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sexta-feira, 29 de abril de 2016

Pedaladas serviram para 'ganhar eleição', diz Miguel Reale a comissão



(portal G1)

Jurista voltou a afirmar que presidente cometeu crime de responsabilidade. Reale foi convidado a depor para defender o processo de impeachment.

Fernanda Calgaro e Gustavo GarciaDo G1, em Brasília
 O jurista Miguel Reale Júnior, um dos autores do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, disse nesta quinta-feira (28) que as “pedaladas fiscais”, de que o governo Dilma é acusado de praticar, tiveram como objetivo fazer com que a petista vencesse a eleição em 2014. O jurista prestou depoimento à comissão especial do impeachment no Senado, quando também afirmou que "nunca viu crime com tanta impressão digital".

As pedaladas, apontadas na denúncia dos juristas como um dos argumentos para o impeachment, são manobras de atraso de pagamentos do Tesouro Nacional a bancos públicos para melhorar artificialmente a situação fiscal do país. As práticas, segundo os juristas, caracterizam crime de responsabilidade.
Por causa do atraso nos repasses, BNDES e Caixa Econômica Federal tiveram que desembolsar recursos próprios para pagar programas sociais, como o Bolsa Família. Miguel Reale Júnior sustentou que o governo agiu de maneira irresponsável para maquiar as contas públicas, prejudicando a população, e rebateu o argumento do governo de que as medidas foram tomadas para fins sociais.
"Vem se dizer que é para fins sociais, que tinha que fazer isso! Não, não é, não. Os beneficiários do BNDES, os beneficiários da safra agrícola eram os grandes empresários! Grandes empresários foram beneficiários do Programa de Sustentação de Investimento ou com a Safra Agrícola. Ora, isso é um descaso com a população brasileira, é um descaso com a coletividade. Isso para que? Para ganhar eleição. É o gosto, a ganância do poder, com desprezo", disse.

De acordo com relatório de auditores do TCU, entre 2013 e 2014 o governo Dilma Rousseff atrasou “sistematicamente” o repasse de recursos à Caixa, Banco do Brasil e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes), destinados, por exemplo, à equalização da Safra Agrícola e o Programa de Sustentação do Investimento (PSI), além do financiamento de programas como o Bolsa Família e o Seguro Desemprego.

O jurista foi convidado pela comissão especial que analisa as acusações contra a presidente Dilma Rousseff no processo de impeachment para defender a denúncia que apresentou ao lado dos juristas Janaína Paschoal e Hélio Bicudo.
'Direito de defesa ampliado'
Reale também negou que o processo de impeachment se trate de um golpe, ao contrário do que o governo vem defendendo, e o comparou com o processo que resultou no impedimento do ex-presidente Fernando Collor. Reale sustentou que agora há muito mais espaço para a defesa.

“Isso está sendo objeto de um rito absolutamente garantidor do direito de defesa. Nem pelo rito do Supremo haveria essa sessão de discussão e acompanhei de perto do Collor como um dos autores da petição do presidente Collor. Aqui, o direito de defesa tem sido ampliado, muito ampliado”, disse.

Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra
Antes de iniciar a sua exposição, Reale pediu licença para fazer um desagravo aos familiares e à memória das vítimas do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, apontado em decisão judicial como responsável por torturas durante a ditadura militar. Durante a votação do impeachment na Câmara, o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) o reverenciou ao pronunciá-lo no seu voto.
“Lamento que este pedido de impeachment tenha servido de oportunidade para que se homenageasse um torturador. Este pedido de impeachment não pode se prestar a isto. Este pedido de impeachment visa à liberdade. Porque há dois tipos de ditadura: a ditadura explícita dos fuzis e a ditadura insidiosa da propina ou da irresponsabilidade pelo gosto do poder. E é contra esta ditadura que nós estamos lutando”, afirmou Reale.

Saída antes do fim da sessão
Reale deixou a comissão antes mesmo do fim da sessão porque precisava pegar um voo de volta a São Paulo. Diversos senadores protestaram dizendo que ele deveria permanecer até o fim para responder aos questionamentos dos parlamentares.

“Eu acho que agora, prisioneiro do seu gesto [de apresentar o pedido de impeachment], grandioso, o senhor tem que dedicar seu tempo a esta comissão, o que for preciso para esclarecer todos os seus pontos. [...] Eu espero que a sua agenda tenha a grandeza do seu gesto e o senhor dedique sua agenda a este processo histórico”, pediu o senador Cristovam Buarque (PPS-DF).

“Não posso ser desafiado dessa maneira”, reagiu Reale, acrescentando que, de antemão, avisara que poderia ficar apenas até as 19h na sessão. O depoimento dele começou com um atraso de mais de uma hora e meia por conta de um desentendimento no início da sessão entre os senadores. Houve troca de acusações e bate-boca sobre a votação de requerimentos que pediam envio de documentos a diversos ministérios e órgãos de controle.

Cronograma
A comissão especial do Senado ainda vai ouvir a defesa da presidente Dilma Rousseff, o que está previsto para acontecer nesta sexta-feira (29), com depoimentos do advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, do ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, e com a ministra da Agricultura, Kátia Abreu.

Especialistas convocados por senadores pró-impeachment e por governistas também prestarão depoimentos na próxima semana. Depois das audiências, o relator Antonio Anastasia (PSDB-MG) vai apresentar a o parecer recomendando a instauração do processo pelo Senado ou o arquivamento da representação.

A apresentação do relatório está marcada para quarta-feira (4) e a votação acontecerá na sexta-feira (6). Se o relatório for pela instauração do processo e o plenário principal do Senado aprova-lo por maioria simples (41 votos de 81 senadores), a presidente Dilma Rousseff será afastada do mandato por 180 dias. Em seu lugar, assume o vice Michel Temer.
A votação em plenário está prevista para o dia 11 de maio.

Veja o que dizem a denúncia e a defesa:
– Pedaladas fiscais
As pedaladas fiscais são atraso no repasse do Tesouro a bancos públicos para o pagamento de benefícios sociais. A prática, segundo a denúncia, é crime de responsabilidade porque representa um empréstimo dos bancos ao governo, o que é vedado por lei.
A defesa diz que não são operação de crédito e que a presidente não assinou nenhuma das operações mencionadas pela denúncia.
– Créditos suplementares
O governo editou decretos liberando créditos suplementares sem a autorização do Congresso. Segundo a denúncia, Dilma não poderia ter liberado os créditos porque já se sabia que o país não cumpriria a meta fiscal.
O governo alega que a edição dos decretos sem aval legislativo é prevista em lei e que o próprio parlamento admite aumentar a autorização orçamentária para regular a prestação de serviços públicos.
– Legitimidade do impeachment
A denúncia diz que o processo não deve ser encarado como “golpe” pois está previsto na Constituição. A defesa afirma que não existem fundamentos que sustentem o impeachment.
Lava Jato
– A denúncia cita a Operação Lava Jato e o suposto envolvimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, próximo a Dilma, no esquema de corrupção da Petrobras. A peça chegou a incluir a delação premiada do senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS), que disse que Dilma agiu para interferir no andamento da Lava Jato. Durante a tramitação do processo na Câmara, no entanto, os deputados decidiram não considerar a delação dele.

Justiça deve decidir impasse entre o Sinetram e o Sindicato dos Rodoviários




(Portal Acrítica)

Em razão do não acordo nas negociações do dissídio coletivo 2016/2017 da categoria, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 11ª Região (AM/RR) designou audiência de conciliação e instrução do dissídio de greve para o próximo dia 11 de maio 29/04/2016 às 05:10
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Sindicalistas paralisaram ontem a tarde o Terminal do Jardim Petrópolis, de onde saem às linhas 612, 610, 608 (Antônio Lima)

Em virtude do não acordo entre os sindicatos das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Amazonas (Sinetram) e dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Manaus (STTR), em relação ao dissídio coletivo 2016/2017 da categoria, cuja data base é dia 1º de maio, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 11ª Região (AM/RR) designou audiência de conciliação e instrução do dissídio de greve para o próximo dia 11 de maio. Caberá a Justiça decidir o conflito.
A informação é do juiz Adilson Maciel Dantas. Conforme o magistrado, o sindicato profissional e o dos trabalhadores devem organizar-se de acordo com os percentuais estabelecidos, sendo certo que até o momento não houve informação de descumprimento da liminar, no processo, que estabeleceu que 70% da frota operasse normalmente nos horários de pico caso o Sindicato dos Rodoviários realizassem algum movimento paredista.
Ontem, pelo terceiro dia consecutivo, o Sindicato dos Rodoviários realizou uma paralisação nas atividades em retaliação ao não acordo nas negociações com o Sindicato Patronal. O ato aconteceu à tarde no Terminal do Jardim Petrópolis, de onde saem às linhas 612, 610, 608.
A mesma ação foi feita na terça-feira, quando os sindicalistas paralisaram quatro linhas da empresa viação São Pedro e deixaram cerca de 5 mil pessoas prejudicadas, e na também na quarta, quando paralisaram 14 linhas da empresa Líder Transportes, que atende bairros da Zona Norte, prejudicando mais de 15 mil pessoas.
O Sinetram informou que a liminar que a Justiça concedeu na segunda-feira continua em vigor. “O órgão já informou a Justiça sobre as paralisações que houveram na terça, quarta e ontem, agora cabe a Justiça fazer a parte dela”, destacou em nota. A reportagem não conseguiu contato com a diretoria do Sindicato dos Rodoviários.
A última reunião entre o Sinetram e o STTR ocorreu no dia 25, mas não houve acordo e as negociações devem continuar. Os sindicalistas pleiteiam um reajuste de 20%, porém, O Sinetram alega que com a grave crise econômica por que passa o sistema de transporte e o país, é muito difícil um reajuste, muito menos nesse nível.
Em nota a Prefeitura de Manaus informou que está tentando contornar diariamente junto aos rodoviários, tendo conseguido impedir duas greves gerais, nesta semana, a que estava agendada para terça-feira e a de ontem.  “O poder municipal tem buscado sempre o dialogo a fim de que a população não seja prejudicada por paralisações do transporte coletivo”.
Box
Representantes do Sinetram viajaram à São Paulo, ontem, na tentativa de renegociar empréstimos feitos pelas empresas que operam no transporte coletivo de Manaus. Desde 2011, as transações bancárias viabilizaram a compra de quase mil ônibus novos e o aporte de capital de giro para pagar despesas correntes. Atualmente, as empresas estão inadimplentes em algumas parcelas dos empréstimos.
De acordo com o presidente do Sinetram, Carmine Furletti, devido à grave crise por qual as empresas e o país estão passando, as concessionárias deixaram de realizar  o pagamento das dívidas para honrar compromisso com seus colaboradores e fornecedores.
“As empresas estão fazendo o possível para honrar seus compromissos, principalmente, com seus colaboradores e fornecedores. Porém uma série de fatores afeta o sistema de transporte coletivo de Manaus, o que tem impedido o pagamento das parcelas”, disse.
Segundo ele, a reunião com os representantes dos bancos e tentar fazer acordos, de modo que os veículos não sejam apreendidos e prejudique a população que depende do transporte coletivo.
Ainda de acordo com o presidente, dentre os empréstimos, há um junto ao banco sueco EKN, intermediado pelo Banco HSBC, em dólares. Além do presidente, o Sinetram será representado pelo diretor operacional, Algacir Gurgacz.
Silane Souza