Gol

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Homilia Diária

28FEV2019

Se não vivo a paz com os meus irmãos, não tenho o sabor de Deus em minha vida   

“(...) Tende, pois, sal em vós mesmos e vivei em paz uns com os outros” (Marcos 9,50).

No Evangelho de hoje, Jesus nos convida, em primeiro lugar, à prática da mortificação e da penitência. Mas não é a mortificação simplesmente para se mortificar, é para conceder sabor à nossa vida cristã. Não há vida cristã autêntica, sem a prática da penitência, sem revermos os nossos atos, atitudes; sem rever aquilo que fazemos e realizamos.

Muitas vezes, o nosso olhar não está focado. Então, olhemos! Direcionemos o nosso olhar. Muitas vezes, a nossa mão, o nosso corpo, os nossos pensamentos não fazem aquilo que é essencial, ou estão se perdendo.

Se a nossa mão nos leva a pecar; se ela se torna omissa; se a nossa mão se torna incontrolável usando controle remoto, computador, celulares, então, arranquemo-a. Vejo que, hoje, nos perdemos nas redes sociais o tempo inteiro, não conseguimos parar de teclar. Por vezes, nos perdemos no olhar, com aquela curiosidade mórbida, onde precisamos saber o que outro disse. É o tempo inteiro procurando nas redes sociais, simplesmente por curiosidade, e não podemos mais a conter.

Somos chamados a fazermos uma penitência, uma mortificação. Chamados a abrir mão daquilo que achamos que é essencial, porque não é essencial. Se nossos Smartphones (celulares) nos levas a pecar, fiquemos sem eles. É melhor entrar no Reino do Céu sem eles, do que termos dez celulares e irmos para o inferno.

Não nos deixemos perder neste mundo. Porque o que perdemos é o “sal”, o sabor da vida cristã. Pois estamos muito cheios de coisas mundanas direcionando a nossa vida e nos tornamos insosso. E para que serve um sal que está insosso, sem sabor, sem gosto? Serve para ser jogado fora, porque não serve para mais nada. Não percamos o sentido, o significado e o sabor da nossa vida cristã.

Vivamos em paz com os irmãos

Por último, além de recuperar o sabor (retirando aquilo que tira o sabor nós), vivamos em paz uns com os outros. Falando mal um dos outros nas redes sociais; combatendo as pessoas, criando guerras; nos colocando uns contra os outros, disseminando discórdias, fazendo tantas coisas contrárias e, muitas vezes, em nome da fé, dessa forma, como é que viveremos em paz e a promoveremos?

Viver a paz é mais importante do que aquilo que acreditamos, do que as nossas convicções. A paz nos coloca na presença de Deus e nos leva para Ele. Podemos conhecer a todos os mistérios de Deus, mas se não vivemos a paz com os nossos irmãos, não temos o sabor de Deus em nossa vida.   

Deus abençoe você!  

 

     

 

 

                  

 

Padre Roger Araújo

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Homilia Diária

27FEV2019

Jesus Cristo é Aquele que ama, tolera, respeita e acolhe

“Jesus disse: ‘Não o proibais, pois ninguém faz milagres em Meu nome para depois falar mal de Mim. Quem não é contra nós é a nosso favor’” (Marcos 9,39-40).

Jesus formou um grupo, o grupo dos seus discípulos, dos seus seguidores. Mas havia seguidores d’Ele, pessoas que conheciam a Jesus e que não estavam necessariamente naquele grupo. Eram pessoas que faziam parte da multidão, eles ouviam e aprendiam com Jesus e, com certeza, ao voltar para a casa deles, viveriam o que aprenderam com o Mestre.

Há muitos discípulos de Jesus que não estão em nossos “grupinhos”, não estão em nossas pastorais ou nos nossos ministérios. Há muitos discípulos de Jesus que não estão em nossa Igreja. Há muitos discípulos de Jesus que nem professam a fé cristã por diversas circunstâncias, entre elas, nasceram em lugares onde nem se pode professar a fé ou nem a receberam. Porém, não são contra Jesus, eles são a favor d’Ele.

O convite do Mestre não é só para a questão de proibir, e sim para não nos colocar contra; parar de criar guerra, parar de nos colocar uns contra os outros. Nós somos, muitas vezes, escândalos para o mundo, porque somos as pessoas da Igreja que vivem brigando entre si. É pastoral que não aceita outra pastoral; é grupo que não aceita aquele outro grupo.

Talvez tenhamos feito uma experiência de Deus com uma determinada espiritualidade, mas há outros que fizeram um experiência com Ele, até mais profunda do que a nossa, mas com outra. Não meçamos e nem comparemos a espiritualidade do outro; não caiamos nesse mal.

Quem é que pode conter a ação de Deus e do Espírito? Quem somos nós para dizer que aquela experiência do irmão, que é diferente da minha, não é de Deus? Deixe que o próprio Deus julgue, e que façamos aquilo que é a nossa obrigação que é primeiro a de acolher e, depois, a de é amar.

Não podemos dizer que amamos apenas a quem pensa, prega e fala como nós. Pois, corremos um sério risco de implodimos a fé cristã por não sabermos viver a tolerância, o respeito pelo o que é diferente, por quem faz diferente, por quem prega de uma forma diferente; por quem tem uma experiência de Deus diferente da nossa.

Deixe que o Espírito Santo sopre; que Ele conduza a Igreja. E não sejamos instrumentos do mal; não sejamos instrumentos para combater o outro que pensa diferente de nós.

A coisa mais intolerável, dura, cruel que vemos hoje, nas redes sociais, são pessoas da Igreja atacando as pessoas da própria Igreja. O que vemos são pessoas atacando a padres que não falam como elas, que tem uma experiência de fé diferente da nossa. Precisamos dizer a quem segue essa forma de vida, que isso é qualquer coisa, menos cristianismo, menos seguir Jesus Cristo.

Jesus Cristo é Aquele que ama, tolera, respeita e acolhe. É preciso repensar a nossa fé não a partir de nós, e sim a partir do Mestre Jesus.

Deus abençoe você!                                            

Padre Roger Araújo

Homilia Diária

26FEV2019

Há uma multidão de crianças que precisam de nós, tornemo-nos servos! 

“Quem acolher em meu nome uma destas crianças, é a mim que estará acolhendo. E quem me acolher, está acolhendo, não a mim, mas Aquele que me enviou” (Marcos 9, 37).

O Evangelho de hoje trás muitos ensinamentos do Nosso Senhor Jesus Cristo. Mas pegarei aquele que é essencial: quem quiser se tornar o primeiro, o maior: torne-se servo, o último de todos.

É uma lição para a vida. Pois, num mundo de competições, (onde vale quem é o mais lembrado, quem se sente grande) o discípulo de Cristo não pode buscar as grandezas do mundo. O que enobrece um discípulo de Cristo é saber servir ao outro; é a vida da humildade — a “pequena via”—  como nos ensina Santa Teresinha do Menino Jesus.

A pequena via, na verdade, é o caminho da alma que se contenta com as coisas pequenas e não está em busca das grandezas humanas. O caminho da pequena via é se fazer criança. A criança que se conforma com a beleza da existência, que não se deixa levar pelo orgulho, pelas vaidades da vida.

Por isso, Jesus pega uma criança, a coloca no meio deles e lhe abraça. Abraçar uma criança quer dizer abraçar a pureza, abraçar a via e o caminho da humildade. “Quem acolhe em meu nome uma destas crianças, é a Mim que estará acolhendo”.

Somos hoje chamados pela Palavra de Deus não só a converter o nosso coração para a pureza, para a inocência, para os valores que as crianças nos ensinam a viver, mas também, somos chamados a acolhê-las e jamais as desprezar.

Pense em quantas crianças precisam do nosso amor, acolhimento e ajuda. Não pense só nas crianças que são seus filhos, as acolha em primeiro lugar. Mas saibamos que, no mundo em que vivemos, há uma multidão enorme de crianças que não têm infância, não têm o que comer, como estudar e nem como viver.

É papel nosso, cristãos e discípulos do Mestre Jesus, acolher, ajudar, encaminhar e cuidar das nossas crianças. Todas a vezes que assim fizermos, estaremos cuidando, acolhendo e amando o Mestre Jesus.

Deus abençoe você!             

   

 

                   

 

    

 

Padre Roger Araújo

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Homilia Diária

25FEV2019

Tudo é possível para quem tem fé

“Jesus disse: ‘Se podes!... Tudo é possível para quem tem fé’. O pai do menino disse em alta voz: ‘Eu tenho fé, mas ajuda a minha falta de fé’” (Marcos, 9,23-24).

Acompanhamos com o Evangelho de hoje um pai que vivia uma situação dramática. Ele sofria com o seu filho desde criança. Pois, desde então, um espírito agitava aquele menino, o lançava ao fogo e à água.

Então, o pai e a mãe dessa criança já não sabiam mais o que fazer para ajudarem o filho. Era a dor de um pai e de uma mãe com o coração desesperado diante da fragilidade que vivia aquela criança. Então, eles recorreram a Jesus.

E o pedido do pai foi: “Senhor, se Tu podes, por favor, faça algo pelo meu filho”. E Jesus responde: “Se tu podes, tudo é possível para quem tem fé”. Que beleza a resposta do pai! Pois, humildemente ele diz: “Senhor, tenho fé sim, talvez seja uma fé fraca, uma fé frágil, mas com essa fé que tenho, eu Te peço: ‘Socorre, ajuda a minha pouca fé ou a minha falta de fé’”.

Quando olho a situação desse pai, olho a situação de tantos pais, que têm fé, acreditam em Deus, sabem que Ele é Pai, mas muitas vezes, não sabem recorrer a Deus, pois sentem que não têm tamanha fé.

Digo para vocês, pai e mãe: “Não importa o tamanho da sua fé, mesmo que ela esteja minúscula, abalada, arrasada por tantas situações da vida, mas sobretudo, pelos sofrimentos que seus filhos possam te causar: não tenha receio. Busque a Jesus com todo o seu coração e toda a sua alma”.  

Assim como aquele pai, rasguemos também o nosso coração para Jesus. Peçamos a Ele socorro e que Ele auxilie a nossa falta de fé. Que Ele venha nos ajudar diante dos nossos sofrimentos.

Não precisamos ter medo e receio, porque o Senhor vem em socorro às nossas fragilidades, quando humildemente nos colocamos em Sua presença. Olho para o Evangelho de hoje e me vem à mente tantos pais que, muitas vezes, se colocam de joelhos, dia e noite, suplicando a Deus pelos filhos.

Hoje, quero suplicar a todos e colocar a semente em todos que nos acompanham: homens e mulheres, papais e mamães. Coloquem-se de joelhos na presença de Jesus para clamarem pelos seus filhos. Não espere seu filho manifestar algum problema, alguma dificuldade ou sofrimento.

Peço aos pais que, desde o momento em que a criança for concebida, a primeira coisa a fazer é se ajoelhar, é entregar para Jesus, é clamar o Sangue de Jesus pelo seu filho.  

Que alegria e que benção quando nasce uma criança! Mas não se deixe levar somente pela exaltação da vida que nasceu, coloque-se de joelhos na presença do Senhor. E, quando ela for crescendo e se tornando um menino, uma menina, um adolescente, um jovem e, em todas as épocas da vida dela, os joelhos do pai e da mãe no chão são  súplicas da bênção de Deus para conduzir, libertar, salvar e restaurar os filhos.

Coloque sempre seus filhos na presença de Jesus.

Deus abençoe você!                                    

Padre Roger Araújo

domingo, 24 de fevereiro de 2019

Homilia Diária

24FEV2019

A essência do amor se resume no perdão sem medidas

“Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso. Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados” (Lucas 6,36-37).

A graça que nós recebemos é a de sermos ensinados por Jesus, Ele nos ensina como viver. A essência da vida humana é uma só: o amor. O amor sem medida, que não se contém; o amor que se dá, se doa e se renova. Mas, não caiam no amor medíocre, de achar que o amor é voltado apenas para as pessoas que queremos bem, àqueles que nos fazem o bem e que preenchem o nosso ego.

Aqui falamos do amor divino, do amor de Deus em nós. É o amor que nos leva a amarmos os nossos inimigos, a fazer o bem a quem não nos quer bem. Nos leva a louvar e a bendizer aqueles que nos amaldiçoaram. É o amor que nos leva a orar por aqueles que nos caluniam, pelos que falam mal de nós.

De forma nenhuma demos aos outros a mesma moeda, o que devemos dar a eles é o melhor de nós, que é Cristo em nossa vida. Se o outro nos deu o mal, não é com o mal que iremos retribuí-lo. Vamos retribuir com a bênção de Deus que está ou deveria de estar em minha vida. Por isso, temos as exigências do amor.

A primeira exigência do amor é praticar a misericórdia, ser realmente a dimensão misericordiosa de Deus para a vida humana. Porque Deus é profundamente misericordioso. Se você não sabe ser misericordioso, volte-se para Deus que é profundamente misericordioso. Ele nos trata com extrema misericórdia em todos os dias da nossa vida.

Segunda exigência do amor é não julgar ninguém. Olhamos as redes sociais e vemos que as pessoas estão se julgando. Quem dera se fosse julgando a si mesmas, mas julgam umas às outras. O discípulo de Cristo não lança olhar de julgamento para ninguém, pois o olhar dele deve ser o da misericórdia.

O discípulo de Cristo jamais condena o pior pecador, porque para quem cabe conhecer aquela alma, em sua profundidade, é Cristo Jesus, o nosso Senhor.

A essência do amor se resume no perdão sem medida: “Perdoai e sereis perdoados”. Quando nós praticamos o perdão, o amor de Deus está em nós. E, quando negamos o perdão, e não vivemos a sua dimensão nas realidades da vida, negligenciamos o amor de Deus que está em nós.

Vivamos o amor e Deus viverá sempre em nós, em tudo aquilo que fizermos e realizarmos.      

Deus abençoe você!   

                       

 

Padre Roger Araújo

sábado, 23 de fevereiro de 2019

Homilia Diária

23FEV2019

Precisamos sair do meio das agitações e ocupações que nos encontramos, para nos colocarmos a sós na presença de Jesus

“Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, e os levou sozinhos a um lugar à parte sobre uma alta montanha. E transfigurou-se diante deles” (Marcos 9,2).

Que beleza é contemplar o que o Evangelho de hoje nos apresenta! Jesus pega os apóstolos que são mais próximos d’Ele, e os leva para algum lugar a parte. Porque era preciso sair de onde estavam para estarem na presença de Jesus. E assim, também, é conosco, pois precisamos sair do meio das agitações e ocupações que nos encontramos, para nos colocarmos a sós na presença de Jesus.

O lugar alto representa o lugar da presença de Deus. Aqui não é importante o lugar geográfico: montanha, planície, planalto; o importante é nos retirarmos e nos dirigirmos para Aquele que está no alto: Deus, nosso Pai.

O convite de Jesus, hoje, é para sempre nos retirarmos sozinhos para o encontro com Deus. É Ele, Jesus, quem nos leva à presença do Pai, quem nos apresenta ao Pai. E, quando nós nos deixamos ser levados pelo Senhor, para estarmos a sós em Sua presença, o próprio Pai transfigura a nossa vida.    

Jesus se transfigurou diante deles, para mostrar qual é a condição do homem glorificado, do homem que participa plenamente da glória divina. Ele, pleno homem, recebe nesta condição, a antecipação da Sua glória por meio da transfiguração.   

Nós caminhamos no meio do vale de lágrimas, carregando a cruz nossa de cada dia; experimentando na pele e na carne a nossa fragilidade humana. Enfrentando todas as realidades, precisamos nos permitirmos ser transfigurados por Deus.

Nada mais nos transfigura e nos transforma do que a graça de nos colocarmos na presença de Deus. Colocar-se na presença de Deus é nos transfigurarmos; é sermos transformados e renovados. É reconfigurar os nossos pensamentos, sentimentos, a nossa própria forma de pensar a vida.

Estava tão bom estar lá, que Pedro até quis fazer uma tenda para ali permanecer, na presença do Senhor. Envolto entre a surpresa, a graça e o medo, o coração dele estava sendo tocado pela graça. Ele pôde tocar, ver, contemplar e ouvir, com os seus próprios sentidos, as realidades celestes. Deus quer transfigurar os nossos sentidos, a nossa forma de ouvir, falar, pensar e a nossa forma de ver o mundo e as realidades. Mas, nós, não seremos transformados, transfigurados e, de fato, convertidos, se não nos colocarmos na presença do Senhor.

É o Senhor quem nos transforma, converte e muda. É o Senhor quem realiza a obra nova, o homem novo e a mulher nova, a criatura nova que todos nós precisamos ser.  

Nos retiremos! Retiremos as ocupações; nos retiremos daquilo que nos preenche a vida diária para nos preenchermos da presença de Deus que está no meio de nós.

Deus abençoe você!                          

 

                      

 Padre Roger Araújo

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Homilia Diária

22FEV2019

Pedro teve fraquezas, porém, não lhe faltou a assistência do Espírito Santo para superá-las e conduzir a Igreja de Cristo

“Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la” (Mateus 16,18).

No dia de hoje, temos a alegria de celebrar a Cátedra de São Pedro. Celebramos, na verdade, aquilo que Deus edificou e construiu sobre a figura de Pedro, a Sua Igreja. Aqui não é simplesmente o apóstolo Pedro, é Pedro como figura de unidade, como figura de quem deve unificar e, também, governar a Igreja de Cristo.

É importante entendermos a Igreja de Cristo em seu mistério mais profundo. Porque a Igreja é o Corpo de Cristo, onde Ele mesmo é a cabeça; Ele mesmo a governa e está à frente dela. Mas Cristo conta com pernas, cabeça e braços humanos para que a Sua Igreja se estenda e se faça presente em todo o mundo.

A Igreja instituição, aquela necessária para o governo, para a organização e para a unidade do Corpo de Cristo; e a Igreja carisma, a que se faz presente, a que evangeliza, aquela que está em nossa casa e no mundo inteiro, são uma só Igreja e uma só cabeça: Cristo Jesus.

O Senhor não escolheu os anjos e nem os arcanjos para estarem à frente da Sua Igreja, e sim pessoas humanas

Cristo quis confiar e contar conosco, inclusive, com a nossa fragilidade humana, como também contou com a fragilidade humana do apóstolo Pedro. O Senhor não escolheu nem anjos e nem arcanjos para estarem à frente da Sua Igreja, e sim pessoas humanas.

E quando olhamos para as pessoas humanas, a começar por Pedro, percebemos que ele teve fraquezas. Porém, não lhe faltou a assistência do Espírito Santo para superá-las e para conduzir a “barca” de Cristo. Ao longo de toda a história, já foram 266 homens que estiveram conduzindo a “barca” da Igreja, são os sucessores do apóstolo Pedro.

Cátedra é a cadeira. A cadeira de quem está ali para governar, dirigir; para garantir a unidade do mistério da fé, do mistério da Igreja. Com a celebração litúrgica de hoje, acima de tudo, o nosso convite é o de nos unirmos enquanto Igreja; ou seja, tomarmos consciência do nosso papel na edificação da Igreja de Cristo. E, depois, amar muito a Igreja, não a desprezar e não cair naquilo que é a visão mundana, onde trata a Igreja como se fosse uma instituição qualquer. Ela é uma instituição divina, ainda que seja constituída por homens pecadores, frágeis, mas nunca lhe faltou a assistência do Espírito Santo. A promessa de Jesus, a de que o inferno nunca poderá vencê-la, é porque o inferno nunca poderá vencer o poder de Cristo.

Ainda que tenhamos homens revestidos de fragilidades, a graça de Cristo é maior do que toda fragilidade humana. Por isso, hoje, declaramos o nosso amor à Igreja, à unidade da Igreja; declaramos o nosso amor àquele que está na cabeça da Igreja como representante de Cristo.

Francisco, tu és Pedro para a nossa Igreja, e precisamos que estejas conduzindo e direcionado a Igreja de Cristo, para que ela seja sempre fiel ao Senhor.   

Deus abençoe você!      

                                           

 Padre Roger Araújo

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Homilia Diária

21FEV2019

Sigamos a Cristo em Sua Paixão, assim poderemos segui-Lo em Sua glória  

“Em seguida, começou a ensiná-los, dizendo que o Filho do Homem devia sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, devia ser morto, e ressuscitar depois de três dias” (Marcos 8,31).

No evangelho de hoje, vemos a profissão de fé do apóstolo Pedro. É ele quem professa que Jesus é o Messias: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Cristo é o Messias, Ele é o filho do Deus vivo. E, o que não podemos querer é separá-Lo da Sua Cruz; não podemos separar a vida humana do mistério da Cruz, presente na vida de cada um de nós.

Cristo não fala do Messias glorioso, Ele fala do Messias servo e sofredor. Aquele que veio assumir a nossa humanidade e carregar todos os nossos sofrimentos com Ele e n’Ele. Jesus disse que o Filho do Homem devia sofrer muito. E quanto sofrimento há na vida humana! Há pessoas que sofrem até demasiadamente. Por isso, Jesus se associa àqueles que sofrem muito na sua humanidade. Ele carrega todo o sofrimento humano n’Ele.

Cristo Jesus é rejeitado. A rejeição é outra característica da Cruz, da existência humana. Somos rejeitados por várias situações da vida, quando não somos acolhidos, amados. E quantas pessoas são rejeitadas do convívio social! Seja por preconceito, discriminação; seja por não serem amadas ou devido a sociedade ser mesmo seletiva. E nós, muitas vezes, nos tornamos pessoas seletivas até na fé, e acabamos rejeitando a outras pessoas.     

Cristo é Aquele que acolhe a todos os rejeitados, e a rejeição humana paira sobre Ele. A rejeição provoca chagas, dores, é um sofrimento terrível para a alma humana. A dor da rejeição é uma das dores mais cruéis, só quem sofre o preconceito e a discriminação sabe o quanto dói toda espécie de rejeição.

O Filho do Homem deve ser morto. A morte é uma condição inerente à existência humana. Todos nós queremos, de uma forma ou de outra, fugir dela, mas Cristo, não. Pois, Ele abraça a morte como aquela que é a porta para a vida. Ele sabe que muitos sofrem ou morrem de forma indigna, de forma cruel, de forma desumana; e muitos morrem porque outros provocam a morte deles.

A morte de Cristo, também, é provocada; ela é imputada a Ele. Muitas pessoas, também, são imputadas a morrerem nos hospitais; por falta de cuidados; crianças que morrem cedo; e Cristo abraça a todos aqueles que morrem e sofrem.    

Mas para todos, sejam àqueles que sofrem muito, os rejeitados; sejam para os que morrem nas diversas situações da vida, a resposta de Cristo é uma só: a ressurreição gloriosa. Assim como Ele ressuscitou, Ele nos diz que tudo o que sofremos, passamos, não é para finalizar na morte ou no sofrimento e, menos ainda, na rejeição. O capítulo final daqueles que são discípulos de Cristo é a ressurreição gloriosa. Então, sigamos a Cristo em Sua Paixão, para que possamos, também, segui-Lo em Sua glória.   

Deus abençoe você!                                     

Padre Roger Araújo

Homilia Diária

20FEV2019

Quem enxerga verdadeiramente no olhar de Deus, precisa realmente enxergar o que é cada coisa

“O homem levantou os olhos e disse: ‘Estou vendo os homens. Eles parecem árvores que andam’. Então, Jesus voltou a pôr as mãos sobre os olhos dele e ele passou a enxergar claramente” (Marcos 8, 24-25).

Hoje, acompanhamos a chegada de Jesus à Betsaida. Ali, algumas pessoas trouxeram para Ele um cego e clamavam para que Ele o curasse. Jesus tocou em suas mãos e, depois de cuspir em seus olhos, pôs as mãos sobre ele, e perguntou: “Agora você está enxergando?”. Aquele homem respondeu: “Estou enxergando homens como se fossem árvores; são homens mas só os enxergo assim, como árvores!”.

Sabemos que a árvore é “coisa”, mesmo que seja da natureza ela é um objeto. Muitas vezes, nós parecemos enxergar, mas não enxergamos devidamente as pessoas e as coisas. Não conseguimos distinguir o que são coisas do que são pessoas, ou seja, as pessoas vemos como coisas; e coisas como pessoas.

Quem enxerga verdadeiramente no olhar de Deus, precisa realmente enxergar o que é cada coisa. Não podemos transformar o ser humano em um objeto de prazer, de valor financeiro; nem enxergar nele os meus interesses, e assim por diante.

Quando não conseguimos olhar para as pessoas com um olhar puro, significa que ainda não fomos curados da nossa cegueira. Quando Jesus tocou naquele homem, ele passou a enxergar, a ver; mas ainda não enxergava de forma correta. Por isso, Jesus precisou mergulhar novamente na graça para tocar nos olhos daquele homem, para que passasse a enxergar claramente.

Deus quer que enxerguemos de maneira clara. Ainda que fisicamente possamos ter alguma deficiência na nossa visão, a interior precisa estar toda iluminada com o olhar da graça. Então, iremos parar de fazer distinção de pessoas, parar de rotular seres humanos; parar de “coisificar” as pessoas, e parar de transformar coisas em pessoas.

O olhar da graça de Deus em nós, dá-nos a graça de vermos cada coisa em seu lugar e a graça de enxergarmos, com clareza, a presença de Deus onde Ele está.

Deus abençoe você!                      

Padre Roger Araújo

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Homilia Diária

19FEV2019

A hipocrisia é a maior tentação que as pessoas religiosas vivem, porque falam de uma religião para todos, mas vivem de forma diferente

“Então Jesus os advertiu: ‘Prestai atenção e tomai cuidado com o fermento dos fariseus e com o fermento de Herodes’”(Marcos 8,15).

Os discípulos tinham esquecido de levar os pães, e estavam cochichando entre eles o que deveriam fazer. E Jesus prestava atenção neles.

Jesus não chama a atenção deles pelo fato de terem esquecido dos pães, porque todo mundo pode esquecer de alguma coisa, isso é normal. Jesus chama a atenção deles para que fiquem atentos e tenham cuidado para não se contaminarem e serem contagiados pelo fermento dos fariseus e pelo de  Herodes.

O que é o fermentos dos fariseus e o de Herodes?

O fermento que toma conta de um e do outro é a hipocrisia. Eles vivem uma religião de hipócritas, aparentam serem pessoas religiosas e de muita fé, mas, na verdade, são pessoas que vivem uma fé somente de coisas externas.

Não vivamos uma fé como a deles. Uma fé onde demonstramos empolgação; falamos bem de Jesus e das coisas de Deus; pregamos e queremos converter a todos, mas dentro do nosso interior, não cuidamos das coisas fundamentais da vida.

Não nos deixemos levedar pelo fermento da hipocrisia. Porque ela é a maior tentação que as pessoas religiosas vivem. Porque falam de uma religião para todos, mas vivem de forma diferente. Não nos deixemos levar por essa forma de vida religiosa.

É a religião de ontem, mas a de hoje também. Porque, muitas vezes, vivemos um cristianismo hipócrita, fermentado e fomentado na hipocrisia. Vivemos preocupados com a aparência, com o que os outros acham, vêem e pensam de mim, mas não ficamos preocupados em viver uma religião concisa, coerente, autêntica.

Ainda que sejamos recheados de fraquezas, tomemos consciência delas. Não demonstremos aos outros que somos super-heróis da fé, e sim que temos as nossas fraquezas, mas estamos superando-as e lutando com elas em todos os dias da nossa vida.

Não nos deixemos levar pelo fermento dos fariseus e de Herodes, que viviam uma descrença, uma desconfiança, uma falta de fé em Deus e no que Ele podia fazer. Ficavam preocupados com as coisas meramente humanas. Enquanto que, a religião é uma dependência do sagrado, tem dependência da relação com Deus.

Não tiremos a autoridade de Deus e a transfiramos para nós ou para qualquer pessoa. Só Deus é Deus. É Ele quem deve ser amado, adorado, glorificado, exaltado. É Ele quem deve dirigir os nossos corações.   

Deus abençoe você!   

           

 

         

 

   

 

Padre Roger Araújo

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Homilia Diária

18FEV2019

Qual dor maior um filho pode dar aos seus pais, do que aquela em que odeia o seu próprio irmão?

“(...) Caim atirou-se sobre o seu irmão Abel e matou-o. E o Senhor perguntou a Caim: ‘Onde está o teu irmão Abel?’. Ele respondeu: ‘Não sei. Acaso sou o guarda do meu irmão?’” (Gênesis 4,8-9).

O relato da Primeira Leitura da Missa de hoje é de um triste acontecimento, o primeiro fratricídio. É a Bíblia narrando a história de um irmão que matou o seu próprio irmão.

Caim e Abel representam toda a humanidade, todos os corações humanos, pois, somos irmãos uns dos outros. Mas, na convivência e na relação humana, os diversos sentimentos tomam conta do coração do homem e da mulher.

Sentimentos mais nobres como o amor, a gratidão, o reconhecimento, a bondade, mas também, os sentimentos mais negativos. Esses nascem, sobretudo, da inveja, do ciúme e, desses, nascem o rancor, o ressentimento, a mágoa. E, quando esses sentimentos se misturam, transformam-se em ódio. E um coração recheado pelo ódio é capaz de fazer as coisas mais horríveis possíveis.

Não é nenhuma novidade, nos tempos de hoje, irmãos que matam irmãos. Mas, quando não há a morte propriamente dita, existem as grandes e pequenas inimizades, as rixas, as brigas, as diferenças de irmão com irmão.

Irmãos que não se aceitam, que falam mal um do outro; irmãos que nem se falam mais e não se vêem mais; irmãos que não sentam na mesma mesma. Qual dor maior um filho pode dar aos seus pais, do que aquela em que odeia o seu próprio irmão?

São diferenças, rixas, situações mal resolvidas e, sobretudo, o orgulho. Porque, o orgulho é o grande veneno da alma humana. É o orgulho que dá origem a todos os sentimentos negativos que se apoderam de nós. As pessoas não se reconciliam por causa do orgulho; as feridas não são curadas por causa do orgulho; os entendimentos não acontecem por causa do orgulho.

Quanto maior for o grau do orgulho no nosso coração, mais ferido ele se encontra e, mais ainda, queremos ferir o coração do outro.  Ou nós somos curados pela humildade do Nosso Senhor Jesus Cristo ou continuaremos nos ferindo, nos atacando, nos agredindo; nos colocando uns contra os outros.

Sejam irmãos da mesma casa ou que convivem em uma comunidade paroquial ou de vivência; seja na sociedade ou no trabalho, o que mais acontece são pessoas falando umas das outras. É irmão matando irmão e isso fere o coração do nosso Deus.

Que o Evangelho nos ensine o caminho da reconciliação, da humildade, do perdão e da misericórdia. E, dessa forma, poderemos superar todo o orgulho, soberba, inveja e ressentimentos que guardamos em nós, para construirmos, enfim, a fraternidade que tanto sonhamos.

Deus abençoe você!  

   

 

    

 

 

 

         

Padre Roger Araújo

domingo, 17 de fevereiro de 2019

Homilia Diária

17FEV2019

Bem-aventurados os pobres que têm em Deus a sua única confiança

“Maldito o homem que confia no homem e faz consistir sua força na carne humana, enquanto o seu coração se afasta do Senhor” (Jeremias 17,5).

Na liturgia deste domingo, Jesus está exaltando os pobres, os que têm fome, os que choram. Ele exalta todos aqueles que são odiados e perseguidos por causa do Evangelho. Ele lamenta por aqueles que são ricos, que têm farturas, que não passam por necessidades; aqueles que riem pelo que tem e não se preocupam com aqueles que não têm nada.

No Evangelho de hoje, Jesus nos aponta que o caminho da confiança está em Deus. É n’Ele que o nosso coração tem de se refugiar, se apoiar, porque Ele é o nosso sustento.

Não coloquemos a nossa esperança e confiança nos homens. Não as coloquemos em homem algum, nem nos da política, nem nos das empresas ou dos negócios. Pois, todos os seres humanos, a começar em mim, são falíveis. E, Deus é o único que não é.

Não podemos fazer outra coisa, a não ser conduzir os corações para Deus. Apontar que Ele é o Senhor; que é o Messias; o Salvador. Os homens podem apenas serem os colaboradores; frágeis colaboradores da graça de Deus. Mas, ai do homem, que põe em si a sua confiança. Ai do homem, que faz dos seus bens materiais, do seu poder, daquilo que tem, motivos da sua valorização. Ai daqueles que confiam no que o outro tem, no que o outro pode, e no que o outro irá fazer.

A confiança do nosso coração deve estar somente no Senhor. É Ele quem cuida de nós; é Ele quem é o nosso refúgio.

Não é para vivermos desconfiados uns dos outros, achando que ninguém presta; é só para darmos a devida proporção. Confiar no outro até onde se pode confiar. Nunca colocar alguém no lugar de Deus ou acima d’Ele. Nunca colocar alguém no mesmo patamar de Deus.

Deus acima de todos os nossos pensamentos, dos nossos sentimentos, da nossa confiança. Em Deus iremos aprender a viver uns com os outros. Por isso, bem-aventurados os pobres que têm em Deus a sua única confiança. Bem-aventurados os pobres que sabem confiar no Senhor. É Ele quem sabe saciar a nossa pobreza, consolar as nossas lágrimas e cuidar do nosso coração.

Deus abençoe você!                          

 

 

Padre Roger Araújo

sábado, 16 de fevereiro de 2019

Homilia Diária

16FEV2019

Jesus tem compaixão de todos aqueles que não têm o que comer

“(...) Jesus chamou os discípulos e disse: ‘Tenho compaixão dessa multidão, porque já faz três dias que está comigo e não tem nada para comer’” (Marcos 8, 1-2).

Jesus é o Mestre que alimenta os Seus. Ele alimenta com o pão da Palavra; Ele ensina, prega. Ele conduz os corações para o Reino dos Céus. Mas o homem não vive só da Palavra. O homem vive, também, do pão que alimenta, sacia e mantém em pé. Por isso, Jesus teve compaixão daquela multidão que há três dias o seguia e não tinha nada para comer. Então, Ele manifesta aos Seus discípulos a preocupação d’Ele.    

Nós, como discípulos de Jesus, precisamos ouvir a preocupação do Mestre. Ele está preocupado com multidões que, no mundo em que vivemos, não têm o que comer.

O homem tem sede e fome de Deus. E nós precisamos levar Deus aos corações, anunciar a Sua Palavra e proclamar o Seu amor. Mas, por favor, não vivamos a hipocrisia da pregação. Não basta anunciarmos nos microfones, nos meios de comunicação e nas redes sociais que “Jesus é o Senhor”, se não nos preocupamos com a fome das pessoas.

São muitos os famintos e são grandes as multidões que, neste mundo, não têm o que comer. Nas nossas ruas, crianças passam fome; nas nossas cidades, pais de famílias, homens e mulheres, muitas vezes, não têm o que comer.

É doloroso dizer que muitas pessoas comem alimentos estragados; comem alimentos que fazem mal só para poderem enganar a fome. Enquanto isso, nas nossas casas, jogamos comida fora, crianças só comem o que querem e jogam comida fora.

Perdemos a consciência do valor sagrado do alimento e perdermos a consciência do valor sagrado da solidariedade. A nossa solidariedade tem nome, ela chama-se compaixão. Jesus sofre com todos aqueles que sofrem. Ele sofre a fome, a penúria; sofre por não ter o que comer.

Não se trata de explicações sociológicas para a fome, para a miséria humana, porque teríamos diversas razões e explicações. Aqui, trata-se de cuidar de quem passa fome, de dar o pão a quem não tem o que comer, de repartir o que temos em nossa casa, ir ao encontro daquele que é necessitado.

Não podemos permitir que, ao nosso lado e até distante de nós, qualquer filho de Deus passe fome. Não podemos, na nossa consciência cristã, dizer que esse problema não é nosso. Isso seria sinal de que não somos discípulos de Jesus, porque é Ele quem chama os Seus discípulos para dizer que tem compaixão daquela multidão que não tinha o que comer.

Jesus diz, ainda hoje, que tem compaixão de todos aqueles que não têm o que comer. Multipliquemos os nossos pães, os alimentos que temos em nossa casa. Multipliquemos a nossa solidariedade para que possamos dividir e repartir com aqueles que não tem.

Deus abençoe você!                    

                    

 Padre Roger Araújo

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Homilia Diária

14FEV2019

Precisamos cuidar dos nossos filhos e levá-los para Jesus 

“Uma mulher, que tinha uma filha com um espírito impuro, ouviu falar de Jesus. Foi até ele e caiu a seus pés” (Marcos 7,5).

Nós nascemos puros! E ainda que tenhamos a marca do pecado original, a graça do batismo nos purifica.

As crianças são puras. E como são belas as nossas crianças! É verdade que, por descuido, por falta de zelo ou por outra circunstância da vida, nossos filhos se sujam com o mundo e, nós, também, nos sujamos.

E, os espíritos impuros, ao longo da caminhada, vão entrando em nossa vida, na nossa história. Às vezes, é dentro de casa mesmo, pois dentro de uma casa onde se fala palavrão, o espírito impuro invade a mente das crianças. Numa casa onde tem gritarias, brigas e tantas outras coisas, tudo isso invade o interior dos filhos e, com toda a certeza, também invade o interior dos adultos.

Hoje permite-se tudo: televisão, internet, redes sociais. São bens necessários, mas trazem um mundo de impureza para dentro das nossas casas e, também, para dentro dos nossos filhos. Nós não podemos ser ingênuos e nem inocentes com aquilo que invade os sentimentos e pensamentos, inclusive, das nossas crianças.

No Evangelho, aquela menina sofre com o espírito impuro, está toda atormentada. E quantas meninas tão cedo se deixam levar pelo espírito deste mundo! Quantas moças e quantos rapazes, cada vez mais cedo, são seduzidos pelo espírito deste mundo. E, mais cedo ainda, é grande a quantidade de jovens querendo se suicidar porque perderam o sentido da vida.

Então, o primeiro remédio é a prevenção. Precisamos cuidar dos nossos filhos com amor, atenção, e ter cuidado com os espíritos impuros, maldosos, imundos. Espíritos mundanos que roubam, cada vez mais cedo, a pureza dos nossos.

No Evangelho, aquela mãe aflita, estava com o coração amargurado por causa do que aconteceu com sua filha. Essa mãe implora a Jesus pela vida da filha. Pede que a liberte daquele espírito impuro que a atormentava, que tirava a paz interior dela, que a deixava sempre agitada, e fazia com que ela perdesse o sentido da vida.

Esse espírito impuro precisava ser expulso da vida dela. Aquela mãe sabia que só Jesus poderia fazer isso por sua filha. E ela implora, inclusive pelas migalhas, pois como ela não era judia e, Jesus estava pregando para os judeus, para o povo da primitiva aliança, ela rompeu toda e qualquer barreira e diz: “Os cães têm direito às migalhas”.

Nós precisamos das migalhas de Jesus para os nossos filhos. Podemos dar o “Pão da Palavra”, o “Pão da Eucaristia”, o “Pão que salva”, mas se rejeitamos o Pão da Palavra, o Pão da Eucaristia, o banquete da vida,  se não os damos aos nossos filhos, o mundo tomará conta deles.

Precisamos mais do que nunca, implorar como aquela mulher: “Jesus, salva os nossos filhos”.

Deus abençoe você!    

  

                    

Padre Roger Araújo

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Homilia Diária

13FEV2019

É de dentro do nosso coração que saem as más intenções

“(...)'Escutai todos e compreendei: o que torna impuro o homem não é o que entra nele vindo de fora, mas o que sai do seu interior'” (Marcos 7,14-15).

Mais um vez, vemos a relação de Jesus com os fariseus. Eles estão preocupados com aquilo que entrará para dentro de nós, com a comida, com os aspectos dos alimentos. Porém, ainda que se tenha preocupação com a questão higiênica dos alimentos, a impureza a qual Jesus se refere é a impureza da alma, do coração e das intenções.

Neste caso, não é o que vem de fora que vai nos sujar, e sim o que já está dentro de nós. É a maldade das nossas intenções e pensamentos; é o mal que, muitas vezes, recheia os nossos pensamentos. Impuro é aquilo que pensamos, que está guardado dentro de nós e, quando soltamos, o veneno se expande, espalha.

Por isso, o homem interior cuida da sua vida interior. Ele cuida de lavar-se, de purificar-se. Ele cuida, acima de tudo, do coração dele.

Há, nos dias de hoje, uma preocupação excessiva com os aspectos externos da vida humana. Uma preocupação excessiva com a beleza, onde a pessoa passa o dia inteiro para cuidar dos seus traços exteriores. E, é muito bom cuidar de si mesmo, dos aspectos da saúde, da aparência. Mas se tivéssemos, pelo menos, a mesma preocupação com o nosso interior, as relações humanas seriam outras.

Não adianta mostrar uma cara boa, limpa, bem cuidada, se não cuidarmos com a mesma ou com maior diligência do nosso coração. Porque, o que estraga a vida humana não é aquilo que vemos, e sim o que está guardado. Pois, quando o que está guardado vem para fora, ele vem como uma artilharia, como veneno, como perigo.

Jesus fala que é de dentro do nosso coração que saem as más intenções, as imoralidades, os roubos, os adultérios, as ambições desmedidas. É de dentro do nosso coração que saem todas essas coisas. Então, cuidemos bem dele, o purifiquemos; cuidemos de lavar a nossa alma. Cuidemos de colocar em ordem os pensamentos que estão na nossa cabeça, pensamentos desordenados, soltos, impuros, maldosos, pois julgamos, condenamos, tudo isso acontece dentro de nós.

Purificando o nosso interior, teremos o melhor de nós para darmos uns aos outros.

Deus abençoe você!  

                                         

 Padre Roger Araújo

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Homilia Diária

12FEV2019

O essencial é a vivência do amor, é misericórdia que temos com o próximo; o essencial é amar a Deus com o coração puro e sincero

“(...)‘Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim. De nada adianta o culto que me prestam, pois as doutrinas que ensinam são preceitos humanos’” (Marcos 7,6-7).

Os fariseus reclamavam de Jesus e dos Seus discípulos porque eles comiam sem lavar as mãos. Os fariseus consideravam impuros aqueles que comiam sem lavar as mãos. Os preceitos que eles e muitos doutores da lei observavam, eram preceitos rigoristas. Pois os fariseus prestavam atenção no rigor da lei; na forma de lavar as mãos, os copos; e assim por diante.

Esses eram os detalhes importantes para os fariseus, enquanto que, o mais importante não se tornava, de fato, o mais importante. Porque o essencial é a vivência do amor, é misericórdia que temos com o próximo; o essencial é amar a Deus com o coração puro e sincero.

Deu-se, então, a resposta de Jesus: “Este povo me honra com os lábios, com a boca, mas o coração está longe de mim”. A doutrina que eles ensinavam não passavam de doutrinas humanas, cheia de preceitos humanos e não carregavam o ardor da graça, a força do Espírito.

E o Espírito é vida; é vida de relação com Deus; é vida de amor ao próximo. O primeiro preceito não é a doutrina, o primeiro preceito é a vida; é o cuidado pela vida. A vida como relação com Deus; a vida como respeito de um ser humano para com o outro.

Nós, muitas vezes, estamos formando uma religião farisaica, hipócrita. Uma religião que briga por causa das doutrinas, dos preceitos. Uma religião que combate quem não crê e reza como ela. Combate a quem não se veste da mesma forma, combate a quem não usa o véu, o crucifixo; e assim por diante.

Mas nos esquecemos que esses são os aspectos acidentais da religião, pois, a essência de uma religião é, de fato, a vivência do amor. Às vezes, queremos brigar por causa de Deus e, em nome d’Ele, atacamos, brigamos; criamos discussões; acusamos aos outros; criamos confusões, quando tudo isso não passa de preocupações humanas, brigas e discussões. O único preceito que nos salvará é o amor. 

Não, nós não estamos desconsiderando nenhum mandamento ou preceito da lei. Não estamos ignorando nada daquilo que são regras, liturgia, direito. Porém, todas essas coisas sem a vivência do essencial não terão importância alguma para Deus. Porque a religião que nos salva é a vivência do amor acima todas as coisas.

Vivendo no amor, viveremos os preceitos necessários para que a religião seja verdadeira e agrade ao coração de Deus.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Homilia Diária

11FEV2019

Precisamos ser o cuidado do Senhor na vida dos nossos irmãos enfermos, doentes

“Jesus percorria toda aquela região, e levavam os doentes deitados em suas camas para o lugar onde ouviam falar que Jesus estava” (Marcos 5, 55).

Jesus percorre todos os lugares anunciando o Reino de Deus e pregando o Evangelho. Onde Jesus estava, os doentes eram levados até a Ele.

É Jesus que vai até aos doentes e os doentes que vão até Jesus. É Jesus que vem ao encontro das nossas enfermidades, e nossas enfermidades que precisam ir ao encontro de Jesus.

Hoje, a Igreja celebra o Dia Mundial dos Enfermos. O Sacramento da Unção dos Enfermos é uma graça muito particular, reservada a todos os nossos irmãos e a cada um de nós, que sofremos doenças e enfermidades.

É Jesus que se faz solidário com as nossas doenças e enfermidades, elas revelam a nossa fragilidade humana. Todos nós somos perecíveis e suscetíveis às doenças e enfermidades. Precisamos cuidar da nossa saúde e fazermos todos os esforços possíveis para que ela esteja em dia.

Não podemos simplesmente esperarmos milagres do céu. O grande milagre da vida é cada um de nós saber cuidar da saúde, dando o melhor de nós, nos prevenindo dos males deste mundo, inclusive, dos males que atacam o nosso corpo, a nossa mente, o nosso Espírito, a nossa saúde, nos prevenir para que tenhamos paz e saúde.

Mas, na hora da enfermidade, Deus jamais nos abandona. Na hora da dor, da aflição e da tribulação, o Senhor quer estar muito perto de nós, e nós precisamos estar perto d’Ele. Por isso, hoje, precisamos levar nossos enfermos à presença de Jesus. Precisamos, cada vez mais, associá-los ao Corpo Místico de Jesus pregado na Cruz, o Corpo de Cristo sofredor na Cruz. É ali que Cristo cura a nossa dor e as nossas enfermidades.

Primeira coisa, é preciso sofrer junto. Sofrer com quem sofre; estar ao lado do enfermo, jamais abandoná-lo. Pois, muitas pessoas acabam sofrendo muito mais pela dor da incompreensão, da solidão, do abandono, e da falta de cuidados.

Atenção para com os enfermos dos hospitais, da nossa casa e família, porque, muitas vezes, não conseguimos dar aquela devida atenção que eles precisam.

Então, hoje, o convite de Jesus a nós é para darmos mais atenção aos doentes, enfermos e sofredores. Se, hoje, temos saúde e podemos fazer alguma coisa pelos que sofrem, façamos. Porque, amanhã, a situação pode se inverter, pode ser que sejamos nós que precisaremos do cuidado do outro.

Como é importante sermos a mão, o cuidado e  presença de Jesus na vida do outro. Sobretudo no momento da dor e da fragilidade. Jesus está ao nosso lado e nós precisamos estar ao lado do outro, o socorrendo, o levantando e levando o amor misericordioso do coração do nosso Deus.

Deus abençoe você!

 

Padre Roger Araújo

domingo, 10 de fevereiro de 2019

Homilia Diária

10FEV2019

A Palavra de Deus traz direção para nós

“Simão respondeu: ‘Mestre, nós trabalhamos a noite inteira e nada pescamos. Mas, em atenção à Tua Palavra, vou lançar as redes’” (Lucas 5,5).

Os discípulos passaram a noite toda pescando e não conseguiram nada, porém, eles não desanimaram. E, nós, quando tentamos fazer o que precisamos realizar e não conseguimos, nos frustramos, desanimamos. O cansaço toma conta de nós e tira o nosso alento.

Temos no Evangelho algo que é fundamental: uma multidão que se aperta para ouvir a Palavra de Deus. E ouvi-la é essencial. Em meio às atividades, tarefas, obrigações e compromissos de vida, precisamos nos dedicar para sempre ouvi-la.

Não basta estarmos presentes, como, por exemplo, irmos à Missa mas não ouvirmos a Palavra. Porque a nossa cabeça está sempre atormentada, estamos sempre ocupados com as nossas tarefas, obrigações, fazendo com que a nossa cabeça não pare. E, quando paramos com tudo (exatamente tudo dentro de nós) em nossa mente e coração; e nos dirigimos atentamente para ouvirmos a Palavra de Deus, ela traz direção à nossa vida.

Caso contrário, continuaremos a dar "murro em ponta de faca”, batendo a cabeça, indo pelo mesmo lado, insistindo nos mesmos erros; e as “pescas” da vida se tornarão cada vez mais infrutíferas, mais inócuas.

Talvez, o "peixe" esteja no mesmo lugar, mas nos falta a atenção devida. E o que dará atenção devida para o que devemos cuidar em nossa vida, é a atenção que dermos à Palavra de Deus. É a tarefa da escuta, de deixarmos o Mestre falar a nós. 

Se dermos atenção e escutarmos Palavra de Jesus, se realmente formos à Missa para prestar atenção nela, nos libertando do espírito da dispersão que nos faz dispersar por qualquer coisa e, ainda temos somados à dispersão, a terrível ansiedade tomando conta de nós, elas nos levam cada vez mais para o abismo e não para a profundidade da graça.

Então, dê atenção à Palavra de Deus e ela nos lançará para as águas mais profundas da alma, do coração e da vida.

Deus abençoe você!          

                 

 

 

 

Padre Roger Araújo

sábado, 9 de fevereiro de 2019

Homilia Diária

09FEV2019

Se não priorizarmos o deserto, o silêncio e o descanso, Deus não poderá fazer muito

“E Jesus lhes disse: ‘Vinde sozinhos para um lugar deserto e descansai um pouco’” (Marcos 6,31).

Multidões estavam atrás de Jesus por conta de tudo aquilo que Ele estava realizando: o Reino de Deus. Mas existe, no ensino de Jesus, algo que precisamos aprender. Pois, o chamado d’Ele é para irmos sozinhos e nos afastarmos das pessoas com as quais costumamos estar; nos afastar de tudo aquilo que fazemos e realizamos, das nossas tarefas e obrigações. Sendo assim, teremos o nosso lugar.

Esse lugar precisa ser deserto, deve ser o lugar do nosso encontro, onde podemos nos encontrar conosco mesmos, com Deus e, sobretudo, com as nossas realidades mais profundas. Um lugar onde podemos revigorar a nossa saúde física, mental, emocional e espiritual.  

Nós, muitas vezes, levamos Deus aos outros mas perecemos. Perecemos na depressão, no cansaço, no excesso das atividades, nas fadigas da vida. Isso ocorre porque não levamos a sério a Palavra do Mestre quando nos diz para irmos ao deserto nos revigorarmos e, acima de tudo, para descansarmos nem que seja um pouco.

Precisamos desse descanso, e Jesus fazia isso com maestria. Ele não ficava o dia todo pregando para a multidão, Ele tinha compaixão, ensinava ao povo muitas coisas, mas sempre retirava-se. Primeiro, para estar consigo mesmo, a sós; segundo, para viver a profunda comunhão com o Pai e, depois, para se refazer, porque a missão era árdua.  

Quem de nós não tem uma missão tão árdua? Quem é pai; mãe; jovem; quem tem responsabilidades sabem que, a cada dia, a missão é mais árdua.

Se não priorizarmos o deserto, o silêncio e o descanso, de fato, Deus não poderá fazer muito. Podemos pensar: "Ah, mas eu trabalho para Deus e tenho muitas responsabilidades”. Mas é por esse mesmo motivo que precisamos do descanso, pois, quando mais responsabilidade temos, mais precisaremos do refrigério, do descanso. Se o trabalho é sagrado, na mesma proporção é o descanso, o refrigério d’alma. O convite do Mestre Jesus é para que repensemos a nossa vida a partir de um cuidado essencial para com a nossa saúde.

Não espere ficar todo quebrado, estraçalhado, perder toda a harmonia interior para só depois procurar um tratamento. O deserto é a prevenção evangélica.

Deus abençoe você!       

 

                       

 

 

Padre Roger Araújo

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Homilia Diária

08FEV2019

Quando a caridade não está viva em nós, o espírito cristão arrefece   

“Irmãos, perseverai no amor fraterno. Não esqueçais a hospitalidade; pois, graças a ela, alguns hospedaram anjos, sem o perceber. Lembrai-vos dos prisioneiros, como se estivésseis presos com eles, e dos que são maltratados, pois também vós tendes um corpo!” (Hebreus 13,1-3).

Hoje, a nossa meditação é sobre a Primeira Leitura da Missa, a Carta aos Hebreus. Essa leitura retoma ao nosso coração os pilares fundamentais da vivência da caridade, porque essa precisa ser viva, exercida e praticada. A caridade não pode ser só meditada, admirada, contemplada, ela precisa ser atuante. Quando a caridade não está viva em nossa vida, o nosso espírito cristão arrefece.   

Estamos contemplando tragédias e mais tragédias neste mundo. Tragédias tão recentes em nosso meio, como a de Brumadinho, em Minas Gerais, por conta dela nos unimos em oração. E que maravilha quando nos unimos em oração! Mas não basta somente orarmos pelas situações, precisamos agir para transformar as situações no mundo.

Se sabemos que alguém está doente e rezamos por ele, que maravilha! Temos de rezar. Porém, também, temos de cuidar, precisamos saber o que humanamente podemos fazer para aliviar o sofrimento daquele irmão.

Se a pessoa está desamparada, perdida, e pensamos assim: “Ah, que Deus a ajude!”. Como Deus irá ajudar, se Ele conta com as nossas mãos? E, pode ser que Deus não possa contar com as mãos dos Seus seguidores, dos Seus filhos, os cristãos, então, são outros que nem creem em Deus que, muitas vezes, exercem a hospitalidade que em nós, cristãos, deveria ser tão latente e presente em nossa vida.

“Não vos esqueçais dos prisioneiros”. Quantos irmãos nossos estão presos? Talvez, nós paremos no espírito justiceiro do mundo e estamos apenas os condenando. Hoje, a visita nos presídios está relegada a Pastoral Carcerária, e ela trabalha; mas quantos de nós poderiam se fazerem ainda mais presentes em realidades tão duras. 

São nossos irmãos que estão nas prisões, nos hospitais. São irmãos nossos, do mesmo Corpo que é o Corpo de Cristo, que são maltratados, esquecidos; são idosos, crianças, irmãos de rua. Não nos esqueçamos da caridade, sem ela não há salvação. Podemos ser bons adoradores, rezar mil Ave Marias todos os dias, mas sem exercer a caridade neste mundo, nós não o transformaremos.

E não é uma caridade passiva, onde dizemos: “Vou rezar por você”, pode começar pela oração, pois ela é graça, mas que seja uma graça atuante. Oração revertida de ação concreta, pois precisamos sair de nós mesmos para cuidar das realidades sofridas deste mundo. Essa é a forma de sermos sal, fermento e luz, para os quais o Mestre Jesus nos enviou para ser.

Deus abençoe você!                     

       

Padre Roger Araújo

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Homilia Diária

07FEV2019

Precisamos do outro para fazer o Reino de Deus acontecer, pois a missão, a graça e a vida não acontecem no individualismo

“Jesus chamou os doze e começou a enviá-los dois a dois, dando-lhes poder sobre os espíritos impuros” (Marcos 6,7).

O Evangelho de hoje nos coloca diante de tantas coisas importantes para a nossa vida. Uma delas é que não somos discípulos sozinhos, porque somos discípulos do "Corpo", onde Jesus é a cabeça.   

Jesus chama os discípulos dois a dois e os envia, pois um pode ser bom, mas dois é excelente. A mãe em casa orando pelo filho é bom, mas o pai e a mãe orando por eles é sublime, excelente; e não terá espírito que poderá agir na casa deles. Pois um fortalece ao outro; é um agindo junto ao outro.

Hoje, infelizmente, vivemos no espírito do individualismo presente nas casas, na família, na Igreja. É cada um realizando a sua missão, “cada um por si e Deus por todos”, essa expressão popular tem tomado conta dos corações. Mas a missão, a graça e a vida acontecem a dois.

Não nasce uma vida humana sem a união de um homem com uma mulher. A missão do Reino de Deus deve ser pregada a dois, ainda que cada um tenha o seu jeito, modo e maneira. Porém, acima de tudo, o espírito comunitário deve prevalecer em tudo o que fizer e realizar.

Jesus enviou os discípulos e colocou no coração deles a renúncia a todo e qualquer espírito do individualismo. Se nos juntamos ao outro, o mal e o maligno não terão poder sobre nós. Mas quando nos dividimos (cada um por si) a graça se enfraquece e o Reino acontece de forma não tão eficaz como deveria acontecer.

Por que Jesus nos envia dois a dois? Para nos dar poder sobre os espíritos impuros. Inclusive, um grande espírito impuro é o individualismo, o egoísmo, isto é, a tendência de nos fecharmos em nós mesmos. Precisamos expulsar  esse espírito da nossa vida e do meio dos nossos.

E o poder que Jesus dá a nós, é justamente para que purifiquemos o mundo de todas as maldades, crueldades e tormentos que o maligno tem lançado sobre as mentes e os corações.

Comecemos fazendo isto: orando dois a dois, com três ou quatro, mas oremos.

Não basta rezar pela nossa família, precisamos rezar com eles, com a nossa família. A oração individual é graça, mas por que marido e mulher não rezam juntos? Por que pais não rezam com os filhos?

Iremos expulsar os espíritos impuros de nossas casas e famílias, quando aprendermos que precisamos do outro para fazer o Reino de Deus acontecer.

 

Deus abençoe você!      

 

 

     

 

 

                 

 

Padre Roger Araújo

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Homilia Diária

06FEV2019

Não podemos nos omitir e deixar de levar a presença de Deus aos nossos, para os de dentro da nossa casa

Jesus foi a Nazaré, sua terra, e seus discípulos o acompanharam. Quando chegou o sábado, começou a ensinar na sinagoga” (Marcos 6,1).

É muito belo acompanhar quando Jesus voltou a Jerusalém, para a terra em que foi criado. Ele volta ali para fazer-Se presente e para levar, aos seus, aquilo que Ele veio trazer.

Nós não podemos nos omitir e deixar de levar a presença de Deus aos nossos. Muitas vezes, levamos Deus para os de fora, para o mundo, até porque, é mais fácil e, o mundo, às vezes, nos acolhe melhor. Pois, os nossos, nos olham, conhecem as nossas fraquezas, nos vêem simplesmente como o “comum”, e não vêem a graça que precisamos levar.

Mas, nós precisamos assumir a nossa missão, seja dentro de casa, na família, onde vivermos, pois, ali, deveremos proclamar a presença de Deus. Veja: Jesus não se omitiu; Ele voltou à Sua terra, foi à sinagoga e, o mais importante, ali Ele ensinava a Palavra de Deus.

Não seja catequista apenas para fora; não seja evangelizador só para os de fora. Seja um evangelizador dentro da sua casa. Com humildade e sabedoria evangélica fale de Deus para os seus, essa é a nossa primeira missão.

Depois que Jesus ensinou na sinagoga, ali Ele não pôde fazer tantos milagres, não pôde espalhar a graça. Saibamos que ouvir já é uma graça, mas o milagre é quando escutamos a Palavra de Deus e ela nos penetra. Pois é, então, que se realiza o Reino de Deus em nós, porque ela muda as nossas convicções e transpõe a nossa maneira de pensar. Queremos milagre maior do que isso?

Sabemos que, quando acolhemos a Palavra de Deus, permitimos que ela entre nós, que mude aqueles sentimentos negativos que cultivamos em nosso coração e mude, também, a nossa maneira de agir. Mas, ali em Jerusalém, muitos não souberam. Eles olharam para Jesus apenas como mais um e ficaram escandalizados com Ele.

Por isso, Jesus curou apenas a alguns doentes e admirou-Se com a falta de fé deles. É preciso ter fé para acolhê-Lo, amá-Lo; é preciso ter fé para que a Sua Palavra não seja apenas ouvida, e sim ruminada, guardada e vivida. Então, veremos o milagre acontecer dentro da nossa própria vida.

Deus abençoe você!      

 

 

           

 

Padre Roger Araújo

terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Homilia Diária

05FEV2019

Os pais precisam ser presentes. Inclusive, gostaria que as mulheres não tomassem somente para elas a responsabilidade de cuidar dos filhos

Aproximou-se, então, um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo. Quando viu Jesus, caiu a seus pés, e pediu com insistência: ‘Minha filhinha está nas últimas. Vem e põe as mãos sobre ela, para que ela sare e viva!’” (Marcos 5,22-23).

O Evangelho de hoje tem duas preciosidades: a primeira é Jairo, chefe da Sinagoga; a segunda é a mulher que estava atormentada há doze anos por uma hemorragia crônica.

Jairo era um pai de família. Talvez olhemos para ele apenas como um chefe da sinagoga, mas o importante nas pessoas não é o cargo que elas têm, mas aquilo que elas são. Pai é pai, mãe é mãe, nada é mais sublime do que isso. Queremos rotular as pessoas: “Olha o chefe. Ele é isso. Ele faz aquilo”. Ele é um pai. E que beleza o coração desse pai! Geralmente, estamos vendo somente as mães, são elas que pedem, que suplicam, que correm atrás. Aqui é o pai que deixa para trás toda a arrogância do título, da importância que ele possa ter de chefe da sinagoga para assumir o seu lugar de pai.

Preciso dizer que os pais precisam ser presentes e atuantes. Inclusive, gostaria que as mulheres dissessem isso, que elas não tomassem somente para si a responsabilidade de cuidar dos filhos, porque é uma divisão errada das tarefas que foram dadas.

Dizem assim: "O homem trabalha e cuida de trazer o sustento para a casa, e a questão dos filhos é da mãe". Isso não é verdade, porque tanto o pai quanto a mãe precisam ser presentes na vida de seus filhos.

O que fez diferença na vida dessa criança do Evangelho foi, justamente, a presença do pai. Jairo estava dizendo: “Minha filhinha está nas últimas. Senhor, coloque as mãos sobre ela, para que ela sare e viva”. Quantos filhos estão doentes e enfermos, perdendo a vida pela falta da presença paterna!

A presença não se faz somente comprando presentes, cuidando das coisas da casa. A presença tem de ser ativa e efetiva. O pai precisa ir à Missa rezar e suplicar pelos seus filhos. O pai tem de estar em casa orando pelos seus filhos, tem de colocar as mãos sobre a cabeça, sobre os ombros deles e rezar, ser afetuoso, carinhoso, porque, às vezes, o pai só levanta a voz para brigar com o filho, para chamar à atenção.

A Palavra de Deus está dizendo que o pai tem de ser presente, inclusive, espiritualmente. Acabemos de uma vez por todas com essa divisão errada que foi feita em nossas casas. A responsabilidade da criação, seja ela educacional, espiritual e emocional, é do pai e da mãe.

Puxemos os nossos pais para que se façam vivos e presentes. Alguns podem dizer: “Eu não tenho jeito!”, mas para o que não tem jeito, aprendemos a ter jeito. Todo mundo pode rezar e suplicar, porque Deus escuta a oração que vem do coração do pai.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Homilia Diária

04FEV2019

Que Jesus nos liberte de todos os espíritos impuros que rondam pelos ares

“Então Jesus perguntou: “Qual é o teu nome?” O homem respondeu: “Meu nome é ‘Legião’, porque somos muitos”. E pedia com insistência para que Jesus não o expulsasse da região”(Marcos 5,9-10).

Ficamos assustados, assombrados, com o Evangelho de hoje. Porque, Jesus estava saindo da barca e, quando Ele saiu, quem foi ao encontro d’Ele era um homem possuído por um espírito impuro, e ele tinha saído do cemitério.

Podemos pensar que um espírito impuro é apenas uma impureza, igual quando temos uma impureza no corpo e não cuidamos. Mas, no Evangelho, aquele espírito impuro estava destruindo a vida daquele homem. Esse espírito impuro, inclusive, pelo nome já diz o que faz. Quando Jesus pergunta: “Qual o seu nome?”; ele diz: “Legião”, ele parece ser um demônio só, mas são muitos. E, de diversas formas, atormentavam a vida daquele homem.

Quando o espírito impuro entra em nós, o estrago é grande. Pois, o espírito impuro invade a mente, o pensamento, o sentimento, a vontade. Ele nos estraga aos poucos, até tomar conta de nós, porque ele é assim: tudo suja e vê maldade em tudo.   

Quando o espírito impuro está em nós, e já que boca fala do que vem do coração, então, o coração, que está cheio de impureza, vê tudo e fala tudo com o olhar da maldade. Só vê o mal nos outros, está sempre falando mal dos outros, só vê problemas em tudo, só existe maldade, coisas ruins e tragédias no mundo.

Não é para fazermos “vista grossa”, mas quando o Espírito do Senhor está em nós, então, proclamamos Deus para o mundo terrível. Agora, quando o espírito impuro, imundo está em nós, proclamamos coisas terríveis para o mundo.

A forma do maligno entrar em nossa vida, é nos tornando pessoas impuras e maldosas. Pessoas que onde chegam, semeiam a maldade nas situações e, quando abrem a boca, saem sempre coisas trágicas e terríveis.

E o espírito impuro, que atormentava a vida daquele homem, é o pior, porque agia nos pensamentos. E nossos pensamentos estão também assim, dispersos, atormentados, estamos cheios de devaneios dentro de nós. Esses pensamentos nos atormentam dia e noite, tiram a nossa paz e o nosso sono. E, quando pensamos no outro, só vemos coisas negativas, malignas, tanto do outro como da nossa vida.

O espírito impuro invade os corações e cria tormentos, pois nos dá maus sentimentos, nos enche de ressentimentos, mágoas e rancores. Esses são os piores demônios para a vida humana, e eles não querem sair dela. Mas, Jesus não dá trégua aos espíritos impuros, nós que nos afastamos d’Ele, porque nos acostumamos a viver com esses espíritos. Porém, depois que eles destroem a nossa vida, nós precisamos do Mestre.

Não deixemos que os espíritos impuros tomem conta de nós. Que eles possam ir para o lugar deles, onde é sujo e imundo, mas que não venham a nós. Que Jesus nos liberte de todos os espíritos impuros que rondam pelos ares.

Deus abençoe você! 

                       

 

Padre Roger Araújo

domingo, 3 de fevereiro de 2019

Homilia Diária

03FEV2019

Não podemos expulsar Jesus da nossa vida, devemos aceitá-Lo como Senhor e Salvador 

“Levantaram-se e O expulsaram da cidade. Levaram-No até ao alto do monte sobre o qual a cidade estava construída, com a intenção de lançá-Lo no precipício” (Lucas 4,29).

Jesus estava de volta a Jerusalém, na cidade de Nazaré. Ele nasceu em Belém mas foi criado em Nazaré; nessa cidade Ele recebeu toda a instrução, educação e formação. Ele recebeu, de fato, todos os valores que, de modo evangélico, trouxe para nós.

Foi em Nazaré que seus pais O criaram. E, nós, muitas vezes, assumimos o lugar onde fomos criados como se fosse o nosso berço. E, por esse motivo, O chamamos de Jesus de Nazaré, pois foi lá que Ele desenvolveu toda a Sua vida. E, quando já adulto e começando a Sua missão pública, Ele voltou para aquela sinagoga, tomou a Palavra de Deus e a assumiu para Si mesmo. 

As pessoas se admiravam com as palavras cheias de sabedoria que brotavam da boca de Jesus. Mas não bastava admirar, era preciso crer, assumir, tomar posse e aceitar a Jesus como Senhor e Salvador.

Muitas vezes, somos como aquelas pessoas: admiramos as coisas de Deus, mas não tomamos posse. E, se não tomarmos posse, se não aceitarmos a Jesus como Senhor e Salvador, se não permitirmos que a Palavra d’Ele nos provoque mudança de vida e conversão, iremos rejeitá-Lo.

Quando o Mestre disse que nenhum profeta é bem recebido em sua pátria, é porque O receberam como amigo, mas não O receberam como o Senhor; e não receberam a palavra d’Ele para que ela entrasse na vida deles. Por isso, depois de tudo aquilo que Jesus falou, anunciou e proclamou, inclusive sobre a incredulidade deles, eles ficaram furiosos, levantaram-se e expulsaram Jesus da cidade.

Vejam que tragédia, a própria cidade que O viu crescer, os amigos, vizinhos e parentes d’Ele expulsaram-O da cidade. Eles O levaram para um alto monte com a intenção de jogá-Lo no precipício. Então, Ele saiu do meio deles e continuou o Seu caminho.

Jesus quer entrar em nossa casa, na nossa vida e família, no entanto, para transformar a nossa casa, mudar a nossa vida e fazer a diferença, não podemos expulsá-Lo do nosso meio. Não coloquemos Jesus para fora da nossa vida.

A sociedade pagã em que vivemos expulsa Jesus em tantas atitudes, porém, nós que somos os seus discípulos, não podemos fazer o mesmo. Precisamos acolhê-Lo, amá-Lo e deixar que a Palavra d’Ele mude e transforme a nossa vida, senão faremos parte do grupo dos indiferentes que não acolheram a sua mensagem.

Deus abençoe você!

             

 

                      

 

Padre Roger Araújo

sábado, 2 de fevereiro de 2019

Homilia Diária

02FEV2019

Assumamos diante do Senhor que pertencemos a Ele, que somos a Sua propriedade e queremos levar a vida em Seu nome

“Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, a fim de apresentá-lo ao Senhor. Conforme está escrito na lei do Senhor: “Todo primogênito do sexo masculino deve ser consagrado ao Senhor” (Lucas 2,22-23).

Hoje, celebramos a Festa da Apresentação de Jesus. Ele era uma criança e estava com 40 dias de nascido. Seus pais o levaram ao Templo de Jerusalém para ser apresentado a Deus.

A apresentação é, na verdade, uma entrega, uma consagração. Porque se a lei prescrevia que todo primogênito do sexo masculino deveria ser consagrado a Deus, nesse sentido, a consagração quer dizer entrega, pertença. Entrego aquilo que Deus me deu, para que Ele mesmo marque, unja e diga: “É propriedade do Senhor, pertence a Mim”.   

Nossos pais, também, nos apresentaram ao Senhor. Éramos ainda crianças quando fomos batizados e, mesmo que nossos pais e padrinhos não tenham prestado toda a atenção na riqueza dos significados e, hoje, nós também, muitas vezes, não prestemos a atenção e não permitamos que cresça aquilo que o Batismo realiza em nossa vida, no momento do Batismo houve uma verdadeira consagração, uma verdadeira entrega nossa a Deus. 

Então, hoje, é dia de nos apresentarmos a Deus. A melhor forma de nos apresentarmos a Ele é assumirmos a nossa consagração, a nossa entrega, o nosso Batismo. Pois, o Batismo não somente nos lavou da marca do pecado original, conferindo a nós o dom do Espírito quando Ele fez morada em nós, como, também, nos ungiu.

A unção com o óleo dos catecúmenos que o sacerdote passa no peito de cada criança, e o faz com muito amor e dizendo: “É do Senhor, está marcado para ser de Deus”, marca a nossa pertença a Deus. Como seria bom se olhássemos com o olhar da fé essa marca indelével, eterna de Deus que está em nós.

Essa marca que está em nós precisa frutificar, ou seja, produzir frutos. Como podemos assumir a consagração a Deus? Primeiro, tomarmos a consciência de que somos consagrados e pertenças de Deus; depois, vivermos no mundo como um consagrado, sabendo que precisamos viver diferente e fazendo a diferença.

Porque, uma vez que fomos escolhidos e apresentados para sermos de Deus, necessitamos viver como pessoas d’Ele. Precisamos viver como filhos(as) de Deus no mundo em que estamos e fazermos com que a unção não seja apenas uma marca do passado, mas seja, de fato, a graça presente e atuante na nossa vida em tudo aquilo que fizermos e realizarmos.

Hoje, assumamos diante do Senhor que pertencemos a Ele, que somos a Sua propriedade e queremos levar a vida em Seu nome. E, em tudo aquilo que fizermos e realizarmos, levaremos o nome d'Ele e, assim, consagraremos as nossas crianças, nossos filhos para que sejam d'Ele e assumam a Sua graça na vida deles.   

Deus abençoe você!      

                    

Padre Roger Araújo