Gol

domingo, 31 de março de 2019

Homilia Diária

31MAR2019

Tamanha é a misericórdia de Deus por nós, que nos leva a abraçar o ser humano seja lá qual for a sua situação

Mas era preciso festejar e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado” (Lucas 15,32).

Cada vez que medito a parábola do filho pródigo, que nos é proposta neste quarto domingo da Quaresma, volto-me, em primeiro lugar, para este Pai maravilhoso e pródigo, que esbanja amor e misericórdia de forma única e singular, no qual somos incapazes de chegar a tamanha dimensão.

O filho que estava na casa do pai foi embora e gastou tudo, até a si próprio; quando voltou esquartejado, machucado e triturado pelo mundo, o pai estava de braços abertos para acolhê-lo, para amá-lo, perdoá-lo, curá-lo e refazê-lo.

Precisamos primeiro pedir ao pai que nos dê um coração como o dele, para podermos acolher e nos abrir para buscar cada filho que está perdido no meio dos prazeres e pecados deste mundo. Não pensemos somente nos grandes pecadores, porque, muitas vezes, somos como o pai, mas somos também como esse filho pródigo.

Deixamo-nos levar pelo orgulho, pelas tentações do mundo, pelas tentações do nosso interior, do nosso ser orgulhoso, e vamos nos desviando e nos afastando. Cada vez que vamos no sacramento da confissão para confessar os nossos pecados, vamos como o filho pródigo, e há um pai de braços abertos nos acolhendo e purificando; então, levantamo-nos dali com a disposição de sermos, cada vez mais, pais que acolhem o outro no seu pecado.

Eu não me escandalizo mais com pecado nenhum no mundo, pois tamanha é a misericórdia de Deus em nós, que nos lança a abraçar o ser humano seja lá qual for a sua situação.

Precisamos reconhecer que, muitas vezes, somos aquele irmão mais velho, estamos fechados em nós mesmos, na nossa fé, nas nossas orações, nos nossos compromissos. Estamos julgando, condenando, não estamos acolhendo, não estamos amando, não entramos nas profundezas do coração do pai e nos sentimos melhores que o filho esbanjador, quando, na verdade, estamos esbanjando orgulho, soberba, falta de misericórdia e atenção para com o outro.

Hoje é dia de todos nós nos convertermos, sobretudo, diante de tantas atitudes soberbas e orgulhosas que nos impedem de acolher o irmão que precisa voltar, de acolher a miséria que o outro vive ou a situação um pouco embaraçosa que outros possam se encontrar quando em nós assumimos que precisamos ter o coração do pai, ser cada vez menos esse irmão mais velho e nos tornarmos como o pai pródigo no amor e na misericórdia. Experimentamos em nós esse filho esbanjador, que um dia esbanjou o pecado, mas agora está necessitado profundamente do amor desse pai.

Façamos festa, façamos da Palavra de Deus o júbilo da alma e do coração para acolhermos os irmãos, para nos acolhermos no coração de Deus. 

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

sábado, 30 de março de 2019

Homilia Diária

30MAR2019

A soberba é um veneno que vai nos colocando diante de atitudes cada vez mais orgulhosas na vida

O cobrador de impostos, porém, ficou à distância, e nem se atrevia a levantar os olhos para o céu; mas batia no peito, dizendo: ‘Meu Deus, tem piedade de mim que sou pecador!’” (Lucas 18,13).

Jesus nos coloca, hoje, diante de dois modos de oração ou diante de duas posturas de vida. Um fariseu apresenta a Deus a oração do orgulho espiritual, a oração da soberba.

A oração é aquilo que nós, muitas vezes, fazemos quando deixamos que o orgulho conduza a nossa vida, justificamo-nos, achamo-nos melhores que os outros, colocamo-nos engrandecendo até com as orações que nós fazemos. Fazemos propagandas das nossas orações, das nossas virtudes e assim por diante, e falta aquela postura da humildade do publicano que nem se atrevia a olhar para Deus.

O soberbo se acha dono de Deus e das coisas d'Ele, o soberbo acha que tem o dom e pode falar em nome de Deus em toda e qualquer situação. Já o publicano é aquele que reconhece o tamanho do seu pecado e vai atrás de Deus, em primeiro lugar, para implorar a Sua misericórdia e o Seu perdão.

Cada vez mais, eu tenho me convencido do quão pobre pecador eu sou. Sem ter mérito da graça de Deus, porque ela é grande demais em minha vida! A Ele o meu louvor, a honra, a glória e a ação de graças.

A cada dia, eu tenho duas coisas para fazer na minha oração: louvar a Deus, porque Ele é grande, é poderoso, e só Ele é digno de louvor, glória e adoração; adorá-Lo em Espírito e verdade, mas preciso colocar, e tenho colocado cada vez os meus joelhos no chão, porque quanto mais me aproximo de Deus, mais reconheço que sou pecador, miserável, que tenho as minhas falhas e não são poucas. Por todas elas, eu busco a infinita misericórdia de Deus, porque eu sei que dentro de mim há também a soberba.

A soberba é um veneno que vai entrando, vai nos penetrando, vai nos colocando diante de atitudes cada vez mais orgulhosas na vida. Queremos ser mais que o outro, queremos saber mais que o outro, queremos ser donos de Deus e dos outros.

Essa atitude vai nos cegando, vai nos colocando numa postura farisaica diante da vida. Por isso, eu peço a Deus que me ensine, cada vez mais, a reconhecer as minhas misérias; e que me faça uma pessoa humilde e me dê uma alma que se humilha diante da Sua presença a cada dia da minha vida. Sem ilusões, sem fantasias nem enganos, mas que eu não viva uma religião enganosa nem para os outros nem para mim mesmo. Se eu tomar consciência das minhas misérias, isso já faz de mim um ser humano melhor a cada dia, me faz mais humilde e me faz ter mais compaixão daquilo que o outro é.

Eu rezo a cada dia da minha vida: “Senhor, dá-me a graça de amá-Lo cada vez mais, e assim poder me conhecer cada vez mais, porque quanto mais eu O amo, conheço-O e penetro a minha realidade interior. Que eu jamais seja capaz de julgar e condenar ninguém, pois já bastam meus pecados e misérias”.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

sexta-feira, 29 de março de 2019

Homilia Diária

29MAR2019

Quando amamos Deus, amamos o próximo com o amor que ele precisa ser amado, sem mágoas nem ressentimentos

“O primeiro é este: Ouve, ó Israel! O Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e com toda a tua força! O segundo mandamento é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo!” (Marcos 12,29-31).

O amor deve mover toda a nossa existência. Precisamos ser renovados e purificados no amor, porque, muitas vezes, o amor que está em nós foi corrompido e contaminado por este mundo.

O primeiro mandamento começa com esta intervenção de Deus: “Ouve, ó Israel”. Só vamos amar a Deus sobre todas as coisas quando formos capazes de escutá-Lo.

Neste tempo quaresmal, todos nós somos chamados a viver um verdadeiro retiro. Muitas vezes, vamos para retiros e encontros, mas não retiramos nada. “Retiro” é retirar-se para retirar aquilo que não é de Deus, sobretudo, os barulhos que estão gritando dentro de nós e nos impedindo de escutar Deus. É o barulho dos desejos, das inclinações, das coisas negativas que acumulamos dentro de nós. São mágoas, ressentimentos e rancores.

Precisamos nos purificar de tudo isso para que o nosso coração escute o Senhor, seja direcionado, guiado, e que, com toda a nossa força e entendimento, com todo o nosso ser, possamos amar o nosso Deus de todo o coração.

Quando amamos Deus acima de tudo e de todos, amamos a nós mesmos, cuidamos de nós como precisamos cuidar, sem nenhum egoísmo, soberba  nem orgulho nos direcionando, mas sim com a graça divina nos ensinando como devemos cuidar de nós.

Quando amamos Deus, amamos o próximo com o amor que ele precisa ser amado, sem mágoas, ressentimentos nem rancores. Amamos o outro com o respeito que ele merece. Não ofendemos nem causamos confusões, porque o outro é presença de Deus para nós.

A graça de Deus quer nos ensinar a amar, porque, quando nos perdemos do amor, caímos nas confusões da alma, do sentimento e da vontade. Deus quer direcionar as inclinações do nosso coração! Escutemos Ele acima de tudo e permitamos que Seu amor nos cure e direcione toda a nossa vida.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

quinta-feira, 28 de março de 2019

Homilia Diária

28MAR2019

Busquemos Deus onde Ele se encontre! No profundo silêncio, Ele quer falar ao nosso coração, e nós precisamos ouvir a Sua voz

Ouvi a minha voz, assim serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo; e segui adiante por todo o caminho que eu vos indicar para serdes felizes” (Jeremias 7,23).

A graça que precisamos buscar, neste tempo que se chama Quaresma, é ouvir Deus. Não pense que ouvir seja uma coisa simples – de forma nenhuma! –, porque estamos perdendo, cada vez mais, a audição espiritual, ou seja, a capacidade de ouvir Deus.

Escutamos muito a nós mesmos, escutamos muito os outros, escutamos os barulhos de onde estamos, até porque os barulhos aumentaram. Redes socais e tantas outras coisas, às vezes, são necessárias, mas barulhentas demais, a ponto de não escutarmos a voz do Senhor nosso Deus que quer falar ao nosso coração.

Há muito barulho dentro de nós, estamos muito ansiosos e agitados com as inquietações e preocupações da vida presente. O nosso coração e o nosso ouvido interior se entregam a todas essas agitações, e, no meio da confusão, escutamos uma voz aqui e acolá, e achamos que é a voz de Deus.

A voz do Senhor está no silêncio da alma, no coração que se liberta das excitações da vida para se colocar debaixo da mão poderosa do Senhor para escutá-Lo. Se ouvirmos a Sua voz, Ele será o nosso Deus e seremos o Seu povo, e Ele há de nos conduzir pelo caminho da felicidade.

Estamos lutando e, muitas vezes, gladiando-nos uns com os outros em nome de uma dita felicidade. Estamos nos maltratando, atacando-nos, estamos cada um buscando o seu jeito de ser feliz.

Não há caminho para a felicidade, a não ser um coração que silencia, uma alma que se torna humilde, que se coloca verdadeiramente na presença de Deus para escutá-Lo em verdade.

Há muitas coisas que, por aí, está se falando que é Deus que está dizendo, e Ele é aquele que silencia para falar ao coração que sabe silenciar para escutá-Lo.

O Evangelho de hoje mostra-nos justamente o mudo que é curado por Jesus; e quando o demônio da mudez sai desse homem, expulso por Jesus, ele começa, de fato, a falar.

Só podemos falar de Deus se tivermos a capacidade de escutá-Lo verdadeiramente.

Nossas igrejas estão muito barulhentas, não sabemos nem fazer silêncio depois da comunhão. Há barulhos, agitações terríveis onde estamos. Na nossa casa, nem se fala! O tempo inteiro estamos escutamos a nós, ao mundo e as vibrações que estão ao nosso redor.

Busquemos Deus onde Ele se encontra. No profundo silêncio, Ele quer falar ao nosso coração, e precisamos ouvir a Sua voz. “Eles não ouviram nem prestaram atenção; deixaram-se guiar pelas más inclinações e andaram para trás em vez de andar para a frente” (cf. Jeremias 7,24).

Queremos caminhar na direção de Deus, por isso, queremos deixar de ouvir as más inclinações da alma para podermos ouvir o Senhor nosso Deus.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

quarta-feira, 27 de março de 2019

Homilia Diária

27MAR2019

O espelho para a revisão de toda a vida são os mandamentos divinos do amor a Deus acima de todas as coisas

Quem desobedecer a um só desses mandamentos, por menor que seja, e ensinar os outros a fazerem o mesmo, será considerado o menor no Reino dos Céus” (Mateus 5,19).

Temos a graça de conhecer os mandamentos, as Leis do Senhor Nosso Deus. Os mandamentos divinos são a aliança d'Ele conosco, uma aliança gravada e cravada no nosso coração.

Não existe sociedade, não existem relacionamentos sem leis nem mandamentos. Precisamos levar a sério as leis, inclusive, as leis da sociedade em que estamos. Existem as leis de trânsito – e sabemos todas as tragédias que acontecem em nosso meio, porque, muitas vezes, e não são poucas vezes, não respeitamos as leis que regem o tráfego nosso de um canto ao outro.

Precisamos respeitar as normas e leis da sociedade em que estamos, para que haja ordenamento. Uma coisa é descordarmos desse ou daquele ponto, essa é uma outra discussão, mas todos nós somos submissos às leis e constituições do nosso país.

Estamos submissos à Lei de Deus, aos Seus mandamentos. Vivemos numa sociedade de cultura que tudo quer dar um jeito; e esse jeito de burlar as leis é o que chamamos de “corrupção moral”, damos um jeito e fazemos a lei do nosso jeito, e estamos fazendo isso muitas vezes com a Lei de Deus quando ignoramos a nossa própria lei, ignoramos os mandamentos e criamos os nossos próprios mandamentos ou condicionamos os mandamentos divinos a nossa percepção, sobretudo, manipulando do jeito que queremos fazer as coisas. “Esse mandamento é pequeno”. Não existe mandamento pequeno, Lei de Deus é Lei de Deus.

Deus sabe o que é preciso para que a nossa vida seja ordenada. E se estamos num mundo de desordem, e nossa vida, muitas vezes, encontra-se em desordem, é porque ignoramos as Leis do Senhor Nosso Deus.

Este tempo da graça em que estamos, o tempo quaresmal, é uma oportunidade para revisarmos a nossa vida. O espelho para a revisão de toda a vida são os mandamentos divinos do amor a Deus acima de todas as coisas, ao amor ao próximo, que não nos permite querer eliminar o outro, desejar o que é do outro, cobiçar o que é do outro ou faltar a verdade contra o outro.

Devemos examinar a nossa consciência diante de uma verdade, e essa não é a nossa verdade, não é uma verdade subjetiva, mas é a verdade da Lei de Deus. Devemos examinar a nossa consciência, os nossos atos, as nossas atitudes e posturas diante de Deus, diante de nós e do próximo. Não ignoremos, não desobedeçamos nem ensinemos, porque o pior é isso. Muitas vezes, fazemos errado e, na cultura do mau exemplo, levamos o outro a fazer coisas erradas em nome de Deus.

Se uma pessoa não gosta da outra, odeia alguém, coloca esse sentimento também. “Você também pode, ninguém gosta dele”, e assim se cria essa cultura, começamos a falar mal do outro e o ensinamos a fazer isso também; e assim se repete a cultura do mal que nos leva a diminuir a graça e a vivência da Lei de Deus em nossa vida.

Que a Palavra de Deus nos ajude a rever nossas próprias posturas.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

terça-feira, 26 de março de 2019

Homilia Diária

26MAR2019

Deus nos coloca no prumo do perdão, e experimentamos um revigorar da alma e do coração

“'Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?’ Jesus respondeu: 'Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete'”(Mateus 18, 21-22).

A pergunta que Pedro dirigiu a Jesus é a pergunta do íntimo da nossa alma: “Quantas vezes eu devo perdoar o meu irmão?”. Se levarmos em conta a nossa natureza frágil, pecadora, magoada, ressentida e ofendida, nem sete vezes conseguiremos perdoar o próximo.

Estamos nos tornando, cada vez mais, seres feridos e machucados; e isso também condiciona a nossa capacidade de amar e perdoar. O perdão é fruto do amor, e só quem ama perdoa. No entanto, não é quem ama com aquele amor egoísta, aquele amor focado em si, mas sim quem ama com o amor que vem de Deus e do coração d’Ele, porque é esse amor que primeiro nos perdoa, é esse amor de forma infinita, sem ter conta.

Você consegue contar quantas vezes Deus lhe perdoa? Você consegue ter a dimensão de quantas vezes o perdão de Deus está o socorrendo e libertando?

Se experimentarmos esse perdão, se formos conduzidos por essa misericórdia, se esse amor divino em nós agir plenamente, é com ele que perdoaremos o nosso irmão quando ele pecar contra nós.

Se fomos ofendidos uma vez, duas vezes, três vezes, faço conta de querer crescer no amor, de querer ser um homem saudável, de ser uma pessoa sadia.

A vida sadia está no amor e no perdão. Queremos cuidar de nós e tomamos remédio, cuidamos da nossa alimentação, fazemos exercícios. Isso é muito bom e necessário para o nosso físico e interior! Mas tudo isso, sem amor e perdão, nos deixam cada vez mais feridos e machucados.

Deus quer cuidar das nossas feridas, Ele quer cuidar daquilo que, dentro de nós, está tão machucado por tudo que vivemos neste mundo. Perdoe com perdão de Deus, perdoe com a graça divina, e se parecer difícil perdoar, é sinal de que está difícil a relação com Deus.

Cresçamos na relação e na intimidade com Deus e não ignoremos a condução e a direção que Ele dá para a nossa vida.

Quando paramos para orar em espírito e verdade, não vamos lá só para pedir isso e aquilo. Paramos para escutar Deus, e Ele fala no nosso coração, Ele fala na intimidade que precisamos perdoar. Às vezes, o nosso coração quer desviar o foco, não quer pensar naquele assunto, mas nos deixamos conduzir por Deus, e Ele diz: “É essa pessoa. Comece orando por ela, comece aceitando-a”. Então, vamos aceitando, e quando vemos, com a graça de Deus e não simplesmente com as nossas forças humanas, Ele nos coloca no prumo do perdão, e experimentamos um revigorar da alma e do coração.

Experimente viver o perdão autêntico na sua vida! O Céu se aproxima de nós e nos aproximamos do Céu. Quando nos fechamos nas nossas mágoas e em nossos ressentimentos, distanciamo-nos do Céu.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

segunda-feira, 25 de março de 2019

Homilia Diária

25MAR2019

A graça de Deus em nós leva-nos a fazer o bem, a operar o bem

“O anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José” (Lucas 1,26-27).

Hoje, celebramos a encarnação de Jesus, o nascimento de uma nova humanidade, Cristo é o novo Adão. O Senhor se encarna e assume a nossa natureza humana no ventre de Maria.

Interrompemos a nossa Quaresma para nos voltarmos a um acontecimento essencial no mistério da salvação. Deus assume a nossa natureza humana para salvá-la, resgatá-la, para que seja, de fato, redimida por Deus. Aquilo que não foi assumido por Deus, não foi salvo.

Deus assume tudo aquilo que se perdeu, porque nos perdemos com tudo aquilo que o pecado e o mal provocam em nós. Encarnando-se no ventre de Maria, Deus quer estar presente de forma viva, encarnada e real no meio de nós.

Hoje, olhamos para a humanidade de Jesus e queremos a Ele entregar e consagrar a nossa humanidade.

A presença de Jesus santificou, consagrou e tornou imaculado o ventre de Maria e toda a Sua vida. Ela, por antecipação da graça, foi preservada da mancha do pecado. Por isso, o anjo a saúda: “Ave, ó cheia de graça”, porque toda a graça de Deus estava sobre Ela. Essa graça que n'Ela habitou como o novo paraíso, o novo lugar da morada de Deus no meio de nós, estende-se a nós.

O que é a graça de Deus? Primeiro, é a ação de Deus para combater o mal e o pecado. Só Jesus tira o pecado do mundo, só Ele tira o pecado da nossa vida. Então, a grande graça que queremos e precisamos buscar com todo o nosso coração é graça de dizer “não” ao mal e ao pecado. Deixar que Deus em nós opere a santidade.

A santidade é recuperar a humanidade, a graça original e sermos imagem e semelhança de Deus. A graça de Deus em nós, leva-nos a fazer o bem, a operar o bem; a graça de Deus nos dá a condição de transformarmos o ódio, o rancor e o ressentimento em amor.

Paramos em muitas situações da vida que, humanamente, não conseguimos lidar com elas. Se estamos muito mal com alguém, o que vamos fazer? Precisamos da graça de Deus. Se lidamos com situações complicadas da vida humana, não podemos prescindir a graça.

Assim como a graça prescinde à natureza humana, essa jamais pode deixar de contar com a graça de Deus. A graça maior que nós celebramos é Deus presente no meio de nós, sendo um de nós.

Hoje, saudamos a Virgem Maria como Aquela que trouxe o maior presente, a maior dádiva para a vida humana. Ela não só colaborou, correspondeu à essa graça, mas tornou-se a grande, a maior e a mais importante discípula do Mestre Jesus.

Celebrando a encarnação de Jesus, suplicamos que Ele esteja presente na nossa vida cotidiana, nos santificando e nos conduzindo à prática do bem e da salvação.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

domingo, 24 de março de 2019

Homilia Diária

24MAR2019

A conversão passa por rever escolhas, por mudar a nossa mentalidade, por investirmos mais na paciência e no amor

Já faz três anos que venho procurando figos nesta figueira e nada encontro. Corta-a! Por que está ela inutilizando a terra?’’ (Lucas 13,7).

O terceiro domingo da Quaresma celebrado hoje é um convite muito forte para a nossa conversão. O nosso caminhar quaresmal não é simplesmente uma preparação na expectativa da Páscoa que vamos celebrar. Toda a Quaresma é um acontecimento pascal, acontecimento de mudança, mas é, sobretudo, uma reflexão do que, de fato, precisamos nos converter.

Jesus diz que se nós não nos convertermos, pereceremos da mesma maneira. O Evangelho nos aponta algumas tragédias que aconteceram. Olhamos as tragédias relatadas no Evangelho e olhamos as tragédias que têm no mundo de hoje e nos perguntamos: “Por que tamanhas tragédias? O que aquelas pessoas fizeram para merecer isso?”. A maioria não fez nada, foram vítimas inocentes, e é trágico. Lamentamos a morte dessas pessoas, mas é preciso dizer que tragédia pior é a de não nos convertermos.

Se não nos convertermos, perderemos a vida, e não é só a vida humana, pois perderemos também a vida eterna, a vida plena. Ainda que humanamente tirados do nosso meio, os que morreram em tragédias, se estavam em Deus, não perderam a vida.

A grande tragédia é o que acontece com essa figueira, relatada no Evangelho, porque havia três anos que ela não produzia frutos. O que se pode esperar do coração de um cristão? Que ele produza frutos do Reino, que produza frutos do Evangelho, frutos de paz, de reconciliação, de amor, misericórdia e tantas outras coisas.

Nossa vida não pode jamais se resumir naquilo que são as coisas negativas da vida humana, porque, muitas vezes, ela está focada nisso e, por vezes, temos muito mais joio do que trigo no nosso celeiro, pois não produzimos frutos, não deixamos a verdadeira conversão acontecer na nossa vida.

A conversão passa por rever escolhas, por mudar a nossa cabeça e mentalidade, por investirmos mais na paciência, no amor, na misericórdia, na tolerância, na forma de encararmos uns aos outros.

Conversão não é simplesmente rezar mais ou fazer algumas práticas penitenciais, essas são importantes, mas apenas se nos conduzirem a produzir frutos de conversão, mudar atitudes, mudar a nossa forma de lidar com as pessoas, com o mundo em que estamos.

Se ou uma pessoa grossa, mal educada, preciso mudar a minha atitude; se sou uma pessoa que têm hábitos que, muitas vezes, não constroem e nem edificam a convivência humana e fraterna, não podemos dizer: “Nasci assim e vou morrer assim”, pelo contrário, é preciso dizer: “Nasci assim e fiquei um pouco mais duro, mas a graça de Deus converte-me, e preciso deixar-me converter por Deus”.

O nosso esforço não é só o de fazer penitência, o nosso esforço é de ter atitudes que mostram a nossa conversão e os frutos aparecerão. Se eles não aparecerem é porque não estamos deixando a graça de Deus nos converter.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

sábado, 23 de março de 2019

Homilia Diária

23MAR2019

O Pai amoroso, bondoso, pródigo e misericordioso está de braços abertos para nos acolher, para cuidar das nossas feridas

Vou voltar para meu pai e dizer-lhe: ‘Pai, pequei contra Deus e contra ti; já não mereço ser chamado teu filho. Trata-me como a um dos teus empregados’” (Lucas 15,18-19).

Quando escutamos a Palavra do filho perdido, que chamamos de pródigo por tudo aquilo que ele esbanjou, por tudo que gastou que era do seu pai, na verdade, percebemos que ele é um filho que se perdeu.

Quantos filhos se perdem de seus pais! E também nós, filhos que vamos nos perdendo de Deus, vamos perdendo a graça d'Ele em nós.

O filho da parábola sentiu-se atraído pelo mundo; e o mundo, realmente, exerce toda uma tração sobre nós! Ou tomamos uma atitude radical, pródiga de tudo deixar para viver o mundo ou vamos vivendo o meio a meio, um terço aqui e acolá, um pouco do mundo, um pouco de Deus; e vamos deixando o mundo ir nos tirando da presença do Pai, vamos gastando a graça que Ele nos deu e deixando-nos seduzir pelo mundo em que estamos.

Todos nós somos filhos que nos perdemos, perdemo-nos nas confusões, perdemo-nos diante das escolhas erradas que fazemos, das coisas mal resolvidas dentro do nosso coração. E, muitas vezes, resolvemos abandonar Deus de forma direta e plena ou de forma parcial.

Quando decidimos viver longe das pessoas, porque não a amamos mais, porque não a queremos mais, e nos decidimos por nós apenas, vamos nos tornando o filho que se perde nas relações.

Quando fazemos escolhas erradas, vamos nos perdendo nas nossas relações. Quando escolhemos viver no nosso rancor, no nosso ressentimento, na nossa mágoa, vamos nos afastando do amor de Deus na nossa vida.

Quando escolhemos outros amores e os achamos mais importantes, vamos nos afastando do amor de Deus. Mas, sobretudo, quando nos deixamos atrair, quando nos deixamos seduzir, quando nos deixamos levar pelos valores, que até parecem ser bons, mas não são valores evangélicos, perdemo-nos neles.

A Palavra de Deus, hoje, é um convite para todo coração que está perdido e desencontrado, para que se encontre novamente com o amor de Deus. Se você nunca se encontrou com Ele, está na hora de se encontrar, porque o Pai é pródigo, Ele esbanja misericórdia e acolhimento. Não interessa o quanto esteja ferido o nosso coração, não importa como deixamos machucar a nossa alma, não importa a situação ou o estado de calamidade que possamos nos encontrar, o Pai amoroso, bondoso, pródigo e misericordioso está de braços abertos para nos acolher, para cuidar das nossas feridas e nos mostrar a direção da vida.

Voltemos para o coração do Pai, voltemo-nos para o colo do Pai, deixemos que esse Pai cuide de nós, deixemos que Ele cuide das revoltas, dos ressentimentos, das mágoas e feridas, de tudo aquilo que perdemos ao longo dessa vida.

O Pai que nos ama quer cuidar de nós com todo amor do Seu coração.

Deus abençoe você!

karina

sexta-feira, 22 de março de 2019

Homilia Diária

22MAR2019

Somos os vinhateiros, e temos de cuidar da vinha do Senhor, que é a Terra

“O proprietário, enviou-lhes o seu filho, pensando: ‘Ao meu filho eles vão respeitar’. Os vinhateiros, porém, ao verem o filho, disseram entre si: ‘Este é o herdeiro. Vinde, vamos matá-lo e tomar posse da sua herança!’” (Mateus 21,37-38).

A parábola que Jesus conta, hoje, é de um certo proprietário que plantou uma vinha e deu o cuidado dela aos vinhateiros. Ele pediu que os vinhateiros tomassem conta da sua vinha, mas ele depois viria para ver o resultado. De fato, o proprietário mandou representantes, e os vinhateiros rejeitaram os enviados do proprietário, mandou outros e também foram rejeitados, até mortos e desprezados.

É óbvio que o proprietário disse: “Agora, tenho que mandar meu próprio filho. O meu próprio filho eles vão respeitar. É o meu sangue. Sou eu mesmo”. Mandou o próprio filho e com ele foi pior, eles disseram: “É o herdeiro. Vamos, então, matá-lo para que a propriedade seja nossa”. E mataram o herdeiro.

Olhando a parábola, vamos compreender que esse proprietário se refere àquele que é o senhor; e proprietário de todo o mundo criado, que é Deus nosso Pai, Ele é o Senhor e dono de toda a Terra.

Somos aqueles a quem foi confiado o cuidado, somos os vinhateiros, e temos de cuidar da vinha do Senhor, que é a Terra. Precisamos cuidar daquilo que é de Deus, mas para Ele. Queremos cuidar do que é de Deus como se fosse nosso, apropriamo-nos, tomamos conta, e o nosso instinto egoísta e orgulhoso nos leva, muitas vezes, a tomar aquilo só para nós.

Não cuidamos bem do que é de Deus, porque somos egoístas na visão do que temos e rejeitamos, muitas vezes, a correção, a prestação de contas que temos de dar a Deus sobre a nossa própria vida. Mas o que é pior: eles rejeitaram o Filho de Deus, que é Jesus. Todas as vezes que somos indiferentes a Ele, todas as vezes que não O acolhemos, todas as vezes que não O amamos nas formas e maneiras que Ele se manifesta em nossa vida, estamos rejeitando o próprio Senhor da vinha, estamos rejeitando o Deus criador de todas as coisas.

Neste tempo da graça, somos convidados a refletir como estamos acolhendo Jesus em nossa vida. Ele veio para que nós possamos prestar contas da vida, do mundo, da família e de tudo aquilo que Deus nos confiou, porque tudo é do Pai, tudo é de Deus.

Não podemos, simplesmente, nos apoderar do que é de Deus e não fazer da vida e do mundo aquilo que bem entendemos.

Examinar a nossa consciência é nos colocarmos numa atitude de retidão, de reflexão diante dos atos, atitudes e escolhas que temos para com o mundo, para com Deus, para com as coisas de Deus, e para com a nossa própria vida.

Que Deus nos dê a graça de refletirmos bem as nossas escolhas para sabermos cuidar bem daquilo que Ele nos confiou.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

quinta-feira, 21 de março de 2019

Homilia Diária

21MAR2019

Precisamos ser presença de Deus na vida dos pobres, precisamos ser anjos para socorrê-los durante a vida na Terra

Quando o pobre morreu, os anjos levaram-no para junto de Abraão” (Lucas 16,22).

O relato bíblico de hoje nos mostra uma parábola que é linda e dramática ao mesmo tempo, porque nos coloca diante da situação do mundo presente e da vida futura. No mundo presente, temos um abismo que separa pobres e ricos. Há pobres vivendo uma extrema miséria; e ricos, muitas vezes, vivendo no extremo da avareza, do gozo dos bens materiais, sem se importar com a pobreza, com a exigência e a miséria da pessoa humana.

A Palavra de Deus, hoje, é um convite para que, acima de tudo, combatamos todos os abismos que separam os homens, para que não sejamos, depois, vítimas do abismo que separa o céu do inferno.

Os anjos vêm em socorro do pobre Lázaro, que, aqui na Terra, teve o consolo dos cachorros lambendo suas feridas. O rico vai para o abismo, para a região dos mortos, para a separação definitiva de Deus.

Não basta ser somente uma pessoa boa, ter Deus no coração e rezar, é preciso cuidar da miséria, da pobreza e do sofrimento do outro. A indiferença é um pecado que doí no coração de Deus, pois ela nos afasta d'Ele; não só a indiferença religiosa para com as coisas sagradas, mas a indiferença para com o sofrimento, a pobreza, a indigência e a situação de miséria social na qual vivem milhões de seres humanos em toda a face da Terra.

A fome ainda é uma realidade, a miséria é uma realidade social presente no mundo em que estamos, por isso não podemos simplesmente dizer: “Vou rezar pelos pobres. Vou rezar pelos indigentes”. Precisamos ser presença de Deus na vida dos pobres, porque se os anjos vieram para socorrê-los no final da vida, precisamos ser anjos para socorrê-los durante a vida na Terra. Não nos conformarmos com a pobreza, e cuidar para que a outra pobreza (a pobreza da indiferença, da falta de cuidado com as necessidades do outro) não entre no nosso coração.

Precisamos superar os abismos sociais profundos que existem na sociedade em que vivemos, para não sermos vítimas do abismo definitivo que nos separará de Deus se não soubermos cuidar dos pobres e indigentes que estão no nosso meio.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

quarta-feira, 20 de março de 2019

Homilia Diária

20MAR2019

O servo é aquele que está à disposição das causas do Reino de Deus com o coração livre, animado e desejoso

“Quem quiser tornar-se grande, torne-se vosso servidor; quem quiser ser o primeiro, seja vosso servo. Pois, o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate em favor de muitos” (Mateus 20,26-28).

O contexto do Evangelho de hoje nos mostra um espírito de confusão no meio dos discípulos de Jesus. A mãe dos filhos de Zebedeu estava preocupada com o lugar que seus filhos ocupariam no Reino de Deus, pois, uma vez que as mães deram seus filhos para seguir Jesus, elas vão lá querer que eles ocupem o primeiro lugar, um à direita e o outro à esquerda.

Essa, no entanto, não é a preocupação de Jesus; a preocupação d'Ele é salvar. Os discípulos ficaram muito incomodados com a atitude da mãe de João e Tiago, por isso, antes que começassem a discutir e fazer deferência negativa um ao outro, Jesus intervém dizendo: “O Reino de Deus não consiste em primeiro ou segundo lugar, em quem está à direita ou à esquerda. No Reino de Deus, é maior aquele que serve, aquele que se coloca a serviço, aquele que se desgasta, morre para si para que o outro possa ser salvo”.

O Reino de Deus é desgastar-se para resgatar muitos. O Reino não é feito de títulos nem reconhecimento humano, não são palmas nem aplausos. O Reino de Deus é servir, é dar tudo o que podemos para que o outro seja salvo.

Uma virtude evangélica fundamental que precisamos aprender, a cada dia, no seguimento de Jesus, é servir. O servo é aquele que cuida do serviço do Reino, é aquele que está à disposição das causas do Reino de Deus com o coração livre, disposto, animado e desejoso de entregar-se, de fazer o bem ao outro, de aspirar que o outro seja mais importante do que ele, de fazer de tudo para que o outro seja elevado e reconhecido. O servo está ali apenas para servir, para prestar o melhor para o outro; ele não espera reconhecimento de forma nenhuma, não espera ser bem tratado nem elogiado.

O discípulo espera sempre carregar a sua cruz na alma, no peito e no coração, sem jamais buscar o reconhecimento nem se deixar levar pelo sentimento de grandeza.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

terça-feira, 19 de março de 2019

Homilia Diária

19MAR2019

Precisamos da intercessão poderosa de São José para que as famílias tenham paz, saúde e proteção 

José, Filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo”(Mateus 1,20).

Hoje, celebramos São José. Ele é o pai adotivo de Jesus, ele é o esposo da Virgem Maria, é o guardião de toda a Igreja Universal, o protetor de nossas famílias e de nossas casas. Por isso, o nosso coração, hoje, dá uma pausa na vivência quaresmal para celebrarmos, de forma solene, aquele que é o pai adotivo ou patrono de toda a Igreja.

Olhemos para José na perspectiva da salvação, aquele que é um colaborador no plano divino, sendo o responsável por cuidar da vida humana de Jesus, garantir que Ele tenha um pai, que tenha segurança, proteção, amor e ternura paterna. Como é necessária essa presença de José!

Deus é Pai e quis que Seu Filho tivesse um pai também aqui na Terra; e José cumpriu esse papel de forma sublime, ele se desdobrou para ser o pai do Filho de Deus, encarnado e humano no meio de nós.

José cuidou do outro tesouro precioso do coração de Deus, que é a Mãe de Jesus, a bem-aventurada, a sempre Virgem Maria. Ele foi o companheiro dela, foi seu protetor, seu amigo e, acima de tudo, seu irmão na fé. José foi aquele que esteve com Maria para ajudá-la a cuidar de Jesus, a ser a Mãe mais viva e mais presente na vida de Cristo, tendo um companheiro ao seu lado.

José é um homem puro, casto, justo e correto, é modelo de obediência a Deus acima de todas as coisas. A Igreja caminha na obediência a Deus, e tem em São José seu inspirador, seu modelo e patrono.

Olhemos para as famílias! Como precisamos da intercessão poderosa de São José para que as famílias tenham paz, saúde, proteção e, sobretudo, o consolo e a proteção divina!

Quando as coisas não estiverem bem, quando tivermos sinais desesperadores, quando não entendermos o que acontece em nossa vida, temos São José, o justo, aquele que se submete à vontade de Deus.

Homem de plena confiança em Deus, ensine nossos pais, ensine a cada um de nós a colocarmos somente em Deus a nossa confiança.

Valei-nos, São José!

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

segunda-feira, 18 de março de 2019

Homilia Diária

18MAR2019

O amor é caridade, é ver no outro a presença de Deus; por isso perdoamos, porque a exigência do amor é o perdão

Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso. Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados” (Lucas 6,36-37).

Jesus está nos dando o coração d'Ele para nos ensinar como deve ser o nosso coração, que precisa alcançar a misericórdia de Deus para levarmos a misericórdia aos outros.

Em um mundo tão repleto de vinganças e julgamentos, onde as pessoas se colocam tão facilmente umas contra as outras, onde é difícil se compadecer do sofrimento, da dor, da fraqueza, do pecado e da miséria do outro, o remédio de Deus para sanar e sarar o mundo chama-se misericórdia.

O olhar de misericórdia que penetra os corações levanta quem está doente, quem está enfermo, quem está com sentimento de culpa, quem está com sentimento de acusação no coração.

Se o nosso olhar não revela a misericórdia de Deus, deixamos os outros prostrados, derrubados, desanimados e condenados. O homem não veio para condenar, ele veio para salvar. Não seguimos quem condena, seguimos Aquele que salva, e a salvação acontece por via da misericórdia.

Quem exerce a misericórdia não julga nem condena o seu irmão, pelo contrário, usa do perdão verdadeiro e autêntico. Para decidir perdoar é preciso decidir amar de verdade e de forma autêntica. Ainda que não consigamos gostar do outro, ainda que não tenhamos aquela amizade, aquele relacionamento próximo, o amor é maior do que gostar ou ter proximidade, o amor é caridade, é ver no outro a presença de Deus. Por isso perdoamos, porque a exigência do amor é o perdão, e o perdão só é pleno quando repleto do amor de Deus.

Amemos não só com palavras, amemos nas atitudes; e a atitude mais sublime do amor é perdoar sem medidas. Que Jesus nos ensine do Seu coração a vivermos o amor, o perdão, a misericórdia e a reconciliação uns com os outros.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

domingo, 17 de março de 2019

Homilia Diária

17MAR2019

É da oração que vem a força, o estímulo, a luz, a graça e a presença de Deus em tudo aquilo que vivemos

Jesus levou consigo Pedro, João e Tiago, e subiu à montanha para rezar. Enquanto rezava, seu rosto mudou de aparência e sua roupa ficou muito branca e brilhante” (Lucas 9,28b).

Jesus está nos levando para o monte, a fim de que possamos orar com Ele. Quando o Senhor nos leva para o monte, quando a oração sai do nosso coração, somos também transfigurados e transformados pela presença de Deus.

O discípulo que carrega a sua cruz, a cada dia, contempla sua glória na oração, pois é dela que vem a força, o estímulo, a luz, a graça e a presença de Deus em tudo aquilo que vivemos.

A caminhada quaresmal não nos conduz à morte apenas, mas para a morte que nos leva à vida. É morrer para viver, é morrer para ressuscitar, é morrer para contemplar a glória e sermos glorificados. É por isso que, neste segundo domingo da Quaresma, somos convidados a subir ao monte com Jesus para contemplarmos Sua face, para vermos Sua face resplandescente de glória e, ao mesmo tempo, contemplarmos que n’Ele se cumprem as profecias e leis do Antigo Testamento.

Jesus é a plenitude de toda a revelação divina, é para Ele que devemos voltar o nosso olhar, deixar que a Sua voz chegue aos nossos ouvidos. Escutá-Lo é a principal missão do discípulo. Por isso, o pai está dizendo aos nossos ouvidos: “Escutai-O, esse é o filho amado, predileto, ungido, iluminado, enviado por Deus para nos salvar” (cf. Lucas 9,35). 

Quando nós O escutamos, todo o nosso ser é transformado, é transfigurado pela Sua presença. Os nossos sentidos O contemplam com os olhos, os nossos olhos são transfigurados pela Sua presença, falamos da presença d’Ele, porque é bom ficar diante d’Ele, mas só O contemplamos e só falamos d’Ele quando O escutamos.

Precisamos abrir o nosso coração, colocarmo-nos em atitude de oração, para que Jesus fale a nós, fale a nossa vida e ao nosso coração.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

sábado, 16 de março de 2019

Homilia Diária

16MAR2019

O preceito divino é amar a Deus sobre todas as coisas, pois assim amaremos uns aos outros

Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem!” (Mateus 5,44).

A lógica do mundo em que vivemos não é o amor, a lógica do mundo em que estamos é a vingança. Ainda que queiramos viver o bem com o outro, é ensinado a nós que devemos viver o bem com quem nos faz o bem, devemos dar o bem para quem nos praticou também o bem, mas essa não é a lógica do Evangelho, essa não é a lógica do coração de Jesus.

O Mestre nos ensina a amar quem nós não queremos bem ou, melhor ainda, quem não nos quis bem, quem não nos fez o bem, quem, de alguma forma, nos prejudicou ou desejou o mal. Rezemos por eles, ofereçamos a eles o melhor do nosso coração.

O melhor do coração de um discípulo de Jesus é o amor de Deus vivo e presente no seu coração. O preceito divino é amar acima de todas as coisas, amar sobre todas as coisas a Deus, pois assim amaremos uns aos outros.

Quando Jesus diz: “Sede perfeitos como o Vosso Pai é perfeito”, é porque a perfeição de Deus está no amor. Nunca seremos como Deus, mas podemos espelhar Deus em nossa vida, podemos espelhar a vida d’Ele em nós.

O jeito de nos aperfeiçoarmos na vida divina é vivendo o amor sem medida, um amor que não seja seletivo, mas que saiba perdoar, reconsiderar, rever  e, acima de tudo, o amor que não se vinga do outro, que não deseja o mal ao outro nem torce pelo tropeço do outro. Não é amor do mundo, é amor do coração do Senhor.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

sexta-feira, 15 de março de 2019

Homilia Diária

15MAR2019

A reconciliação verdadeira acontece quando procuramos ver e reaver os pensamentos que se perderam por falta de entendimento

Portanto, quando tu estiveres levando a tua oferta para o altar, e ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa a tua oferta ali diante do altar, e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão” (Mateus 5,23).

A Palavra de Deus que vem, hoje, ao nosso encontro provoca em nós profundas reflexões a respeito das nossas relações com o próximo, principalmente, em relação aos sentimentos negativos que, muitas vezes, tomam conta de nós.

Quem de nós nunca sentiu raiva? Quem de nós nunca se sentiu encolerizado, chateado e magoado com situações negativas que vivemos com o outro? Muitas dessas reações nos levam a nos fecharmos, a dizermos palavras duras – muitas vezes, pior do que duras –, palavras pesadas e malditas, palavras que, uma vez soltas, destroem os laços humanos.

A Palavra de Deus que vem hoje ao nosso encontro é uma palavra de restauração, purificação e reconciliação. Precisamos purificar o que está dentro de nós, cortar da nossa vida as palavras pesadas e malditas, os palavrões, xingamentos e as discussões cada vez mais duras que existem nas casas, nas famílias, onde um diz palavras pesadas para o outro e essas palavras se tornam malditas.

Jesus está dizendo: “Quem chamar o seu irmão de ‘Patife...’”, mas chamamos o irmão de coisas piores, de patife, de tolo e assim por diante. Precisamos purificar as palavras que saem da nossa boca em relação ao nosso próximo.

Quem se encolerizar, quem tiver raiva do seu irmão será réu em juízo. Não devemos ter muitas sentenças no juízo eterno de Deus para nos absorvermos. Precisamos, a cada dia da nossa vida, trabalhar as nossas cóleras, os ímpetos da nossa alma, porque não só matamos o outro com a nossa raiva como vamos também morrendo aos poucos por tantas raivas que acumulamos dentro de nós.

Precisamos trabalhar o interior, para que a alma seja mais serena para lidar com as negatividades dos relacionamentos. O ponto principal do Evangelho é a reconciliação. Não pense que o mais importante, quando vamos procurar Deus, seja levar a nossa oferta, porque a oferta sem um coração reconciliado não tem valor nenhum.

Nos exercícios que vivemos nesta Quaresma, dediquemos um tempo precioso, importante, sério e verdadeiro para buscarmos a graça da reconciliação. Não nos reconciliemos apenas confessando os pecados.

A reconciliação verdadeira é quando procuramos ver e reaver os pensamentos que se perderam por falta de entendimento, sobretudo, quando faltou humildade, quando o orgulho tomou conta dos relacionamentos.

Precisamos rever a forma como estamos vivendo e levando na vida essas situações. A misericórdia que nos perdoa é a mesma que nos impulsiona a vivermos reconciliados uns com os outros.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

quinta-feira, 14 de março de 2019

Homilia Diária

14MAR2019

Vamos ser bons, porque Deus nos torna bons, independentemente se os outros farão o bem ou não

Tudo quanto quereis que os outros vos façam, fazei também a eles” (Mateus 7,12).

Deus é um Pai muito bom, Ele escuta os clamores da nossa alma e do nosso coração. Quando batemos à Sua porta, Ele a abre para nós, e quando suplicamos o Seu perdão, a Sua misericórdia nos envolve; quando pedimos a Ele que nos abençoe, Ele nos dá mais do que uma bênção, Ele abençoa toda a nossa vida.

Ele está nos ensinando que precisamos ser como Ele. Se o nosso Pai é bom, precisamos ser bons filhos também. “Tudo quanto quereis que os outros vos façam, fazei também a eles”, essa é a regra de vida, é a regra de ouro, regra fundamental para a vida cristã ser abençoada.

Cobramos muito dos outros, esperamos muito que os outros façam isso e aquilo. Queremos que a cidade melhore, mas não fazemos nada, esperamos sempre que o outro faça.

A nossa atitude cristã precisa ser ativa, precisamos colocar a cabeça no travesseiro e chegar ao final dos nossos dias com a consciência certa. “Eu fiz o que podia fazer para o mundo ser melhor. Eu não fiquei esperando pelos outros. Eu não esperei os outros serem bons para comigo ou eu ser bom para com eles”.

Seremos bons, porque Deus nos torna bons, independentemente se os outros farão o bem ou não, exerceremos o perdão não somente se o outro nos perdoar, mas vamos perdoar, porque Deus já nos perdoou, vamos amar mesmo que o outro nos ame ou não, porque o amor de Deus está em nós.

Seremos para o outro aquilo que Deus é para nós. Não esperemos que o outro seja bom para que também sejamos bons.

Hoje, Deus nos ensina, na Sua Palavra, que a nossa oração precisa ser de confiança e insistência naquilo que é a bondade de Deus. A insistência da persistência não é a insistência de quem desconfia, mas de quem confia.

A oração deve gerar toda a serenidade e tranquilidade na alma e no coração do cristão que sabe quem é o Deus no qual colocou a sua confiança.

Coloquemo-nos inteiros no coração de Deus, porque Ele cuida de nós.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

quarta-feira, 13 de março de 2019

Homilia Diária

13MAR2019

Que as penitências que nos propusemos a viver nos ensinem a viver melhor

Esta geração é uma geração má. Ela busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal de Jonas” (Lucas 11,29).

Jesus está sentenciando a geração da qual Ele veio, chamando-a de má e perversa. A geração da época de Jesus e também a geração de hoje vivem, muitas vezes, a perversidade. O que é ser perverso senão ter um coração que não escuta e, sobretudo, não obedece a Deus.  

Eu fico olhando para nós como filhos. Quando um filho vai se perdendo de seus pais? Quando não os escutam mais, quando o filho não dá mais voz ao que o pai diz e não obedece às ordens dele. Quando nos perdemos em Deus? Quando não escutamos Sua voz nem colocamos em prática Sua Palavra. A perversidade ou o mal vão entrando em nós.

Não podemos ser uma geração perversa, ainda que vivamos no meio de uma geração praticamente perversa. Precisamos ser filhos da graça, e a graça é essa: ouvir Deus e colocar em prática a Sua vontade.

Jonas foi um sinal para o povo de Nínive. Jesus é um sinal único e eterno de Deus para nós. É Ele quem nos chama à penitência e à conversão. É uma perversidade ouvirmos Jesus e não nos permitirmos converter àquilo que Ele nos chama a viver.

Os ninivitas estavam atolados no pecado, mas ouviram o Senhor e se penitenciaram de seus pecados. Decidimo-nos a praticar penitências, nesta Quaresma, mas ela precisa atingir nossa alma, gerar em nós repulsa ao pecado, desejo verdadeiro de conversão e atitudes de mudança de vida. Este é o significado da Quaresma para nós, é o sinal, a seta de que precisamos para direcionar nossa vida.

Ao ouvirmos a Palavra de Deus, no dia de hoje, paremos um instante, silenciemos a alma e o coração. Onde precisamos nos converter? Onde Deus quer mudar a nossa vida? Onde precisamos tomar atitudes que demonstrem que precisamos deixar esse mal na nossa vida?

Que as penitências que nos propusemos viver nos ensinem a viver melhor; e não há maneira melhor de viver do que nos convertermos àquilo que precisamos nos converter.

Muitas vezes, achamos que não precisamos, que estamos bem, que estamos legais, que não somos como os outros, que não fazemos o mal que os outros fazem, mas isso é pior, porque estamos vivendo numa cegueira. Conseguimos ver o mal dos outros, mas não conseguimos ver o mal no qual, muitas vezes, estamos inseridos como o egoísmo, o orgulho e a soberba da vida.

A Palavra de Deus, ao entrar em nós, penetrar em nós, convida-nos a nos convertermos a cada dia da nossa vida.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

terça-feira, 12 de março de 2019

Homilia Diária

12MAR2019

Aprendamos com o Pai como viver o perdão a cada dia da nossa vida pela força da oração

“De fato, se vós perdoardes aos homens as faltas que eles cometeram, vosso Pai que está nos céus também vos perdoará. Mas, se vós não perdoardes aos homens, vosso Pai também não perdoará as faltas que vós cometestes (Mateus 6,14-15).

A Palavra de Deus vem, hoje, ao nosso encontro para nos ensinar a orar com a vida, mas não apenas refletindo palavras.

Corremos um risco e uma séria tentação de não rezarmos com o coração, deixar que a boca apenas repita as palavras, porque decoramos o Pai-Nosso e tantas outras orações que nos ensinaram.

Muitas vezes, a boca não segue o coração, nem o coração segue o que os lábios estão enunciando. Na oração, temos de estar compenetrados e envoltos na mesma sensibilidade que as palavras estão sendo ditas. A boca precisa dizer aquilo que o coração anseia dizer, clamar a Deus como nosso Pai, tê-Lo como nosso Pai, permitir que a presença d’Ele santifique a nossa vida, nossos atos, nossas escolhas e decisões.

É preciso que a oração seja também atitude, e a atitude fundamental de cada oração é perdoar. Dependemos e precisamos do perdão, a cada dia, para sermos melhores, bons cristãos e para crescermos na intimidade com Deus. É por isso que nos ajoelhamos e suplicamos o perdão d'Ele, porque precisamos do Pai para estar na comunhão com Ele. O que nós muito precisamos também é perdoar uns aos outros.

São tantas situações que vivemos na vida, que deixamos acumular mágoas e ressentimentos, aquilo vai entrando em nós e nos piorando. Deus nos quer melhores e santos.

Não há oração sem perdão, e não há perdão que consigamos dar de coração se não for na força da oração. Por isso, todas as vezes que nos dedicamos a orar, precisamos nos dedicar a perdoar e exercitar o perdão.

Ficamos ofendidos por pouca coisa, magoamo-nos e nos ressentimos com coisas insignificantes que se tornam verdadeiros tormentos em nossa vida. É preciso deixar que a oração vá penetrando em nosso interior e lapidando o nosso coração, o coração que foi se endurecendo, enrijecendo-se e tornando-se duro, a oração vai amolecendo, vai abrindo, vai criando a cavidade por onde a graça de Deus entra. Então, vamos liberando, dia a dia, o perdão.

Alguém me disse: “Padre, eu não sei perdoar”. Eu lhe respondi: “Eu também não, mas o meu Pai sabe perdoar e nos ensina a perdoar”. Por isso, aprendamos com Ele como viver o perdão a cada dia da nossa vida pela força da oração.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

segunda-feira, 11 de março de 2019

Homilia Diária

11MAR2019

A Palavra de hoje é um convite para que saiamos da acomodação na qual nos encontramos e cuidemos dos irmãos de Jesus

“Em verdade eu vos digo, que todas as vezes que fizestes isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizestes!”(Mateus 25,40).

Hoje, Jesus está nos mostrando que seus irmãos são todos os menores. Ele não se refere aos menores de idade, mas aos sofredores, aos pobres e doentes, aos enfermos, os encarcerados, os que não têm roupa para vestir, aqueles que estão vivendo como peregrinos neste mundo.

Todas as vezes que cuidamos deles, estamos cuidando de Jesus como Ele precisa ser cuidado. O julgamento final é a retribuição pela justiça e pela misericórdia que praticamos nesta vida.

Muitas vezes, centramo-nos em amar Jesus. Nós O amamos no sacrário, na adoração, amamos Jesus ao falarmos palavras de amor para Ele: “Jesus, eu te amo. Jesus, eu te quero” mas, na verdade, não nos exercitamos em querer Jesus cuidando d’Ele.

Cuidar de Jesus é cuidar onde Ele está sofrendo, é dar pão a quem não tem o que comer, é dar roupa a quem não tem o que vestir, é visitar os nossos doentes e ver os nossos irmãos que estão presos, é abrir-se para acolher as pessoas que, muitas vezes, não têm onde se abrigar.

Neste tempo especial da Quaresma, tempo de conversão para a nossa vida, precisamos nos converter para as obras de misericórdia, praticar a misericórdia, ter um coração misericordioso como o de Jesus. Esse precisa ser o anseio da nossa alma e do nosso coração.

Não basta penitências que nos afastam disso e daquilo, de uma coisa que gostaríamos, precisamos aprender a fazer até aquilo que não gostamos, que não temos tempo ou opção de realizar.

É preciso encontrar na nossa prática cristã o encontro com Jesus nos pobres e sofredores. A Palavra de Deus, hoje, é um convite para que saiamos dessa acomodação que nos encontramos e cuidemos dos irmãos de Jesus. Os irmãos d’Ele estão nas ruas, nos hospitais, estão próximos a nós. Jesus está precisando ser cuidado e o jeito é cuidar dos Seus irmãos, porque eles são também nossos irmãos e somos filhos do mesmo Pai.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

domingo, 10 de março de 2019

Homilia Diária

10MAR2019

Deus, pelo Seu Espírito, nos conduz ao deserto para nos purificar de tantas coisas que não correspondem à vontade d’Ele em nossa vida

“Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão, e, no deserto, Ele era guiado pelo Espírito. Ali foi tentado pelo diabo durante quarenta dias” (Lucas 4, 1-2).  

A liturgia de hoje nos coloca em comunhão com a Quaresma de Jesus. Por quarenta dias Ele foi conduzido pelo Espírito ao deserto, e, no deserto, o Espírito o conduzia.

Aqui, é muito importante tomarmos consciência disso, pois o Espírito Santo nos conduz até o deserto porque ele é necessário. O deserto é o lugar do encontro consigo mesmo; é o lugar do esvaziamento; é o lugar onde nos enchemos e nos preenchemos pela graça de Deus.  

Mas quando nos colocamos para ir ao deserto, enfrentaremos tentações. Jesus não tinha o mal dentro de si, era o mal externo que o impelia. Mas, dentro de nós há muitos demônios que não querem sair da nossa vida. Demônio da acomodação, da gula, dos prazeres, do egoísmo, da soberba, da vontade própria. Precisamos ir para o deserto para combater aos demônios que atormentam a nossa vida; para purificar a nossa alma e o nosso coração.

Somos tentados quando queremos expulsar esses demônios de nós, porque eles não querem sair da nossa vida. Porém, se nos deixarmos ser guiados pelo Espírito, no poder da Palavra combateremos as tentações da nossa vida. Neste tempo de graça, somos chamados a não somente deixar de comer e fazer uma penitência, mas também, somos chamados a combater o mal.

Jesus combateu o mal da tentação, do prazer, da gula. O homem de Deus não vive só do que come, dos prazeres desta vida, e sim daquilo que é a Palavra de Deus. Por isso, o sentido primordial para nos encontrarmos com a nossa espiritualidade é o de nos voltarmos inteiramente para a Palavra de Deus. Precisamos deixar que ela guie e direcione a nossa vida.

Jesus, lá no deserto, foi levado pelo demônio para ser tentado pela grande tentação do ter, do poder. Quem de nós não quer ter tudo? Quem de nós não é tentado pelo consumismo, pelo desejo de possuir? Está lá dentro suscitando a cobiça. Precisamos vencer a esse demônio terrível que, muitas vezes, está dentro de nós e quer nos impelir para que vivamos à margem do consumo. A pessoa, hoje, não se mede pelo o que ela é, e sim por aquilo que ela tem. É a tentação dos tempos em que vivemos.

Há outra tentação que é a de desonrar o nome de Deus, ou ainda, tomar o nome d'Ele em vão. O demônio convida a Jesus para se lançar, e assim Deus poderia o socorrer. Colocar Deus à prova, colocar Deus de formas desnecessárias até nas práticas erradas que fazemos e, depois, jogar tudo para cima d’Ele é uma terrível tentação.

É uma tentação terrível elevar a vida em nome de Deus, em tudo colocar Deus, mas as práticas não corresponderem à vontade d’Ele. Por isso, Jesus diz: “Não tentarás o Senhor, Teu Deus”.

Não tentemos colocar Deus onde Ele não está e não tentemos instrumentalizá-Lo para as nossas necessidades, onde jogamos tudo para cima d’Ele. Deus, pelo Seu Espírito, nos conduz ao deserto para nos purificar de tantas coisas que não correspondem à vontade d’Ele em nossa vida.

Deus abençoe você!              

 

                              

 Padre Roger Araújo

sábado, 9 de março de 2019

Homilia Diária

09MAR2019

O essencial, naquilo que Jesus nos trás, é o chamado à conversão

“Os que são sadios não precisam de médico, mas sim os que estão doentes. Eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores para a conversão” (Lucas 5, 31-32).

Quem não é capaz de escutar ao chamado de Jesus à conversão, de fato, não precisa de Jesus. Porque Ele não apenas nos chama à conversão, Ele cuida do nosso pecado. Pois, muitas vezes, nós não sabemos e nem damos conta de lidar com ele. O pecado, por vezes, torna-se maior do que nós, desde o menor pecado que entrou em nós, do menor egoísmo até as diversas facetas da soberba e do orgulho na nossa vida pessoal.

O bom médico, Jesus, veio cuidar da nossa enfermidade. Quem está sadio, justo, santo; quem se acha Deus certamente não precisa d’Ele. Por isso, o encontro do Senhor é com os pecadores. E, por esse motivo que, ao ver um homem na banca de cobrança dos impostos, ou, em outras palavras, o lugar onde ele cometia as falcatruas, fazia seus atos de corrupção, Jesus o chama. Pois, Ele não faz acepção de pessoas, não tem menor pecador ou grande pecador, pois Ele chama a todos.

Na situação em que nos encontramos, Ele nos chama: “Vem”. E assim Ele chamou a Levi, assim Ele me chama e chama a você “Venha”. E Levi deixou tudo e O seguiu. E, deixar tudo é, acima de tudo, deixar mesmo. É deixar aquilo a que somos apegados, aquilo que tem nos seduzido e amarrado, para que Jesus realmente possa cuidar de nós.

Jesus foi comer na casa de pessoas vistas como pecadoras, porque Ele vai atrás para cuidar, no lugar onde o pecador se encontrar. Ele vai atrás de nós onde estivermos e, se permitirmos, Ele nos arrancará do caminho de pecado que estejamos vivendo. Então, deixe-se converter! Deixe, acima de tudo, o convite de Jesus (para seguir a Ele) chegar docemente ao seu coração. Mas responda prontamente ao desejo de segui-Lo e não mais viver no caminho do pecado.

Quaresma é um tempo de graça; é um caminho a ser percorrido. E o caminho que agora percorremos é o de mudar a rota da nossa vida que, muitas vezes, se dirigia para a nossa forma egoísta e orgulhosa de pensar. E, humildemente, queremos pensar nos pensamentos, nos sentimentos de Jesus, e nos arrepender das nossas faltas e pecados. Deixemos que a Palavra d’Ele cure as nossas insanidades, pecados e todo mal que está em nós.   

Deus abençoe você!                  

                                  

Padre Roger Araújo

sexta-feira, 8 de março de 2019

Homilia Diária

08MAR2019

O jejum tem um significado purificador e renovador

“É porque, ao mesmo tempo que jejuais, fazeis litígios e brigas e agressões impiedosas. Não façais jejum com esse espírito, se quereis que vosso pedido seja ouvido no Céu. Acaso é esse jejum que aprecio, o dia em que uma pessoa se mortifica?” (Isaías 58, 4-5).

Faz parte das práticas penitenciais do tempo da Quaresma e da vida de um cristão: a prática do jejum.  Ele é uma excelente mortificação para a alma, para o corpo e para o Espírito. Ele é uma resposta que damos à escravidão dos prazeres que, muitas vezes, vivemos na sociedade; inclusive, o prazer de comer, dos sentidos e assim por diante.

Jejuar é colocar um freio nos nossos apetites que, por vezes, se tornam imoderados; é mesmo uma forma de moderação interior.

Agora, se levarmos o jejum apenas como sacrifício para a fé, ele não terá nenhum valor. O sacrifício pelo sacrifício é apenas um sacrifício. Pessoas que jejuam porque querem emagrecer e estarem bem de saúde é outra coisa. Já, aqui, falamos do jejum em sua dimensão espiritual, como forma de oração e de relação com Deus.

É a dádiva que oferecemos a Deus. Assim como oferecemos a Deus a nossa vida, agora oferecemos a Ele o nosso coração, as nossas inclinações; oferecemos o nosso “apetite” de vida para Deus. Por isso, o jejum deve ser feito não apenas deixando de fazer um refeição, e sim nos oferecendo a Deus.

Jejuar tem um significado purificador e renovador. Veja bem, na Primeira Leitura que ouvimos hoje, Isaías nos diz: “Esse é o jejum que me agrada? Passar um dia se mortificando? Sendo que, neste dia, vocês promovem brigas, litígios, desentendimentos e conflitos”.

O jejum é para nos purificar dos conflitos não resolvidos dentro de nós, e não são poucos. Muitas vezes, não brigamos externamente com o outro, mas dentro de nós temos muitas coisas mal resolvidas uns com os outros. Jejuar é o remédio para nos purificar do nosso orgulho e da nossa soberba. É o remédio para nos colocar na via da humildade; nos ajudar a reconhecer onde precisamos melhorar, rever, onde, de fato, precisamos dialogar e, sobretudo, ouvir.

O jejum é para "frear” o nosso orgulho e nossas imoderações interiores. Então, espiritualmente, tem um valor muito sagrado. Façamos jejum hoje e nos dias da Quaresma (que nos são possíveis) com este espírito, graça: nos dedicarmos à oração para nos purificarmos daquilo que tanto precisamos.

Por outro lado, o jejum é sempre ligado à caridade. Ora, aquilo que deixamos de comer, simplesmente não deixamos por si só, pois precisamos nos lembrar, nos recordar e tomar consciência daqueles que não têm o que comer. Existem pessoas que jejuam todos os dias da vida, mas são incapazes de ajudarem a um pobre, a um faminto. A carne que deixamos de comer hoje, é a carne com qual podemos alimentar quem não a tem quase nenhum dia da vida.

O jejum é para acender, em nós, a lâmpada da caridade que, muitas vezes, está apagada, porque estamos preocupados apenas com as nossas coisas.

Deus abençoe você!

  

    

 

                                    

Padre Roger Araújo

quinta-feira, 7 de março de 2019

Homilia Diária

07MAR2019

Sigamos a Jesus com todo o nosso amor e de todo coração

“Jesus disse a todos: ‘Se alguém Me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia, e siga-Me’” (Lucas 9,23).

Jesus está dizendo para todos que quiserem seguir-Lo que é preciso entrar na disciplina do Evangelho. E seguir Jesus significa ir mesmo atrás d’Ele, tornar-se verdadeiramente Seu discípulo. E ser discípulo d'Ele é exigente, não basta dizer que foi batizado, ir à Missa aos domingos, carregar uma cruz no peito, ter uma medalha de Nossa Senhora, porque esses são apenas adereços.

Para seguir Jesus é preciso entrar na disciplina do Evangelho. A primeira é a capacidade de renunciar, mas renunciar a si mesmo. Porque somos muito cheios de nós: nossa vontade, nosso desejo, nosso orgulho e egoísmo. Geralmente é no singular “a minha” vontade; o que “eu” quero.

Os dissabores da vida humana, do relacionamento familiar, conjugal, entre amigos, dos relacionamentos na casa de Deus, acontecem por causa do dissabor do “eu”, por estar sempre à frente do nós.

Para seguir Jesus a escola não é só para um, a escola é para todos os filhos de Deus. Então, se não sou capaz de vencer o meu egoísmo, a minha tendência ao individualismo, não conseguirei seguir a Jesus de todo o meu coração.                           

"Quem quiser Me seguir, precisa tomar  a sua cruz a cada dia". Jesus carregou a cruz d’Ele e nós carregamos a nossa . Eu carrego a minha cruz de cada dia, você carrega a sua de cada dia.

E a vida é uma cruz, uma via crucis, e precisamos purificar a compreensão do sentido da cruz. Cristo carregou a Sua cruz, o Seu madeiro que, para uns, representava a maldição, mas ela nos salvou. Abraçar a minha cruz de cada dia, é abraçar a minha salvação.

Tem horas que a cruz pesa e não temos força. Jesus teve ajuda para carregar a cruz e, também, precisamos de ajuda e de ajudar uns aos outros. O que não podemos é abandonar e renegar a nossa cruz, amaldiçoá-la.

Precisamos, muitas vezes, lidar com os nossos próprios limites da condição humana, da saúde, financeiros, limites de situações adversas. Lide com tudo isso e com espírito evangélico. Quando tiver pesado e não tiver dando conta, não se isole. Fique irmanado com Deus e com a graça d’Ele, como irmãos que precisam ajudar uns aos outros a carregarem a sua cruz de cada dia.

Mas siga a Jesus de todo coração e com todo amor. Não se deixe enganar por falsos caminhos, pois Ele é o nosso Mestre. Renunciando a nós, abraçando a nossa cruz, iremos atrás do nosso Divino Salvador.  

Deus abençoe você!                     

 

Padre Roger Araújo

quarta-feira, 6 de março de 2019

Homilia Diária

06MAR2019

Que este Tempo Quaresmal abra as portas do nosso coração, para que nela a graça do Senhor

“Agora, diz o Senhor, voltai para Mim com todo o vosso coração, com jejuns, lágrimas e gemidos; rasgai o coração, e não as vestes; e voltai para o Senhor, vosso Deus; Ele é benigno e compassivo, paciente e cheio de misericórdia”(Joel 2, 12-13)

Começamos, hoje, com a Quarta-Feira de Cinzas, o tempo da graça, o Tempo Quaresmal. E a Palavra de Deus nos faz um convite muito explícito, nos convida a voltarmos para o Senhor, nosso Deus. E, nos voltarmos para o Senhor, é nos voltarmos inteiros para Ele. Podemos até dizer: “Eu nunca me afastei do Senhor”, mas não está inteiro n’Ele, não está mergulhado n’Ele.

Agora é o tempo favorável, agora é o tempo da graça. É a hora e o tempo de Deus realizar, em nosso coração, a conversão de que tanto precisamos. Seja do pecador que está longe, distante; seja de quem se sente menos pecador e um pouco mais santo; sempre existem reparos a serem feitos em nossa vida e em nossa espiritualidade.

"Rasgai o vosso coração"

Primeiro, aquilo que orienta a Palavra: “Rasgai o vosso coração, e não as vestes”. O povo, muitas vezes, rasgam as vestes, andam até sem elas, como andaram nesses dias todos de carnaval. Mas o importante não é isso, o importante é o coração aberto, rasgado, dilacerado, para que, ali, a graça de Deus possa acontecer.

“Voltai-vos para mim, com jejuns e lágrimas”, tanto uma coisa quanto a outra são importantes. As lágrimas do arrependimento, alguém já disse que não sejam “lágrimas de crocodilo” mas que sejam lágrimas de sinceridade, de contrição, de tomada de consciência.

Por isso, esse tempo da graça precisa ser vivido na intensidade do significado que tem para a nossa conversão. Não podemos abrir mão da penitência, ou seja, reparar os males da vida para compreendermos a direção à qual a nossa vida pode vir a andar.

Que este Tempo Quaresmal abra as portas do nosso coração, para que nela a graça de Deus possa entrar. E, com toda a intensidade da nossa alma, nos voltemos para o Senhor, porque Ele quer nos conduzir neste tempo de graça. Uma boa Quaresma para todos nós!

Deus abençoe você!

 

                

    

Padre Roger Araújo

terça-feira, 5 de março de 2019

Homilia Diária

05MAR2019

Retire-se para encher da graça e, cem vezes mais, Deus te dará a graça para cuidar daquilo que é o seu dever

“Em verdade vos digo, quem tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos, campos, por causa de Mim e do Evangelho, receberá cem vezes mais agora, durante esta vida (Marcos 10, 29-30).

Talvez tenhamos ouvido esse Evangelho sempre no tom da radicalidade, de quem deixa tudo por causa de Jesus e do Seu Evangelho. Quem deixa sua vida para seguir uma vida consagrada, uma vida toda entregue a Deus, e segue a Ele, é óbvio que será muito mais livre e disponível.

Como louvo a Deus pela minha vocação, escolha; por ter deixado, ainda na adolescência, meus sonhos e ideais, a minha casa, a minha mãe, meus irmãos. E Deus me deu cem vezes mais: os irmãos, os filhos; a graça dos pais e das mães, de tantas pessoas que me assumiram e me adotaram. E, desse modo, cada um que vive a sua entrega a Deus, poderá experimentar essa graça.  

Mas, aqui, há uma dimensão que todos precisam viver em sua vida, a dimensão da entrega, da renúncia. Dimensão essa que precisamos aplicar até no contexto da vida familiar. Pois, só assumo integralmente aquilo que sou capaz de entregar. Você só poderá ser um bom marido, uma boa esposa; um bom pai, uma boa mãe para os seus filhos, se for capaz de entregar os seus filhos aos cuidados de Deus.

Mas, cuidado! Entenda bem essa reflexão. Pois, entregar não quer dizer que tenha de abandonar, porque a responsabilidade é sempre sua. Nenhum pai, nenhuma mãe, nenhuma pessoa ajuizada pode deixar as suas responsabilidades por nenhuma obrigação de Igreja, e jamais use isso como justificativa.  Apenas é necessário saber significar as coisas.

Ter o tempo que é de Deus e ser d'Ele neste tempo. Ter momentos em que você, mãe, após colocar seus filhos para dormirem; se dedica a ser toda de Deus; e o homem. também, todo de Deus. Porque esse tempo que você deixa para Deus, é o tempo necessário para se reabastecer, para ser cem vezes mais capaz de amar seus filhos, sua esposa (o). Para ser, cem vezes mais, capaz de dedicar-se para o outro, que é a sua primeira responsabilidade.

Mas, não nos esqueçamos de que precisamos, muitas vezes, deixar para poder assumir; deixar para nos abastecer. Precisamos nos afastar para estarmos mais próximos; precisamos da graça da dinâmica evangélica para sermos melhores naquilo que precisamos realizar.

Não é fuga. Não é abandonarmos as nossas responsabilidades, e sim assumi-la cem vezes melhor, com a graça de Deus. Tem mãe que não está dando mais conta de cuidar dos filhos; tem esposa não dando conta do casamento. Têm pessoas que não têm dado mais conta de cuidar nem dos próprios pais. Então, abasteça-se! Retire-se para encher da graça e, cem vezes mais, Deus te dará a graça para cuidar daquilo que é o seu dever, suas obrigações e responsabilidades.

Que cem vezes mais, Deus abençoe você!

                                              

Padre Roger Araújo

segunda-feira, 4 de março de 2019

Homilia Diária

04MAR2019

“Volta! Regressa do mal caminho"

“Aos arrependidos Deus concede o caminho de regresso, e conforta aqueles que perderam a esperança, e lhes dá a alegria da verdade. Volta ao Senhor e deixa os teus pecados, suplica em sua presença e diminui as tuas ofensas” (Eclesiástico 17, 20-22).

A Palavra de Deus jogada, hoje, em nosso coração, é uma advertência de Deus a nós. Não deixemos crescer as ofensas entre nós, e as ofensas que são dirigidas a Deus com os nossos pecados, nossa rebeldia, nosso coração inconstante, insensato e, muitas vezes, insensível à graça de Deus.

Volta! Arrepende-te dos teus pecados, dos teus crimes, dos males que tens praticado na tua vida. Volta! Porque o Senhor, nosso Deus, tem o coração benigno. Ele quer nos ajudar a traçar um caminho de regresso, de volta. Porque, quando um caminho de pecado se abre em nossa vida, começamos a percorrê-lo devagar e, muitas vezes, ele torna-se sem volta. Pois andamos muito para a frente e perdemos a dimensão da graça.

Então vamos indo, achando que não é nada, que é algo muito simples. “Não estou fazendo nada demais, sou um ser humano, tenho as minhas fragilidades" e, desse modo, entrego-me ao caminho de pecado, o percorrendo. E, quando não mais me percebo, perco sensatez da graça. Não sou capaz de reconhecer o que é certo e o que é errado, porque comecei a enveredar-me no caminho errado.

Não pense que uma mentira é, simplesmente, uma mentira. Pois, se começo a me enveredar pelo caminho da mentira, deixando o meu coração e acostumando-me a contar mentira, vivendo a via da mentira, então, será difícil regressar.

Por isso, no ponto em que estiver, na situação em que se encontra, mesmo se enveredou-se em algum caminho de pecado, regresse agora. Se deixou sua alma ser tomada pelos maus sentimentos, por algum sentimento pernicioso; se deixou envolver-se por algum sentimento de infidelidade, de adultério, de fazer mal ao outro, retome desse caminho agora. Porque, se prosseguir nele, você se afundará e não perceberá o buraco que está entrando.

O pecado é assim: no início parece algo muito simples, comum; depois nos puxa, nos retém, até nos prender e nos manter reféns dele, cativos a ele. Por isso, o Senhor nos chama agora. Ele está clamando: “Volta! Regressa do mal caminho. Eu tenho o perdão e a misericórdia para oferecer ao teu coração".

Deus abençoe você!                                            

Padre Roger Araújo

domingo, 3 de março de 2019

Homilia Diária

03MAR2019

Aquilo que sai da boca da pessoa em seu dia a dia, revela o que está no coração dela 

“O homem bom tira coisas boas do bom tesouro do seu coração. Mas o homem mau tira coisas más do seu mau tesouro, pois sua boca fala do que o coração está cheio” (Lucas 6,45).

No Evangelho de hoje, Jesus está dando muito conselhos aos seus discípulos por meio de parábolas. Ilustrando, sobretudo, que um cego não pode guiar outro cego, porque ambos cairiam em um buraco.  

Nós, muitas vezes, estamos cegos porque achamos que sabemos tudo. Então, nos falta aquela humildade necessária para saber que precisamos aprender com Deus aquilo que, de fato, devemos ser. Sendo assim, é essencial cuidar do coração, das coisas que temos dentro dele.

O Evangelho nos explica que o coração é como uma árvore. Uma árvore boa dá bons frutos e, é óbvio que, uma árvore estragada não dá bons frutos. Então, é essencial o cuidado com o nosso coração, para que os bons frutos possam ser colhidos, revelados e saboreados.

"O homem bom só pode tirar coisas boas do bom tesouro que é o seu coração"

A primeira leitura do Livro do Eclesiástico nos mostra que a virtude do homem se revela no seu falar. Não julgue quem é uma pessoa sem antes escutá-la. E, escutar aquilo que sai da boca dela, não é escutar o que ela fala como retórica, e sim o que fala em seu dia a dia. Porque aquilo que sai da boca da pessoa em seu dia a dia, revela o que está no coração dela.  

Ora, uma pessoa que só critica tudo, que vê mal em tudo, é sinal de que muita coisa está mal dentro dela mesma. Uma pessoa que vê tudo sob o olhar do azedume, da amargura, é porque o coração está com muita coisa azeda, amarga. Ora, de uma boca que o tempo todo só sai fofoca, só fala da vida dos outros, é sinal de que a pessoa não cuida da sua própria vida, não tem autocrítica e não se conhece.

Nós nos revelamos a partir daquilo que falamos. E até o nosso silêncio revela aquilo que somos. Então, não é só uma questão de cuidar da língua, porque a boca vai soltar aquilo que temos dentro do coração.

Como é importante cuidar daquilo que está dentro de nós! Muitas vezes, acumulamos ressentimentos, mágoas, rancores. Acumulamos decepções ora aqui, ora acolá; e isso vira dentro nós uma “massa”, um “bolo” perigoso. Às vezes, soltamos “fogo pela boca”, veneno, pimenta, coisas ardidas e negativas porque acumulamos tantas coisas erradas, maldosas, maliciosas e perniciosas dentro do nosso coração.

A Palavra de Deus, no dia de hoje, nos é enviada para ser purificação. Primeiro, da nossa alma e, depois, para nos dar prudência naquilo que escutamos e no que falamos. Nós nos revelamos a partir daquilo que sai da nossa boca.

Deus abençoe você!                                                 

Padre Roger Araújo

sábado, 2 de março de 2019

Homilia Diária

02MAR2019

A liturgia deste sábado nos convida a voltarmos para o bom senso, à retidão, ao discernimento e à sabedoria

“Deu aos homens discernimento, língua, olhos, ouvidos, e um coração para pensar; encheu-os de inteligência e de sabedoria. Deu-lhes ainda a ciência do espírito, encheu o seu coração de bom senso e mostrou-lhes o bem e o mal”(Eclesiástico 17, 5-6).

É maravilhosa essa leitura do livro do Eclesiástico. A liturgia deste sábado nos convida a voltarmos para o bom senso, à retidão, ao discernimento e à sabedoria. Esses são elementos que não podem faltar para a vida humana. Muitas vezes, jogamos tudo para cima de Deus: "É Deus quem faz; é Deus quem manda; é Deus quem quer; é vontade de Deus".

A vontade de Deus é que o homem tenha bom senso, tenha discernimento. A vontade de Deus para a nossa vida é que usemos aquilo que Deus nos deu de maneira reta e correta. Não podemos pensar que somos “robôs” no mundo em que estamos, e que Deus está nos controlando. Ele nos deu a liberdade, capacidade de escolha, de construir, de ficar, de escolher o caminho por onde iremos andar. 

As boas escolhas vêm do bom senso e do discernimento 

Se escolho ir por um caminho e caio num buraco, não foi Deus quem me jogou, e sim eu que andei com minhas próprias pernas, e cai naquele buraco. É óbvio que, se uma criança que ainda não tem capacidade de escolha, cai em um buraco, há uma responsabilidade dos pais por ela. Agora, ser adulto é, acima de tudo, ser consciente, ser responsável pelos nossos atos e atitudes.

O que é fazer escolhas certas? São escolhas que vêm do bom senso, do discernimento. E a oração é importante para termos discernimento nas escolhas. Quando fazemos escolhas acertadas, é Deus quem nos abençoa; quem nos dá a Sua graça para nos iluminar. Mas não podemos nos esquecer de que as escolhas são sempre nossa.

Se como uma comida e passo mal com ela, não foi Deus quem fez ela fazer mal para mim, fui eu que livremente decidi comê-la. E isso vale para tantas outras situações da vida. Pois, vivemos em um tempo onde as pessoas não querem assumir responsabilidades pelos seus atos, suas escolhas, suas decisões.

Quando está tudo muito bem: "a criação é do homem". Quando algo dá errado: "Foi Deus que não fez, não ajudou, Ele que permitiu". Então, o homem não é capaz de, por si mesmo, meditar, rever e discernir a forma como está levando e conduzindo a sua vida.  

A Palavra de Deus, com toda a sua sabedoria, nos diz que Deus infundiu o temor d’Ele em nosso coração, o respeito e o amor para com Ele. Se O amamos, O respeitamos e O tememos, teremos bom senso em saber fazer escolhas na vida, com a benção e a proteção de Deus.      

Deus abençoe você!       

                           

 Padre Roger Araújo

sexta-feira, 1 de março de 2019

Homilia Diária

01MAR2019

É impossível o homem casar com uma mulher e viver com ela o resto da vida?

“Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e os dois serão uma só carne. Assim, já não são dois, 01mas uma só carne” (Marcos 10, 7-8).

Quando meditamos o Evangelho de hoje, talvez alguém pense que a temática do Evangelho seja o divórcio, a separação. Mas a temática principal é a união conjugal, o valor que tem a união do homem com a mulher. Nós não iremos avaliar qualquer coisa pelo lado negativo ou por aquilo que não deu certo. Não que não possamos estudar e compreender o porquê de muitos casamentos não darem certos, o porquê do divórcio estar presente na vida de muitos casais, tanto agora como no passado.

Mas, se primeiro não nos debruçamos para compreender o valor sagrado do matrimônio e, acima de tudo, mergulhar naquilo que ele significa, iremos, muitas vezes, fugir do essencial, e não vamos absorver o que o Mestre nos ensina sobre esse valor tão sagrado.  

O matrimônio é a união do homem e da mulher na bênção de Deus. Não é apenas a compreensão de duas pessoas que se juntam para viverem juntos, terem filhos e formarem uma família. Pois, antes de ser família, com filhos constituídos, o casal forma uma união que é um mistério unitivo, e formam uma só carne.

Um casal não pode abrir mão de viver na presença de Deus

Claro que, são duas pessoas diferentes, gêneros diferentes: homem e mulher. Eles têm pensamentos, sentimentos e histórias diferentes. É aí que está o mistério divino. É Deus sendo capaz de fazer com que dois sejam um; é a graça da matemática divina que não cabe, por vezes, dentro da lógica humana.  

O casal não deve ressaltar as diferenças que há neles, e sim respeitá-las. E as diferenças quando são somadas, acolhidas, respeitadas, tornam-se valores fundamentais, essenciais, maravilhosos, então, brotam muitas bênçãos. Quando o casal enfatiza a diferença como algo negativo, de fato, o casamento torna-se insuportável.  

Agora, se soubermos acolher o diferente, trabalhá-lo primeiro dentro de nós, e não querer mudar a outra pessoa primeiro, saberemos crescer e viver na dinâmica do amor. Mas quando o egoísmo, o individualismo entram na vida de um casal, realmente torna-se difícil e quase insuportável viverem juntos.   

Não nos esqueçamos que é uma graça divina. Por isso, um casal não pode abrir mão de viver na presença de Deus em todos os dias da sua união conjugal. Chamo a atenção para um ponto que é fundamental: casal para permanecer na bênção, precisa aprenderem a rezarem juntos, orarem juntos e fazerem da oração uma prática da vida conjugal.

Assim, todas as arestas serão superadas, todas as dificuldades serão melhores compreendidas e assimiladas, e a graça de Deus poderá fazer superar aquilo que, humanamente, parece ser impossível. É impossível o homem casar com uma mulher e viver com ela o resto da vida? Não! Mas é fundamental a graça de Deus, porque ela faz nova todas as coisas.

Deus abençoe você!                    

                   

 

Padre Roger Araújo