A
cinco meses do fim do prazo de troca de partido para quem pretende
disputar a eleição de 2016, o PV marca a data da filiação de Marcelo
Ramos para o mês de maio e costura, nos bastidores, uma dobradinha na
chapa do prefeito Artur Neto (PSDB). Terceiro candidato mais votado no
primeiro turno da disputa pelo governo em 2014, o ex-deputado estadual
tem argumentado que o seu projeto de concorrer no próximo ano não tem
encontrado guarida no PSB, que é comandado pelo “Serafins”: o deputado
estadual Serafim Correa e o vereador Marcelo Serafim.
Há
duas semanas, Marcelo Ramos, que já flertou com o Psol, com o PR, e com
a Rede (partido puxado pela ex-senadora Marina Silva que está em fase
de registro no TSE), se reuniu com o presidente do Partido Verde (PV) em
Brasília, o deputado federal Luiz Pena. “Fomos a Brasília e reunimos
com o Pena no gabinete do deputado Sarney Filho. Passei para o Pena como
o Marcelo está buscando partido, onde possa se sentir à vontade. Eu já
tinha feito o convite a ele. O PV quer se fortalecer na eleição de
2016. Vamos tentar dobrar o número de parlamentares na capital e no
interior. Como Marcelo tem interesse numa possível candidatura a
prefeito, ou numa composição de vice, e o PV tem essa mesma intenção,
fizemos o convite oficial para ele vir ao PV. Ele topou”, disse Eliana
Ferreira presidente estadual do PV.
Evento
A
dirigente do PV disse que a sigla planeja fazer um grande evento para
marcar a filiação do ex-deputado. Afirmou também que o partido se
articula para emplacar Marcelo na chapa de Artur. “Nossa relação como
prefeito Artur Neto é muito boa. Nossos dois grandes parceiros políticos
são o Artur Neto e o professor José Melo. O Artur tem dado espaço ao
partido para discutir as coisas. A proposta do PV é uma possível vice
na chapa com o Artur. Vamos fortalecer o nome do nosso candidato, mais à
frente, ele aparecendo numa situação boa, seria maravilhoso se ele
viesse a ser o vice do Artur”, afirmou Eliana.
Com
179.758 votos, a performance de Marcelo Ramos empurrou a corrida pelo
comando do Estado para o segundo turno, o que lhe credenciou para uma
eventual disputa para a prefeitura de Manaus, em 2016, desejo
manifestado por ele logo após o pleito do ano passado. O ex-parlamentar
não confirma sua ida para o PV. Diz que resolverá a questão da filiação
em Maio. E que, no mesmo dia em que se encontrou com Luiz Pena, também
se reuniu com o presidente Nacional do PDT, Carlos Luppi. Questionado
sobre a possibilidade de somar com Artur, Marcelo respondeu: “Não
discuto com possibilidade, depende de que projeto ele vai representar.
Manaus não precisa de um plano de governo, precisa de um pacto, não
depende só da prefeitura, mas também do cidadão É preciso pacto para
reordenar a cidade”.
Vice-governador Henrique Oliveira: ‘Estou pronto’
Nem
bem sentou na cadeira de vice-governador, Henrique Oliveira (SDD) já
ensaia uma pré-candidatura a prefeito de Manaus. Apesar de dizer que faz
parte um grupo político, encabeçado pelo senador Omar Aziz (PSD) e pelo
governador José Melo, o ex-deputado federal não esconde o desejo de
tomar o lugar do aliado Artur Neto (PSDB). “Eu apoiei o Artur no segundo
turno lá atrás. Mas vejo que a cidade tem demonstrado que é uma máquina
de moer políticos. Isso não me assusta. Acho que os desafios
engrandecem a vida pública. Acho que minha postura sempre foi pautada
pelo inconformismo. Não me conformo de que está tudo bem ou bom”, disse
Oliveira.
As
pretensões do vice-governador esbarram na aliança firmada entre o
prefeito e o governador, um dos fatores que garantiram a ida de Melo
para o segundo turno, com a votação expressiva do deputado federal Artur
Bisneto (PSDB), que teve 250.916 votos, e a vitória do candidato do
PROS no segundo turno com 173.527 votos de vantagem sobre o senador
Eduardo Braga (PMDB), a maioria (167.057 votos) obtida em Manaus.
Na
eleição municipal que levou Artur à prefeitura, Henrique Oliveira, à
época deputado federal, obteve 156.648 votos no primeiro turno, a
terceira maior votação. No segundo turno, marchou ao lado do tucano. A
votação assegurou a ele uma vaga na chapa de Melo em 2014.
O
vice-governador reconhece que há dificuldades, como a falta de recursos
na condução da administração municipal. “Sei das dificuldades. Faço
parte de um grupo político. Hoje existe ação conjunta entre o Melo e
Artur, um companheirismo grande do próprio Omar para trazer recursos
para o município. Mas, se o grupo achar (que deve haver outro
candidato), política muda igual nuvem. Estou pronto para desafios”,
disse.
Ex-deputado estadual Marcelo Ramos: 'Não vou ser esmagado nem cooptado'
“Tenho
conversado com vários partidos. Mais importante do que o partido é o
projeto que vou defender. A conversa com o PV é boa. Quero resolver
até final de maio essa questão do partido. Até porque tem grande número
de lideranças políticas e sociais querendo me acompanhar. Fui
procurado por vários partidos, PDT, PV, PR, Psol. Estou conversando com
todos em torno de um projeto. Não vou dizer que a saída do PSB é
definitiva. Parcela importante da militância e de membros da direção
municipal fazem apelo para que eu não saia. Mas quando após a eleição, a
despeito dos meus esforços, não há disposição de quem controla o
partido, os ‘Serafins’, de um diálogo para 2016, fica difícil. Não
posso dizer que o Artur é do grupo (Mestrinho, Amazonino, Braga), mas é
dessa geração de políticos que governa o Estado desde 1985. Será que
não passou da hora da política do Amazonas construir uma transição?
Todos os grupos econômicos estão preparando transição. E na política do
Amazonas essa geração não teve a grandeza de ser instrumento de fazer
transição. Toda liderança que surge eles tentam esmagar ou cooptar. Não
vou ser esmagado nem cooptado”.
Deputado estadual e presidente de honra do PSB Serafim Correa: 'Houve uma situação desagradável em 2014'
“O
Marcelo precisa procurar o partido para conversar. Após a eleição, ele
me procurou e disse que queria ser candidato a prefeito ou a vice. Eu
disse a ele que a eleição de 2014 deixou feridas e fraturas. E que
essas feridas precisam ser lambidas e saradas. E aí ele não falou mais
com a gente, passou a procurar os outros partidos. Aí diz que não tem
disposição no PSB? O partido tem direção. Houve uma situação
desagradável em 2014. Com 39 dias de campanha, o Marcelo não tinha um
único panfleto com o nome do Eduardo Campos e nem do partido. E a gente
levando porrada. E a direção nacional cobrando e a gente cobrando dele.
Não tinha um cartaz com o nome do Eduardo Campos. Aí não dá! Tem toda
uma insatisfação. Ficou muito mal. Eu, membro da direção nacional do meu
partido, e o candidato do meu partido não coloca o nome do nosso
candidato a presidente. Ele dizia que ia ser resolvido e nunca resolveu.
E ele acha que nós é que somos ruins. Tivemos que engolir isso calados
para não gerar crise. E depois disso tudo, o partido é que está
errado? No material dele não tinha nem o nome do Marcelo Serafim, o
candidato a senador do PSB. Isso gerou constrangimento local e
nacional”.
Eleições 2016 PCdoB tem sete possíveis candidatos para o pleito
O
presidente estadual do PCdoB, Eron Bezerra, afirmou que a legenda terá
candidato a prefeito de Manaus no próximo ano. Em 2012, a candidata da
sigla, senadora Vanessa Grazziotin, disputou o segundo turno do pleito
contra Artur Neto (PSDB). Para 2016, segundo o dirigente comunista, o
candidato ou candidata ainda vai ser definido. “Não será necessariamente
a Vanessa. Ela será um dos nomes relacionados. Nós temos sete nomes:
Vanessa, eu, a deputada Alessandra Campelo, a ex-vereadora Lucia Antony,
sindicalista Josildo dos Rodoviários, líder estudantil Yann Evanovick e
Odilon Queiroz, dirigente do sindicato dos Metalúrgicos e
vice-presidente estadual do PCdoB”, disse.
Eron
afirmou que a decisão de lançar candidato majoritário em Manaus já foi
tomada pelo comitê estadual do PCdoB. “O partido tem tradição de lançar
candidato próprio. Fui candidato a prefeito de Manaus em 2000 e Vanessa
foi candidata em 2004 e 2012. Em 2016 teremos candidato a prefeito em
Manaus e em pelo menos dez municípios do Amazonas. Entre eles Iranduba,
Presidente Figueiredo, Tefé, Coari, Tabatinga, Benjamin Constant, São
Gabriel da Cachoeira, Japurá, Parintins e Maraã”, disse.O dirigente
afirmou que, em Manacapuru, a legenda ainda discute se lançará candidato
a prefeito. O nome mais cotado é o do vereador e ex-presidente da
Câmara Municipal, Vanderley Barroso. “Em Iranduba a candidata
provavelmente será a Alzira Barros, ex-vereadora, candidata a
vice-prefeita na última eleição ou a filha dela a vereadora Cristiane
Maranhão”, afirmou o comunista.
Em
todos os 62 municípios do Estado a legenda, de acordo com Eron, planeja
lançar candidatos a vereador. Em 2012, a sigla perdeu espaço na Câmara
Municipal de Manaus (CMM). Não elegeu nenhum vereador. “Em 2012, tivemos
votos para eleger três vereadores, mas demos as vagas para o pessoal do
PSD. Em política você ganha e perde. Não nos arrependemos disso. Até
porque não queríamos dar pretexto para eles, que acabaram na prática não
fazendo campanha para a Vanessa, dizer que não estavam pedindo votos
para a Vanessa porque nem coligação para vereador a gente tinha
garantido para eles”, contou Eron referindo-se aos votos obtidos pelo
partido, que se coligou com PP e o PSD.
Para
a disputa eleitoral do ano que vem a estratégia do partido será
diferente. “Vai ser chapa própria para vereador. Temos um pré-acordo com
o PT para a chapa majoritária. Mas mesmo que acha uma chapa comum para
prefeito, PT e PCdoB, os dois partidos terão chapa própria para
vereador. Nós temos interesse em ter candidatura em comum cabeça e vice.
Se isso não for possível cada um terá candidato a prefeito”, disse.