Gol

sexta-feira, 31 de março de 2017

Homilia Diária

31MAR2017

Não podemos permitir que cresça em nós sentimentos injustos e de vingança, ressentimentos contra a pessoa do outro

“Armemos ciladas ao justo, porque sua presença nos incomoda: ele se opõe ao nosso modo de agir, repreende em nós as transgressões da lei e nos reprova as faltas contra a nossa disciplina” (Sb 2, 12).

A leitura do Livro da Sabedoria é para nós uma aplicação daquilo que está acontecendo com Jesus no contexto do Evangelho de hoje. Os ímpios estão dizendo em raciocínios falsos e malditos: “Armemos ciladas ao justo!”.

O grande, verdadeiro e único justo da humanidade é Jesus! Ele é justo, porque nenhuma injustiça entrou n’Ele, a injustiça do pecado não fez parte da sua vida, mas, nos dias de Sua vida terrestre, os injustos, os ímpios tramaram contra Ele, contra Sua vida. Eles tramaram tirar a vida de Jesus por inveja, por ciúmes, por se oporem a quem faz o bem.

Deixe-me dizer: são sentimentos terríveis, mortais, carnais, diabólicos, os quais, muitas vezes, tomam conta do coração de cada um de nós.

Quantas vezes, sem perceber ou até percebendo, desejamos mal, falamos mal ou queremos mal ao outro, porque todo querer mal ao outro é injusto. “Mas foi o outro quem me fez algo de errado!”. Isso não justifica tramarmos contra ninguém, não justifica deixarmos os nossos pensamentos correrem soltos, desejando que algo de mau, que algo de trágico aconteça, que o outro pague por aquilo que cometeu.

Jesus já pagou por todos aqueles que cometeram ou não cometeram mal. O justo já sofreu por todos os injustos, já sofreu para que fosse reparada toda injustiça da humanidade.

Não podemos permitir que cresça em nós sentimentos injustos, sentimentos de vingança, de ressentimentos e mágoa, sentimentos maus contra a pessoa do outro. O que eles faziam, muitas vezes, eram tramoias, armar situações, porque queriam pegar Jesus.

Desarmemos o nosso coração, tiremos de nós todos aqueles sentimentos que alimentamos. “Eu ainda vou me acertar com ele! Eu ainda vou pegá-lo na hora certa e dizer um monte de coisa a ele!”. Isso é veneno, isso é mal para a nossa mentalidade e para o nosso próprio caráter. Foram os homens que alimentaram esses sentimentos, armaram contra o justo Jesus, para levá-Lo à morte.

Não levemos ninguém à morte, não levemos a nossa própria alma à morte; não alimentemos em nós os sentimentos injustos, insanos, depravados ou maldosos contra quem quer que seja.

Se quisermos nos purificar do mal, se quisermos que a nossa penitência seja agradável a Deus, permitamos que Ele purifique o nosso coração da maldade, do sentimento do desejo de querer mal seja lá a quem for.

Deus abençoe você!

quinta-feira, 30 de março de 2017

Homilia

30MAR2017

Precisamos pedir perdão a Deus não só pelos nossos pecados, mas pelos pecados da humanidade, da nossa casa e nossa família

“E o Senhor desistiu do mal que havia ameaçado fazer a seu povo” (Êxodo 32, 14).

Quero meditar com você a Primeira Leitura da Liturgia de hoje, no Livro do Êxodo, porque, nessa nossa caminhada quaresmal, estamos fazendo um verdadeiro êxodo, uma verdadeira passagem da morte para a vida, da escravidão do pecado para a liberdade da graça.

Assim como o povo de Deus fez a caminhada de 40 anos no deserto, estamos há 40 dias neste tempo quaresmal, com todo o simbolismo que ele significa. Porém, no meio daquela caminhada, o povo de Deus desviou-se, fez tudo aquilo que era o contrário do que tinham prometido fazer para com Deus.

O Senhor estava sendo tão bom para com Seu povo, os tirou do caminho da escravidão, estava conduzindo-os para a vida nova, para a liberdade, para a salvação. Mas era um povo de cabeça dura, que, em vez de se voltar para Deus, estava prostrado diante de outros deuses, voltou-se para outras coisas e não para o Senhor Nosso Deus. Povo de cabeça dura! Deus quis deixar aquele povo de lado.

Você deve ter visto aqui a expressão que Deus desistiu de fazer o mal. Mas que mal Ele iria fazer a Seu povo? Que mal Ele pode fazer? Preciso dizer a você que o Senhor não faz mal nem castiga, o que podemos entender é que, quando nos afastamos, quando não queremos saber d'Ele ou colocamos outros no lugar d'Ele na nossa vida, não há mal nem castigo maior do que esse!

Estamos longe, afastado de Deus, mas não foi Ele quem se afastou de nós, fomos nós que nos afastamos do Senhor para escolher outros caminhos e não os caminhos d'Ele. Não há desgraça maior do que essa!

Uma vez que não quero mais saber de Deus, é como se Ele dissesse: "É você quem não quer saber de mim, então não preciso mais saber de você!".

Somente Moisés estava ali temente a Deus. Um papel maravilhoso é o papel de Moisés; ele é intercessor! Moisés, vendo seu povo no caminho do pecado, cometendo todos aqueles males contra Deus, contra o próprio povo, vai suplicar pela misericórdia divina; ele vai pedir por todo aquele povo.

Aquele povo estava tão perdido, inerte no caminho do erro, no caminho do pecado, que não tinham nem capacidade para isso. Por isso, é Moisés quem se prostra, levanta suas mãos para o Céu e intercede, invoca a misericórdia divina e suplica em favor do Seu povo.

Hoje, precisamos pedir perdão a Deus não só pelos nossos pecados, mas pelos pecados da humanidade, da nossa casa e família, da sociedade, da igreja, do mundo em que estamos, o qual, muitas vezes, se afasta dos caminhos de Deus, afasta-se da bondade d'Ele para servir outros deuses. Como falta a consciência de pedir perdão!

Quem tem consciência precisa ser como Moisés: humildemente colocar-se na presença de Deus e clamar pela Sua misericórdia, clamar para que não se afaste do meio de nós, clamar para que a graça divina não fuja do nosso meio, porque ela não age quando as pessoas se colocam indiferentes ou a rejeitam.

Moisés, de forma suplicante e misericordiosa, intercede pelo Seu povo. Por causa da oração, da súplica de Moisés, o Senhor desistiu de afastar-se do Seu povo, o Senhor desistiu de ficar longe dele.

"Senhor, apesar dos nossos pecados e erros, das nossas fraquezas, apesar de nos voltarmos para outros deuses e não para Ti, não fique longe de nós. O Senhor é o único Deus verdadeiro, por isso Te pedimos: tenha misericórdia de nós, não afaste de nós o Seu favor e a Sua graça, porque sem Ti nós perecemos. Precisamos de Ti, tenha misericórdia e compaixão de todos nós, Senhor Nosso Deus!

Deus abençoe você!

quarta-feira, 29 de março de 2017

Homilia Diária

29MAR2017

Nossa vida só está plenamente em Deus quando nos abrimos para escutá-Lo e acolhê-Lo como nosso Senhor e Salvador

“Em verdade, em verdade vos digo, quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou possui a vida eterna. Não será condenado, pois já passou da morte para a vida” (João 5,24).

Veja a primeira coisa: "Em verdade vos digo, aquele que ouve a minha palavra". A salvação começa nos ouvidos, e aqui não são apenas os ouvidos físicos,  mas o ouvido que vai à mente e ao coração, porque a salvação entra em nós pelos ouvidos.

O contrário também é verdadeiro: a perdição, o que é errado entra pelos ouvidos e desce para o coração, para a cabeça, e vai para o corpo inteiro. O que deixamos entrar pelos nossos ouvidos restaura o que está perdido dentro de nós.

Abramos nossos ouvidos, todos os dias, sobretudo os ouvidos do coração, do nosso interior, para escutarmos Jesus, para que Ele nos fale, para que Sua Palavra entre em nós. A Palavra d’Ele precisa entrar em nós para nos restaurar, curar e libertar-nos, porque quem ouve Sua Palavra e crê que Ele é o enviado de Deus possui a vida no sentido mais pleno da palavra, ou seja, possui a vida eterna.

Não fiquemos pensando que a vida eterna só acontece depois que morremos ou que vamos para o Céu. Não! Ela começa agora, pois vida eterna é viver a vida em Deus. Nossa vida só está plenamente no Senhor quando nos abrimos para escutá-Lo e acolhê-Lo como nosso Salvador! Temos de crer n’Ele e, uma vez que O escutarmos, agirmos como disse São Paulo aos Romanos: “Agora, eu professo com a minha boca que creio em Jesus!”.

Não fique mudo, meu irmão; não fique muda, minha querida irmã! Proclame, diga para você mesmo todos os dias: "Jesus é o meu Senhor! Jesus é o meu Salvador! Eu creio n’Ele, prostro-me na presença d’Ele! Eu O assumo como meu único Senhor e Salvador!".

Não fique naquela posição passiva: “É bonito!”. Não! Aquilo que os seus ouvidos escutam você responde também com a boca. Que seus lábios proclamem a Palavra na sua casa, que você a proclame aos outros. Não precisa ter fanatismo, não precisa ficar pregandomas que você proclame, a fim de que as pessoas saibam que você crê em Jesus.

É preciso dizer que não é só carregando um tau ou uma cruz no pescoço, tendo uma cruz em casa, que proclamamos o Senhor. Isso é um sinal. É preciso também que a boca professe aquilo que os ouvidos ouviram e que nós cremos. É preciso que nós digamos aos outros aquilo que muitos dos judeus, sobretudo os chefes deles, não assumiram: "O Senhor é o Salvador de nossa vida".

No dia de hoje, mesmo aqueles tantos que foram batizados, que professam a fé cristã, não assumem, em sua vida, que creem em Jesus como seu Salvador. Aliás, estão buscando salvação em outras coisas, estão buscando salvação naquilo que não salva, que leva as pessoas a se perderem, porque o único que nos salva é Jesus!

Quando assumimos Jesus como Salvador, neste momento, saímos da morte, os elementos da morte que estão dentro de nós vão embora, porque Jesus assume o comando. E quando Ele está no comando, leva-nos à vida, e a vida d'Ele está em nós.

Eu creio e professo que Jesus é o meu Senhor e Salvador!

Deus abençoe você!

terça-feira, 28 de março de 2017

Homilia Diária

28MAR2017

Sejamos a cura, a mão, o ouvido de Deus para tantos como este homem que há 38 anos está sofrendo

“Senhor, não tenho ninguém que me leve à piscina, quando a água é agitada. Quando estou chegando, outro entra na minha frente”(João 5,7).

Veja que situação triste a deste homem que está próximo à piscina de Siloé. Essa piscina tinha uma função restauradora para curar as doenças de tantas pessoas! Ali iam cegos, coxos, paralíticos etc. Quando a água era agitada, havia a crença de que um anjo descia sobre essa água e ela se movimentava, de modo que o doente que ali entrava era curado.

Esse homem se encontrava há 38 anos doente, enfermo e nunca conseguiu chegar naquela piscina. Sabe, outros estão doentes e enfermos, mas quando estamos numa situação, queremos primeiro cuidar de nós. "Eu tenho que tomar conta da minha doença, da minha enfermidade! Eu tenho que cuidar dos meus problemas!". Veja que o egoísmo do ser humano está presente em todas as situações!

As pessoas que foram ali curadas não voltaram nem para ajudar aquele homem que estava naquela situação há 38 anos. Eram pessoas que buscavam a cura, seja lá o que for, somente para si a partir de seus interesses. Não havia nenhuma preocupação com o próximo, com aquele que estava sofrendo. Por isso, quando Jesus passou vendo aquele homem enfermo, que estava doente disse: “Meu filho, você quer ficar curado?”. Ou seja, Jesus se importou com ele, importou-se com a sua enfermidade.

Jesus é aquele que se importa, preocupa-se com aquilo que eu passo, que eu sofro e vivo, mesmo que eu pareça esquecido e não seja lembrado por ninguém. É assim que se encontrava esse homem: esquecido, deixado de lado, marginalizado, menosprezado, mas lembrado por Deus!

Jesus aproxima-se dele e pergunta se ele gostaria de ficar curado, e ele responde: “Senhor, eu quero, mas não tem ninguém que me leve! Eu até tento, me esforço, mas quando eu vou me aproximando, quando estou quase chegando, vêm outros à minha frente e me atropelam, passam a minha frente e não consigo chegar lá”. Jesus diz: “Meu filho, levanta-te! Pega a sua cama e vai!”. O homem levantou, pegou sua cama e seguiu adiante.

Sabe, meus irmãos, precisamos nos importar, precisamos nos preocupar com a situação do outro, precisamos ser a mão de Jesus para tantos que não conseguem se levantar da situação em que se encontram; seja na enfermidade, na dor, no sofrimento, na depressão, seja na condição moral em que a pessoa está.

Quantas vezes encontro pessoas sozinhas, solitárias, sofrendo verdadeiras angústias na alma, porque não há ninguém que as escute, não há ninguém que tenha um ouvido para dar atenção a elas!

Hoje, é um desafio de Deus para mim e para você: escutemos o outro, tenhamos tempo para ele, tenhamos a mão estendida para cuidar dele. Sejamos a cura, a mão, o ouvido de Deus para tantos como este homem que, há 38 anos, está sofrendo. Há pessoas com menos ou mais anos que estão sofrendo, porque não há ninguém que lhes dê atenção.

Quem é resgatado por Deus precisa se tornar instrumento de cuidado e atenção para com o sofrimento do próximo!

Deus abençoe você!

segunda-feira, 27 de março de 2017

Homilia Diária

27MAR2017

Quando abraçamos a fé, é Deus quem está nos abraçando para cuidar de nós

“Senhor, desce, antes que meu filho morra!” Jesus lhe disse: “Podes ir, teu filho está vivo” (João 4, 49-50).

Um funcionário do rei estava em Cafarnaum e tinha um filho doente. O rei era pagão e esse funcionário também; não faziam parte do povo eleito, do povo judeu ou como quisermos entender. O fato é que esse homem tinha um filho doente, e tinha dinheiro e influência do rei para procurar os melhores médicos para a cura do seu filho. Mas ele sabe que, na situação em que seu filho se encontrava, não tinha nenhum outro médico, se não Deus para fazer algo por ele.

Ele poderia recorrer aos doutores da Lei, aos sacerdotes da religião judaica, mas recorre a Jesus. Ele sabe daquilo que Jesus tem feito, porque todos dizem, sobretudo em Cafarnaum, onde Jesus vivia, habitava; e na Galileia Ele anunciava o Reino de Deus.

O que esse homem, na verdade, já sabia era que só Jesus podia fazer algo pelo seu filho. E Ele vai, sendo indigno ou não, merecendo ou não, recorrer a Jesus dizendo: “Jesus, salva o meu filho! Só o senhor pode fazer algo por ele! Se o Senhor não estiver lá, o meu filho vai morrer!".

Esse é o grito de tantos pais, de tantas mães, é o meu grito, é a sua súplica! Se Jesus não estiver em nós, em nossa casa, em nossa família, todos vamos perecer, os nossos filhos vão perecer. Mesmo que não sejamos dignos, mesmo que nos consideremos pessoas pecadoras, mesmo que nosso filho tenha aprontado tudo neste mundo, precisamos levar Jesus para socorrer os nossos, para socorrer nossa casa, nossa família, para estar na nossa casa. Mesmo que não sejamos dignos de tanto, mesmo que não sejamos tão religiosos, temos de ter fé, crer que Jesus pode, temos de buscá-lo para que Ele permaneça em nós, para que permaneça em nossa casa e salve os nossos entes queridos.

Não deixemos de buscar Jesus um dia só, de recorrer a Ele, clamar para que venha em socorro da nossa casa, da nossa família, dos nossos que estão perecendo pela falta da presença e do amor de Deus.

Quando esse funcionário viu que seu filho havia sido curado, melhorado, restabelecido-se, quando Jesus lhe disse: "Vai, porque a febre dele desapareceu, e ele está curado", este homem abraçou a fé juntamente com toda a sua família.

Não podemos somente abraçar a bênção, a cura ou aquilo que Deus traz para dentro da nossa casa. Precisamos abraçar a causa, assumir a fé, viver da fé, fazer dela o grande sinal da presença de Deus para nossa casa e nossa família.

Hoje, é Deus quem está convidando a nossa casa e família para abraçarmos nossa fé n’Ele, porque, quando abraçamos a fé, é Deus quem está nos abraçando, para cuidar de nós!

Deus abençoe você!

domingo, 26 de março de 2017

Homilia Diária

26MAR2017

Precisamos permitir que Deus cure e restaure nosso olhar, para que tenhamos a Sua visão em nós

“Jesus cuspiu no chão, fez lama com a saliva e colocou-a sobre os olhos do cego”(João 9,6).

Um cego de nascença está próximo de Jesus. Na verdade, é Jesus quem está passando e vendo aquele homem que nasceu cego.

Há pessoas que se tornam cegas durante a vida, mas há também pessoas que já nascem cegas por algum problema genético, por alguma má formação.

A pergunta que os discípulos fazem a Jesus: “Quem foi que pecou?”. Sabe, é aquela mentalidade de que todo mal que existe é consequência do pecado da pessoa ou foi pelo pecado de alguém. Ou seja, é aquela visão de que a pessoa está pagando pelo mal do outro. Não existe nada disso! Não existe nem aquela visão da reencarnação, de que a pessoa está aqui para pagar os pecados que cometeu em outra vida. Precisamos abolir isso da nossa mentalidade, porque isso não é evangélico.

É verdade que há erros que as pessoas cometem, que geram consequências para elas e para as outras também, mas são consequências de ordem natural. Não quer dizer que Deus determinou: "Agora, aquele filho tem que pegar por aquilo que o pai fez!". De forma nenhuma!

Esse cego não está cego porque cometeu um pecado; ele já nasceu cego. Como aquela pessoa no ventre da mãe poderia ter pecado? E também não foi porque seus pais mereceram esse castigo.

Às vezes, encontramos crianças que nascem com alguma má formação, uma deformação genética, algum problema, e a mãe logo pergunta: “O que eu fiz de errado?”. Mamãe, papai, vocês não fizeram nada de errado! Houve algum problema na ordem natural, mas a ordem sobrenatural vai transformar aquilo que parecia uma tragédia, um mal, numa bênção divina!

Vejo como essas crianças que têm alguma deficiência tornam-se verdadeiras referências da bênção, da presença e do amor de Deus na vida dessas mães, dessas famílias! Elas apontam para nós, a começar por mim, a manifestação do Reino de Deus. Por isso, até mesmo para algo que parece trágico, precisamos olhar como o lugar onde a graça de Deus pode se manifestar, porque todas as coisas concorrem para o bem daqueles que esperam em Deus.

Por esse motivo, Jesus, hoje, olha para esse cego e mostra-o como um referencial para nós. Jesus se aproxima dele, cospe no chão (porque viemos do chão, viemos da terra), faz aquela lama, coloca nos olhos do cego e cura a sua cegueira.

Duas coisas: primeiro, Deus quer abrir os nossos olhos, porque este sim é o grande mal, a grande cegueira. Vivemos de forma iludida, de forma errada, enxergando a vida de forma distorcida, não como de fato ela é, como precisa e deve ser enxergada. Precisamos permitir que Deus cure e restaure o nosso olhar, para que tenhamos a Sua visão em nós!

Jesus diz algo a esse cego depois que ele está curado: “Não volte a pecar, para que não te aconteça coisa pior”. Não há coisa pior do que o pecado em nós, não há coisa pior do que o estrago que o pecado faz na vida de cada um de nós.

Que a misericórdia de Deus, hoje, lave os nossos olhos e nos ajude a ver o mundo, a nós mesmos e as pessoas com o olhar divino!

Deus abençoe você!

sábado, 25 de março de 2017

Homilia Diária

25MAR2017

Todos nós precisamos de um colo, de um ventre para sermos recriados na graça de Deus

“Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus” (Lucas 1, 31).

Para quem se aproxima de Deus e é agraciado por Ele, a primeira coisa que Deus fala ao coração é: "Não tenhas medo!". Por isso, temos medo de tudo que está no mundo. Muitas vezes, temos medo até daquilo que é de Deus. Precisamos ser tementes a Ele, mas nunca ter medo d’Ele.

Maria era uma mulher totalmente temente, obediente, serva de Deus e toda d'Ele. Por isso, quem se entrega para ser do Senhor não pode ter medo dos desígnios amorosos d'Ele.

A primeira mensagem do anjo para Maria foi: “Não tenhas medo, Maria”. Ele não está dizendo isso, porque Maria foi uma mulher medrosa, mas sim porque nem ela podia entender, naquele primeiro momento, o que, te fato, Deus queria dela.

Ela mesma vai dizer: “Como isso se fará? Como eu ficarei grávida de Deus sem conhecer um homem?”. Não existe lógica humana para isso, ninguém pode ficar grávida, mulher nenhuma, sem ação humana. Há algo divino, milagroso e impossível que só o Céu pode fazer, realizando-se no ventre dessa mulher escolhida, chamada para realizar o grande milagre de renovação da humanidade.

Maria é, na verdade, o novo Céu e a nova Terra que Deus está criando. Assim como Ele criou o paraíso primeiro, e este se perdeu por causa dos pecados de nossos primeiros pais, agora, no ventre de Maria, está nascendo um novo paraíso onde brotará o Salvador, que virá nos salvar.

Isso é grande demais para ser compreendido! Maria quer apenas entender como vai colaborar com essa graça de Deus. "Não se preocupe, Maria, pois o espírito que virá sobre ti é o espírito que criou todas as coisas, no princípio de tudo, e é o mesmo que vai entrar no seu ventre e realizar a nova criação de Deus". A nova criatura de Deus é redimida em Jesus, e esse homem Jesus nasce no ventre de Maria.

Que graça divina, que graça sublime, realmente extrema e maravilhosa Deus traz ao meio de nós e a realiza no ventre de Maria! Por isso, hoje só posso dizer: “Bendita és tu entre as mulheres! Bendita és tu que acreditou! Bendita és tu que se colocou-se à disposição! Bendita és tu que não temeu ao que Deus tinha para realizar em ti. Bendita sejas tu, Maria, porque o paraíso, o novo Céu, a nova Terra, começou no seu ventre, saiu de ti! Bendita sejas tu Maria, porque foste toda de Deus, templo, morada e lugar da nova criatura!”.

Todos nós precisamos de um colo, de um ventre para sermos recriados na graça de Deus. O ventre que Deus nos dá é abençoado da bem-aventurada sempre Virgem Maria. Aquela que concebeu em si o filho eterno de Deus, quer também nos acolher para que possamos renascer como novas criaturas para o Senhor!

Deus abençoe você!

sexta-feira, 24 de março de 2017

Homilia Diária

24MAR2017

Esse é o amor puro, amor que nos salva e nos coloca perto de Deus

“Ele é o único Deus e não existe outro além dele. Amá-lo de todo o coração, de toda a mente, e com toda a força, e amar o próximo como a si mesmo é melhor do que todos os holocaustos e sacrifícios'” (Marcos 12,32-33).

O que mais agrada o coração de Deus não são os nossos sacrifícios, nossos holocaustos nem nossas promessas, não são as quantidades infinitas de orações que podemos fazer em nossa vida.

O que agrada o coração de Deus é quem O ama de verdade, quem O ama com toda força, com toda energia e vitalidade, com todo o seu ser. Agrada a Deus quem O coloca em primeiro lugar, quem coloca o seu coração no temor do Senhor nosso Deus; quem O leva tão a sério, que não é capaz de amar ninguém, coisa ou situação nenhuma mais do que a Ele.

A religião que agrada a Deus é aquela que nos liga e nos mantêm tão unidos a Ele, que não nos separamos d’Ele por nada que aconteça nesta vida.

Deixe-me dizer a você: não busque a Deus de forma mercantilista, interesseira; não busque o Senhor para satisfazer seus interesses, suas necessidades econômicas, físicas, materiais etc. Não busque o Senhor por causa disso. Se o fizer, isso não quer dizer que você não vai encontrá-Lo, porque Deus se deixa encontrar por quem O procura de coração sincero. Você pode até encontrá-Lo somente a partir de seus interesses, mas não O encontrará a partir daquilo que Ele é. Busque o Senhor somente por causa d’Ele.

Nunca coloque condições para amar a Deus, nunca diga: “Eu vou amar a Deus, porque Ele me deu isso, porque vai me dar aquilo! Eu vou amar a Deus, porque Ele vai me abençoar! Eu vou ganhar o que eu preciso! Ele vai dar a saúde de que eu necessito!”. Não! Ame a Deus, porque é Deus, e simplesmente por causa disso. Tudo o que vir em consequência do meu amor por Ele é apenas acréscimo, mas eu não me conformo nem posso colocar meu coração nos acréscimos. Eu coloco meu coração na essência do amor de Deus. Por isso, amá-Lo de todo o coração é buscá-Lo por causa d’Ele e por nada mais!

Não posso, de forma nenhuma, mercantilizar a minha relação com Deus, não posso deixar de servir nem deixar de ser d'Ele ou menos d'Ele, porque me decepcionei com as pessoas, com a Igreja, com o ser humano, com o padre, com o pastor... Seja lá com quem for! Você não entendeu nada do que é amar a Deus sobre todas as coisas, com todas as nossas energias.

Esse é o amor puro, amor que nos salva, que nos coloca perto do Senhor. Não há doença, enfermidade, sofrimento, ação financeira, angústia, seja lá o que for, que nos separe d’Ele!

Eu aprendo amar a Deus, porque Ele é meu Deus, o Senhor da minha vida, e não por aquilo que Ele me dá, que me oferece, que pode fazer por mim; não é porque está me prometendo isso e aquilo.

Eu encontrei, de verdade, o amor de Deus na minha vida. Assim, vou amar o meu próximo, assim terei força, energia, graça divina para amar o meu próximo por mais que ele me fira, machuque-me. Porque eu não vou amá-lo com meu amor egoísta, eu vou amá-lo com o amor que vem do coração do meu Deus.

Deus abençoe você!

quinta-feira, 23 de março de 2017

Homilia Diária

23MAR2017

Para sermos preservados do mal, da divisão que ele causa no mundo, permaneçamos no coração de Jesus

“Todo reino dividido contra si mesmo será destruído; e cairá uma casa por cima da outra” (Lucas 11, 17).

Hoje, Jesus está nos mostrando, a partir da acusação feita contra Ele, a ação perversa que o maligno, o príncipe das trevas, realiza no meio de nós.

A primeira coisa é que ele [demônio] é divisor, ele divide o Reino de Deus. Não foi Deus quem dividiu, mas sim o demônio. Ele pertencia ao Reino de Deus, mas quando não quis mais viver de acordo com a graça e a luz divina, quando quis ter luz própria, ser mais do que Deus, ele se dividiu.

O demônio causa separações, realiza divisões e coloca as pessoas umas contra as outras, porque todo reino dividido contra si mesmo se destrói. Porém, o Reino de Deus é único, não é dividido; ele pode até ter diversidade de opinião, de formação e pessoas, mas em Deus ele é um só. Não existem dois Reinos de Deus!

Pode haver igrejas diferentes, pessoas com visões diferentes, pode ter pessoas que levam o seu erro como certo, mas não são as pessoas que decidem sobre o Reino de Deus. Não é o padre nem o pastor. É Deus quem está à frente no Reino de Deus, e Jesus é o Senhor!

Infelizmente, as mãos humanas, o coração do homem, levado pelas insídias do maligno, tentou tantas vezes dilacerar, dividir o Reino de Deus. Vemos em nosso meio um verdadeiro escândalo diabólico da ação do maligno na humanidade, inclusive no seio da Igreja, dos seguidores de Cristo. Podemos até viver separados, mas a separação só acontece quando permitimos isso acontecer entre nós.

Quem ama Jesus de verdade e ama seu próximo acima de tudo (o próximo é a extensão de Deus no nosso meio), não conhece a divisão, ama o outro independente da religião e da convicção que tem, e não se deixa levar por seus ressentimentos, mágoas, dogmas, concepções de vida etc. Ele ama a todos, porque o Reino de Deus abrange todos! Ele não semeia a divisão, a discórdia, não coloca as pessoas umas contra as outras.

Quem coloca as pessoas umas contra as outras é o príncipe das trevas. O seu reino é destruído, porque é dividido, é um reino onde as pessoas se dividem.

Para não ficarmos divididos nem destruídos, temos de permanecer no coração de Jesus, porque lá os demônios fogem, não chegam nem se aproximam. O maligno se aproxima de nós quando saímos do coração de Jesus, quando seguimos nossas convicções humanas, quando nos deixamos guiar pelo nosso orgulho, pela nossa cabeça humana e não nos deixamos ser conduzidos pelo Espírito do Senhor.

Para sermos preservados do mal, da divisão que ele causa no mundo, permaneçamos no coração de Jesus, pois nele se realiza a unidade do Reino de Deus! A única coisa que Ele divide é aquilo que não é do Reino, porque o que não é não cabe nele.

Temos de permanecer unidos, juntos ao coração de Jesus, porque Ele nos preserva de todo o mal!

Deus abençoe você!

quarta-feira, 22 de março de 2017

Homilia Diária

22MAR2017

Devemos não só observar os mandamentos, mas ensinar outros a vivê-los

“Portanto, quem desobedecer a um só destes mandamentos, por menor que seja, e ensinar os outros a fazerem o mesmo, será considerado o menor no Reino dos Céus” (Mateus 5, 19).

Queremos observar duas coisas importantes no ensinamento de Jesus ao nosso coração no dia de hoje. O primeiro deles é nãodesconsiderar os mandamentos, não relativizar os mandamentos da Lei de Deus, que são vias para a nossa salvação, o procedimento que todo cristão, todo homem e mulher de Deus precisam ter para fazer parte do Reino de Deus. Os mandamentos do Senhor são vida para a nossa vida!

Não leve os mandamentos como proibições, como regras colocadas, inquisitórias, "faz isso ou faz aquilo". Coloquemos os mandamentos da Lei do Senhor como vida para a nossa vida.

Todo mandamento têm o divino, a presença amorosa de Deus nele, desde o primeiro – amar a Deus sobre todas as coisas – ao último, que nos chama a não cobiçarmos nada que seja do outro. São divinos os mandamentos de Deus. E tudo aquilo que é divino é vida, é sagrado; é vida para a nossa própria vida. Por isso, digo a você: não desconsidere os mandamentos do Senhor.

Às vezes, estamos acostumados a fazer uma coisa, e essa coisa é errada, então dizemos: “Os outros mandamentos eu cumpro, mas esse aqui...”, e quando vemos, relaxamos e, mais ainda, o coração se corrompe; então, começamos a desconsiderar aquilo que é tão importante, aquilo que não podemos deixar de lado. Não desconsideremos um só mandamento do Senhor.

Quando precisamos revisar nossa vida, quando precisamos colocá-la no eixo, no prumo, a primeira coisa que temos de olhar como reflexo é para os mandamentos da Lei do Senhor. Eles são como espelhos que nos ajudam arever nossa relação com Deus e com nosso próximo. Olhemos sempre para esse espelho, para nos revermos, para fazermos esse exame de consciência diário, não somente quando vamos à igreja nos confessar, mas todos os dias, para nos revermos a partir desses mandamentos.

A segunda coisa é que nós devemos não só observar os mandamentos, mas ensinar outros a vivê-los. Não podemos fazer o contrário, porque, às vezes, vivemos errado e queremos que o outro viva também. Aqui está a tragédia e o grande erro da vida.

Se você percebe que está errado e ainda não conseguiu se corrigir, peça a graça de Deus para se corrigir, mas nunca caia, por favor, no mal de ensinar o que faz de errado para que o outro também faça.

Desculpe-me, mas há pessoas que levam vantagem em tudo o que fazem e até consideram essas vantagens desonestas como algo honesto. Além de fazer o que é errado, ainda queremensinar os outros a fazerem também. Não faça isso, estamos sendo desonestos conosco, com Deus, com a nossa consciência e moral.

Que aprendamos a nos corrigir a cada dia, mas não caíamos no mal maior, que é o de fazer errado e ainda ensinar o outro a viver no erro.

Deus abençoe você!

terça-feira, 21 de março de 2017

Homilia Diária

21MAR2017

O coração misericordioso de Jesus está sempre nos perdoando, dando-nos uma nova chance de nos reerguer

“'Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?' Jesus respondeu: 'Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete”(Mateus 18,21-22).

A pergunta de Pedro é também a pergunta do nosso coração: "Quantas vezes eu consigo suportar o erro e a ofensa do outro contra mim? Quantas vezes o meu coração consegue perdoar quando o outro falha, quando insiste em fazer aquilo que me ofende, que me machuca, quando erra contra mim? Eu consigo perdoá-lo até sete vezes?".

Eu penso que nós temos de fazer a pergunta ao contrário: “Senhor, até quantas vezes Deus tem que me perdoar quando eu peco, quando eu falho, quando eu erro?".

Quantas vezes você acha que Deus tem que nos perdoar? Eu imagino que se nós limitássemos a graça de Deus para sete, somente sete vezes Ele deveria nos perdoar, e nós já estaríamos a muito tempo excluídos da Sua graça. Poucos ou praticamente ninguém teria acesso ao Reino de Deus se a lógica, se a matemática divina fosse como a nossa lógica ou nossa matemática humana, se nós quiséssemos impor para Deus até o limite de quantas vezes Ele deve nos perdoar.

Eu me sento no confessionário para atender o pecador quantas vezes ele vier pedir perdão pelos seus pecados, e não sou eu quem condiciono se perdoo ou não, porque é só Deus quem pode perdoar os nossos pecados! E o coração misericordioso d’Ele está ali sempre nos perdoando, levantando-nos, dando-nos uma nova chance de nos reerguer.

Deus é bobo? Ele simplesmente aceita qualquer coisa? Não! Ele é justo, é misericordioso. Na Sua misericórdia, Ele não coloca limites para nos perdoar!

Quem experimenta ou vive a dimensão da misericórdia de Deus não pode ser diferente para com seu irmão e irmã. Não podemos colocar limites para a nossa condição de perdoar o outro. Aliás, se quisermos que o outro melhore, temos de usar o mesmo remédio que Deus usa conosco.

Deus vai nos perdoando, dando-nos uma chance para nos reerguermos, para nos levantarmos, não nos prostramos, não nos frustrarmos nem desanimarmos. É a misericórdia de Deus que vai nos colocando de pé, e precisamos, da mesma forma, usar de misericórdia para com nosso próximo!

Eu sei que, às vezes, cansamo-nos e, por isso, dizemos: “Não consigo mais perdoar essa pessoa! Eu não consigo mais! Já foi demais!”.

Quando você achar que perdoou demais, peça para Deus alargar o seu “demais” para a infinitude da Sua misericórdia. Quando você não tiver mais forças para suportar o problema do irmão, o pecado e a fragilidade do próximo na sua casa, no seu trabalho, seja lá onde você estiver, não recorra a sua miséria humana, mas sim à misericórdia de Deus.

A nossa miséria humana é muito limitada. Muitas vezes, não conseguimos perdoar nenhuma vez o erro do outro, mas como a nossa miséria humana é tão carente da misericórdia de Deus, usemos dela para nos relacionarmos uns com os outros.

Não é que a misericórdia faça bem apenas para o outro, ela faz bem para nós acima de tudo, ela nos cura, liberta-nos, faz de nós um ser humano mais pleno de Deus, do Seu amor e da Sua misericórdia. Por isso, não deixe de usar a misericórdia de forma plena e infinita para com as misérias do outro, pois Deus usa de misericórdia com nossas misérias.

Deus abençoe você! 

segunda-feira, 20 de março de 2017

Homilia Diária

20MAR2017

Recorramos a São José, olhemos seu exemplo de amor, fidelidade e entrega a Deus

"José, Filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo”(Mateus 1,20).

Hoje, a Igreja nos dá a graça de celebrarmos São José, o esposo de Maria, o pai adotivo de Jesus, homem eleito e escolhido com um papel fundamental nos desejos salvíficos de Deus.

Às vezes, olhamos para a figura de Maria e reconhecemos a importância que ela tem na história da salvação, que é única. Ao seu lado, Deus também colocou um companheiro, um homem santo, justo, virtuoso, sobretudo, um homem muito temente e íntimo de Deus.

O que me chama à atenção em São José, o que me leva a olhar para ele como este homem de Deus, é aprender como era fiel e temente, sobretudo como ele amava a Deus sobre todas as coisas. Para ter a grandeza de alma que teve, o amor que teve para com Maria e Jesus, é porque José tinha muito Deus no seu coração!

Num primeiro momento, ele não entendeu nem compreendeu aquilo que aconteceu com Maria. Por isso, no seu coração, não a queria difamar, porque ela ficou grávida quando era esposa dele e não tinha sido por ele. José desconfiava de Maria, mas não entendia os desígnios que Deus tinha para ela. Ele silenciou seu coração, colocou-se na presença de Deus. E quem se coloca na presença de Deus, é Ele mesmo quem vai conduzindo e iluminando.

Às vezes, quando não compreendemos uma coisa, a nossa primeira reação é nos chatearmos, aborrecermo-nos, ficarmos até revoltados. Precisamos aprender no silêncio de José a nos submeter, para não entendermos as coisas de uma forma humana, para não sermos precipitados, para não tomarmos decisões na carne e na humanidade apenas, mas para sermos conduzidos no Espírito, como José foi.

Deus usou de um meio para intervir, para se manifestar, para mostrar a José qual era a Sua vontade. José, por meio de um sonho, compreendeu que ele não podia, de forma nenhuma, ter medo de acolher Maria.

José teve medo de acolher Maria, medo de amá-la, de continuar cuidando dela, mas foi o próprio Deus quem lhe mostrou que ele era o homem escolhido para cuidar dos Seus tesouros mais preciosos: seu próprio filho Jesus, Nosso Senhor e Salvador, e a Mãe d'Ele, aquela que era a portadora da graça.

José é o grande guardião da Igreja, o grande guardião da família e protetor de todos nós! Deus o escolheu para uma posição fundamental: cuidar, guardar, vigiar aquilo que é d'Ele, para que Sua graça não se perca em nós, para que não desperdicemos aquilo que Deus nos deu. Recorramos a São José, olhemos Seu exemplo de amor, fidelidade e entrega a Deus, recorramos à Sua proteção!

Reze: "José, que guardastes e protegestes a Sagrada Família, que guardastes e protegestes os grandes tesouros de Deus, proteja, guarde, conduza com tuas mãos, com tua intercessão poderosa a mim, a minha casa, a minha família, o meu coração, a minha fé, as minhas intenções, os meus propósitos, aquilo que eu não compreendo, aquilo que dentro de mim parece cego e obscuro. Ó, José, grande amigo de Deus, homem das virtudes, ensina-me também o caminho do Céu!".

Deus abençoe você!

domingo, 19 de março de 2017

Homilia Diária

19MAR2017

Bebamos desta água, todos os dias, porque só ela sacia nossa sede e fome de eternidade

“Todo aquele que bebe desta água terá sede de novo. Mas quem beber da água que eu lhe darei, esse nunca mais terá sede” (João 4,13-14).

Jesus, estando na Samaria, pede àquela samaritana que Lhe dê água para beber. A mulher estranha, porque nenhum judeu, quanto mais um homem, aproximava-se sozinho de uma mulher, ainda mais para pedir água.

Jesus diz: “Se essa mulher soubesse quem está pedindo água para beber, quem está se aproximando dela!”.

Tudo aquilo que nós bebemos deste mundo nos deixa com sede. Pode ser que tenhamos uma saciedade momentânea, mas a sede volta depois. Bebemos tantas bebidas para aliviar a sede que há dentro de nós, mas elas nos aliviam por um momento apenas.

Precisamos, o tempo inteiro, abastecer-nos dessa água, desta ou daquela bebida. Quando insistimos em beber bebidas que iludem a nossa fantasia, parece que vai resolver a nossa sede, quando, na verdade, deixa-nos com mais sede ainda.

Nossa relação com o mundo é assim também, porque nós temos sede de eternidade, sede de amor e afeto. Temos sede de Deus, mas estamos, muitas vezes, bebendo água em fonte contaminada; água suja, água que não nos lava, que não nos purifica nem mata nossa verdadeira sede.

É Jesus quem está dizendo àquela mulher, que Ele sacia nossa sede de eternidade. Precisamos beber nas fontes puras da água da vida, e ela tem um nome, essa fonte é Jesus! É do coração d'Ele que brota a água da eternidade, que nos lava e purifica, que nos renova e restaura. É a água que sacia nossa sede, atinge nossas carências mais profundas; a água que atinge aquela insatisfação interior que há dentro de nós e, muitas vezes, buscamos solucionar.

Eu preciso dizer a você que ser humano nenhum pode saciar a nossa sede, a não ser Jesus nosso Deus, nosso Senhor e Salvador!

Às vezes, até paramos em pessoas que nos levam até Jesus, mas entendam que essas pessoas também não podem nos saciar, pois elas não são a fonte, não são a água. Elas podem até ser a seta que nos aponta Jesus, mas não paremos em pessoas, não paremos em situações. Encontremo-nos verdadeiramente com essa fonte de água pura e verdadeira, que é Nosso Senhor Jesus Cristo!

Não passemos muito tempo na igreja ou em qualquer serviço pastoral, parando naquilo que é superficial. Não deixemos o essencial, que é esse encontro, essa relação amorosa, íntima e pessoal com Jesus. Digo mais, não nos saciemos da água de Jesus apenas uma vez, no primeiro encontro, no primeiro amor. Bebamos desta água todos os dias, porque só ela sacia a nossa sede e fome de eternidade!

Deus abençoe você!

sábado, 18 de março de 2017

Homilia Diária

18MAR2017

Precisamos sentar, acolher, amar e cuidar de todo e qualquer pecador da mesma forma como Deus cuida do nosso coração

“Quando ainda estava longe, seu pai o avistou e sentiu compaixão. Correu-lhe ao encontro, abraçou-o e cobriu-o de beijos” (Lucas 15,20).

A primeira coisa que nós constatamos no Evangelho de hoje é o amor de Jesus para com os pecadores. O evangelista começa nos dizendo justamente isso, que os fariseus estão criticando Jesus, porque Ele acolheu os pecadores e fez refeição com eles.

O que Jesus veio fazer em nosso meio? Sentar-se junto aos pecadores, estar junto deles, fazer refeição com eles, estar no meio deles. Porque Ele veio para os doentes, para os pecadores; Ele veio para todos aqueles que estão feridos pela marca do pecado.

A parábola do filho pródigo serve para todos nós que precisamos, todos os dias, nos voltarmos para os braços do Pai! Não podemos nos comportar com a indiferença, a frieza e o orgulho do filho mais velho, que estava na casa do pai, sempre servindo-o, nunca havia se afastado de casa. Ele não percebia o tamanho do seu orgulho, o tamanho da sua prepotência, sobretudo, a sua falta de humildade. Porque quem não é humilde não é capaz de acolher a fraqueza, a fragilidade ou o erro do irmão quando ele vier à falhar.

Precisamos ter a humildade do coração do Pai, que está sempre de braços abertos para acolher todo e qualquer pecador que se afastou da Sua casa, para acolher a mim e a você em nossas misérias, fraquezas, nas dificuldades que passamos, nos pecados que sucumbimos.

Ele não nos quer prostrados, Ele não só nos acolhe se não quisermos levantar da situação em que nos encontramos, porque a todo e qualquer momento esse Pai está de braços abertos, e não só para nos acolher, mas para nos abraçar, para cuidar da ferida, da marca, de tudo aquilo de mau que o pecado fez em nós, sobretudo para não nos deixar voltar para a lama, para não nos deixar cair de novo, para não nos deixar prostrados.

Às vezes, o mundo nos pega com tanta força e nos estraga, deixa-nos praticamente mortos. Quantos morreram no pecado, porque não voltaram para os braços amorosos do Pai! Porque tiveram na frente os filhos ou irmãos de igreja e caridade, que não foram as portas abertas da misericórdia de Deus para acolher aquela situação.

Hoje, o Pai está nos chamando para duas coisas: primeiro, para que nos voltemos a Ele, para que sejamos acolhidos em Seus braços amorosos de Pai, para sermos curados, revitalizados, para sermos curados pelo amor misericordioso do Pai que tanto nos ama.

O Pai que cuida das nossas feridas, que cuida de todo o mal que o mundo já fez conosco, quer que nós estejamos de braços abertos, curados pela Sua misericórdia para acolhermos tantos irmãos feridos e machucados pela marca do pecado. Não precisa ser um pecado grande, mas todo e qualquer pecado precisa ser acolhido! Não é o pecado pelo pecado, mas o pecador marcado por este pecado, o pecador que somos eu e você que precisamos tirar este pecado que está dentro de nós para sermos curados pelo amor misericordioso de Deus.

Jesus fazia refeição e acolhia os pecadores, não podemos ter um coração menor do que o d'Ele! Precisamos sentar, acolher, amar e cuidar de todo e qualquer pecador da mesma forma como Deus cuida, acolhe e ama o nosso coração ferido pelo pecado!

Deus abençoe você!

sexta-feira, 17 de março de 2017

Homilia Diária

17MAR2017

Quando não acolhemos o Cristo em nós, tornamo-nosestéreis na fé e não produzimos frutos

“Por isso eu vos digo: o Reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos” (Mateus 21,43).

Preciso começar dizendo: não permita que o Reino de Deus seja tirado do meio de nós.

O Reino de Deus chegou, em primeiro lugar, para o povo escolhido, mas muitos deles, sobretudo os chefes religiosos, os mais religiosos daquela época, comportaram-se com indiferença. Mais do que indiferença, rejeitaram a proposta do Reino de Deus, rejeitaram o próprio Salvador. Não O acolheram, não O amaram, tornaram-se simplesmente inférteis e não produziram frutos. Eles não tiveram o dom de acolher o grande dom de Deus: Cristo presente no meio de nós.

Deus quer que produzamos muitos e muitos frutos, porque, quando não produzimos frutos no Reino de Deus, quando não acolhemos Cristo em nós, tornamo-nos estéreis na fé e não produzimos frutos, e assim não servimos para nada.

A graça que nos foi dada não é pouca, é muita graça! É a graça de Deus, do Seu Reino, a graça inclusive de ouvirmos o Reino a cada dia, de podermos meditar Sua Palavra, aproximarmo-nos do Corpo e Sangue do Senhor. A graça de termos Deus próximo de nós foi nos dada em abundância, mas, às vezes, aquele que muito tem não liga para o que tem, comporta-se com indiferença e não sabe valorizar.

Não podemos nos comportar com essa frieza, com essa indiferença, nem rejeitar a graça de Deus que está no meio de nós. Porque, a graça que temos, uma vez que não damos o valor que merece, ela será tirada de nós, será levada para outros que irão acolher.

Sabe, muitas vezes, comportamo-nos com um certo orgulho, com uma certa pretensão de nos acharmos melhores que os outros, mais santos que os outros, mais agraciados que outras pessoas. Às vezes, somos mesmo mais agraciados, mas ter a graça e não fazer uso dela é, na verdade, um grande mal para todos nós!

A graça que recebemos de Deus é para nos convertermos a cada dia, é para nos levantarmos e sermos melhores. Se outros estão vivendo a santidade, a graça de Deus é um sinal para acordarmos, levantarmos, acendermos aquela luz amarela sinalizando que estamos próximos do vermelho. Para que tomemos consciência daquilo que Deus nos deu, da Sua graça que está no meio de nós e nos comportemos como verdadeiros filhos e filhas da graça de Deus.

A quem muito Deus deu, a estes Ele também há de exigir e cobrar. Deus não nos deu pouco! Por isso, tiremos da nossa vida a indiferença, a frieza, não tratemos de qualquer jeito as coisas de Deus, porque tratar de qualquer jeito o que é d'Ele é o primeiro sinal de indiferença e rejeição para com as coisas d'Ele.

Deus abençoe você!

quinta-feira, 16 de março de 2017

Homilia Diária

16MAR2017

Não sejamos indiferentes aos pobres nem à pobreza do mundo, não nos comportemos como se esse problema não fosse nosso

“Um pobre chamado Lázaro, cheio de feridas, estava no chão, à porta do rico. Ele queria matar a fome com as sobras que caíam da mesa do rico” (Lucas 16,20-21).

Nas portas de nossas casas, de nossas ruas e avenidas há muitos “Lázaros” caídos, prostrados, sedentos, famintos, precisando de pão, água, alimento, acolhimento e amor.

A questão que o Evangelho aponta, hoje, para nós é a indiferença, a arrogância, a opulência do rico esquecendo, deixando de lado, um pobre faminto que está à porta da sua casa. Ele [rico] está se banqueteando, está feliz com os bens e o dinheiro que tem, e promove muitas festas, mas nunca ligou para o pobre que está na porta da sua casa.

Veja o pobre Lázaro, mendigo, abandonado. Ele morre, e o rico também. O rico vai para os tormentos do inferno e o pobre vai para junto de Deus, para o seio de Abraão. Lá onde está, o rico suplica para que alguém molhe a sua língua, porque ele necessita de um alívio por todo o calor e sofrimento que passa. 

A resposta de Abraão é que há um abismo que separa aquele que está no Céu do que está vivendo a vida distante de Deus. Esse mesmo abismo há depois da morte entre aqueles que foram salvos, e os que não foram salvos, é o abismo que existe também no meio em que nós vivemos e estamos.

Infelizmente, há um grande abismo social que separa ricos e pobres, que permite a alguns banquetearam, terem comida para jogar fora e assim por diante; e tantos outros vivendo na miséria, passando fome e necessidade. E o que cria, sobretudo, este grande abismo é a indiferença dos que têm, para com aqueles que nada têm.

É importante que, neste tempo que estamos vivendo, tomemos consciência de que o problema e o sofrimento dos pobres é nosso. A fome, a sede, a necessidade, tudo aquilo que ele passa, não podemos nos comportar com indiferença!

Existem muitos Lázaros no meio de nós, existem muitas pessoas passando verdadeira fome, pobreza material, sem ter o que comer, o que vestir nem o que beber; e não podemos dizer que este problema não seja nosso. Não podemos ter a opulência do rico. Por mais que eu diga: “Eu não sou rico como ele!”, mas isso não é a questão. A questão que infligiu e afastou esse rico do Reino de Deus foi a sua indiferença para com aquele pobre que estava na porta da sua casa todos os dias.

Não sejamos indiferentes aos pobres nem à pobreza do mundo, não nos comportemos como se esse problema não fosse nosso. Todos nós precisamos abrir o nosso coração para acolher, amar e cuidar dos Lázaros que estão à porta de nossas casas!

Deus abençoe você!

quarta-feira, 15 de março de 2017

Homilia Diária

15MAR2017

O sentido de servir é justamente ser capaz de dar a vida por causa dos outros

Quem quiser tornar-se grande, torne-se vosso servidor; quem quiser ser o primeiro, seja vosso servo”(Mateus 20,23).

O Mestre Jesus está retomando conosco, hoje, o sentido do “servir” e do “serviço” para aqueles que se tornam Seus discípulos e seguidores. Tudo isso, porque a mãe dos filhos de Zebedeu se aproximou de Jesus com eles e ajoelhou-se na intenção de Lhe fazer um pedido.

Que pedido era esse? “Mestre, manda que esses meus dois filhos se sentem, um à sua direita e outro à sua esquerda no Seu Reino”. Coitada desta mãe, é aquela que quer ver bem demais os seus filhos, porque toda mãe quer ver seu filho exaltado, reconhecido, valorizado, sentindo-se importante.

Outra narrativa, deste mesmo acontecimento, são os próprios discípulos, Tiago e João, que vão fazer um pedido a Jesus. Era um desejo que a mãe tinha, mas que eles também tinham: sentirem-se grandes, importantes e, por que não dizer, melhores que os outros?

A mãe torna-se orgulhosa, porque o seu filho não é igual aos outros filhos. Muitas pessoas sentem-se orgulhosas, porque não são iguais às outras pessoas. “Eu estudei e me formei! Estou reconhecido!”. A outra mãe diz: “Meus filhos são exemplares em tudo o que fazem!”.

Sabe, meus irmãos, é bom reconhecer o lado bom que tem nas pessoas, mas cuidado quando isso se torna vanglória. O que parece bom de um lado, esconde o lado ruim que não conseguimos enxergar.

O Mestre Jesus percebeu isso, se era um bom desejo da mãe ter seus filhos exaltados e escondia por trás de si um desejo de autoexaltação, ser melhor e maior do que os outros. No Reino de Deus, no coração d'Ele não há lugar para pretensões humanas.

No mundo em que vivemos, a competição é a coisa mais importante, porque as pessoas competem para tudo que querem, colocam-se à frente até conseguir. Quem consegue passar em um vestibular se exalta, o que não passou se sente menosprezado. O que consegue uma vaga no ministério público, no concurso público, seja lá o que for, esse é o importante. Quem ficou para trás, tem um sentimento de culpa: “Coitado de mim!”, e assim por diante.

Tenho de lhe dizer que são os sentimentos que alimentam a convivência humana e que só serve para lançar os seres humanos nas competições.

É verdade que, numa corrida, o atleta que chegar primeiro é muito bom, mas ele não pode ser simplesmente o exaltado, para que aquele que chegou por último seja desprezado. A lógica de Deus é outra! A lógica d'Ele é cuidar daquilo que ninguém quer, é estar onde as pessoas não estão para dar a vida e a atenção para elas.

Os outros discípulos, quando ouviram aquela discussão, começaram a ficar irritados com os irmãos Tiago e João, porque também queriam a mesma coisa. É um grupo humano como qualquer um dos nossos, quando nossas famílias, irmãos começam a discutir para saber quem tem mais direito e pode mais. Jesus quis acabar com todo e qualquer tipo de discussão, porque essas intenções são meramente humanas. Ele disse: “Olha, no Reino de Deus não é assim! No Reino de Deus você pode até se tornar grande, mas, grande é aquele que serve a todos. Você quer ser o primeiro, mas o primeiro é aquele que serve a todos". Jesus nos deu Seu exemplo.

O filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para o resgate de muitos. O sentido de servir é justamente este: quem é capaz de dar a vida por causa dos outros. Servir não é sobressair sobre a vida dos outros, não é parecer melhor que eles, não é colocar-se acima dos outros, não é pisar neles.

Quantas pessoas querem servir na igreja, no trabalho, na família, mas pisam nos outros, humilham os outros, passam por cima dos outros, querem reconhecimento humano. Estes não entenderam nada do sentido do serviço, não entenderam nada do servidor Jesus, não entenderam que servir significa dar a vida.

Pode ser até que eu seja esquecido, mas Ele será lembrado; pode ser que eu seja o escarnecido, mas é o outro que será exaltado.

Gostamos quando somos exaltados e o outro é humilhado por causa de nós, tiremos essa mentalidade mundana da nossa cabeça. Vivemos num tempo de graça e conversão, é importante que a nossa mentalidade se ajuste, configure-se à mentalidade de Cristo!

Nada de querermos ser melhores ou mais importante que os outros, mas nos apliquemos com seriedade e serenidade para sermos aquele que serve os outros. Isso é ser discípulo de Cristo, isso é se configurar a Ele, isso é tornar-se servidor, como Cristo veio para ser servidor da humanidade!

Deus abençoe você!

terça-feira, 14 de março de 2017

Homilia Diária

14MAR2017

Quem se coloca para servir a Cristo põe-se, acima de tudo, para ser servidor dos irmãos

“O maior dentre vós deve ser aquele que vos serve. Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado” (Mateus 23,11).

Hoje, Jesus está olhando as atitudes dos mestres da Lei e dos fariseus; eles tem autoridade para interpretar a lei de Moisés, e tal autoridade deve ser respeitada. Eles estudaram, tornaram-se conhecedores; o que ensinavam estava certo, mas o que faziam não! Por isso, Jesus está dizendo: “Fazei o que eles ensinam”. A Lei de Moisés, a Palavra de Deus não foi mudada, mas não faça o que eles fazem.

O que é pior na prática de alguém? É a pessoa não fazer aquilo que ensina! É o pior modelo que podemos ter de algum mestre, de alguém que ensina algo para o outro.

Você vai a uma autoescolapara alguém o ensinar a dirigir; a pessoa lhe ensina tudo, mas não pratica nada daquilo que faz. Ela o ensina a colocar o cinto de segurança, mas ela não coloca; ensina a respeitar os sinais, mas ela não respeita. Esse é um falso mestre, é um mestre que o ensinou o que é correto: a colocar o cinto, a observar as leis de trânsito, mas a prática dele não deve ser seguida.

Isso serve para a nossa própria vida. Precisamos aprender justamente isso: eu preciso ser modelo para os outros não por aquilo que falo, mas, em primeiro lugar, por aquilo que vivo.

O que houve de erro da parte deles [mestres da Lei e fariseus] é que se detiveram simplesmente em querer ter muito conhecimento e ensinar demais aos outros, mas pouco a vida. Tenhamos muito mais vida do que teoria, tenhamos muito mais práticas do que simplesmente ensinamentos ditos.

“Quem dentre vós deseja ser maior, que seja aquele que serve”. No serviço, no dedicar-se ao cuidado do outro está o segredo da vida. Quem se faz servidor do outro não é elevado pelo sentimento de grandeza, de engrandecimento, de sentir-se melhor e maior. Pelo contrário, procure seguir o exemplo do Mestre Jesus, que se humilhou para ser um de nós e como nós.

Sabe, entre nós não podemos valorizar os títulos, os conhecimentos, a importância que a pessoa tem. Entre nós precisamos valorizar a simplicidade de vida, o sentido do serviço, o cuidar do outro, aplicar-se no outro.

Às vezes, eu fico preocupado, porque, na igreja, o que mais falta são servidores. Há muitas pessoas que têm vanglórias de fazer parte deste e daquele outro movimento da igreja, é valorizado somente pelos títulos de importância: “o líder, o coordenador”. Louvado seja Deus pelo líder e pelo coordenador, que é servo, mas maldito seja aquele que usa do título para se sobressair, para sentir-se melhor e mais importante do que os outros. Esse não entendeu nada do Evangelho, não entendeu nada de Cristo!

Quem se coloca para servir a Cristo se põe, acima de tudo, para ser servidor dos irmãos distribuindo folhetos, lavando a igreja, cuidando do próximo, dos doentes e necessitados, fazendo sobretudo aquele serviço que muitos não reconhecem, mas é um verdadeiro servidor de Cristo!

Deus abençoe você!

segunda-feira, 13 de março de 2017

Homilia Diária

13MAR2017

Seja misericordioso com o outro, como Deus é misericordioso conosco

“Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso” (Lucas 6, 36).

Se tem um adjetivo que expressa quem é Deus, que O qualifica de forma tão esplêndida, este adjetivo se chama: misericordioso. Como Deus é misericordioso! É um Deus que tem um coração que compenetra todas as nossas misérias sem julgar, sem condenar, mas transformando as misérias do coração humano.

Ninguém mais do que Deus, conhece o quão miserável é o nosso coração! Nem mesmo nós nos conhecemos, passamos por cima, ignoramos nossas misérias e olhamos para a miséria do outro. Mas, uma vez, que não olhamos para a miséria do outro com o coração transfigurado, olhamos com os nossos julgamentos, com as nossas mágoas e ressentimentos, pisamos na miséria do outro e vivemos todas essas situações de discórdia, de julgamentos e assim por diante.

Por isso, Jesus está dizendo: “Sede misericordiosos!”. De que maneira? Do mesmo jeito que é o nosso Pai! O jeito que nosso Pai nos olha, cuida de nós, com extrema misericórdia, com uma misericórdia que é infinita e sem tamanho.

Quando paramos para meditar, para contemplar a misericórdia de Deus, o nosso coração é transfigurado, rejuvenescido, renovado, restabelecido. Porque a misericórdia de Deus cura todas as coisas, ela não permite que a provação tome conta de nós por um complexo de inferioridade, pelo sentimento do erro, não permite que o sentimento da culpa prevaleça em nós. A misericórdia de Deus nos levanta, coloca-nos para cima!

Só quem experimenta, com intensidade, a misericórdia divina é que pode agir com misericórdia em relação ao outro! Seja misericordioso com o outro, como Deus é misericordioso conosco.

Qual é o primeiro sintoma que percebemos na pessoa que tem misericórdia no coração? Ela não julga os outros. “Não julgueis e não sereis julgados”. Julgamos demais as pessoas, julgamos da forma mais mundana e satânica que existe, porque, julgamos pelas aparências, julgamos sem conhecer, julgamos pelo ouvir falar, julgamos por aquilo que o mundo joga em cima de nós e fazemos verdadeiros tribunais para acusar, e da acusação partimos para a condenação.

Que tristeza o mundo estar do jeito em que está, faltam pessoas misericordiosas no mundo em que vivemos, inclusive, no mundo espiritual e eclesiástico do mundo da Igreja, nos espaços que estamos. Fazemos de nossas igrejas, de nossas reuniões verdadeiros tribunais de Caifás para julgar as atitudes das pessoas. Quando não estamos fazendo isso com aquele que é igual a nós, que gosta de falar da vida dos outros, fazemos em nossa cabeça, em nossa fantasia e assim por diante.

O mundo, hoje, não precisa de julgamentos mundanos, o mundo precisa da misericórdia! Deixe-se alcançar pela misericórdia divina e aja com muita misericórdia em relação ao próximo.

Se nós queremos ver o outro mudado, cuidado, cuide dos outros como somos cuidados por Deus, com extrema misericórdia. A misericórdia não tem limite, não tem tamanho; ela é do tamanho de Deus e no limite d’Ele. Por isso, usemos a misericórdia como o remédio para as nossas relações tão machucadas e feridas.

Deus abençoe você!

sábado, 11 de março de 2017

Homilia Diária

11MAR2017

Ore, por quem não lhe quer bem, e o seu coração vai experimentar uma profunda restauração

“Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem!”(Mateus 5,44).

Entendemos que amor é amar quem é próximo a nós. Muitas vezes, entendemos que amor é amar quem nos ama, quem nos faz bem ou nos quer bem, mas isso se trata de um amor puramente humano, não tem nada de novidade, nada de transformação interior para quem consegue viver somente nesta esfera do amor.

Esse amor ao qual estou me referindo é o amor primitivo, básico e fundamental. É claro que tenho de amar aqueles que me amam, é claro que tenho de amar aqueles que são próximos a mim, é claro que devo amar quem me faz bem. Impossível minha mãe me amar e eu não a amar. Impossível que um marido não ame sua esposa, que os pais não amem seus filhos. É uma coisa lógica, não precisa nem ser cristão para entender isso. Quem não está vivendo isso, infelizmente, não está sendo nem um ser humano.

No nosso ímpeto, é muito natural amarmos quem nos ama, e precisamos caprichar mais neste amor! O nosso amor precisa ser sobrenatural, porque, nos relacionamos com Deus, e Ele é Aquele que abre e dilacera o nosso coração, para que não fique fechado na dimensão egoísta do pecado, querendo do amor apenas retribuição. "Eu amo, porque sou amado! Vou corresponder ao amor que recebi!". É o “ela por elas”, “dai e recebei”, e assim por diante.

Não! Não tem nada de cristão nisso! Eu amo também quem não me ama, eu quero bem a quem me quer mal, eu rezo por aqueles que não me querem bem, talvez até me odeiem e assim por diante. Eu não vou retribuir o ódio, o desprezo, o menosprezo, o mal que o outro faz a mim, eu não vou fazer da mesma maneira.

Desculpe-me, mas quem sou eu para julgar alguém? Isso é a mentalidade do outro ou a mentalidade pagã; a minha não pode ser pagã. A minha mentalidade precisa ser cristã!

Jesus está dizendo: "Amai os vossos inimigos". Muitos dizem: “Eu não tenho inimigos!”, mas há pessoas que se supõem como inimigas de alguém. Quem de nós não experimenta pessoas que não gostam de nós? Que nos prejudicaram em alguma etapa da nossa vida?

Eu vou amar essas pessoas da mesma forma como amo aquelas que me fazem bem? De forma nenhuma! Claro que não! Eu vou amar com um amor diferenciado, amor qualificado. Que amor é esse? Amor divino, amor de Deus, o amor caritas, amor de não querer mal nem a eles.

Quando deixo de amar e passo a ter outros sentimentos, isso me faz muito mal. Às vezes, não consigo, não sei o que vou dar para o outro, mas tenho que dar a ele o melhor de mim. E o que eu tenho de melhor? Deus é a grande graça que tenho em minha vida. Por isso, o melhor que eu tenho dou até a quem não me quer bem, eu dou Deus para os outros!

Nas minhas orações, nas minhas preces, naquilo que eu faço de culto espiritual estão as pessoas que não me querem bem. Estou realmente orando, suplicando, estou pedindo para Deus cuidar do coração delas.

Faça isso de coração, faça isso com intensidade da sua alma, pois só vai lhe fazer bem! Vai ser cura para tantos traumas, ressentimentos e sentimentos negativos que estão encravados dentro de você. Faça isso com maestria, nas suas orações silenciosas (não vá expor para todos). “Agora, vou orar para os meus inimigos!” É aquela oração da alma, só você e Deus pedindo bênçãos e graças, que Deus endireite o caminho deles, porque, quando não fazemos isso, podemos até nem expressar, mas desejamos o mal, torcemos dentro do nosso interior. Sabe aquela fantasia mental: “Sabia que iria dar nisso!”. Escutamos isso diretamente.

Ore, ore, por quem não lhe quer bem, e o seu coração vai experimentar uma profunda restauração!

Deus abençoe você!

quinta-feira, 9 de março de 2017

Homilia Diária

09MAR2017

Abramos a porta para que Ele entre, faça morada e permaneça conosco

“Pedi e vos será dado! Procurai e achareis! Batei e a porta vos será aberta!”(Mateus 7, 7).

Estamos sempre procurando algo para nos preencher, para satisfazer as nossas insatisfações com a vida, com as coisas, com o mundo. Mas, infelizmente, o motivo de nossas insatisfações, tristezas e infelicidades é porque estamos batendo em portas erradas, procurando no lugar errado; estamos procurando felicidade onde não há felicidade, estamos atrás de fantasias.

A Quaresma vem logo após o carnaval, e veja que o carnaval acabou sendo a "festa das fantasias", as fantasias mais luxuosas possíveis! A palavra "fantasia" nos remete, justamente, àquilo que é enganoso, aquilo que ilude, que provoca um deslumbramento nos olhos e parece bonito, porque a pessoa nem tira os olhos daquilo.

Referindo-me às fantasias dos carnavais da vida, refiro-me a tantas outras fantasias que nos iludem. Passamos boa parte da nossa vida nos iludindo, buscando soluções em lugares que só complicam a nossa vida, buscando sentido em coisas que, na verdade, só tiram o sentido da nossa vida. É por isso que Jesus está nos dizendo: “Pedi e vos será dado!”. Nós, no entanto, temos de saber o que pedir. Desculpe-me, mas se os nossos pedidos não são atendidos, é porque não sabemos primeiro o que devemos pedir.

Precisamos ter consciência daquilo que nós realmente precisamos. Eu não vou pedir para Jesus um carro, vou pedir primeiro juízo para dirigir e saber usar o carro, porque muitos pais deram carros para seus filhos e, depois, esses se tornaram um desastre na vida desses meninos. Nem vou comentar aqui tamanhas tragédias!

O que um pai tem de pedir primeiro é para Deus dar juízo a seus filhos e para si mesmo também. Pedimos primeiro os dons e as graças espirituais, para pensar como vamos usar as coisas materiais. Há casais ou famílias que foram só pedindo coisas materiais, encheram-se de coisas materiais, e essas coisas depois quebraram o elo maior de amor que havia no coração dessa família, desse casal.

Temos que pedir, buscar, bater à porta, mas precisamos também saber em que porta batemos, o que pedimos e buscamos. Porque aquilo que nossa alma, nosso coração e nossa vida precisam, Deus tem para nos dar!

Bata à porta certa, bata à porta do coração de Jesus! Quando você for bater àquela porta, ela já estará aberta, esperando há tanto tempo! Agora é preciso bater e entrar. Não dá para entrar no coração de Jesus e bater em outros corações, porque o coração que nos salva é o d'Ele. O Senhor está escancarado, está aberto para mim e para você, para que entremos em Seu coração e o nosso próprio coração seja curado, restabelecido com saúde, com rigor e sabedoria, a fim de caminharmos nas estradas da vida.

Por isso, é tão importante lembrarmos que, antes de batermos à porta do coração de Deus, Ele já está batendo à porta do nosso coração há muito tempo! Abramos a porta para que Ele entre, faça morada e permaneça conosco!

Deus abençoe você!

quarta-feira, 8 de março de 2017

Homilia Diária

08MAR2017

A penitência é a oportunidade que temos, é a atitude que precisamos ter para rever a nossa vida, rever nossos atos e atitudes

“Com efeito, assim como Jonas foi um sinal para os ninivitas, assim também será o Filho do Homem para esta geração” (Lucas 11,30).

Jonas foi um sinal para o povo de Nínive, porque aquele povo estava perdido, estava com a cabeça toda errada; e Jonas foi pregar para eles. O que Jonas foi pregar? A conversão, a mudança. Ele foi chamar aquele povo à penitência.

Qual é a necessidade da penitência? Por que temos que fazê-la? A penitência é um modo de reparação, é o modo de nos colocarmos de molho e percebermos o que é errado em nós para mudarmos a rota.

Estamos naquela correria da vida e, de repente, um incidente ou acidente acontece, pode ser o mais leve possível, mas é preciso colocar meu pé de molho, andar mais devagar. Essa é uma oportunidade boa para revermos se agimos errado, se o outro foi desleal conosco ou se fomos desleais com ele, porque pisamos nesse buraco, porque ali podemos cair. A penitência é um modo de nos revermos.

As pessoas vivem pedindo para Deus sinais: "Por que Deus não direciona aqui a minha vida? Por que essa ou aquela não resolve a situação?".

Nenhum outro sinal nos será dado, a não ser o sinal de Jonas! E o seu sinal é a penitência do coração. Porque eles [povo] ouviram a pregação de Jonas e se penitenciaram, jogaram-se nas cinzas e foram rever suas vidas.

A penitência é a oportunidade que temos, é a atitude que precisamos ter para rever nossa vida, rever os nossos atos e atitudes. Cobramos demais das pessoas e até mesmo de Deus, o que não temos é a capacidade sincera de revermos as decisões que precisamos viver em nós.

Há atos em nós que não edificam, palavras em nós que não fazem bem às pessoas que ouvem. Precisamos colocar nossa língua de molho e fazer penitência. Quando fazemos isso, é uma oportunidade que damos a nós mesmos de revermos aquilo que sai de nós.

Precisamos colocar o nosso coração em penitência, o nosso coração que fica, muitas vezes, tão fechado, amargurado, acumulando raiva, rancor e ressentimento, mas sem saber disso. Ficamos implorando a Deus: “Senhor, manda-me um sinal! Senhor, manifesta-se!”.

Desculpe-me, mas nenhum outro sinal nos será dado. O sinal é este, o tempo é este, Deus nos deu este tempo de graça, chamado Quaresma, para que vivamos e façamos penitência! No entanto, não façamos uma penitência estéril e exterior. Ouço alguns dizendo: "Estou a não sei quanto tempo sem comer isso e aquilo!". Tudo bem! Ofereça para Deus essa experiência. Não está tomando refrigerante, não está comendo chocolate, isso é até comum na maioria das práticas, porém, saímos das práticas e não tocamos no essencial.

Onde está a penitência da língua? Onde está a penitência dos pensamentos? Onde está a penitência das más intenções?

Se você conseguir ficar 40 dias sem falar mal da vida dos outros, será melhor e maior do que qualquer penitência que você possa fazer! Esta vai mover os Céus, vai tirar muitas almas do purgatório, vai salvar muitas pessoas do mau caminho, e vai salvar a sua própria vida.

Que nossas penitências sejam sinceras e verdadeiras, para nossa própria correção interior!

Deus abençoe você

terça-feira, 7 de março de 2017

Homilia Diária

07MAR2017

Toda oração tem que começar pelo clamor ao Pai, jogando-nos nas mãos d’Ele

“Quando orardes, não useis muitas palavras, como fazem os pagãos. Eles pensam que serão ouvidos por força das muitas palavras” (Mateus 6,7).

A primeira coisa que precisamos saber é que nós precisamos orar, porque quem não ora não permanece na presença de Deus. A oração é o nosso elo com o Senhor. Não podemos abrir mão da nossa oração. Talvez, a grande pergunta que façamos seja: "Então, como nós devemos orar?".

Não podemos orar como os pagãos, achando que, ao colocarmos muitas palavras, às vezes aquela coisa bem rebuscada, inventando fórmulas para orar, Deus vai nos atender pela beleza da nossa oração. “Olha como ele reza bonito! Olha como ele têm palavras bonitas!”. Não, isso são apenas adereços humanos, e esses adereços, muitas vezes, não chegam na presença de Deus, é o que Jesus está nos dizendo hoje.

A primeira coisa para orar:simplicidade de coração.Seja simples, seja muito simples, seja você mesmo, apresente-se a Deus do jeito que você é, do jeito que está e jogue-se na presença d’Ele, fale aquilo que está dentro de você.

Além da simplicidade, que está misturada à pureza de coração, há a retidão naquilo que vamos fazer. Precisamos ser retos na forma de falar com Deus! E ser reto é não esconder, é não parecer que somos santos sem sermos santos, é não parecer justo sendo que não somos justos.

Se estamos vivendo algumas situações, coloquemos para Deus aquelas que vivemos e somos, nossa vida tem de ser concreta. Concreto é aquilo que vivemos ou a situação em que estamos, a oração que parte da vida, que parte realmente do nosso coração.

Na nossa oração, nunca pode faltar fé, porque ela é o combustível da vida e da nossa relação com Deus. Se não temos fé, peçamos ao Senhor: “Senhor, dai-me fé!”. Na nossa oração, não nos dirijamos a nós mesmos, mas a Deus! Toda oração tem de começar com o clamor ao Pai, jogando-nos nas mãos d’Ele, dirigindo-nós a Ele. A oração é um estabelecimento de relação, somos filhos e Ele é nosso Pai, por isso voltamo-nos a Ele para dirigir a súplica do nosso coração.

Se voltarmos para o Pai, é para reconhecermos que somos humildes, que pecamos, falhamos e pedimos perdão, que precisamos pedir perdão.

Digo uma coisa a você: o Pai nunca vai deixar de nos perdoar, Ele apenas coloca uma condição, que do mesmo jeito que Ele nos perdoa precisamos perdoar uns aos outros. E qual é o jeito que Ele nos perdoa? Não é pouco, não! É muito! É de forma intensa, verdadeira e real, assim como Ele nos perdoa.

Esse é o problema da oração dos fariseus, dos doutores da Lei, porque rezavam com muitas palavras, mas saíam da oração e continuavam emburrados, com raiva uns dos outros, continuavam fechados; e se não gostavam de alguém, continuam sem falar com ele.

Essas orações são muito hipócritas, porque rezamos para Deus nos perdoar, mas continuamos fechando o nosso coração, esquivando-nos da força do perdão e, por isso, muitas vezes, a nossa oração não é frutuosa.

"Se não perdoardes aos homens, vosso Pai também não perdoará as faltas que cometestes."

Não passemos despercebidos à necessidade que temos de perdão de Deus e perdoemos quem nos ofendeu. Assim, nossa oração será frutuosa!

Deus abençoe você!

segunda-feira, 6 de março de 2017

Homilia Diária

06MAR2017

Pratiquemos a piedade com quem mais precisa dela, com aqueles que mais sofrem

"Pois eu estava com fome e me destes de comer; eu estava com sede e me destes de beber; eu era estrangeiro e me recebestes em casa" (Mateus 25,35).

As obras de misericórdias corporais devem estar sempre presentes em nossa vida. É impossível ser cristão de verdade sem praticá-las. Deixe-me lhe dizer uma coisa: você pode até ser místico, ser uma pessoa contemplativa, que reza o dia inteiro, vive na presença de Deus, tem o coração voltado para Ele, mas se não cuida de Deus que está na pessoa do próximo, seu culto é limitado, a sua visão de fé, de seguidor de Jesus é muito limitada.

Pode ser que, para a religião judaica antiga, o culto a Deus sobressaísse a todas as coisas, mas o culto a Ele se entende no sentido de sairmos do culto, da adoração que fazemos e cuidar de Deus na pessoa do meu próximo. Não podemos ter uma espiritualidade, uma mística cristã fria, indiferente ao sofrimento dos outros.  

Não posso dizer: "Esse problema não é meu, é do Governo". Os governantes devem e precisam fazer a sua parte, mas cabe nós cuidar daquele que está próximo a nós. Quando alguém bate à nossa porta, porque está com fome, devemos fazer algo para atender, cuidar da nossa fome.

Talvez existam soluções mais práticas que não exigem o nosso compromisso, como dar um dinheiro para alguém, que resolve. Não é verdade! Você sabe que, muitas vezes, damos o dinheiro e este acaba sendo mal usado. Se a pessoa precisa, de fato, se ela tem fome, e do alimento que precisa para ser saciada; se ela tem sede, é de água que precisa para saciar-se. Se ela não tem roupa, precisa de roupa para vestir-se.  Se a pessoa está num alento, não tem onde dormir, precisa de um canto; se a pessoa está na prisão, precisa ser visitada. Se alguém está enfermo, precisa da nossa presença.

Eu me preocupo quando a nossa espiritualidade nos leva a termos muitos compromissos na Igreja, reuniões, adorações, mas não vivemos práticas concretas, não vamos à missão, ao campo, não cuidamos das necessidades de um mundo que está sofrendo, padecendo.

Por favor, não resuma a sua Quaresma a oração e jejum; além disso, dê esmola. Quando falo de esmola, não me refiro a tirar um pouquinho do que se tem e dar uma "esmolinha" para o outro. Infelizmente, na nossa cultura ocidental, esmola tornou-se algo pejorativo, quando, na verdade, o significado da esmola é caridade, é agir com caritas, é ter o coração de Deus para cuidar do outro.

"Eu já cuido do meus filhos!" É preciso cuidar também dos mais sofridos, dos mais necessitados, de quem passa fome, necessidade. Você não precisa perguntar onde estão essas pessoas, elas nos cercam por todos os lados da vida.

Muitas vezes, são os nossos vizinhos, os próximos a nós. Precisamos ter uma espiritualidade cristã que seja prática, porque é isso que vai ser o ponto do nosso julgamento. O Senhor não vai perguntar quantos terços você rezou por dia, quantas vezes você foi na adoração.

Por que, então, precisamos rezar o terço, ir à adoração, à Missa? Para convertermos nosso coração, para cuidarmos dos outros, pois se nos dedicamos a todas essas práticas oracionais, mas continuamos fechados, cuidando só das nossas coisas, essas práticas devocionais nos fazem pessoas centradas em nós mesmos, egoístas, pensando nas nossas coisas, no nosso mundo, nos filhos, nas nossas coisinhas, nos negócios, na conta bancária, no dinheiro que não entrou, na conta que não foi paga.

Desculpe-me, mas não podemos viver de forma egoísta, porque, no dia do julgamento, todas essas coisas morrem: a conta que você não pagou, o dinheiro que você não acumulou... Tudo cai por terra! Mas o que não cai é a caridade, é o amor que praticamos pelo outro. Jesus, onde o Senhor estava?

Eu estava no faminto, no sedento, no estrangeiro, no doente, no enfermo e no preso. Ou seja, Jesus está ao nosso lado em todos aqueles que estão sofrendo. É muito fácil e bom buscar Jesus no sacrário, Ele está ali acalentando o nosso ego! É preciso sair do sacrário e buscá-Lo na ruas, nos sofredores, nos que necessitam tanto do nosso cuidado, inclusive material.

Sejamos práticos e não vivamos simplesmente uma fé de atos piedosos. Pratiquemos a piedade com quem precisa ser praticada, com aqueles que mais sofrem, é isso que vai ser o termo do nosso julgamento.

Deus abençoe você!

sábado, 4 de março de 2017

Homilia Diária

04MAR2017

Deus tem o remédio para a enfermidade que o pecado causa em mim

“Jesus respondeu: “Os que são sadios não precisam de médico, mas sim os que estão doentes. Eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores para a conversão”. (Lc 5,31)

A grande dificuldade é o doente reconhecer que está doente, é o enfermo reconhecer que tem uma enfermidade; e quando não acontece um agravante, algo mais sério na vida daquela pessoa, ela não toma juízo nem consciência da fragilidade que tem na sua saúde.

É por isso que muitas doenças não são tratadas, curadas de forma adequada, porque o próprio paciente não reconhece sua doença ou sua enfermidade. Há outros que até sabem que a tem, mas preferem fingir e a esconder.

Não é para sair dizendo para todo mundo que está doente, mas assumir a doença para si mesmo; não para ser um coitado, mas para cuidar e ser cuidado. Na esfera espiritual, no campo da nossa relação com Deus, acontece da mesma forma, mas um pouco pior. A grande dificuldade do pecador é reconhecer que é pecador, ou diz, de um forma genérica, “todo mundo é pecador”, e acaba escondendo, debaixo do tapete, nas penumbras do coração, seu próprio pecado.

Nasce, então, uma visão pior, que agrava a situação: “Há pessoas piores que eu, outros muito mais pecadores!”. Então, você fica medindo o pecado, mas não é assim que temos de tratá-lo. Não podemos ficar medindo alguém mais doente do que nós, mais enfermo do que nós, alguém que tem mais saúde do que nós, pois isso não ajuda nunca no meu tratamento.

Da mesma forma, Deus não pode tratar do nosso pecado se não nos assumimos pecadores. Aí está a maravilha, porque se o doente assume a sua enfermidade, a medicina, o médico, os remédios necessários serão usados para que ele seja realmente tratado, curado.

Quando assumimos que somos pecadores e os pecados que temos, Deus tem o remédio para nós, para a enfermidade que o pecado causa em nós. Ele não manda outro, Ele é o remédio para os nossos pecados. Jesus veio justamente para isso, para tratar de mim e de você. Os nossos pecados não nos podem dominar, não nos podem deixar à deriva da vida.

O caminho é reconhecer que somos pecadores, mas, por favor, não reconheçamos isso de uma forma genérica, mas de forma muito objetiva, clara e sincera.

“Precisamos, Senhor, da Sua ajuda, precisamos de um bom médico. Que o senhor venha tratar a enfermidade do pecado que há em nós.”

Por favor, esqueça-se o pecado do outro, pare de olhar a vida dos outros, olhe para dentro de você, olhe para o orgulho que há em você, para a soberba que o domina, a inveja que bate à sua porta e para tantas outras tentações que temos.

Se pararmos com seriedade para entramos na clínica de Jesus e sermos tratados para valer, com seriedade, os nossos pecados, nós não teremos tempo para reparar o pecado do outro.

Se cada um reparar com seriedade, diante de Jesus, aquilo que é, Ele tratará os corações. Já perdemos tempo demais falando, cuidando da vida dos outros, e não permitimos que o bom Mestre cuide daquilo que mais precisamos, da conversão do nosso coração.

Deus abençoe você!

 

sexta-feira, 3 de março de 2017

Homilia Diária

03MAR2017

O jejum ajuda nosso autodomínio

Acaso o jejum que prefiro não é outro: quebrar as cadeias injustas, desligar as amarras do jugo, tornar livres os que estão detidos, enfim, romper todo tipo de sujeição? (Is 58,6)

O jejum é um dos elementos essenciais do tempo da Quaresma, uma prática espiritual essencial e necessária para nossa vida. Há pessoas que não comungam da nossa espiritualidade, outras não creem em Deus, mas praticam jejum, até mesmo para outras finalidades medicinais, mas esse não é o caso.

Estamos falando de jejum quanto elemento espiritual, prática espiritual, quanto à capacidade que podemos ter de domínio sobre nós. Quanto ao jejum, estou dizendo, não é o alimento que manda em mim, mas eu que tenho domínio sobre ele.

Quando eu jejuo, estou dizendo que não é a fome que manda em mim, mas eu posso ter domínio sobre a fome. Se não nos determos nessas práticas, seremos sempre dominados por instintos e vontades, porque os excessos que cometemos – do comer, do beber, da sensualidade e tantas outras coisas – vão escravizando nossa vida.

A função do jejum é nos tornar livres, libertos, para termos autodomínio, autocontrole sobre nós. Por isso o jejum é ligado à oração, e a oração é que alimenta o jejum. Não é simplesmente passar o dia sem comer, ficar emburrado, de cara fia, com dor de cabeça... Esse jejum não agrada a Deus.

O jejum é para ser oferecido a Deus, para O invocarmos sobre nós, a fim de Ele nos ajudar a termos controle  sobre a nossa natureza. Qual é o jejum que agrada a Deus? Não é simplesmente deixar de comer, o importante é que realmente tenhamos um disciplina em relação aos alimentos, é necessário, é sério para a nossa saúde física, psíquica, psicológica e espiritual.

O jejum precisa ser de uma força que nos quebre por dentro, quebre as amarras, as coisas pesadas. Nós, muitas vezes, não conseguimos perdoar alguém; queremos perdoar, mas não conseguimos. Muitas vezes, temos um visão pesadas em relação às pessoas, então, entra a força do jejum, porque ele purifica.

Quando o jejum é bem vivido, sobretudo feito no espírito da oração, da entrega a Deus, ele vai moldando as inclinações interiores. Por isso, um excelente caminho para a nossa vida espiritual, para a nossa mística em relação a Deus, para o nosso autodomínio, autocontrole, é não abrir mão do jejum.

Alguém pode dizer: “Minha vida já é um eterno jejum, eu não como direito!”. Não se trata disso, o caso é equilibrar a alimentação necessária, que é justa; outra coisa é passar o dia tirando uma das refeições, comer menos ou deixar de fazer uma delas, oferecendo como culto espiritual.

Jejum, que não é culto espiritual, é simplesmente uma abstinência de alimentos. Por exemplo: a pessoa vai tirar sangue e fica sem tomar café, passando tantas horas sem comer. Isso é um coisa, mas estou falando de saber que, agora, é hora da refeição e abrir mão dela ou fazê-la de uma forma diferente, para oferecer a Deus e, realmente, dizer 'não' à minha natureza.

O jejum não é praticado só nestes dias [Quaresma], pois, muitas vezes, precisamos praticá-lo em épocas da nossa vida, para quebrarmos os jugos dentro de nós, as inclinações negativas, para quebrarmos, de fato, as cadeias injustas que estão dentro do nosso coração. O jejum é um santo, abençoado e doce remédio.

Deus abençoe você!