Quem é fiel nas pequenas coisas também é fiel nas grandes, e quem é injusto nas pequenas também é injusto nas grandes” (Lucas 16, 10).

O Evangelho de hoje é para nós uma consideração ou, melhor ainda, uma formação maravilhosa de como devemos nos portar no mundo em que estamos.

Primeiro, o Evangelho já começa chamando o dinheiro que recebemos, o dinheiro que temos, de injusto. O dinheiro que é dado a alguns em abundância é o que falta na mesa da maioria. O dinheiro que não é suficiente para dar condições de vida justa para todos, já mostra que injustiça o dinheiro faz no mundo.

Não vivemos sem ele, precisamos dele, mas ele não pode dominar nossa vida. Precisamos fazer amizade com o dinheiro injusto, não para nos tornarmos injustos, mas para fazermos justiça, inclusive, com o dinheiro injusto que temos.

Muitos podem dizer: “Padre, é fruto do meu trabalho! É fruto do meu suor! É fruto da minha dedicação!”. É verdade, e que bom! Mas até essa quantia que você ganhou é injusta, porque você merecia muito mais. Merecíamos ter um salário mais justo, porém, mesmo sendo injusto, precisamos fazer justiça. Se não fazem justiça a nós, não iremos fazer injustiça aos outros.

Saiba aplicar bem o seu dinheiro, saiba usá-lo com toda a prudência necessária, saiba ser honesto, correto e não se corrompa!

O exemplo que o Evangelho está nos dando, hoje, é baseado naquele homem que fez seus negócios para depois levar vantagens. Jesus, na verdade, está dizendo o que não devemos fazer.

Veja: quem é fiel nas pequenas coisas, será também nas grandes coisas, entretanto, quem é injusto, desonesto e corrupto nas pequenas, será também nas grandes.

Vivemos numa época onde tanto se reflete, pois a corrupção é um reflexo da sociedade de hoje, e refletimos isso nas grandes fileiras do mundo político, nas grandes empresas. A grande corrupção é fruto e consequência da corrupção pequena; das pequenas corrupções que aprendemos a praticar no dia a dia de nossas vidas; pequenos roubos, pequenos enganos.

As pessoas acham engraçado fazer o que é errado, contam vantagem quando aprontam, fazem aquilo que não é correto com os outros, e começamos a bater palmas para aquilo que é errado, começamos a contar vantagem pelas coisas incorretas que praticamos nesta vida. Se somos capazes de, em situações pequenas, fazermos isso, não somos melhores do que aqueles que estão ocupando grandes cargos públicos, fazendo isso e aquilo, e sendo desonestos.

Cada um faz a sua injustiça e a sua corrupção na proporção em que vivem. Se a nós é confiado pouca coisa, fazemos com o pouco que temos. Se o outro tem uma situação mediana e pode ter um pouco mais, ele faz a falcatrua onde está.

Não podemos nos acostumar com o que é errado, precisamos ter muita clareza. Precisamos realmente, nos dias de hoje, no mundo em que vivemos, ter uma convicção das nossas opções. O certo é o certo, o errado é o errado, roubo é roubo, engano é engano, corrupção é corrupção. Não podemos nos basear no outro que roubou um milhão e você desviou um real, dois reais. Não estou criminalizando, porque o outro necessitou e roubou uma galinha ou qualquer outra coisa. Estou dizendo que nem uma coisa ou outra poderia acontecer.

A formação da honestidade vale para o pequeno, para o grande, vale para todos nós! Que sejam feitas as aplicações da lei, mas a aplicação da prática evangélica, dos valores, da decência e da moral pertence aos filhos de Deus.

Precisamos ser honestos, justos e corretos nas situações pequenas da vida, porque se nos for confiado algo maior do que fazemos, refletirá as pequenas coisas nas grandes coisas. Não se esqueça de que o ladrão ou o criminoso começou a fazer pequenos furtos, matando ou sendo violento em pequenas situações.

Precisamos aprender a corrigir o que parece pequeno, para que não se torne grande.

Deus abençoe você!