Gol

sábado, 31 de março de 2018

Homilia Diária

31MAR2018

O homem novo que nasce da Páscoa de Cristo tem novas atitudes, ele é o promotor da paz, da reconciliação e da concórdia

“Pelo batismo na Sua morte, fomos sepultados com Ele, para que, como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, assim também, nós levemos uma vida nova” (Rm 6,4).

O Sábado Santo de Nosso Senhor Jesus Cristo é o sábado da glória, é o sábado no qual nos revestimos da veste nova que, Cristo Jesus trouxe para nós. Não trata-se de uma roupa nova que vamos usar na Vigília Pascal, mas trata-se do homem novo que revestiu-se de Cristo Jesus que, durante toda essa caminhada Quaresmal despiu-se da veste velha do pecado, dos nossos maus desejos, do nosso egoísmo, do nosso orgulho, da nossa soberba. Despojamo-nos de tudo isso para vestir a veste do homem novo com novos sentimentos, com novas atitudes, com uma nova cabeça, uma nova mentalidade. Não basta somente cantar “Aleluias" ou "Acender uma fogueira", essas são expressões da vida nova.

A Páscoa de Cristo acontece dentro do nosso coração, mas não vamos agora voltar e dizer: “Não vejo a hora de voltar a comer carne. Não vejo a hora de tomar refrigerante”. Qual é o homem novo que nasceu nesta Páscoa? Qual foi a mulher nova que nasceu nestes quarenta dias de Quaresma? Que atitudes novas Deus operou em nós?

Será que celebrando essa campanha da fraternidade conseguimos quebrar toda essa violência que há dentro de nós, esse nosso instinto agressivo de provocação, de discórdia que o homem velho depositou dentro de nós.

O homem novo que nasce da Páscoa de Cristo tem novas atitudes, ele é o promotor da paz, da reconciliação e da concórdia. O homem novo não deixa-se levedar pelos sentimentos antigos da amargura, do ressentimento, da mágoa; não deixa-se levar pelas antigas impurezas que sempre conduziram nossos pensamentos e sentimentos. Não vamos à Igreja para ficarmos horas ouvindo leituras, vamos para celebrar essa vida nova que Cristo realiza na vida e no coração de cada um de nós.

Uma santa e abençoada Vigília Pascal para nós! 

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

sexta-feira, 30 de março de 2018

Homilia Diária

30MAR2018

Queremos nos voltar para Cristo e referenciar as Suas Chagas, adorar a Sua Paixão e encontrar n’Ele as dores de toda a humanidade

“A verdade é que ele tomava sobre si nossas enfermidades e sofria, ele mesmo, nossas dores; e nós pensávamos fosse um chagado, golpeado por Deus e humilhado!” (Is 52,4).

Na Sexta-feira da Paixão de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, contemplamos o servo sofredor, porque Ele está sofrendo na carne todas as humilhações que a pessoa humana sofre. Cristo está carregando sobre si as nossas dores e enfermidades. Queremos nos voltar para Cristo e referenciar as Suas Chagas, adorar a Sua Paixão e encontrar n’Ele as dores, as chagas e a paixão de toda a humanidade.

O Cristo sofre por nós e junto de nós. Ele sofre pelos sofredores e com os sofredores. Nenhum sofrimento humano é desprezível ou perdido quando é sofrido em Deus.

A Paixão de Cristo é a paixão do mundo, não são as paixões humanas e mundanas, pelo contrário, é a paixão de um Deus apaixonado que leva em si todo o Seu amor pela humanidade sofrida, que paga um preço alto pelos nossos pecados, e Ele mesmo faz questão de carregar sobre Si as dores de todos.

Na lei judaica, lei antiga para a reparação e a expiação dos pecados, imolava-se o cordeiro e ele era oferecido em sacrifício aos pecados. Hoje, o único cordeiro que é imolado e sacrificado por causa dos nossos pecados é o Cordeiro Jesus, porque Ele é o único Cordeiro que pode tirar os pecados do mundo, pode tirar o pecado da nossa vida e, por isso, nos voltamos para Ele, para louvá-Lo, para rendermos todo o amor do nosso coração, toda adoração que Ele merece.

Quando formos na Igreja, hoje, para adorarmos a Cruz, não é adorarmos a Cruz por si só, pelo contrário, é adorarmos o Crucificado que morreu na Cruz para nos salvar; é adorarmos a salvação, a redenção que, na Cruz, Ele faz por nós.

Nenhum sacrifício humano nos redime, somente o sacrifício de Cristo tem esse poder. Se a nossa vida exige de nós sacrifícios, então, que o nosso sacrifício humano não seja inútil, porque o sacrifício que salva é o nosso sacrifício unido à Paixão e ao sofrimento de Cristo.

Cristo está com os doentes, com os enfermos, com os sofredores, com todos aqueles que sofrem as desigualdades, as mazelas da humanidade, dizendo: “Eu estou neles e sou um deles”. Cristo é um de nós nos nossos sofrimentos e nas nossas dores. Adoremos o Cristo crucificado que morreu para nos salvar.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

quinta-feira, 29 de março de 2018

Homilia Diária

29MAR2018

A Eucaristia não é apenas comungar do Corpo e Sangue do Senhor, ela começa no chão, quando lavamos os pés uns dos outros

“Portanto, se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Dei-vos o exemplo, para que façais a mesma coisa que eu fiz” (João 13,14-15).

Começamos, hoje, o Tríduo Pascal de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Após quarenta dias dos nossos exercícios Quaresmais, entramos na Páscoa de Nosso Senhor e Salvador para celebrarmos com a vida d’Ele a transformação que Ele realiza na vida de cada um de nós.

Cristo é o servo sofredor que será glorificado. Contemplamos o Cristo servo, que serve a humanidade. Toda a vida de Cristo foi um serviço pela salvação de cada um de nós. Ele não mostrou-se para nós como o Senhor, como aquele que está acima de todos, Ele mostrou que: ser Senhor é, acima de tudo, ser servidor.

Na Sua última Ceia, Ele não estava ali para ser exaltado e nem glorificado; Ele mesmo tomou a atitude de fazer aquilo que um escravo fazia, lavou e enxugou os pés dos Seus discípulos. (cf. João 13,12-15) Devemos lavar os pés uns dos outros.

A Eucaristia não é apenas comungar do Corpo e Sangue do Senhor, ela começa no chão, quando lavamos os pés uns dos outros. Para celebrarmos a Eucaristia precisamos nos purificar daquele velho fermento da soberba, do egoísmo que nos coloca acima dos outros, que nos faz sentir melhores do que os outros, aquele orgulho que nos leva a competirmos, a nos colocarmos acima dos irmãos; aquele orgulho que faz de nós “senhores” do conhecimento, do saber, da discussão.

Não precisamos de brigas, de discussões, não precisamos de batalhas e entraves, porque o "servidor" não briga. Se há entre nós brigas e discussões, é porque falta em nós o verdadeiro espírito de Cristo.

O espírito de Cristo é o espírito de servo, é aquele que lava os pés uns dos outros. Não é teatro e nem encenação, pelo contrário, é vida. Se a nossa vida quer ser transformada, se queremos celebrar a Páscoa de Cristo com o fermento novo, nos purifiquemos dessa nossa arrogância de nos sentirmos melhores, donos da razão e da verdade.

Aprendamos que só existe uma coisa importante para seguir e servir a Cristo: sermos servos uns dos outros.

Uma Páscoa abençoada para todos nós!

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

quarta-feira, 28 de março de 2018

Homilia Diária

28MAR2018

Peçamos ao Senhor que purifique o nosso coração para que não nos rendamos ao "deus" deste mundo

“‘Que me dareis se vos entregar Jesus?’ Combinaram, então, trinta moedas de prata. E daí em diante, Judas procurava uma oportunidade para entregar Jesus” (Mateus 26,15-16).

Hoje, queremos entrar no coração de Judas, talvez você possa achar estranho e pergunte: “Como vou entrar no coração de um traidor?”. Porém, é só entrando no coração de Judas que vamos entender as fraquezas do nosso coração. No coração de Judas entrou um princípio de iniquidade.

Jesus nos diz no Evangelho: “Não podeis servir a Deus e ao dinheiro” (Lc 16,13). Judas servia a Deus, mas, queria também servir ao dinheiro. E quando o amor ao dinheiro entra no nosso coração, ele o governa.

Ninguém consegue servir a Deus e ao dinheiro, tenhamos isso como princípio de vida. Seremos pessoas infelizes, inquietas, perturbadas, porque o dinheiro causa inquietação. O dinheiro é o “deus” deste mundo, as pessoas se compram, se vendem e se corrompem, porque o "deus dinheiro" manda neste mundo.

Não se trata de desprezar dinheiro, jogá-lo fora, trata-se de colocá-lo no seu lugar. O dinheiro não pode estar na nossa cabeça e nem no nosso coração, ele tem que estar em nossas mãos; e com a cabeça ordenada, saberemos fazer o bom uso dele. Não podemos deixar que o nosso coração se venda.

Judas se vendeu ao deus dinheiro, amou tanto o dinheiro que deixou seu Mestre de lado, por causa de trinta moedas de prata. É uma grande quantia, mas aqui não importa a quantidade, pelo contrário, importa ver como estamos nos vendendo e comprando uns aos outros.

Estamos transformando as nossas relações em “relações comerciais”, as relações humanas parecem relação de mercadorias. As pessoas são valorizadas, até em nossas Igrejas e comunidades, quando elas têm muito, quando podem muito; elas têm lugar de apreço, mandam e comandam. 

As nossas amizades e muitas coisas que fazemos são movidas por causa do dinheiro. Esperamos retribuição financeira daquilo que realizamos, seduzimos e somos seduzidos pelo dinheiro ou por quem o tem, por quem o detém.

A sede de poder é a sede de ganhar mais, é a ganância do ter, do possuir. Há o extremo de alguns possuírem dinheiro, que nem sabem o que fazer com tanto; e o outro extremo daqueles que morrem na indigência, porque o dinheiro não pode ser dividido, não pode causar um bem que seja para todos.

Judas entregou-se ao deus dinheiro; abandonou e traiu Jesus Nosso Senhor e Salvador.

Peçamos, ao Senhor Nosso Deus, que purifique o nosso coração, nossa alma e nossa vontade para não nos rendermos ao deus deste mundo que se chama: dinheiro.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

terça-feira, 27 de março de 2018

Homilia Diária

27MAR2018

A Eucaristia é para nos santificar, transformar-nos e colocar-nos em comunhão com Deus e não com o mal

“Jesus ficou profundamente comovido e testemunhou: 'Em verdade, em verdade, vos digo, um de vós me entregará'” (João 13,21).

No contexto daquela Ceia final, na qual Jesus estava com Seus discípulos, Ele anunciava uma das coisas que mais doíam em Seu coração. O coração de Jesus estava profundamente comovido e entristecido, porque Ele sabia quem caminhava com Ele, sabia quem chegaria com Ele até aquele momento final.

Até o momento final, Deus espera que saíamos dos espíritos confusos que nos separam d’Ele, que fazem de nós pessoas traidoras. Quando Jesus anunciou que um dos apóstolos O trairia, não se referia àquele momento, mas é porque já O traía, já servia mais ao dinheiro do que a Deus.

A Palavra diz que, naquele momento da Ceia, Satanás entrou no coração de Judas, quando ele recebeu um pedaço de pão. Não é porque recebemos a Eucaristia, porque tomamos do Corpo e Sangue do Senhor que o inimigo não age em nós. Estamos, muitas vezes, celebrando a Eucaristia, participando da mesa do Senhor e permitimos que o espírito entre em nós, espire em nós, coloque em nós os sentimentos de traição a Jesus.

Judas tinha um coração dividido, portanto, não deixemos que o nosso coração se divida, não deixemos que a Eucaristia seja causa de condenação para nós, pelo contrário, em cada Eucaristia celebrada busquemos a fidelidade a Jesus, não deixemos que espíritos perturbadores, que servem os nossos desejos carnais, as nossas ambições humanas, movam as nossas atitudes de discípulos de Jesus.

Trair Jesus não é ter tentações, dificuldades, problemas ou fraquezas, e sim, colocar a "mão no pão" e servir ao mal, aos nossos maus pensamentos, maus sentimentos e más inclinações. A Eucaristia é para nos santificar, transformar-nos e colocar-nos em comunhão com Deus e não com o mal. Que a Eucaristia nos santifique e nos purifique a cada dia.

Deus abençoe você!

 

Padre Roger Araújo

segunda-feira, 26 de março de 2018

Homilia Diária

26MAR2018

O nosso referencial é Jesus que está nos pobres, nos doentes, nos sofredores, na humanidade em que vivemos

“Maria, tomando quase meio litro de perfume de nardo puro e muito caro, ungiu os pés de Jesus e enxugou-os com seus cabelos. A casa inteira ficou cheia do perfume do bálsamo” (João 12,3).

Maria é aquela que colocava-se aos pés de Jesus; Marta estava servindo e Lázaro estava junto à mesa. Maria colocava-se aos pés do Mestre dando tudo o que ela tinha: seu amor, seu coração, seus sentimentos, seus afetos, seus bens materiais. O perfume mais caro que se poderia ter, ela colocou sobre os pés do Mestre Jesus.

Maria é a discípula que rende-se ao Mestre, é a discípula que apaixonada por Jesus, entrega todo o seu coração. Do mesmo lado estão os discípulos de Jesus, mas um deles chama a atenção, porque ele acha escandaloso aquilo que Maria está fazendo: um perfume caro sendo colocado nos pés de Jesus. E num falso espírito de cuidado aos pobres, mas que era uma hipocrisia, dizia: “O que ela está gastando nos pés de Jesus poderia ser usado para os pobres”.

Sempre teremos pobres no meio de nós para cuidar, e só podemos cuidar (de verdade) dos pobres quando cuidamos de Jesus, quando estamos aos pés d’Ele. Não é para desprezar os pobres, pelo contrário, precisamos primeiro ir aos pés de Jesus para saber servir a pobreza, que é a humanidade em que vivemos.

Não fazemos assistencialismo, encontramos Jesus que está aos nossos pés e nos colocamos aos pés d’Ele para adorá-Lo, nos entregarmos totalmente a Ele, para encontrarmos no pobre a pessoa de Jesus. Por isso, a primeira atitude do pobre é sempre colocar-se aos pés de Jesus.

Não podemos cair naquela visão assistencialista de que, fazemos muito pelos pobres ou de que trabalhamos nas ruas. O primeiro lugar que nos dirigimos é aos pés de Jesus, O adoramos e nos colocamos inteiramente aos pés d’Ele. Quando não fazemos isso, nos perdemos naquilo que realizamos, nos perdemos no nosso trabalho, nas nossas obrigações. Nos perdemos porque falta o referencial.

O nosso referencial é Jesus que está nos pobres, nos doentes, nos sofredores, na humanidade em que vivemos. Encontramos Jesus em cada um, assim, não nos decepcionamos, não nos machucamos e nosso coração não se fere por qualquer coisa quando temos um referencial. O nosso referencial é sempre estar aos pés de Jesus!

Deus abençoe você!

 

Padre Roger Araújo

domingo, 25 de março de 2018

Homilia Diária

25MAR2018

A glória verdadeira só vem quando sabemos abraçar a Cruz e os crucificados que estão ao nosso lado

“Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, mas ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens” (Fl 2,6-7).

Hoje, celebramos o Domingo de Ramos e da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Estamos acostumados a lembrar da Paixão do Senhor na Sexta-feira da Paixão de Cristo, mas, neste domingo a Igreja já celebra o Cristo que sofre a Sua Paixão, para entendermos que Ele entra glorioso em Israel.

Entenda que esse "glorioso" é porque o povo em Jerusalém exclamava: “Hosana! Bendito Aquele que vem em nome do Senhor!”. Essa foi a única vez que Cristo permitiu ser exaltado e glorificado pelos homens. Por que Ele permitiu? Porque o Cristo exaltado é o Cristo Crucificado, é o Cristo humilhado, pisoteado, julgado e condenado. Cristo que eleva-se na Cruz como nosso Salvador.

Quem está sendo exaltado é o servo sofredor, é o triunfo do servo de Deus que experimenta a rejeição e o sofrimento. Estamos exaltando o sofrimento? Não! Estamos transformando o sofrimento e a rejeição que os homens impõem a Deus em salvação para nós. Por isso, o Cristo Crucificado é nosso Deus amado, glorificado e exaltado. Colocamo-nos ao lado de Cristo Crucificado e não O rejeitamos e nem O abandonamos.

Exaltamos o Senhor quando Ele entra glorioso em Jerusalém, dessa forma, fiquemos junto com Ele na Sua morte, na Sua redenção, porque Cristo não se usurpou da Sua condição divina. Pelo contrário, Deus se fez homem e, à medida que, era reconhecido como homem, Ele humilhava-se mais ainda. Tornou-se escravo e obediente até a morte de Cruz. O Cristo que celebramos hoje, é o Cristo que vamos celebrar glorioso e ressuscitado para sempre.

Não chegamos à glória sem abraçarmos a Cruz, os sofrimentos, as dores da vida. O Cristo que celebramos está conosco em nossas vitórias, nos êxitos que temos na vida. É o Cristo que está presente quando uma criança nasce; é o Cristo que está nas vitórias que cada um experimenta na vida, porém, é também, o mesmo Cristo que está conosco nas doenças, nas enfermidades, nos sofrimentos, na morte. O mesmo Cristo que encontramos numa vida nascente, é o mesmo Cristo que está com o doente, enfrentando uma enfermidade longa.

(...) O Cristo que está em cima do jumentinho é o mesmo Cristo que está de braços abertos na Cruz.

Amamos o Cristo que nasceu em Belém como menino, a quem beijamos; amamos o Cristo que foi pregado na Cruz como o pior dos homens, por isso, a vida não é feita só de glória. A glória verdadeira só vem quando sabemos abraçar a Cruz e os crucificados que estão ao nosso lado.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

sábado, 24 de março de 2018

Homilia Diária

24MAR2018

A presença de Jesus precisa causar muitas inquietações na nossa vida, Ele precisa provocar um incômodo em nós

Que faremos? Este homem realiza muitos sinais. Se deixamos que ele continue assim, todos vão acreditar nele, e virão os romanos e destruirão o nosso Lugar Santo e a nossa nação” (João 11,47-48).

É preciso assumir uma verdade: Jesus veio para incomodar. A Sua presença incomoda, porque Ele não quer deixar os filhos de Deus no comodismo do pecado e nem na vida que não é correta. Por isso, a Sua presença causa essa inquietação.

A presença de Jesus precisa causar muitas inquietações na nossa vida, Ele precisa provocar um incômodo em nós. O remédio que não causa incômodo não é bom, não está purificando, não está lavando, não está curando e nem cicatrizando.

Jesus é a cura para os males que o pecado infligiu em nossa vida, por isso, Ele incomoda os nossos pensamentos, as decisões que fazemos, as escolhas de vida e uma vontade mal inclinada que, muitas vezes, temos. Portanto, deixemo-nos incomodar por Jesus.

Essa incomodação precisa causar transformação e renovação de vida. Esses homens do Evangelho ficaram incomodados, mas não deixaram a incomodação transformá-los, pelo contrário, a incomodação mexia nos privilégios, na vida cômoda que eles levavam, por isso não queriam problemas com os romanos.

Muitas vezes, a nossa casa está uma bagunça, está tudo misturado, mas precisamos nos mexer, botar ordem na casa. Vai dar trabalho, suor, mas não podemos deixá-la bagunçada, e assim é com a nossa vida, não deixemos a vida "parada" do jeito que está; vamos incomodá-la.

Se queremos ter saúde, temos que incomodar o corpo, temos que fazer exercício, correr, "suar a camisa". Entretanto, é mais fácil ficar "deitado em berço esplêndido", olhando para cima, achando que toda a transformação no corpo e no espírito acontece mesmo com o comodismo da vida.

Deus quer nos incomodar, nos balançar para cuidar de nós. Aqueles que não se deixam incomodar por Jesus, rejeitam e querem eliminá-Lo.

Jesus veio para nos incomodar!Mas, incomodar o outro não é ser chato, não tem nada a ver com isso. Incomodar o outro é provocar uma reação de mudança que só o Evangelho pode fazer na vida de cada um de nós.

Deus abençoe você!

 Padre Roger Araújo

sexta-feira, 23 de março de 2018

Homilia Diária

23MAR2018

Não vimos Jesus levantando a espada, promovendo guerra, pelo contrário, Ele é o príncipe da paz

Os judeus pegaram pedras para apedrejarem a Jesus. E Ele lhes disse: Por ordem do Pai, mostrei-vos muitas obras boas. Por qual delas me quereis apedrejar?” (João 10,31-32).

Os judeus responderam para Jesus que não queriam apedrejá-Lo por causa das Suas boas obras, pelo contrário, queriam apedrejá-Lo por causa da blasfêmia.

A verdade é que, os judeus não acolheram a Palavra e, uma vez que, não a acolheram, não compreenderam Jesus. Por outro lado, muitos deles sentiram inveja e queriam rejeitar Jesus e o jeito era apedrejá-Lo.

A blasfêmia era, na verdade, uma desculpa. Às vezes estamos com "pedras nas mãos" para atirarmos nos outros. Essa "pedra na mão" é um jeito de rejeitarmos o que não queremos acolher; e quando estamos bravos com alguém, quando estamos nos opondo a alguém, no meio do ataque usamos as pedras.

Esse é o meio mais rudimentar, mais antigo de se fazer guerra: quando os homens das cavernas ainda não tinham armas, eles usavam as pedras. Essas eram o que eles tinham para eliminar o inimigo.

Só temos um inimigo, aquele que é o inimigo de Deus, porém, Jesus não atirou pedra nele, mas ele atirou pedra em Jesus.

Quem é de Deus não atira pedras em ninguém, não faz guerras, não sai atirando para todos os lados. Quem é de Deus não promove a guerra entre os irmãos e nem fica contra os outros.

Jesus não respondeu a nenhuma das atitudes daqueles que se opuseram a Ele. Não vimos Jesus levantando a espada, promovendo guerra, pelo contrário, Ele é o príncipe da paz. 

Não vamos nos mover pelo espírito do outro. Se o espírito do outro é bélico o meu não é, se o espírito do outro é de ataque o meu não é, se o espírito do outro é de morte, inimizade, esse não é não o meu espírito.

O que necessitamos no mundo de hoje é ter o espírito de Jesus e não o espírito do mundo. É preciso ter uma vigilância, porque, até em meio a fé, estamos atacando uns aos outros, jogando pedras uns nos outros. Há uma onda de violência, inclusive, virtual - nas redes sociais, onde aqueles que se dizem “seguidores do Cristo Jesus” estão atirando pedras para todos os lados.

Agora não é a hora e nem nunca será a hora do cristão atirar pedras. Recolhamos as pedras para construir pontes, para edificar vidas. Cristo é o promotor da paz e não aquele que atira pedras nos outros.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

quinta-feira, 22 de março de 2018

Homilia Diária

22MAR2018

Jesus é a Palavra eterna do Pai, é a Palavra que encarnou-se e está no meio de nós

Em verdade, em verdade, eu vos digo: se alguém guardar a minha palavra, jamais verá a morte” (João 8,51).

Não queremos a morte, pelo contrário, queremos a vida. Como teremos a vida em Deus? Como teremos a vida eterna? Guardando a Palavra de Deus, fazendo com que a nossa vida seja guiada por Sua Palavra.

A nossa vida é guiada e conduzida por palavras; são as palavras que escutamos dos nossos pais, são as ouvimos de conselhos, de orientações, de direções que vamos recebendo ao longo da vida. Têm palavras que entram em nossos ouvidos, em nossa mente e em nosso coração.

Os discípulos de qualquer escola são movidos à vida de acordo com as palavras que escutam. Palavra é instrução, é direção, a palavra vai formando o homem e a mulher que somos. Portanto, se seguimos as palavras a fundo, somos formados de acordo com esses conceitos que o mundo vai formando dentro de nós.

Há uma confusão de palavras no meio de nós; a própria confusão vem das palavras que saem de nós: palavras de maldição, palavras feias, ofensivas, grossas, pornográficas, impuras, sujas. Mas, são palavras que entram pelos nossos ouvidos e saem pela boca e vão para os ouvidos de tantos.

A palavra tem o poder de levantar, de destruir, de iludir, de enganar, mas há uma palavra que tem o poder de salvar, essa é a única palavra que transforma, renova, santifica e faz nova todas as coisas. Muitas vezes, resistimos a ela ou fazemos pouco caso, não colocamos essa palavra como aquilo que ela deve ser, com a primazia que ela deve exercer em nossa vida. Não trata-se de palavras [letras], que lemos, mas, da "Palavra Viva" que é o próprio Cristo Jesus.

“Guardar” quer dizer: viver, introjetar e permitir que as Palavras de Deus transformem, renovem e sejam a palavra da nossa vida, trazê-las no coração, na mente, na boca, em nossas ações.

Às vezes, tudo o que uma pessoa precisa é de uma palavra de conforto, de consolo e, muitas vezes, as pessoas levam até ela, palavras que não consolam e não transformam.

Jesus é a Palavra eterna do Pai, é a Palavra que encarnou-se e está no meio de nós. Guardemos Suas palavras e vivamos delas. 

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

quarta-feira, 21 de março de 2018

Homilia Diária

21MAR2018

Quando as provações vêm ao nosso encontro, é a hora de levantarmos e dizermos a quem servimos

“Se o nosso Deus, a quem rendemos culto, pode livrar-nos da fornalha de fogo ardente, Ele também poderá libertar-nos de tuas mãos, ó rei. Mas, se Ele não quiser libertar-nos, fica sabendo, ó rei, que não prestaremos culto a teus deuses e tampouco adoraremos a estátua de ouro que mandaste fazer”(Dn 3,16-18).

Os três jovens a quem Daniel transcreve: Sidrac, Misac e Abdênago, são exemplos de três corações tementes e fiéis a Deus. O rei Nabucodonosor pediu que eles deixassem o Deus que serviam, para servir os deuses, para servir a idolatria dele e queria que todos servissem. O rei os ameaçava, pois, se não o fizessem, arderiam na fornalha ardente que queimava e conduzia à morte.

Esses jovens foram jogados na fornalha porque não obedeceram a ordem do rei, aliás, eles não só não obedeceram, mas testemunharam a fé que tinham no Deus de Israel. É como se eles dissessem: “Não vamos te seguir, porque o rei a quem servimos, tem o poder de nos livrar da fornalha da morte, e mesmo que Ele não nos livre, jamais O deixaremos para seguir a um deus desse mundo".

Fé não é colocar condição para Deus, “Deus vai me livrar dessa doença, e só assim vou servi-Lo”. Deus pode nos livrar e se Ele não nos livra, O servirei ainda mais, porque o nosso coração é d’Ele, mas não pelas condições que colocamos, o nosso coração é de Deus pelo amor que temos por Ele. Quem ama não impõe condição, quem O ama coloca-se todo para Ele.

No meio da fornalha, do fogo incandescente, no meio do fogo que queimava, aqueles três jovens poderiam reclamar, murmurar, maldizer o Deus a quem serviam, mas, eles andavam no meio das chamas, entoando hinos a Deus, louvando, bendizendo ao Senhor. Por esse motivo o fogo não os atingiu, porque eles transformaram a provação em motivo de louvor, de ação de graças e de bendizer ao Senhor.

Todos nós "andamos" no meio de tantas fornalhas ardentes que queimam o nosso coração, a nossa vida e, muitas vezes, desanimamos, desistimos, afastamo-nos de Deus, mas é o contrário, quando as provações vêm ao nosso encontro é a hora de levantarmos e dizermos a quem servimos, quem é o Deus em que acreditamos. E, ainda que consumam a nossa vida, ainda que dores e enfermidades batam à nossa porta, rendemos ao Senhor Nosso Deus, o louvor, a honra, a glória; rendemos o nosso coração a Ele que é bendito para sempre.

Ainda que, experimentemos os fracassos, somos do Senhor e a nossa vida pertence a Ele. Não é pelas vitórias que servimos a Deus, O servimos porque Ele é o amor da nossa vida.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

terça-feira, 20 de março de 2018

Homilia Diária

20MAR2018

O veneno vem da murmuração, vem da reclamação e vai nos enfraquecendo, vai tirando a vida de Deus em nós

“Durante a viagem, o povo começou a impacientar-se, e se pôs a falar contra Deus e contra Moisés, dizendo: “Por que nos fizestes sair do Egito para morrermos no deserto? Não há pão, falta água, e já estamos com nojo desse alimento miserável” (Nm 21,4-5).

O Livro dos Números narra um momento muito delicado da caminhada do povo de Deus no deserto; do povo que saiu da escravidão do Egito, rumo à terra prometida, mas, no meio da caminhada o povo sente o cansaço, a dor e por causa disso começam a reclamar, murmurar; começam a maldizer e atacar a Moisés e a Deus.

É assim que acontece no processo da libertação humana; o processo de restauração, de renovação, o processo de caminhar na vida é assim. Não vamos caminhar pelo deserto todo, esperando sombra e água fresca, pelo contrário, é uma luta. Teremos provações, inimigos no meio da caminhada. Mas é importante mantermos a serenidade da alma, a fé e a confiança em Deus. Não nos esquecermos de que Deus está sempre nos libertando, nos conduzindo pela mão, mesmo em meio as duras provações.

Um dos grandes males da nossa vida é esse nosso jeito de reclamar por tudo, e quanto mais reclamamos, mais azeda e amarga torna-se a nossa vida. De tanto aquele povo reclamar e murmurar vieram serpentes venenosas que mordiam, picavam aquele povo e muita gente morreu em Israel.

O veneno vem da murmuração, vem da reclamação e vai nos enfraquecendo, vai tirando a vida de Deus em nós. Precisamos nos prevenir e não deixar que esse veneno cresça em nós, que essa erva daninha que é maligna esteja conduzindo os nossos pensamentos e os nossos sentimentos.

Estamos no meio da nossa caminhada Quaresmal, muitos desanimam no meio dela, muitos começam a sentir o peso no combate espiritual. Estamos no meio da nossa vida, rumo a Deus e quando algumas coisas apertam, muitos preferem reclamar, dizer mal, falar da Igreja e seguem outros caminhos. Muitos preferem voltar para a vida antiga e para o pecado.

Não tenhamos saudade das cebolas do Egito (Cf. Nm 11,5). Por mais dura que esteja a nossa vida Deus está conosco, é preferível comer o pão amargo, o pão que estamos comendo, enfrentar as durezas e, muitas vezes, o deserto da vida, do que nos afastar do Senhor para seguir as ilusões que parecem ser melhores.

Deus nos conduza e nos purifique de toda amargura e murmuração que cresce em nosso coração.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

segunda-feira, 19 de março de 2018

Homilia Diária

19MAR2018

São José foi essencial no plano de Deus, ele transformou os seus sonhos nos sonhos de Deus

Enquanto José pensava nisso, eis que o anjo do Senhor apareceu-lhe, em sonho, e lhe disse: ‘José, Filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo’” (Mateus 1,20).

Hoje, interrompemos o ciclo Quaresmal para celebrarmos a solenidade de São José, o esposo de Maria, o pai adotivo de Jesus, o servo fiel e justo do Senhor.

São José merece toda a solenidade que lhe prestamos no dia de hoje! José foi essencial ao plano de Deus, ele transformou os seus sonhos nos sonhos de Deus. Por isso, Deus, através de sonhos, também dirigiu o coração de José.

Nem sempre compreendemos os desígnios de Deus; não quer dizer que, José quis abandonar Maria ou quis fugir de Deus; ele não compreendia. Quando não compreendemos o que vem de Deus, quando o que vem d’Ele torna-se grande ou demasiado para a nossa capacidade humana, é preciso adormecer para acordar para Deus.

Adão foi levado a um sono profundo e por meio desse sono nasceu Eva, sua companheira. Foi por meio do sono de José que Deus amansou e falou ao seu coração, mostrou-lhe os seus desígnios de salvação.

Quando “adormecemos” em Deus, quando “repousamos” n’Ele, quando colocamos a nossa vida em Deus, Ele nos dirige. E, por vezes, levamos nossas inquietações para a cama e o sono torna-se perturbador e a nossa vida torna-se uma inquietação.

Deus quer que, descansemos n’Ele; para que Ele conduza os nossos passos. Deus usou o anjo e os sonhos para conduzir o coração de José, homem justo, o fiel companheiro de Maria, o esposo fiel da Virgem Maria, o homem que se fez presente na vida de Jesus como um pai precisa ser na vida de um filho.

José foi aquele quem educou, formou Jesus na sua humanidade para que aprendesse a ser homem. Volto-me hoje para os nossos pais, peço a Deus que entre nos sonhos dos nossos homens, colocando no coração de cada um aquilo que, Ele colocou no coração de José: o desejo, a vontade firme de ser um homem de Deus, de ser fiel, companheiro da esposa, pai dos seus filhos, aquele que morreu para si, que adormeceu em Deus e foi conduzido por Ele.

São José, valei-nos! São José, rogai por nós!

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

domingo, 18 de março de 2018

Homilia Diária

18MAR2018

 A morte em Deus é vida plena, vida ressurgida que nos dá a eternidade

“Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas, se morre, então produz muito fruto” (João 12,24).

Cristo é o grão de trigo de Deus no meio de nós. O grão é pequeno, até parece insignificante, mas é dele que sai o alimento que nos abastece. Cristo é o "grão" que torna-se o "pão" que nos salva, nos redime, nos alimenta e nos sacia. Cristo é o Pão da Vida, mas Ele nasce (...) como aquele grão citado no Evangelho: é preciso que o grão que caia na terra morra, para assim, produzir frutos (...). 

Cristo é Aquele que morre e a sua morte nos dá a vida. Eu sei que a morte parece a coisa mais assustadora e temerosa, por parte do coração de cada um de nós, mas a morte em Deus é a vida plena, vida ressurgida que nos dá a eternidade.

É preciso morrer para viver a vida nova em Deus e aqui não vamos pensar somente na morte final, porque ela é a porta de entrada para a eternidade, para a bem-aventurança em Deus. É a nossa morte de cada dia, é morrer a cada dia para que, a vida nova em Deus, resplandeça em nós.

Deus não nos quer sendo apenas um grão de trigo, Ele nos quer sendo aquele grão que gera a vida, nos quer saciados e que nos tornemos pão, assim como Ele se fez para alimentar a tantos. Precisamos morrer a cada dia, morrer para nós mesmos, para o pecado, morrer para os receios humanos que, muitas vezes, não são os melhores e até para as coisas boas precisamos morrer para, assim, poder viver.

O pai e a mãe de família precisam morrer para as suas vontades para que, a família tenha vida,e seus filhos sejam bem criados. É o levantar cedo, é a labuta do trabalho; tudo o que se consegue para que seja frutuoso na vida, é feito com muita morte para consigo mesmo.

A "morte" quer dizer empenho, entrega, oblação. É preciso que façamos oblação da nossa vida a cada dia, da nossa vontade que não gera vida, mas gera a morte para que a vida esteja em nós.

O exemplo de Cristo não é só para ser admirado, pelo contrário, é para ser seguido. Ele nos trouxe vida em plenitude e em abundância, porém, só temos vida em plenitude e em abundância, se soubermos morrer. Quem sabe morrer, sabe viver.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

sábado, 17 de março de 2018

Homilia Diária

17MAR2018

A “divisão” que Jesus opera é, justamente, separar o certo do errado; o bem do mal

“Assim, houve divisão no meio do povo por causa de Jesus. Alguns queriam prendê-lo, mas ninguém pôs as mãos nele” (João 7,43-44).

Jesus é causa de divisão no meio de nós, mas a “divisão” que Ele opera é, justamente, separar o certo do errado; o bem do mal. Essa divisão não é nos colocarmos uns contra os outros, pelo contrário, são aqueles que não aceitam e nem acolhem Jesus.

Jesus não separa-se de ninguém e nem exclui ninguém. O Evangelho não é excludente, ele é salvífico!E a salvação de Jesus é para todos, por esse motivo, não podemos rejeitar ninguém e nem separar as pessoas do Evangelho da salvação.

Não é Deus que se separa de nós, somos nós quem fazemos a opção de nos separarmos de Deus e de vivermos longe d'Ele, quem semeia a discórdia e a separação não é o Senhor.

É verdade que, o Seu Evangelho vem tirar o mal que há no mundo, pois o mal causa divisão, separação, desunião, o mal causa tudo aquilo que estraga as relações humanas; e quando há a presença de Deus diante dessas maldades, a Sua presença causa divisão.

A divisão é acolher ou rejeitar Jesus, amá-Lo ou odiá-Lo. É por causa do ódio e da inveja de muitos que, Jesus vai ser condenado à morte. Quem não aceita, rejeita; quem não ama, expulsa; e tudo o que eles querem é expulsar Jesus do meio do povo, da vida que levavam.

Não rejeitemos Jesus, não O expulsemos da nossa vida. O diabolus, o separador quer nos separar de Deus, mas Ele nos quer unidos. Não nos separemos de Deus, não nos separemos uns dos outros. Promovamos a concórdia, a paz, o Reino de Deus sem espalhar discórdia, sem espalhar a cizânia da separação. Há aqueles que acham que se separando é que produzirão o melhor, há aqueles que acham que semeando discórdia, confusões, brigas é que promoverão o Reino de Deus.

O Reino de Deus é aquele que promove a unidade, primeiro, a unidade do homem com Deus. O Reino de Deus é aquele que tira de nós o que não é de Deus, pois o Reino de Deus nos ajuda a viver e a conviver com as diferenças de opiniões, de conceitos, mas amar o essencial.

O primeiro essencial que amamos acima de todas as coisas é Deus, só não podemos usá-Lo para ser a justificativa para as nossas brigas, acusações, para todo espírito diabólico que age na humanidade.

Foi com muita violência verbal que rejeitaram Jesus, não usemos de nenhuma forma de violência para promover a discórdia e a separação.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

sexta-feira, 16 de março de 2018

Homilia Diária

16MAR2018

Jesus é a santidade de Deus no meio de nós e todos os Seus atos são repletos de bondade para resgatar o coração humano das garras do mal

“Tais são os pensamentos dos ímpios, mas enganam-se; pois a malícia os torna cegos, não conhecem os segredos de Deus, não esperam recompensa para a santidade e não dão valor ao prêmio reservado às vidas puras” (Sb 2,21-22).

A iniquidade do mundo é ter os pensamentos longe dos pensamentos de Deus. O pensamento da iniquidade nos conduz para uma vida torta, longe da graça e do pensamento do Senhor. Os pensamentos do mundo são cercados por uma soberba que envaidece, cega e não nos permitem ver o mundo como ele é, e nem a maldade que se introjeta, muitas vezes, dentro do nosso coração. A soberba do mundo não é simplesmente não crer em Deus; a soberba do mundo é negar os valores humanos, divinos e cada um deixar-se guiar pela cegueira do coração humano.

O pensamento dos ímpios estavam cercados de malícias; e as que nos tornam cegos são as malícias do coração, elas não nos permitem ver as realidades espirituais em nós e, assim, não conhecemos os segredos de Deus.

Os segredos de Deus não é algo escondido, que não podemos ter acesso. Os segredos de Deus são divinos, salvíficos, trazem graça e santidade para a nossa vida. Mas não dão valor ao prêmio reservado às vidas puras. O que é uma vida pura senão uma vida santa? O mundo em que vivemos está simplesmente desprezando a santidade e os valores divinos.

Contemplamos neste tempo Quaresmal, Jesus sendo desprezado, condenado, rejeitado pelos homens. Ele não é condenado por causa do que Ele fez, porque Ele fez tudo bem. Jesus é desprezado por aquilo que Ele é. Jesus é a santidade de Deus no meio de nós e todos os Seus atos são repletos de bondade para resgatar o coração humano das garras do mal, por esse motivo o mundo O rejeita.

O mundo está acostumado com o mal e não aceita ser liberto da maldade. Pensemos nos porcos que vivem dentro de um chiqueiro; eles não querem sair dali e até vociferam, rejeitam, gritam se forem retirados daquela situação. Assim é o mundo: vive sujo, cercado por todas as malícias; não acolhe o Divino Salvador, rejeita a vida que Deus nos trouxe.

Para vivermos a santidade da vida em Deus, a nossa atitude tem de ser contrária; tem de ser a de rejeitar o mundo com sua sujeira, com sua maldade e malícias. Não podemos rejeitar a salvação que Deus nos trouxe.

Abramos o nosso coração para acolher, a cada dia, a vida nova que Deus nos trouxe!

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

quinta-feira, 15 de março de 2018

Homilia Diária

15MAR2018

A oração é a postura de nos colocar na presença de Deus para sermos alimentados e nos enchermos d'Ele

“O Senhor falou a Moisés: “Vai, desce, pois corrompeu-se o teu povo, que tiraste da terra do Egito. Bem depressa desviaram-se do caminho que lhes prescrevi” (Êx 32,7-8).

O bom Deus é pedagogo, é maravilhoso. Ele desce ao encontro do seu povo e o ensina como deve viver. O Pai ensina cada um de nós a viver. Ele diz: “Vai viver a vida". Bem depressa aquele povo se corrompeu, deixou-se levar e ser atraído por outros deuses.

O que são os deuses senão os atrativos do mundo? E, também, aquilo que o mundo puxa com sedução sobre o nosso coração, para que nos desviemos do Deus da vida, e nos foquemos nesses "deuses" que estão por aí, colorindo o mundo em que vivemos.

Deus dá uma ordem a Moisés: “Desce!”, pois ele estava na montanha sagrada, estava na presença do Senhor. E, é assim que devemos fazer também: nos preencher da presença d’Ele.

A oração é a postura de nos colocarmos na presença de Deus para sermos alimentados e nos enchermos d'Ele, para mantermos o nosso coração fiel a Ele. Entretanto, Deus nos manda descer da montanha, Ele nos manda ir ao encontro do povo, porque eles, tão facilmente deixam-se corromper.

Precisamos nos encher de Deus, mas precisamos levá-Lo depressa aos outros, para que o mundo não leve os nossos filhos, não leve aqueles que Deus confiou a nós. Desse modo, não basta só rezar, é preciso educar, instruir e cuidar.

Muitas pessoas acham que basta ficar rezando, algumas mães dizem: “É Deus que cuida dos meus filhos”, porém, Deus ajuda, Ele dá sabedoria, mas quem cuida dos filhos é o pai e a mãe.

Precisamos estar na presença de Deus, mas não podemos nos omitir em cuidar daquilo que é a nossa responsabilidade. Um padre, numa Igreja, não pode ficar só rezando; ele tem de rezar, adorar ao Senhor, mas tem de trabalhar, estar junto, tem de cuidar, ouvir, instruir, chamar à atenção, "carregar no colo".

Pai e mãe não vivem só de oração; vivem também da oração, mas precisam cuidar da vida, porque ela exige cuidado, zelo, vigilância e presença; para que não se perca aquilo que é sagrado.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

quarta-feira, 14 de março de 2018

Homilia Diária

14MAR2018

Trabalhemos como o Pai que não se cansa para que o jardim de Deus seja cuidado

“Meu Pai trabalha sempre, portanto também eu trabalho” (João 7,17).

O Pai trabalha criando e recriando o mundo e Seu Filho veio para continuar no meio de nós, veio para levar à plenitude o trabalho do Pai. O bom jardineiro criou esse jardim maravilhoso que é a terra onde vivemos, aqui plantou a vida e, colocou cada um de nós, para cuidar dele. Mas houve aqueles que estragaram o jardim, deixaram ervas daninhas entrar  nele. O Pai enviou o Seu Filho para colocar ordem nesse jardim, para salvá-lo, para que ele não fosse condenado, mas que fosse salvo e verdadeiramente resgatado.

Precisamos ser colaboradores do jardim divino e não destruidores da vida que Deus criou. Há aqueles que, infelizmente, não trabalham para a vida, trabalham para a destruição da vida. Há aqueles que não semeiam a vida, pelo contrário, semeiam o joio, a semente corrompida para que se estrague o jardim da vida. Nem preciso dizer o que fazem as sementes da maldição, da inveja, da mentira, das fofocas e das maledicências; são essas que estragam o jardim de Deus, estragam o coração humano que é o lugar, por excelência, da morada de Deus.

Trabalhemos como o Pai que não se cansa, a fim de que, o jardim de Deus seja cuidado, preservado, salvo e restaurado.

O bom operário da messe do Senhor é aquele que põe a mão na massa e vai trabalhar para construir a vida. “Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, possui a vida eterna”.

O trabalho é para que a nossa vida seja plena e resgatada, para isso é preciso trabalhar com empenho, antes de tudo, na nossa própria alma: expulsando, tirando, purificando aquilo que não é vida. Têm que "aparar as arestas"; há muitas ervas daninhas para ser arrancadas; é preciso que esse trabalho esteja presente sempre em nossa vida.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

terça-feira, 13 de março de 2018

Homilia Diária

13MAR2018

Sejamos a mão de Jesus para levar tantos ao caminho da graça, de uma vida melhor

“O doente respondeu: ‘Senhor, não tenho ninguém que me leve à piscina, quando a água é agitada. Quando estou chegando, outro entra na minha frente’” (João 5,7).

Esse homem  encontrava-se doente há 38 anos e havia uma piscina onde iam cegos, coxos, paralíticos e, por uma graça, um anjo descia naquela piscina e dava a eles a graça da cura, da purificação; muitos iam nessas águas e ficavam curados, lavados, purificados, e aquele homem há 38 anos tentava chegar nessa piscina. São 38 anos, isso quer dizer, uma vida inteira, uma geração inteira. Ninguém ajudava aquele homem, porque cada um pensava em si, cada um estava preocupado com as suas doenças, com os seus problemas e passavam na frente dele e diziam: “Se vira. Aqui é cada um por si”.

Eu transponho o que viveu aquele homem para tantos homens e mulheres dos tempos de hoje, que não aproximam-se da graça, de uma vida digna, que não têm uma vida melhor porque não há quem os ajude. A condição do coração humano egoísta, orgulhoso, que só pensa em si, só pensa em melhorar a sua própria vida, só pensa na sua própria saúde, na sua própria cura e nos próprios benefícios, faz com que vivamos numa sociedade egoísta, onde cada um vive por si e Deus é que cuide de todos.

O Deus que servimos não é assim, não rezamos nunca: “Pai meu. Pão meu”. Rezamos “Pai Nosso. Pão nosso”, pois Deus criou tudo para todos!

Alguns se apossam de bens, de terras, mas não sabem nem como vão usar. É como a mãe que prepara uma comida e coloca para todos comerem, mas o guloso vai na frente e pega todos os pedaços de carne e coloca no seu prato, e nem imagina que têm outros que precisam comer.

O bonito é aquele que não serve a si primeiro, ele vai servir aos outros com todo o prazer de servir, mas hoje, infelizmente, vivemos na cultura do “cada um cuide de si” e não nos preocupamos em servir ao outro. Muitas pessoas estão precisando de "uma mão", de um socorro, de um amparo, de alguém que apenas conduza, instrua e ajude. Que o Senhor Nosso Deus, quebre esse nosso orgulho, quebre essa vida voltada para nós, para os nossos interesses. Lembremos de que, há tempos gerações inteiras não têm oportunidades de uma vida melhor, de progredir, porque não há quem os ajude.

Jesus foi "a mão" que ninguém pôde ser para aquele homem. Sejamos "a mão de Jesus" para levar tantos ao caminho da graça, de uma vida melhor. Na vida futura, na vida eterna que nos aguarda, o bom Senhor, aguarda não irá nos acolher pelos bens que acumulamos, e sim, pela caridade que praticamos em nossa vida.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

segunda-feira, 12 de março de 2018

Homilia Diária

12MAR2018

É importante entender que todo pai de família é uma condição por excelência no coração de Deus

“Havia em Cafarnaum um funcionário do rei que tinha um filho doente. Ouviu dizer que Jesus tinha vindo da Judeia para a Galileia. Ele saiu ao seu encontro e pediu-lhe que fosse a Cafarnaum curar seu filho, que estava morrendo” (João 4,46-47).

Esse funcionário do rei está em Cafarnaum para procurar Jesus, mas não na condição de um funcionário do rei, isso mostra a sua condição social e, sobretudo, que ele não era um judeu. Ele era um pai de família, trabalhador (tinha um grau de relevância) porém, mais importante do que o cargo que ele ocupava, é quem ele era.

É importante entender que, todo pai de família é uma condição, por excelência, do coração de Deus. É uma condição muito sagrada e todo pai de família precisa assumir com humildade, mas com amor no coração - a graça que tem de ser um pai.

Assuma ser um pai de família, assuma ser o pai dos seus filhos. Geralmente, é uma mãe que vai em busca da cura, do cuidado e das necessidades do filho. Diversas passagens do Evangelho nos mostram isso, mas, a de hoje chama atenção pelo fato de ser um pai.

Quero chamar os pais para que; assumam ser pai, assumam seus filhos; ser pai é uma graça divina e sublime!

O que deixa a humanidade doente, como essa criança do Evangelho, é o fato de não terem pais que assumam o valor sagrado de ser pai. Pai não é somente aquele que gera o filho; pai é aquele que gera e tem a primeira responsabilidade. Eu chamo à atenção de todos aqueles que, assumam a responsabilidade de serem pais dos seus filhos, não é simplesmente colocar o nome na certidão de nascimento; é amar, é cuidar, é se fazer presente, é interceder.

Quero que Deus abençoe demais os pais que têm zelo, amor, que se preocupam e se dobram. Não pense que ser pai é apenas trabalhar e colocar o dinheiro dentro de casa, alguns pensam: “eu já coloco comida dentro de casa; eu já pago pensão”(...). Ser pai é ser presente, é ser presença, é ser vida, é carregar no colo, é dialogar, escutar, é suplicar e saber o que está acontecendo, é ir pedir pelo seu filho.

Um filho não precisa somente de uma mãe, para ser filho ele precisa de pai e mãe. Portanto, seja pai, olhe para aquele que é o nosso Pai: Deus. E, não queira ser um pai menor; pode ser que isso seja pesado aos seus ombros, mas não se esqueça que a graça de Deus está com você.

O que comoveu o coração de Jesus, não foi por esse homem ser um funcionário do rei; não são as preocupações que vão comover o coração de Deus, e sim, o fato de que, ser pai já te aproxima d’Ele. Conte com a graça de Deus, para ser o melhor pai do mundo, porque é isso que Ele quer que você seja!

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

domingo, 11 de março de 2018

Homilia Diária

11MAR2018

É muito importante que em nossas casas, em nossas igrejas, em nossa vida não tiremos o olhar de Cristo Crucificado

“Pois Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna” (João 3,16). 

O amor de Deus por nós é pleno, Ele nos deu o que tinha de mais precioso. Se eu perguntar para um pai ou para uma mãe: “O que você tem de mais precioso?”. Eles responderão: “são meus filhos”.

A grande preciosidade de Deus é o Seu próprio Filho; Ele não pensou duas vezes ou de forma diferente.“Para salvar os Meus filhos perdidos, eu dou o Meu eterno Filho, para que não pereça e nem morra quem n’Ele crer, pelo contrário, que eles encontrem novamente a vida".

A vida está em crer em Jesus que morreu na Cruz e deu Sua vida por nós. Precisamos firmar a nossa fé n’Ele, voltar o nosso olhar para Ele. Somos chamados a olhar para Cristo Crucificado, para encontrarmos n'Ele a razão e o sentido da nossa vida.

Moisés levantou a serpente no deserto, e aquele povo que tinha caído doente foi curado pelo "simbolismo da serpente". Não é mais a serpente que se levanta no deserto, o que se levanta agora é o Filho do Homem; Ele é elevado na Cruz para que, todo aquele que olhar para Ele, tenha a vida salva.

É muito importante que: em nossas casas, nossas igrejas, em nossa vida, não tiremos o olhar de Cristo Crucificado. Por que devemos olhar para o Cristo Crucificado, uma vez que, Ele está ressuscitado? É para ter pena d'Ele? É para dizer: “Coitado”?

Coitados somos cada um de nós, Ele teve misericórdia de nós e morreu para nos salvar. Não podemos deixar cair na inutilidade, no acaso, no esquecimento o sacrifício de amor de Cristo Jesus.

Quando olhamos para o Crucificado, encontramos a grande declaração de amor de Deus por nós. A Cruz, é o encontro dos enamorados por Deus, é o grande "enamoramento" de Deus por cada um de nós.

O amor verdadeiro cura, salva, resgata, transforma, e se precisamos ser curados, amados de verdade, o nosso ponto de salvação é Cristo Crucificado, o nosso Deus amado. É o nosso Deus nos amando, nos perdoando, nos lavando, nos purificando, nos renovando.

Olhemos para o Crucificado, pois, o olhar d’Ele nos renova e nos purifica. Ele foi elevado na cruz para que, todo aquele que n’Ele crer, tenha vida em abundância.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

sábado, 10 de março de 2018

Homilia Diária

10MAR2018

A oração é uma postura de vida, é o modo como nos comportamos diante de Deus

“O cobrador de impostos, porém, ficou à distância, e nem se atrevia a levantar os olhos para o céu; mas batia no peito, dizendo: ‘Meu Deus, tem piedade de mim que sou pecador!’” (Lucas 18,13).

A oração é uma postura de vida, é o modo como nos comportamos diante de Deus, o Senhor da nossa vida. Podemos nos comportar com indiferença e frieza; a nossa oração pode ser: "Oi, Deus. Tudo ok?". Essa é a oração da indiferença e da frieza.

A oração verdadeira é a oração do compromisso, onde nos comprometemos em estar diante de Deus, mas, essa oração tem duas posturas e uma é oposta à outra: há aquele que porta-se diante de Deus de forma muito orgulhosa; ele se coloca a partir daquilo que ele acha, das virtudes que ele admira em si mesmo,das práticas religiosas que ele tem. Ele reza Ave-Marias, é do grupo de oração, vai à missa toda semana, ou todos os dias. Portanto, ele faz das suas práticas o seu prato de orgulho e apresenta-se diante de Deus a partir do que ele realiza, a partir daquilo que ele já trabalhou ou trabalha para o Reino de Deus. Há ainda, alguns que têm a postura de dizer: “Eu já trabalho para Deus faz tempo. Eu já faço isso para Deus”, e na oração é da mesma forma; mas há outra postura diante da oração: a postura do humilde, do coração contrito e humilhado, a postura de quem conhece-se de verdade, de quem não se envaidece com o que faz; a postura de alguém que entra na miséria do coração humano e sabe que não é melhor, não é mais importante do que ninguém e nem pode fazer nada se não for guiado pela ternura e pela misericórdia de Deus.

O coração humilde faz a sua oração chegar diante do coração de Deus! Mas, por que parece que essas orações não são ouvidas?

A nossa postura diante da oração é a indiferença, o orgulho, a vaidade? Ou é a oração do humilde, do sincero, do contrito, do pecador arrependimento, daquele que humilha-se e prostra-se diante de Deus, reconhecendo-se pequeno?

Deus quer que a nossa oração seja muito frutuosa e os frutos da oração dependem da postura do nosso coração diante da presença de Deus.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

sexta-feira, 9 de março de 2018

Homilia Diária

09MAR2018

Deus é Aquele que coloca a ordem em todas as coisas, quando damos a  Ele, a primazia do amor

“Ouve, ó Israel! O Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e com toda a tua força! O segundo mandamento é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo! Não existe outro mandamento maior do que estes” (Mateus 12, 29-31).

Jesus nos aponta uma coisa muito importante para a vida (...) - não há mandamento maior do que amar o Senhor Nosso Deus.

"Ouve, ó Israel", dizia Jesus. Para amar o Senhor é preciso ouvi-Lo. Pensamos que, amar é apenas um sentimento; alguns dizem: “Eu tenho um sentimento de amor muito grande por Deus”. Não se esqueça que os sentimentos, muitas vezes, nos enganam, pois, ora estão no pico daquilo que sentimos, ora estão para baixo.

É importante sentirmos, mas, é muito mais importante que os sentimentos sejam instruídos e conduzidos por uma verdade. E a verdade que conduz os nossos sentimentos em relação a Deus é a capacidade de ouvi-Lo. Ouvir não é simplesmente dizer “Escutei!”, é saber ouvir e praticar.

Tem aquele filho que diz: "Muito bem, vou fazer aquilo que meu pai mandou", mas não faz. Escutou mas não colocou em prática.

A prática do amor a Deus consiste em cada dia, como um bom discípulo, levantar-se, deixar calar tantas vozes que estão saindo de nós para que, escutemos a direção de Deus; deixemos Deus nos acalmar; colocar em ordem os próprios sentimentos da alma e do coração, por vezes, desordenados, desequilibrados; vozes que estão gritando dentro de nós.

Deus é Aquele que coloca a ordem em todas as coisas, quando damos a Ele, a primazia do amor. Se a nossa vida encontra-se em desordem é porque a primazia do amor está desordenada, existem outros amores maiores ou mais importantes do que o amor de Deus no nosso coração e na nossa vida.

Quando amamos a Deus sobre todas as coisas, amamos a nós mesmos. Amar a si mesmo é cuidar de nós, nos querer bem. Não é um amor egoísta e nem egocêntrico. É um amor de cuidado, de ternura, de zelo, e dessa forma, como amamos a nós mesmos, amamos também o nosso irmão.

Não amamos ninguém de forma egoísta, não amamos o outro por causa de nós mesmos; amamos o outro porque ele precisa ser amado, amamos com amor livre, desinteressado, com amor terno e caridade, com o amor que Deus colocou dentro do nosso coração.

Que o amor a Deus sobre todas as coisas, nos ensine a nos amarmos, e que aprendamos a amá-Lo sobre todas as coisas.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

quarta-feira, 7 de março de 2018

Homilia diária

08MAR2018

Ouvir e escutar sempre a Deus para não errar e cair

“Dei esta ordem ao povo dizendo: 'ouvi a minha voz, assim serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo; e segui adiante por todo o caminho que eu vos indicar para serdes felizes'” (Jr 7, 23-28).

Primeira coisa que o nosso coração precisa saber é escutar, acima de tudo, saber escutar a Deus, por isso que a ordem é sempre essa: “ouvir minha voz, a voz do Senhor”.

Nós precisamos nesse tempo da graça no qual vivemos, pedir a Deus que realmente cure os nossos sentidos. Esses são tudo aquilo que nos fazem viver, é a sensibilidade que há em cada um dos nossos sentidos. E, o primeiro sentido que me chama atenção é o sentido da audição, no que diz respeito, a sensibilidade da escuta, para ouvirmos uns aos outros e escutarmos o que devemos fazer; escutarmos a voz da consciência e para escutarmos a Deus.

Não é que Deus não fala, e sim, os nossos ouvidos que perderam a sensibilidade para ouvir o que é divino, sagrado. Nós ouvimos tantas coisas; por vezes as pessoas passam o dia inteiro com o fone no ouvido para ouvirem as músicas, notícias; até coisas que não deveriam ouvir. Essas coisas não estragam só os ouvidos, estragam também o coração, pois entram por eles, vão para a cabeça e de lá descem ao coração.

Ouvimos conversas fiadas, fofocas, calúnias, acusações; e há verdadeiros programas de televisão e também a internet que nos estragam por dentro. Não estrague sua audição interior e sua sensibilidade auditiva do coração, caso contrário, quando sentar para ouvir a Palavra de Deus, o coração cairá em desvaneio e os ouvidos não conseguirão ter a sensibilidade para escutar, nem mesmo a Palavra for anunciada e proclamada.

Quando a gente tenta retirar-se para ouvir, começam tantos barulhos dentro de nós. Purifiquemos os nossos ouvidos para escutar e ouvir a Deus e deixar que Ele fale a nós, porque, só podemos fazer aquilo que escutamos e falarmos do que ouvimos.

Por isso, a purificação dos ouvidos é a graça que devemos buscar nesse tempo da graça, que é o tempo da Quaresma.

Todas as vezes que deixou de escutar ao Senhor, nosso Deus, o Seu povo bateu a cabeça, extraviou-se.  Nós erramos quando não escutamos; o  filho erra quando não escuta seus pais; a esposa erra quando não escuta seu marido; o esposo erra quando não escuta sua esposa; os pais erram quando não escutam seus filhos; todos nós erramos e caímos quando não escutamos a voz do Senhor, nosso Deus.

Só não digamos que Deus não nos fala, mas reconheçamos, humildemente, que muitas vezes fechamos nossos ouvidos para não escutar ao Senhor, nosso Deus. Se de fato, O ouvirmos, seremos felizes. Ele há de conduzir a nossa vida!

Deus abençoe você!

 

Padre Roger Araújo

terça-feira, 6 de março de 2018

Homilia diária

07MAR2018

Sejamos cristãos comprometidos e fiéis aos mandamentos do Senhor

“Portanto, quem desobedecer a um só desses mandamentos, por menor que seja, e ensinar os outros a fazerem o mesmo, será considerado o menor no Reino dos Céus. Porém, quem os praticar e ensinar será considerado grande no Reino dos Céus” ( Mt 5, 17-19).

Quando o povo de Deus caminhava pelo deserto rumo à terra prometida, Ele reuniu, instruiu e formou o Seu povo; e colocou no coração deles os mandamentos para que pudessem viver e caminhar.

Tudo que não tem ordem e mandamento cai em desordem e vira uma verdadeira anarquia; e se não colocarmos ordem na nossa vida, se não tivermos mandamentos a seguir e disciplina para vivermos, cairemos no caos e na desordem.

Olhe quantas vidas desordenadas, bagunçadas e quantas vezes o nosso coração encontra-se no verdadeiro terremoto. Precisa ordenar e direcionar os mandamentos do Senhor. As leis do Senhor Deus não são legalismos, de forma nenhuma, mas são princípios de organização, de vida e ordenamentos para que a vida humana, de fato, caminhe na ordem.

Se a humanidade caminha como caminha e se está desordenada como está é porque não vive, não segue e muitos ignora e menospreza os mandamentos do Senhor.

É muito importante que nesse tempo da graça no qual vivemos, o tempo Quaresmal, nosso exame de consciência seja feito a partir dos mandamentos do Senhor. Desde o primeiro deles que é: "Amar a Deus sobre todas as coisas", até o décimo: "Não cobiçar o que não me pertence"; todos os mandamentos do Senhor precisam estar espelhados na nossa vida e nosso coração; vivendo os mandamentos do Senhor, caminharei nos Seus passos.

Não despreze os mandamentos de Deus, não os ignore e não ensinem a outros a desobedecerem e não viverem os mandamentos do Senhor. Eu digo que, os pais, têm que ser os primeiros a sentar na mesa com os filhos e rever a vida, a conduta familiar;  a família precisa viver a partir dos mandamentos de Deus.

Na minha casa e na minha família nós amamos a Deus sobre todas as coisas? Nós respeitamos o nome do Senhor? Guardamos o dia Senhor? Aqui, na nossa casa, honramos nossos pais? Vivemos o princípio da vida? O nosso corpo tem sido templo e morada de Deus? Em nossa casa e família não cobiçamos ou pegamos coisas que sejam de alguém?

Que em nossa casa falemos sempre a verdade e não deixemos que nenhuma mentira invada o nosso ambiente; um bom exame de consciência familiar santifica, renova, guarda e purifica uma família. Ensinemos uns aos outros a vivermos e a praticarmos os mandamentos, porque é isso que engradece o nosso coração diante do Senhor Nosso Deus.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

Homilia diária

06MAR2018

Jesus nos ensina que perdoar é ato de misericórdia e compaixão

“Senhor, quantas vezes devo perdoar, se o meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?” (Mt 18, 21-35)

Perdão não é uma coisa simples e nem fácil para ninguém. Perdão é a decisão mais importante de um coração para tornar-se sadio e pleno da graça de Deus, porque o perdão purifica o coração, renova a alma e os lava.

O perdão nos dá saúde, nos aproxima de Deus e transforma o nosso coração rancoroso e cheio de ressentimentos, em um coração misericordioso. No entanto, exercitar o perdão não é fácil. Por isso, Pedro perguntou quantas vezes devemos perdoar; já perdoamos uma, duas e tem uma hora que alguém fala "já cansei de perdoar".

Eu diria a você que é importante reverter a pergunta de Pedro. A pergunta deve ser esta: “quantas vezes Deus deve me perdoar? Uma vez somente, duas ou três vezes?”, nesse sentido, o próprio coração vai entender, compreender e acolher que Deus deve nos perdoar sempre.

Até podemos dizer que nosso coração não é como o de Deus, mas deveria ser. Nós devemos buscar ter esse coração, porque o coração do nosso Pai é pleno em perdão, perdoa de uma forma infinita, e essa graça do perdão deve estar dentro de nós. E, se Deus não perdoasse, Ele seria um Deus rancoroso, magoado; mas, o nosso Deus é pleno em amor, e n’Ele não há espaço para o rancor, ódio; não há espaço nenhum para ressentimentos.

Um filho que busca ser como o seu pai, busca, acima de tudo, no coração. Sendo assim, é muito importante que, neste tempo da graça que estamos vivendo, abramos o nosso coração (semelhante ao coração de Deus) para a dimensão do perdão em nossa vida; aquele perdão verdadeiro, sincero, da mesma forma como Deus nos perdoa; e Ele não nos perdoa pouco, ou mais ou menos ou com limites. Aprendamos com o Pai como devemos fazer e exercitemos o perdão!

A Páscoa verdadeira acontece no coração daquele que celebra, na vida, o dom do perdão. A renovação de uma alma só acontece quando o perdão é algo divino na vida, porque humanamente, há situações que nós não conseguimos perdoar, mas quando nos deixamos divinizar pela graça de Deus, o perdão flui em nossa alma. Os elementos divinos estão aí como: o sacramento da reconciliação, o da Eucaristia, a Palavra de Deus, e não podemos entender que "banqueteamos" de tantas coisas sagradas, mas meu coração não consiga viver a dimensão profunda do perdão.

A Eucaristia e o Sacramento da Confissão nos auxiliam a "quebrar e amolecer" o nosso coração, e esse, experimenta o tamanho da misericórdia de Deus para que nos tornemos verdadeiramente misericordiosos.

Se não temos força para perdoar, precisamos fazer uma outra pergunta ao nosso coração: “eu tenho a mesma comunhão com Deus e abraço mesmo a misericórdia de Deus sobre mim?”. Porque, pode ser que só tenha uma via - a que entra; e a via que sai pode estar obstruída.

O perdão de Deus e a comunhão Eucarística que entram em nós, precisam sair; e a forma deles saírem é pelo "remédio" do perdão e da misericórdia, porque se eles entram em mim, eles também sairão de mim em direção ao outro.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

segunda-feira, 5 de março de 2018

Homilia Diária

05MAR2018

Deus habita e mora no coração curado e restaurado pela Sua Misericórdia

“E no tempo do profeta Eliseu, havia muitos leprosos em Israel. Contudo, nenhum deles foi curado, mas sim Naamã, o sírio” (Lc 4, 24-30).

Deus vai ao encontro dos corações que se abrem para o Seu amor e para a Sua misericórdia. Talvez, alguém possa pensar que Deus é seletivo e que seleciona os melhores; e as pessoas que estão na Igreja podem pensar que sejam melhores do que os outros. Quando isso não é verdade, Deus escolhe os piores (humanamente falando), desde que, o coração se arda e se abra para nele Deus morar e habitar.

É no coração pobre e humilde que Deus habita, naquele coração que está despojado. Deus não distingue entre católico e não católico; entre quem vai à Missa todo domingo e quem não vai; ou ainda, esse aqui faz tudo o que eu quero e aquele não. O coração que Deus habita é o coração que tenha espaço para o Seu amor e para Ele habitar, falar e morar, porque, até nós que caminhamos em Deus, que trabalhamos no Reino de Deus, muitas vezes estamos cheios de ocupações, conceitos, planos, e não há espaço para Deus ficar em nosso coração, não há lugar para Ele transitar.

Quando Jesus diz que nenhum profeta é bem recebido em sua pátria, que o filho não é bem recebido em sua casa, ou ainda,  quando a Palavra d'Ele não é bem recebida na sua Igreja, é porque estamos lá, mas não tem espaço em nós, no nosso coração para a Palavra d'Ele entrar.

Pensamos: "Eu já conheço essa palavra, sei o que o padre vai dizer, estou na Igreja há vinte anos (...), não tem nada de novo para Deus fazer e transformar". Digo a você que tem sim, mas não tem espaço, não tem lugar.

Entre tantas viúvas em Israel, o povo escolhido, não foi para nenhuma daquelas que Elias foi enviado. Ele foi enviado à viúva de Sarepta, na Sidônia, pois, no coração daquela pobre e rejeitada mulher havia lugar para Deus habitar; e entre tantos leprosos que haviam em Israel, nenhum curado, mas Naamã que era sírio, nele Deus encontrou um lugar e uma morada.

Onde quer que você se encontre, na Igreja, fora dela, o importante é saber que Deus precisa encontrar espaço e lugar para Ele habitar, morar e estar junto e se fazer presente. Para que Ele entre e faça a diferença na nossa vida.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

domingo, 4 de março de 2018

Homilia Diária

04MAR2018

Devemos ter zelo, respeito e cuidado pela casa do Pai

“Tirai isso daqui! Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio!” (Jo 2, 13-25)

Nós estamos vendo Jesus demonstrando todo o seu amor e zelo pela casa do Pai. Talvez, a atitude de Jesus, possa causar em nós até uma certa perplexidade, porque o Jesus que nós conhecemos é um Jesus terno, amoroso, afetuoso e sempre muito calmo.

Não é que nesse trecho bíblico ele tenha perdido a calma do seu temperamento, muito pelo contrário, Ele colocou o temperamento na altura daquele acontecimento. Há momentos que nós precisamos ser mansos e tranquilos, e há momentos que nós vemos algo muito perigoso acontecer com os nossos e precisamos ter uma atitude mais vigorosa e, é o tamanho do zelo que nos dá mais vigor no trato com aquilo que seja Sagrado. Jesus não permite, de forma nenhuma, que se banalize o Sagrado e que se o trate de qualquer forma ou de qualquer jeito.

Tanto zelo pelo templo, mas usaram dele para interesses pessoais, financeiros, e faziam do templo um lugar de corrupção. O mestre Jesus jamais permitiria que fizessem isso com a casa do Pai. Ter zelo pela casa do Pai é ter zelo pelo o que é Sagrado e, há algumas coisas na vida, que são muito sagradas e precisamos ser veementes para defender, amar, cuidar e não permitir que se faça bagunça e comércio.

Primeiramente, façamos referência à vida humana: quando Jesus refere-se ao templo, esse lugar é, acima de tudo, ligado ao nosso próprio corpo. O corpo e a vida de cada um de nós é, por excelência, lugar sagrado. É o lugar onde Deus mora, e não podemos comercializar e desprezar o corpo e a vida humana ou tratá-la de qualquer forma e de qualquer jeito. Não podemos zombar da vida humana e não podemos "pisotear" na vida de uma pessoa, de forma nenhuma. O zelo, o respeito e o cuidado não são só para comigo, mas devemos e temos que tê-los com toda e qualquer pessoa.

Toda e qualquer pessoa é templo, lugar da morada de Deus, porque é onde o Senhor vive e faz-se presente, pois todos nós somos imagem do Criador.

Tenhamos zelo pelas coisas de Deus, pelo Sagrado, pelo templo, pelas Igrejas, pelas Capelas e não permitamos que nossas Igrejas virem lugares comerciais e feiras; não permitamos que o lugar em que prestamos culto a Deus, faça-se qualquer coisa menos rezar. Não permitamos que as pessoas que lá se encontrarem, façam algazarra, por vezes, nosso lugar de culto ao Senhor, torna-se um local de desfile e um festival de vaidade.

Quando enche-se a Igreja de "tantas coisas", perde-se a essência desse lugar sagrado, e não podemos perder a noção do lugar sagrado para que ali, não vire um lugar de desfile, comércio ou de qualquer coisa parecida.

 Sejamos consumidos pelo zelo do que é sagrado!

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

sábado, 3 de março de 2018

Homilia Diária

03MAR2018

Os fariseus tinham olhares de reprovação, mas nós devemos ter um olhar de misericórdia

Os fariseus, porém, os mestres da Lei criticavam a Jesus: ‘Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles’” (Lc 15, 1-3. 11-32).

O coração de Jesus é a extensão do coração do Pai e, é Jesus mesmo, quem nos diz como é que o coração do Seu Pai. E, essa parábola maravilhosa que costumamos chamar de "parábola do filho pródigo", mas, na verdade, o pródigo, aquele que aqui esbanja, é o Pai. Ele esbanja amor, misericórdia, ternura, acolhimento, um Pai que abre, alarga o Seu coração de uma forma única e infinita, para demonstrar o tamanho do amor que Ele tem por mim e por você.

O filho que sai da casa do pai, entristece o coração do pai, mas ele não passa a amar menos, e sim, a amar com zelo, cuidado único e particular, porque o pai não quer nenhum dos seus filhos perdidos.

Para termos um coração como o desse pai, precisamos deixar ser abraçados por ele e abraçados no menor pecado que tenhamos cometido na vida. As vezes, não temos consciência de quanto o pecado nos estraga, porém, é mais importante ter a consciência de como a misericórdia de Deus sana, cura e transforma o coração pecador em um coração sarado, renovado e transformado. Por isso, nos deixemos ser abraçados pelo Pai.

O filho mais velho vivia na casa do pai, mas não permitia ser abraçado por ele; e conformava-se porque não fez grandes pecados: não foi para o "mundão", mas cultivou o ciúme quando, o seu irmão mais novo, voltou da vida que viveu.

Por vezes, nós não cometemos os grandes pecados da humanidade: não matamos, não roubamos, não fraldamos, mas nos achamos bons, assim como esse filho mais velho. Sempre fomos fiéis a Deus, estamos sempre na Igreja, cumprimos sempre os mandamentos, mas o nosso olhar para o mundo é sempre um olhar de reprovação; um olhar como o daquele fariseu.

Esta é a expressão que melhor define o filho mais velho: ele está na casa do pai, mas não tem o coração como o do pai. Coração do Pai é um coração pródigo; esbanja amor pelo pecador, mesmo em sua pior condição.

Grave no seu coração que, para ter um coração como o do Pai, precisamos amar os pecadores por maiores que sejam pecados deles. Sabe por quê? Porque o Pai nos ama e não perguntou qual o tamanho do nosso pecado; nos ama como somos; ama cada dos nossos irmãos que, como nós,  são pecadores também.

Ama, porque quer cuidar, tratar e demonstrar o tamanho do Seu zelo. Que o Pai da Misericórdia, nos conceda um coração tão pródigo ou, pelo menos parecido com o Dele; esbanjando amor e misericórdia para tantos outros irmãos que precisam experimentar o amor misericordioso do nosso Deus.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

sexta-feira, 2 de março de 2018

Homilia Diária

02MAR2018

A inveja e os ciúmes não podem tomar conta de nós 

“Ao passarem os comerciantes madianitas, tiraram José da cisterna e, por vinte moedas de prata o venderam aos ismaelitas: e esses o levaram para o Egito” (Gn 37, 3-4. 12-13a. 17b-28).

Umas das passagens mais tristes da Sagrada Escritura é esta: a dos irmãos de José o vendendo. Na verdade, a primeira intenção deles era a de matar e eliminar José de suas vidas. José era o irmão mais novo e muito querido do seu pai: Jacó. Isso pode atribuir-se devido as circunstâncias em que José nasceu: na velhice do pai. Desse modo, o pai tinha uma certa afeição, zelo, ternura com José.

A inveja e o ciúme quando tomam conta do coração humano, matam os melhores sentimentos que há na nossa alma. Eles condensados dentro de nós, nos faz vermos o lado negativo, triste, ou ainda, interferem no olhar que temos sobre a outra pessoa, pois ficamos azedos, amargos e a partir daí começamos a planejar (mentalmente) tudo que é negativo em relação a outra pessoa.

Não se esqueça: a inveja e o ciúme matam. Matam o amor de Deus em nós, matam o amor fraterno que há em nós, matam o respeito e o zelo que devemos ter uns para com os outros. É triste ver os irmãos que invejam, tramam e falam mal dos seus irmãos; seja no contexto familiar, relacionado aos "irmãos" de fé, de caminhada ou daqueles do trabalho.

Devemos nos prevenir da inveja. Primeiro da inveja que há em nós para que, essa semente maldita não cresça em nós, porque, depois que cresce é uma força muito difícil de dominar.

Caim matou seu irmão Abel por inveja. Os que levaram Jesus à morte: O venderam, O mataram e O condenaram por inveja; e nós, muitas vezes, não reconhecemos a inveja em nós, porque ela não quer que a reconheçamos. Ela é como um vírus que entra e invade a alma e não se deixa conhecer, e assim, vai penetrando o nosso coração, a nossa alma e os nossos sentimentos. Com isso, cria uma certa amargura dentro de nós, um sentimento de competição, de rivalidade. Quando falamos daquela pessoa, falamos de uma perspectiva negativa e tem sempre algo ruim para falar em relação a essa pessoa. O problema não é ela, e sim, o mal que cresceu em nós: a inveja "tomou corpo" em nós.

E, por causa dessa inveja, os irmãos de José o venderam, e nós, estamos "vendendo" uns aos outros; falando mal; e então, cometemos um dos pecados mais sérios contra o amor fraterno que nos diz: “amai vos uns aos outros”. Essa é uma exigência da vida evangélica e amar não é, simplesmente, ter uma afeição boa com quem eu gosto; amar é não fazer o mal para o outro.

Se não queremos fazer mal a ninguém, não podemos deixar que a inveja corrompa o nosso coração. Não podemos deixar que a inveja corroa o sentimento da nossa alma, levando-nos a fazer o mal, ou seja, "vender" o irmão. Que Deus purifique o nosso coração para que o amor fraterno seja sincero.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

quinta-feira, 1 de março de 2018

Homilia Diária

01MAR2018

O homem precisa confiar e entregar o seu coração ao Senhor

“Maldito o homem que confia no homem e faz consistir sua força na carne humana, enquanto o seu coração se afasta do Senhor” (Jr 17, 5-10).

Nós, seres humanos, precisamos de relacionamentos humanos, eles são importantíssimos para a nossa vida. São dos relacionamentos humanos que nascem os "enamorados" e, é deles que surgem o amor e nesse brotam as nossas famílias, o casamento, a união do homem e da mulher.

Dos relacionamentos é que surgem belas e importantes amizades. Ninguém pode ser sozinho nesta vida e todos nós precisamos nos relacionar; é preciso apenas ter prudência e saber separar as coisas e colocar cada uma em seu devido lugar.

Todo exagero, toda amizade demasiada, todo amor que não tem medida, tornam-se um "sufoco" para a nossa vida. E isso nos prejudica, porque, aquilo que nos sufoca pode nos matar; pode matar os nossos relacionamentos e algo que era para ser belo, se destrói, pois, na verdade, não tenho uma"poda", uma direção.

A primeira coisa é que não podemos amar a ninguém, mais do que amamos a Deus. Ele é o grande amor da nossa vida, nosso grande amigo, nosso suporte, nosso apoio, nossa direção, é n’Ele que deve estar o nosso coração e a confiança de toda a nossa vida.

Coloque no Senhor a sua confiança, e a segurança de que é Ele que vai direcionar o seu coração, inclusive nos relacionamentos que nós devemos ter, por exemplo, no relacionamento familiar, no amor do marido para com a esposa e vice-versa, nas amizades que nós construímos; e não deixe que ninguém ocupe o lugar de Deus no seu coração.

Enquanto Deus for o maior amor, o primeiro amor e Aquele que direciona o seu coração, então, os outros amores da vida serão conduzidos, iluminados e direcionados pelo amor de Deus, dessa forma, não iremos nos decepcionar tanto, cair tanto e passar por tormentos que muitas vezes passamos.

A segunda coisa importante é que nenhum relacionamento pode nos afastar de Deus e não podemos permitir que ninguém nos afaste d’Ele. As vezes criamos relacionamentos onde aquela pessoa é tudo para nós, ou seja, só escuto, falo e fico o tempo inteiro com ela; e isso me prende, me aperta e o pior, muitas vezes nos afastam de Deus.

A maldição está aí: confiar em outra pessoa e deixar que esse relacionamento nos afaste do amor a Deus; Daquele que, de verdade, cuida de mim.

Boas amizades? Sim. Mas, jamais amizades demasiadas e, sobretudo, aquelas que não nos conduz para mais perto do Senhor.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo