Gol

domingo, 30 de setembro de 2018

Homilia Diária

30SET2018

Quando o mal está se manifestando nos nossos pensamentos e sentimentos, procuramos, pela graça de Deus, santificar-nos por inteiro

“Se tua mão te leva a pecar, corta-a! É melhor entrar na Vida sem uma das mãos, do que, tendo as duas, ir para o inferno, para o fogo que nunca se apaga” (Marcos 9,43).

Na Liturgia deste domingo, todo o povo de Deus é chamado a profetizar, a ser um povo da profecia, que não se cala, mas anuncia o Senhor no seu Espírito. Para que isso aconteça, todos nós precisamos ser santificados pelo fogo do Espírito, que arde e consome a vida de Deus em nós.

Quando escutamos o Evangelho de hoje, ele nos dá, num primeiro momento, uma impressão negativa, e podemos achar que Deus deseja que nos mutilemos, entretanto, Ele quer que nos santifiquemos. Deus quer formar um povo santo, que se santifique por inteiro: corpo, alma e espírito. Ele quer que os nossos olhos, os nossos braços, nossas mãos, pernas e tudo aquilo que somos e temos seja santificado, pois, se estamos na graça, a levamos para os outros.

Se nossas mãos estão contaminadas pelo pecado, onde elas tocarem também tocará o pecado, mas se as nossas mãos estão santificadas pela graça, onde elas tocarem a graça de Deus também acontecerá. Do mesmo jeito são as nossas pernas, a nossa cabeça, por isso precisamos permitir que a Palavra de Deus nos purifique por inteiro. E ainda que, dentro de nós, tenhamos comportamentos rebeldes, precisamos mutilar, não o nosso físico, mas o pensamento, o sentimento, cortar aquilo que não é de Deus em nós.

Como cortamos? Como retiramos? É pela graça de Deus, é pelo fogo do Espírito, rendendo-nos ao poder de Deus e nos colocando debaixo de sua poderosa proteção. Nossas mãos são santificadas quando as colocamos nas mãos do Senhor, nossos pensamentos são santificados quando os colocamos na luz e na presença do Senhor.

Não deixemos que vírus cresçam em nós, porque, quando eles crescem, viram um corpo estranho, que enfraquece o nosso corpo físico. Se deixarmos esse corpo reinando e tomando força dentro de nós, daqui a pouco estará mais forte do que nós, do que nossa vontade e do que podemos fazer.

Para não sermos vencidos pelo mal, vencemos o mal pela graça de Deus. Quando o mal está se manifestando nos nossos pensamentos e sentimentos, procuramos, pela graça de Deus, santificar-nos por inteiro para fazer a vontade d'Ele. 

Que Deus faça de nós um povo sacerdotal e profético, para que, com a nossa vida, possamos profetizar e falar em nome do Senhor. Que possamos ter essa porção dobrada do Espírito em nós, para que, com a nossa vida, anunciemos e proclamemos o Reino de Deus.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

sábado, 29 de setembro de 2018

Homilia Diária

29SET2018

São Miguel Arcanjo é o nosso companheiro, é o anjo que nos guia nas batalhas terríveis que temos nesta vida

“Houve uma batalha no céu: Miguel e seus anjos guerrearam contra o Dragão. O Dragão lutou juntamente com os seus anjos, mas foi derrotado, e não se encontrou mais o seu lugar no céu” (Ap 12,7).

Miguel é o príncipe da milícia celeste, é o primeiro dos anjos de Deus, é o anjo das batalhas e das vitórias divinas. Se o anjo maligno representa a derrota do mal, a vitória sobre o mal vem pela luz. Miguel é o anjo da luz e da vitória de Deus, é aquele que combate as trevas do inferno presente na vida humana.

Algumas vezes, escuto as pessoas falarem: “Padre, eu não sei mais o que faço da minha vida. A minha vida está um inferno. A minha vida está nas trevas. A minha vida é uma derrota”. Eu não conheço derrota nem trevas em Deus. Eu não conheço inferno em Deus. A derrota, o inferno e as trevas existem para quem está longe de Deus.

Passamos por momentos de escuridão e, muitas vezes, por momentos de derrota. É verdade que, em muitas ocasiões, nos encontramos em situações escuras e obscuras da vida, por isso precisamos ficar mais pertos de Deus. Ainda que não O vejamos, Ele nos vê; ainda que não experimentemos a vitória, Ele já venceu; ainda que só encontremos, à nossa frente, a escuridão e as trevas, Ele é a luz. Então, se estamos em Deus, podemos passar pelas trevas, pela escuridão e pelas derrotas, porque n’Ele chegamos do outro lado, encontramos a luz que não se apaga, a vitória que não extingue; n’Ele encontramos a vida que jamais conhece a morte.

São Miguel Arcanjo é o nosso companheiro, é o anjo que nos guia nas batalhas terríveis que temos nesta vida. Com São Miguel Arcanjo, estamos sempre no Céu, enfrentamos os vales tenebrosos da sombra da morte, pois ele nos conduz sempre para junto de Deus.

Tenhamos sempre a certeza da vitória, pois ainda que a nossa vida experimente muitos fracassos, o companheiro Miguel Arcanjo é a vitória de Deus em nossa vida!

Que possamos viver uma devoção sadia aos nossos Anjos e Arcanjos companheiros, sejam eles: Miguel, Gabriel ou Rafael, os Arcanjos nos dão a certeza da vitória em Deus, da comunicação com Ele e da saúde em Deus. Os Arcanjos nos dão a certeza de que Deus está sempre conosco e que caminha ao nosso lado.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Homilia Diária

28SET2018

O sofrimento deve ser vivido quando vem, combatido quando precisa, mas todo sofrer culmina numa vida nova e na ressurreição

O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia”(Lucas 9,22).

O que Jesus está falando a respeito d'Ele, Ele está falando a respeito de cada um de nós, da nossa natureza humana. O Filho do Homem assumiu a nossa humanidade sofredora, porque sofremos muito para sermos pessoas humanas e, sobretudo, para sermos pessoas dignas.

Não há vida humana sem sofrimento. Isso não quer dizer que devemos buscá-lo ou pensar que dá prazer fazer os outros sofrerem. O sofrimento acontece, é o sofrimento do existir, de passar por dramas, de não sermos compreendidos nem amados como deveríamos. É o sofrimento das perdas, da falta de êxito e sucesso, das frustrações humanas. O sofrimento ao qual Jesus está se referindo a respeito d’Ele não é simplesmente físico, porque o sofrimento de Jesus é emocional, psíquico e psicológico.

Jesus não foi aceito pelos seus, não foi compreendido pelos que estavam próximos a Ele. Ele foi abandonado e rejeitado. Jesus foi rejeitado pelos anciãos do povo, Ele experimentou a condição humana em toda a sua realidade e foi morto. Quando olhamos para essas coisas, vamos ter a mesma reação que Pedro teve: “Que Deus te livre, Senhor, e que não passe por nada disso”. Como não vamos passar, se somos pessoas humanas e estamos vivendo em meio às fragilidades humanas, às debilidades humanas, incoerências e concludências da vida humana?

Preciso dizer que viver é sofrer. Não que isso seja sinônimo de vida, mas viver com dignidade exige sofrer. O mistério do sofrimento ainda não é compreendido, ele é rejeitado pela condição humana.

Se o sofrimento é inerente à realidade humana, é preciso sofrer com dignidade; primeiro, aliviar o sofrimento do outro, consolá-lo, não fazer o outro sofrer, mas dar a ele, cada vez mais, condição para que ele sofra o que precisa sofrer, mas com dignidade. O nosso Mestre abraçou o sofrimento inerente à Sua condição humana com muita honradez e dignidade. A segunda coisa é sofrer o que for necessário sem jamais procurar maldizer o sofrimento, tratá-lo como maldição. Se existe o sofrimento inerente à realidade humana, existe também aquele nós provocamos, mas que não deve ser provocado jamais. Ele deve ser vivido quando vem, combatido quando precisa, mas todo sofrimento culmina numa vida nova e na ressurreição.

Passamos pelo vale de lágrimas, somos consolados pelo Mestre que nos dá a semente da eternidade até o dia em que seremos como Ele foi: ressuscitados e plenificados na vida eterna. Que nosso sofrer seja vividos na dignidade, como redenção de uma natureza humana que precisa ser divinizado pelo Deus vivo e presente no meio de nós. Que Deus seja o nosso consolo em todos os nossos momentos difíceis.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Homilia Diária

27SET2018

Procuremos a verdade, amemos a verdade, procuremos conhecer Jesus, amá-Lo e permitir que Ele se torne o Senhor da nossa vida

“‘Eu mandei degolar João. Quem é esse homem, sobre quem ouço falar essas coisas?’ E procurava ver Jesus” (Lucas 9,9).

Herodes estava incomodado com tudo que ele escutava falar a respeito de Jesus, mas ele não sabia quem era Jesus. Alguns achavam que era João Batista, que tinha voltado dos mortos, ou que era Elias, que havia aparecido, ou algum dos profetas do Antigo Testamento, que havia ressuscitado. Não era uma coisa nem outra. Jesus é o Senhor, é o Messias, é o Cristo.

Herodes ouviu falar a respeito de Jesus e queria vê-Lo. É um passo bom, mas não é o mais importante, porque ele procurava ver Jesus por curiosidade. Sabe aquela curiosidade intelectual ou aquela curiosidade quando queremos saber o que está acontecendo? Existe a curiosidade dos fofoqueiros, onde a pessoa curiosa quer ter algo para contar, procuram saber o que todo mundo está falando e existe a curiosidade de quem procura conhecer de verdade.

A primeira curiosidade é uma tristeza, e usando uma expressão bem pesada, é uma "desgraça", porque as pessoas curiosas por fofocas fazem um mal terrível. Elas não conhecem a verdade, elas procuram saber do que é superficial, procuram saber somente daquilo que os outros estão dizendo. O curioso é uma erva daninha, ele é danosa para as pessoas, faz mal para si e para os outros.

Herodes era essa espécie de curioso, ele tinha aquela curiosidade de saber quem era o Jesus que todos estavam falando, e ele teve um conhecimento superficial de Jesus, ele soube apenas daquilo que os outros estavam falando e não fez a experiência. Quem não faz a experiência não conhece a verdade.

Muitas vezes, estamos vivendo esse tipo de curiosidade, somos curiosos para saber o que o outro fala, o que estão falando a respeito daquele outro, mas não temos um amor de buscar entender, compreender e mergulhar naquilo que precisa, de fato, ser conhecido.

Se nós conhecêssemos as verdades como elas de fato são, não faríamos maldades nas coisas, não falaríamos mal das pessoas. Se conhecêssemos Jesus como Ele, de fato, precisa ser conhecido por nós, amaríamos mais a Jesus, porque mergulharíamos na pessoa d’Ele.

A partir daquilo que o Evangelho de hoje está dizendo, permitamos dizer ao nosso coração: Não sejamos curiosos de conhecimento, não sejamos curiosos de querermos saber o que está acontecendo. Procuremos a verdade, amemos a verdade, procuremos conhecer Jesus, amá-Lo e permitir que Ele se torne o Senhor da nossa vida.

A nossa vida será transformada, porque só quem conhece Jesus experimenta o amor profundo que Ele tem por cada um de nós.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Homilia Diária

26SET2018

O discípulo de Jesus, tocado e transformado pela Palavra, anuncia o Reino de Deus, proclama a Boa Nova no Reino de Deus

Os discípulos partiram e percorriam os povoados, anunciando a Boa Nova e fazendo curas em todos os lugares” (Lucas 9,6).

O discípulo de Jesus é o discípulo da Palavra, é aquele que escuta a Palavra de Deus, rumina-a no seu coração e na sua mente, deixa-se transformar por ela e a anuncia aos corações.

Vivemos num mundo doente, enfermo, carente, depressivo e marcado pelas maldades. A Palavra de Deus tem o poder de tirar o mal do mundo pela força do bem, o bem que é o próprio Deus. A Palavra de Deus tem o poder de curar os corações, de renovar as vidas.

Às vezes, estamos buscando a luz aqui e acolá para resolver as situações da vida. É importante o auxílio que as ciências humanas nos dão, o quanto é importante a psicologia, a psiquiatria, a medicina, as outras ciências auxiliares, todas elas têm a sua função e importância para o cuidado do ser humano e o progresso da vida humana. Rezo pela medicina, pelos médicos, pelos profissionais da saúde, mas nada substitui a força da Palavra de Deus.

Cada um tem a sua função, mas a função da cura concreta e plena do ser humano só a Palavra de Deus pode realizar. Nunca despreze o valor das ciências humanas, mas engrandeça e coloque cada coisa no seu lugar, engradeça à ciência divina, ao Evangelho da Boa Nova, porque Deus não nos quer curados somente para esta vida, Ele nos quer curados para a eternidade, Ele nos quer inteiros para estarmos com Ele.

O Evangelho tem de ser pregado e anunciado, os corações precisam ser libertos, a opressão precisa sair do coração humano e a Palavra de Deus tem o poder de nos arrancar da opressão que oprime os corações e tudo aquilo que vem de peso do mundo em que vivemos.

O discípulo de Jesus, tocado e transformado pela Palavra, anuncia o Reino de Deus, proclama a Boa Nova no Reino de Deus. Proclame do seu jeito, mas faça com que a Palavra possa chegar aos corações.

Eu fico olhando o quanto as pessoas são insistentes em mandar fake news, mandar discussões políticas, conversas que não levam a nada, enviar piadas. Há coisas que são pequenas distrações, que até servem para tornar a vida mais leve, mas eu gostaria de vir com força àqueles que são transformados pelo Evangelho, para terem a mesma ousadia e coragem para levar o Evangelho aos corações.

Eu recebo de um irmão, todos os dias, um versículo bíblico. Ele manda a mesma Palavra que ele meditou, é uma semente que faz a diferença na minha vida. Você anuncia o Evangelho? Proclama o Evangelho? Leva os outros a conhecerem o Evangelho? Percorre onde você está, testemunhando aquilo que Deus realizou na sua vida e no seu coração?

O Evangelho não é só para ser meditado; ele é e precisa ser sempre mais anunciado, proclamado e levado aos corações.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

terça-feira, 25 de setembro de 2018

Homilia Diária

25SET2018

Não dá para andar com o coração repleto de ressentimentos e mágoas, semeando o ódio, colocando as pessoas umas contra as outras

Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus, e a põem em prática” (Lucas 8,21).

É uma grande graça fazermos parte da família de Jesus, sermos família com Ele, tornarmo-nos cada vez mais familiarizados com a vida d’Ele. Qual é o caminho para que sejamos familiares, próximos e íntimos de Jesus?

A primeira coisa é ouvir a Palavra de Deus todos os dias da nossa vida. Quando ouvimos a Palavra de Deus, ela vai penetrando o nosso ser, o nosso coração; ela vai transformando os sentimentos da nossa alma e os pensamentos da nossa cabeça.

A Palavra de Deus tem o poder de nos transformar, por isso o grande esforço do nosso ser cristão é para ouvir Jesus, é para ouvir a Sua Palavra. Não escutemos a Palavra de Deus de qualquer jeito nem façamos de qualquer jeito a nossa relação com a Palavra. A primeira característica de um discípulo é a sua relação e intimidade com ela, porque, quando a escutamos, ela realiza a ação de Deus em nossa vida.

A segunda característica é que um discípulo coloca em prática aquilo que ele ouve, pois não basta ouvir, é preciso praticar o que o Senhor nos ensina a viver, é preciso um esforço com o auxílio e a graça do Espírito, para que a Palavra transforme o nosso comportamento, o nosso pensamento e os nossos sentimentos. Precisamos ser concretos.

Muitas vezes, temos pensamentos errados. A própria humildade vai nos demonstrar que nem tudo aquilo que pensamos é pensamento de Deus, pelo contrário, estamos repletos de pensamentos humanos, que colhemos no mundo. Os nossos pensamentos precisam ser transformados com a força da Palavra de Deus, pois estamos com sentimentos em nosso coração que não correspondem aos sentimentos d'Ele. Somos humanos, mas a Palavra transforma a nossa humanidade pela graça divina.

Não dá para andar com o coração repleto de ressentimentos e mágoas, semeando o ódio, colocando as pessoas umas contra as outras. Quando a Palavra penetra em nós, podemos até ter raiva de alguém, mas ela é capaz de arrancar a raiva, e somos capazes de mudar aquilo que pensávamos em relação ao outro.

Para sermos familiares a Jesus, precisamos ter familiaridade com Sua Palavra, capacidade de escuta, colocar-se na posição daquele discípulo que está ouvindo o Mestre falar e depois responde: “É assim que vou fazer. É isso que vai mudar na minha vida. Vou lutar e batalhar”.

O discípulo de Jesus vive uma metanoia e uma conversão constante, é aquele que se permite, dia a dia, com a humildade do coração, ser transformado e convertido pela Palavra que vem do Senhor.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Homilia Diária

24SET2018

Precisamos acender o que está apagado no coração do outro com a luz e a graça que vem do coração de Deus

Ninguém acende uma lâmpada para cobri-la com uma vasilha ou colocá-la debaixo da cama; ao contrário, coloca-a no candeeiro, a fim de que todos os que entram vejam a luz” (Lucas 8,16).

Jesus está nos dizendo, hoje, que todos nós precisamos ser luz, mas não podemos ser uma luz apagada nem escondida, porque a luz foi feita para iluminar.

Estamos acostumados com a lâmpada elétrica, mas nos esquecemos de que os mais antigos tinham o candeeiro como luz para iluminar a casa ou qualquer canto que as pessoas estivessem, para que ninguém atropelasse ninguém, para que as pessoas pudessem ver o que estava do seu lado ou à sua frente.

O que seria da nossa vida sem a luz natural ou sem a luz que vem das estrelas? O que seria de nós sem a própria luz artificial, que foi criada para nos auxiliar, para que pudêssemos enxergar as coisas mesmo na grande escuridão da noite? Se a luz tem essa importância para a nossa vivência e para a estratégia da convivência humana, imagina o quanto precisamos de luz, primeiro, dentro do nosso coração, e o quanto precisamos ser luz no mundo que caminha na escuridão.

Uma luz apagada no meio da escuridão é uma tristeza. Que triste é uma luz escondida, apagada, onde ninguém consegue enxergar! Não podemos ser cristãos “luz apagada”, não podemos ser cristãos sem luz, sem brilho, porque, se não temos luz ou se a nossa luz está ofuscada e escondida, não nos enxergamos, não enxergamos nossos defeitos, nossos limites, nossas qualidades, aquilo que crescemos, onde a luz de Deus está entrando em nós.

Precisamos de luz para nós, mas precisamos também de luz para o outro e para o mundo. A luz nos faz projetar a vida de Deus que está em nós nas relações que estabelecemos neste mundo. Quando não somos luz, as trevas crescem em nosso coração, e quando elas crescem, a escuridão toma conta das relações humanas. Que tristeza fica a nossa vida e aquilo que nós realizamos.

Deixe que a luz de Deus entre no seu coração, a luz de Deus que ilumina as coisas mais escuras e obscuras da nossa vida. Onde quer que você esteja, seja luz na vida do seu irmão, seja a direção para a vida do outro, seja testemunho do Reino de Deus e presença de Deus na vida do outro.

Há muitas pessoas que são traves, pedras e se tornam somente negatividade na vida do outro. Precisamos ser graça, boa-nova, precisamos ser luz. Precisamos acender o que está apagado no coração do outro com a luz e com a graça que vem do coração de Deus.

Este é o nosso desafio: sermos cristãos iluminando as trevas do mundo que nos cerca. A luz não é nossa, ela vem de Deus e com ela podemos iluminar uns aos outros.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

domingo, 23 de setembro de 2018

Homilia Diária

23SET2018

Precisamos acolher todas as pessoas, porque para Deus ninguém é insignificante ou sem importância

Eles, porém, ficaram calados, pois pelo caminho tinham discutido quem era o maior” (Marcos 9,34).

A pergunta vem do coração de Jesus, e Ele se dirige a Seus discípulos e pergunta a eles: “O que discutem pelo caminho?”. Aquilo que nós conversamos é aquilo com o que nos preocupamos. Colocamos sempre as nossas preocupações, as nossas inquietações ou imposições nas nossas discussões e nas nossas conversas.

Não é a toa que, muitas vezes, gastamos nossas energias para discutir assuntos e situações com as pessoas. Não há problema em discutir e conversar, o problema das conversas é quando elas querem impor uma maioridade. E “maioridade” quer dizer sermos os maiores, os certos, termos uma ideia única que deve prevalecer sobre as demais. Isso é falta de humildade. E quando não somos humildes, não sabemos acolher o que vem do outro, só as nossas ideias são certas, o que pensamos está correto, o que vale é o que falamos, não sabemos ouvir o outro.

Na época de Jesus, a criança não era ouvida, não tinha voz nem vez, o que uma criança falava e nada eram a mesma coisa. Jesus vem, pega uma criança, a coloca no meio e diz que o Reino dos Céus é de quem se parece com ela. Não é porque as crianças são pequenas no tamanho, mas porque elas são pequenas na pureza e na insignificância.

Deus é aquele que dá importância ao insignificante e ao sem importância. Não podemos querer ser os donos da razão, saber mais, poder mais, estar sempre à frente dos outros; precisamos, em primeiro lugar, saber ouvir.

A grande sabedoria da vida consiste em saber escutar o outro, não necessariamente concordar com ele, mas um grande gesto de amor é saber ouvir o que o coração do outro tem a dizer. Podemos dispor o que achamos, pensamos e sentimos, mas jamais impor o que queremos como se fosse a única certeza da vida.

Os cristãos precisam saber, cada vez mais, acolher, em nome de Jesus, as crianças; mas precisam acolher as outras pessoas também, porque elas podem parecer insignificantes, entretanto, para Deus ninguém é insignificante ou sem importância.

Jesus é aquele que faz o sem importância nenhuma tornar-se a causa mais importante; é aquele que faz com que causas que achamos as mais importantes do mundo tornem-se sem nenhuma importância.

Queremos dar ouvidos à Palavra de Deus para ressignificar a nossa vida a partir da minoridade, da humildade e não do sentimento de grandeza e superioridade de nos sentirmos melhores e mais importantes que o próximo.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

sábado, 22 de setembro de 2018

Homilia Diária

22SET2018

É preciso ter atenção e cuidado, cultivar a Palavra para que ela cresça em nosso coração e produza muitos frutos

O semeador saiu para semear a sua semente. Enquanto semeava, uma parte caiu à beira do caminho; foi pisada e os pássaros do céu a comeram” (Lucas 8,5).

Deus é o grande semeador da Sua Palavra em nossos corações. Gostaria que nos detivéssemos com muito amor e atenção àquilo que é a semente, porque nela está contida a árvore e a vida. Se não cuidarmos da semente, não teremos a árvore nem o fruto. Precisamos acolher a Palavra de Deus, que é semeada, que é enviada ao nosso coração. Precisamos cuidar dessa Palavra como um bom agricultor cuida da semente, que é semeada no seu campo. Ele cuida e tem todos os traquejos necessários para bem cuidar da terra, para que a terra seja ceifada, cultivada, adubada e produza muitos frutos.

A Palavra de Deus, em nosso coração, precisa de cuidado e atenção. Primeiro, não podemos permitir que os pássaros comam a semente, que é jogada em nosso coração. Somos muito distraídos e toda a distração rouba a nossa atenção, tira-nos do foco e do essencial.

Por que a Palavra de Deus não tem surtido efeito na nossa vida? Por que não temos produzido frutos? Por que a Palavra não tem virado uma árvore frondosa no nosso coração, produzindo muitos frutos? Porque deixamos que muitas coisas roubem a semente do nosso coração, sejam as distrações, as preocupações exageradas da vida, seja por causa das paixões que temos pelas coisas do mundo e assim por diante, de modo que a Palavra vai ficando sufocada e enterrada, até que ela perca a força, o vigor e não cresça em nós.

A Palavra de Deus tem convertido a muitos, ela produz santidade, renova mentes, cura corações e produz homens e mulheres novos. É preciso ter atenção e cuidado para cultivar a Palavra, a fim de que ela cresça em nosso coração e produza muitos frutos.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Homilia Diária

21SET2018

Seguir quer dizer deixar o que estamos fazendo de errado para irmos atrás de Jesus 

Aprendei, pois, o que significa: ‘Quero misericórdia e não sacrifício’. De fato, eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores” (Mateus 9,13).

Hoje, celebramos a festa do apóstolo São Mateus. Talvez, gostemos muito de Mateus por causa do Evangelho, tão rico são os conteúdos e ensinamentos que este evangelista deixou para nós. Hoje, a Palavra, a Liturgia e a Igreja nos convidam para olharmos para Mateus, o convertido e muito amado por Jesus.

Mateus estava na coletoria de impostos; em outras palavras, ele estava no campo do pecado, porque era tido como pecador, pois cobrava impostos. Ele estava no seu trabalho, mas realizava muitas coisas desonestas; ele cobrava impostos indevidos e duros para aquele povo.

Não importa onde nós estamos nem o que estamos fazendo, é Jesus quem está passando e nos dizendo: “Segue-me”. E seguir quer dizer deixar o que estamos fazendo de errado para irmos atrás d’Ele.

Jesus não quer nos condenar, não quer jogar nada em nossa cara nem quer nos repreender. Ele quer nos salvar e libertar. O olhar misericordioso de Jesus, que chamou Mateus naquele dia, salvou-o para sempre. Mateus deixou a coletoria de impostos e foi atrás do Mestre, e o seu coração e toda a sua vida foram transformados.

Queremos olhar para Jesus e pedir que Ele nos dê a consciência dos nossos pecados, porque, muitas vezes, perdemos a consciência do quanto somos pecadores. Se tivermos consciência do quanto somos pecadores, vamos buscar, todos os dias, seguir Jesus. Precisamos nos levantar como um discípulo para querer segui-Lo.

Não adianta ignorarmos nosso chamado, porque o mundo nos chama todos os dias. Precisamos responder ao mundo que não vamos segui-lo, pois queremos seguir Jesus. E à medida que seguimos Jesus e nos tornamos seus discípulos, a conversão acontece em nós, vamos abandonando a banca do pecado e assumindo a graça que vem do coração de Jesus que nos liberta e nos converte.

O primeiro sinal de uma pessoa convertida é, de fato, deixar a vida velha, os pecados, os vícios e as coisas erradas que fazia. O grande sinal de uma pessoa convertida ou um passo importantíssimo para que a conversão se consolide no coração é ter e tornar-se um coração misericordioso, capaz de ter o coração como o do Mestre Jesus, que olha para os pecadores nunca julgando nem condenando, mas sempre amando e tendo a esperança de que o amor, como chegou ao nosso coração, pode chegar no coração do próximo.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Homilia Diária

20SET2018

A quem muito amamos muito perdoamos. Se não temos ou não demonstramos muito amor por Deus, também experimentamos muito pouco do Seu perdão

Por esta razão, eu te declaro: os muitos pecados que ela cometeu estão perdoados, porque ela mostrou muito amor. Aquele a quem se perdoa pouco mostra pouco amor” (Lucas 7,47).

O Evangelho de hoje é lindo e merece toda a nossa atenção. Uma mulher era conhecida, na cidade, como pecadora. Eu não sei, de fato, quais eram os pecados dessa mulher, mas ela recebeu o adjetivo de “pecadora”, e todos a conheciam assim.

As pessoas gostam de rotular umas as outras, mas, infelizmente, rotulam-se pelo negativo. Alguém que cometeu essa ou aquela falha, alguém que tem algo que não nos agrada... Muitas vezes, até esquecemos o nome da pessoa, mas em nós está o rótulo que temos dela. Se aquela pessoa tem um pecado, maior é o nosso pecado quando a rotulamos pelos seus defeitos, pelas suas fraquezas, pelos seus pecados e assim por diante.

Jesus não rotula ninguém; pelo contrário, Ele acolhe a todos. Por esse motivo, os pecadores se aproximam d’Ele, vão ao encontro d’Ele. Essa mulher, que oficialmente ninguém a tinha bem, que queriam distância dela, não encontrava o acolhimento que precisava.

Todos nós precisamos mudar de vida, mas não mudamos, porque achamos que o outro tem vida errada, o outro que é pecador. “Eu não faço o que ele faz.”

A nossa relação com Deus não se mede por comparação, mas pela proximidade, por um coração que reconhece sua miséria e necessita do amor misericordioso do Senhor.

Os religiosos da época de Jesus não O acolheram nem foram acolhidos por Ele. Não foi Jesus quem não os acolheu, mas foram eles que não sentiram necessidade d'Ele, pois já estavam justificados. Essa mulher era muito pecadora, assim a rotularam, mas ela tinha muita sede de amor, de cura e libertação. Ela se jogou aos pés de Jesus e passou nos pés d'Ele o melhor perfume e demonstrou todo o seu amor, por isso todos os seus pecados foram perdoados.

A quem muito amamos muito perdoamos. Se não temos ou não demonstramos muito amor por Deus, também experimentamos muito pouco do Seu perdão e da Sua misericórdia; e vamos crescendo no orgulho, na soberba espiritual de nos acharmos santos, justificados e melhores que os outros.

Que perigo de vida nós corremos! Que Deus nos dê juízo, sabedoria e humildade.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Homilia Diária

19SET2018

Que Deus nos liberte das falsas pretensões e nos dê o verdadeiro olhar para enxergarmos o mundo com o olhar da misericórdia

Pois veio João Batista, que não comia pão nem bebia vinho, e vós dissestes: ‘Ele está com um demônio!’ Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e vós dizeis: ‘Ele é um comilão e beberrão”(Lucas 7,33-34).

Quando escuto o Evangelho de hoje, fico impressionado com a capacidade humana de criticar e ver problema em tudo. Todos nós temos problemas não resolvidos, mas eu digo aqueles problemas interiores que nós escondemos e achamos que somos pessoas resolvidas. Passamos a vida criticando e vendo problemas nos outros, quando, na realidade, o problema somos nós. Não enxergamos os problemas que estão em nós, mas enxergamos sempre os defeitos e problemas dos outros.

Há pessoas que não têm a capacidade humana de reconhecer o que há de bom no outro. Quando se reúne, é capaz de criticar, zombar, ver defeitos, problemas e dificuldades em tudo e em todos, entretanto, quando é para procurar algo de bom, não é capaz. Ou seja, é aquela pessoa que vê erro em tudo e em todos, mas não é capaz de reconhecer seus próprios erros. Com isso, não acolhe a verdade, a misericórdia nem a salvação.

É isso que está acontecendo com os homens da época de Jesus: “Com quem hei de comparar essa geração?”. Essa é a geração daqueles que, de fato, só vivem para reconhecer problemas, defeitos e dificuldades. Quando olhamos para as nossas igrejas, comunidades e para o mundo em que vivemos, é verdade que têm limites e até erros grotescos, diante dos quais, humanamente, nos perguntamos: “Como aconteceu isso?”.

Este reino é constituído por pessoas humanas como qualquer um de nós. Queremos que os outros entendam que somos humanos, mas queremos olhar para eles como se fossem divinos; e quando não vemos o divino neles, vemos demônios. Mesmo Jesus vindo para os seus, eles O rejeitaram, viram n’Ele defeitos e problemas. “Jesus está com os publicanos. Ele come com os pecadores, então, Ele é um comilão e beberrão. João Batista, que O precedeu, que veio entre nós, não comia nem bebia, então, ele está possuído por um demônio”. Para quem quer sempre ver o lado negativo e problemático da vida, tudo é problema, em tudo há defeito, em nada há solução. A pessoa acha que somente ela é boa e merece reconhecimento.

Que Deus nos cure, salve-nos, liberte-nos das falsas pretensões e nos dê o verdadeiro olhar para enxergarmos o mundo com o olhar da misericórdia.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

terça-feira, 18 de setembro de 2018

Homilia Diária

18SET2018

As mães sofrem, porque investem amor e dedicação para cuidar dos filhos, mas, muitas vezes, a resposta destes é a ingratidão

“Quando chegou à porta da cidade, eis que levavam um defunto, filho único; e sua mãe era viúva. Grande multidão da cidade a acompanhava. Ao vê-la, o Senhor sentiu compaixão para com ela e lhe disse: ‘Não chores!’” (Lucas 7,11-12).

Estamos contemplando uma das cenas mais duras da vida de alguém: uma mãe que está indo enterrar seu único filho. Essa mãe, que já tem uma dor profunda na sua alma pelo fato de ser viúva, agora tem uma dor que não tem nome: a dor de enterrar um filho. Talvez fiquemos olhando a expectativa do milagre da ressurreição, mas a grande graça que encontramos, aqui, é o Mestre, que sente profunda compaixão por essa mãe e a consola dizendo: “Não chores!”.

Quando olho para este Evangelho, olho para o coração de tantas mães que choram por diversas situações, dores e realidades que enfrentam nesta vida. São mães que choram por seus filhos ausentes e sem juízo, mães que choram com a preocupação de criar filhos nos dias de hoje, porque o mundo não está fácil para ninguém.

Digo com toda a convicção do meu coração: não há tarefa mais bela, no mundo, do que ser mãe. Mas também não há tarefa mais árdua, mais difícil e exigente do que ser mãe nos dias de hoje!

Assim como este filho da viúva teve a sua vida ceifada tão jovem, estão também, hoje, roubando a vida dos nossos filhos. Roubam para matar, para destruir; e quando não matam fisicamente os nossos jovens, matam seus valores, roubam sua dignidade e imprimem na alma deles os contra valores. São as mães as que mais sofrem! Elas sofrem com seus filhos rebeldes, com seus filhos que não se comunicam com aquilo que há no coração.

As mães sofrem, porque não sabem o que será desses meninos. Elas sofrem, porque investem amor e dedicação para cuidar deles, mas, muitas vezes, a resposta dos filhos é a ingratidão, a indiferença e o pouco-caso.

Hoje, olhamos para esta mãe do Evangelho e para todas as mães que choram e estão aflitas, agoniadas, sozinhas e abandonadas. Jesus é o consolo de nossas mães, e nós precisamos ser consolo para todas elas.

Quem é filho, dê tudo de si para ser o melhor filho, desdobre-se para amar e consolar. Procure consolar tantas mulheres que sofrem sozinhas a dor de ser mãe.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Homilia Diária

17SET2018

Somos pessoas religiosas, mas, muitas vezes, falta ao nosso coração a bondade necessária, o amor e o cuidado com o próximo

“Senhor, não te incomodes, pois não sou digno de que entres em minha casa. Nem mesmo me achei digno de ir pessoalmente a teu encontro. Mas ordena com a tua palavra, e o meu empregado ficará curado” (Lucas 7,6-7).

Esse oficial romano causa-me uma profunda admiração. Primeiro, porque ele não era um membro da religião judaica, ele até representava aquilo que os judeus odiavam e repeliam, que era o domínio do império romano. No entanto, esse homem tinha um coração extremamente bom, ele tinha as sementes do Evangelho no seu coração.

É na bondade que Deus se revela. Quando Ele vem a nós, traz bondade ao nosso coração. O Senhor construiu até uma sinagoga para os judeus, mas não foi só a sinagoga templo.

O oficial estava preocupado, porque um dos seus empregados, a quem ele amava e estimava muito, estava doente e à beira da morte. Não era porque ele perderia mais um empregado, mais um trabalhador, um soldado para o combate, porque outros poderiam se alistar, mas o oficial amava o seu funcionário.

Quem ama cuida, compadece-se e importa-se; e aquele oficial está se importando demasiadamente com o seu empregado, como se fosse consigo mesmo ou mais do que a si mesmo. Ele sabia que, com todo o seu poder e autoridade, não podia fazer nada, nem pagando os melhores médicos nem dando ordem, ele podia fazer algo. Mas ele tinha fé, por isso o Evangelho estava no coração deste homem. O oficial tinha amor, bondade, fé e confiança naquilo que Jesus podia fazer. “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha casa, mas eu creio que basta uma palavra tua”. Quem crê em Jesus crê que Ele é a Palavra, o Verbo encarnado e presente; crê que a Palavra d’Ele tem o poder de curar, libertar e salvar.

Veja que junção maravilhosa: um homem bom, amoroso, um homem de fé e humildade. O que faltou a muitos fariseus, doutores da Lei e homens da religião da época foi, justamente, humildade, amor e confiança em Cristo.

Somos pessoas religiosas, mas, muitas vezes, falta ao nosso coração a bondade necessária, o amor e o cuidado com o próximo. Falta-nos a fé extrema de que é Cristo quem cuida de nós, falta a entrega a Ele, o despir-se de si mesmo pela humildade. Isso Jesus encontrou em um pagão, um homem que não era religioso. A nossa religião precisa fazer de nós pessoas melhores e não pessoas religiosamente desqualificadas.

Que a nossa relação com Deus nos torne pessoas melhores com Ele, conosco e com o próximo.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

domingo, 16 de setembro de 2018

Homilia Diária

16SET2018

A "cruz" são todas as nossas obrigações e responsabilidades, as quais, muitas vezes, causam até dores em nossa alma

Então chamou a multidão com seus discípulos e disse: ‘Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga’” (Marcos 8,34).

Aquilo que o Mestre Jesus está dizendo, após reconhecerem o significado do seu ser Messias, não é um ser triunfante nem glorioso, mas o Messias é o servo sofredor, é aquele que carrega a humanidade nas costas. Jesus não faz mágica para salvar a humanidade, mas abraça a sua humanidade com todas as consequências da vida humana.

Para seguirmos Jesus, precisamos, primeiro, abraçar a nossa humanidade, porque, muitas vezes, queremos ser anjos, achamos que somos seres meramente espirituais e que temos de viver a nossa espiritualidade conversando com os anjos o tempo inteiro. 

A nossa humanidade precisa ser divinizada, precisa de comunhão com a vida espiritual que Ele nos trouxe, mas a nossa humanidade precisa também ser assumida na sua plenitude como Cristo a assumiu. Por isso, Ele está dizendo que quem quiser segui-Lo não pode querer se transformar em anjo. Quem quer segui-Lo precisa renunciar a si mesmo, porque renunciar a si mesmo é a exigência mais difícil, pois somos muito apegados a nós, somos apegados as nossas coisas, somos cheios de vontades próprias e movidos pelo nosso egoísmo, pelo nosso individualismo. É muito difícil largarmos as nossas coisas, o nosso mundinho para penetrarmos no mundo de Deus.

O peso do discipulado não significa que seguir Jesus seja pesado. O que é pesado é o que nós carregamos e não queremos abrir mão, queremos viver com as costas cheias de coisas, queremos viver cheios de coisas, por isso está todo mundo reclamando: “Tenho coisas demais para fazer!”. Não conseguimos abrir mão nem das coisas que temos em nosso guarda-roupa, porque somos apegados às roupas que temos, às coisas que fazemos; e não encontramos tempo para estar com o Mestre nem para rezar, porque nos enchemos de obrigações demais.

Renunciamos coisas que são até importantes para abraçar o que é essencial, e o essencial o Mestre Jesus direciona para nossa vida. Só pode seguir Jesus quem tem capacidade de fazer renúncias. A vida é exigente, e para abraçar o essencial da vida é preciso renunciar ao superficial.

Abrace a sua cruz. A "cruz" são todas as nossas obrigações e responsabilidades, as quais, muitas vezes, causam até dores em nossa alma. Se temos uma enfermidade, precisamos "abraçá-la". Se temos dificuldade de convivência, não adianta fugirmos para resolver. Se temos filhos que apresentam essa ou aquela dificuldade, este ou aquele desafio; se o casamento se torna algo doloroso, não é a fuga que resolve, mas o abraço à cruz, porque ela nos salva e dela teremos luz para as situações da nossa vida.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

sábado, 15 de setembro de 2018

Homilia Diária

15SET2018

Em todas as suas dores de mãe e mulher, a Virgem Mãe e Senhora das Dores está com você

Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma” (Lucas 2,35).

Hoje, celebramos a Virgem das Dores. Maria, a Mãe de Deus, é aquela que estava de pé junto à cruz quando seu Filho morreu pregado no madeiro. Que dor profunda experimentou o coração dessa Mãe!

Olhamos para o mistério da salvação e vemos que a alegria e o gozo da vida se misturam às dores da vida, iluminam o nosso coração e nos conduzem à glória eterna. As dores da vida não são como alguns querem simplificar: consequência dos pecados. Há dores que são consequências da nossa falta de juízo, dos nossos erros e pecados, mas as dores que experimentamos na vida são consequência de sermos homens e mulheres.

Jesus não cometeu nenhum pecado, mas todo o sofrimento humano recaiu sobre Ele. Maria, a discípula mais fiel de Cristo, concebida sem pecado, que levou uma vida pura e santa, carregou na sua alma todas as dores da humanidade.

Hoje, olhamos para o coração de tantas mães e contemplamos as dores e todos os sofrimentos que nossas mulheres, mães e irmãs passam nesta vida. Por isso, coloco todas as dores humanas, especificamente refirindo-me às dores de nossas mulheres, nas dores de Maria.

Maria é a Mãe que leva consigo as dores dos seus filhos. Ela leva, de modo especial, na sua alma feminina, aquilo que a mulher sofre por ser mulher: rejeição, incompreensão, pouco amor, descaso, maldades humanas. E tudo isso doí profundamente! Maria foi mal compreendida, ela foi mãe e experimentou a rejeição no primeiro momento quando gerou Jesus. Mas mesmo sendo mal compreendida, no momento em que Jesus se encarnou em seu ventre, uma profunda alegria tomou conta dela. Vieram também as inquietações e consequências; e desde a fuga para o Egito até seu Filho ser morto de forma cruel e tortuosa numa cruz, podemos contemplar as dores dessa Mãe.

Você, mulher e mãe, não se sinta abandonada nem pecadora, não sinta que Deus se esqueceu de você. Ele acompanhou e esteve presente em todas as dores da Virgem Maria. Em todas as suas dores de mãe e mulher, a Virgem Mãe e Senhora das Dores está com você. Ela sofre com seus filhos, ela sofre com as dificuldades e lutas. Por isso, eu lhe digo: nunca sofra sozinha, tenha sempre a Mãe que sofre com você, consolando, confortando e cuidando de todas as suas dores, enxugando todas as suas lágrimas.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Homilia Diária

14SET2018

Na Festa da Exaltação da Santa Cruz, queremos exaltar o Cristo Crucificado, o Senhor Nosso Deus que morreu na cruz dando a vida por nós

“Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado, para que todos os que nele crerem tenham a vida eterna” (João 3,14).

Na Festa da Exaltação da Santa Cruz, queremos exaltar o Cristo Crucificado, o Senhor Nosso Deus que morreu na cruz dando a vida por nós. Não podemos ignorar o mistério da cruz, a redenção operada por Jesus no calvário, por isso, hoje, exaltamos a cruz de Cristo, a cruz sagrada e bendita, a cruz redentora e salvadora.

Sabemos que a cruz pela cruz é um sinal de maldição, e o livro do Deuteronômio diz: “Maldito aquele que for pregado no madeiro”. O castigo mais severo, a pena de morte mais brutal que a humanidade conheceu foi pregar um ser humano no madeiro, e ali Ele passou todo o tempo crucificado, pregado, exposto ao ridículo. E todos que ali passavam zombavam ou eram indiferentes. Para todos ficava claro que, ali, estava um criminoso, um bandido ou malfeitor.

Cristo Jesus não fez mal nenhum. Ele veio recuperar o bem e a bondade que se perderam por causa do pecado, e Ele se sujeitou a tal ponto para viver a nossa humanidade, que experimentou, na própria carne, o castigo da maldade humana, aquilo que os homens fizeram de mal uns aos outros. Cristo não aceitou ser pregado na cruz para dizer se era certo ou não, é óbvio que Ele foi injustiçado como tantos outros são na história da humanidade. O fato é que a prova de amor de Deus para conosco chegou a sua plenitude no alto da cruz.

Deus nos ama de diversas maneiras, desde a criação do mundo, a encarnação de Cristo, mas um Deus morrer na cruz tornou-se escândalo para os judeus, tornou-se loucura para os pagãos, entretanto, para nós é o poder salvador do nosso Deus.

Que poder é esse? É o poder de quem se humilha para viver a profundidade da humildade somada com amor que salva, resgata e cura. Por isso, todo aquele que olha para o Cristo Crucificado encontra não somente a cura física, encontra n’Ele a cura da alma, dos sentimentos, porque o que nos deixa doentes, enfermos e estragados é a maldita soberba, o orgulho e o egoísmo.

Quando olhamos o despojamento pleno de Deus, aprendemos a ser despojados, e a alma vai se despindo de toda essa soberba, de toda vaidade que nos envolve; e encontramos em Cristo a razão da nossa vida e o sentido para a nossa existência.

Cristo Crucificado, nosso Deus amado, louvado e exaltado seja no mistério da Santa Cruz.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Homilia Diária

13SET2018

Que o bem, a bondade, o perdão e a misericórdia sejam os ingredientes que conduzam o nosso coração

“Amai os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai sem esperar coisa alguma em troca” (Lucas 6,35).

O coração do discípulo precisa ser semelhante ao coração do Mestre. Quando olhamos para o coração de Jesus, encontramos n’Ele somente amor; não há espaço para a vingança, para o ódio nem o ressentimento.

A nossa união com Jesus leva o nosso coração a ser divino e sagrado, porque o coração humano profanado pelo pecado foi santificado pela graça de Deus. Por isso, os sentimentos da nossa alma não podem ser conduzidos pelos sentimentos do pecado.

Quando o pecado está em nós, ele inclina o nosso coração para o mal, para fazer o mal a quem nos fez mal, a nos vingarmos de quem nos prejudicou, a desejarmos o mal para o outro, a fazermos algo sempre esperando alguma coisa em troca daquilo que estamos realizando.

Quando a nossa alma e o nosso coração são purificados pelo Sagrado Coração de Jesus, o nosso coração tem sentimentos de amor, ele não mistura o bem com o mal; pelo contrário, temos rejeição ao mal, não permitimos que ele entre em nós. Fazer o bem é próprio daquele que está com o bem no coração. Quem tem a bondade de Deus na sua alma terá também a bondade em suas atitudes e naquilo que realiza.

Precisamos reencontrar em nossa vida o sentido da gratuidade, porque, no mundo em que vivemos, tudo se faz para receber algo em troca. Perdemos aquele sentido genuíno de fazer o bem pelo bem, ainda que não recebamos nem um “muito obrigado”. Há muitas pessoas reclamando: “Eu fui bom com fulano, mas nem um "muito obrigado" ele me deu”. O ruim é quem tem um coração ingrato, porque a ingratidão é um mal, mas é ruim também quem faz algo, por melhor que seja, e espera gratidão e reconhecimento. O nosso reconhecimento é do Alto, é o Céu que nos abençoa. Procuremos seguir os passos do Mestre, que fez o bem sem olhar para quem, e nunca se cansou de fazer o bem.

Que o bem, a bondade, o perdão e a misericórdia sejam os ingredientes que conduzam o nosso coração; assim, teremos sempre saúde e paz na nossa alma.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Homilia Diária

12SET2018

A pobreza é um adjetivo qualitativo que enobrece a alma humana, que é desapegada e simples

“Jesus, levantando os olhos para os seus discípulos, disse: ‘Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus!’” (Lucas 6,20).

Veja que o olhar de Jesus se voltou para Seus discípulos, e Ele sabia que quem O tinha seguido tinha um coração desprendido, porque quem não se desprende não consegue O seguir.

Queremos ser discípulos de Jesus, queremos segui-Lo, porque a felicidade é Ele. A vida bem-aventurada quem nos concede é Ele.

Quando vamos atrás de Jesus e permitimos que Ele seja o Mestre da nossa vida, Ele sempre nos mostra o caminho da felicidade. Há, no entanto, um engano e uma ilusão acharmos que a felicidade da vida está na posse, nos bens materiais, no “ter as coisas”. De forma nenhuma! Basta ver que as pessoas que muito têm e muito sofrem para manter o que têm. Não é aquele sofrimento que acontece na vida, mas é a agonia anterior para manter a posse, é a agonia da cobiça que toma conta do coração.

Podemos ter tudo na vida sem deixarmos de ser pobre. A “pobreza” é um adjetivo qualitativo que enobrece a alma humana, que é desapegada e simples, é aquela pessoa que mantém o coração humilde mesmo tendo títulos, grandezas e reconhecimentos.

Madre Teresa de Calcutá ganhou o prêmio Nobel da Paz, viajou o mundo inteiro, diversas autoridades beijaram suas mãos, e ela dizia: “Não perdi um milímetro sequer do sentimento da minha alma ou do meu coração por causa das vaidades humanas”.

Envaidecemo-nos por qualquer coisa, deixamos a alma se elevar por qualquer sentimento de grandeza. A pobreza de espírito que traz felicidade para a alma é, quem sabe, contentar-se com o pouco, não se envaidecer nem se comparar àqueles que têm, com os que mais podem, com os que são mais bonitos. A felicidade está em ser simples, a felicidade está na nossa vida quando procuramos abrir a porta do coração, para que os sentimentos evangélicos estejam na nossa alma.

É muito importante dizer que a felicidade não bate à nossa porta somente quando ganhamos na loteria ou quando ficamos ricos. A felicidade bate à nossa porta quando nos encontramos com Cristo e O deixamos ser a grande riqueza da nossa vida. Ele é a felicidade que o nosso coração tanto anseia!

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

terça-feira, 11 de setembro de 2018

Homilia Diária

11SET2018

A oração não traz respostas mágicas para a nossa vida, mas ela nos dá discernimento e sobriedade de Espírito

“Naqueles dias, Jesus foi à montanha para rezar. E passou a noite toda em oração a Deus. Ao amanhecer, chamou seus discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu o nome de apóstolos” (Lucas 6,12-13).

O Mestre Jesus é para nós modelo de oração. Por que precisamos da oração? Porque ela nos dá sabedoria, discernimento e direção num mundo onde, muitas vezes, nós perdemos em tantas setas que nos apontam para cá e para lá. Qual é a escolha a ser feita? Qual é a direção a ser tomada?

Precisamos, a todo momento, da sabedoria do Alto na nossa vida, sobretudo, quando precisamos fazer escolhas. Não escolha nada na sua vida sem antes voltar o seu coração para Deus, pois pode ser que estejamos muito inquietos com as escolhas que precisamos fazer.

Num mundo onde se tem pressa para tudo, onde a síndrome da ansiedade toma conta dos corações, onde tudo precisa ser decidido para ontem, precisamos nos situar no hoje, não ser tomado pela fúria do amanhã, para que Deus possa conduzir os nossos passos. Não se trata de procrastinar, de se atrasar ou de ser uma pessoa indecisa. Trata-se de ser uma pessoa prudente.

A oração não traz respostas mágicas para a nossa vida, mas ela nos dá discernimento e sobriedade de Espírito. A oração nos dá a capacidade de fazer escolhas de forma sensata porque, muitas vezes, falta-nos sensatez na vida e vamos fazendo escolhas como se faz num final de feira, chega lá tem todas aquelas mercadorias jogadas e está todo mundo gritando, falando dessa ou daquela promoção, saímos colhendo isso ou aquilo e depois quando vamos fazer o balanço final, vemos que compramos coisas que nem serviam para nada ou coisas que pareciam boas mas não eram tão boas quanto pareciam ser.

A oração é sempre o melhor remédio para a alma. Jesus passou a noite inteira em oração. Às vezes, precisamos nos dedicar mais ainda, colocar mais o nosso joelho no chão, dobrar mais ainda o nosso coração para sermos incisivos conosco, para contermos esse espírito que, muitas vezes, tarda demais as coisas ou as decide com muita pressa.

Calma, serenidade e sobriedade, no Espírito da oração, tem a capacidade de fazer escolhas mais acertadas, iluminadas, direcionadas, e abençoadas na vida. Que o Espírito de Deus esteja conosco nos direcionando para que tenhamos sabedoria nas decisões e escolhas que fazemos nesta vida.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Homilia Diária

10SET2018

Cuidemos e amemos uns aos outros, e não tenhamos um coração seco e fechado

Então Jesus olhou para todos os que estavam ao seu redor, e disse ao homem: ‘Estende a tua mão’. O homem assim o fez e sua mão ficou curada” (Lucas 6,10).

Estendamos as mãos para o Senhor, porque, quando estendemos aos mãos para Ele, estendemos todo o nosso corpo, nosso ser e coração, pois queremos e precisamos ficar curados. Quem mais precisa ser curado, no Evangelho de hoje, muito mais do que aquele homem de mão seca, são os homens de coração seco que estão ao redor dele. Eles eram mestres e doutores da Lei, fariseus que se sentiam curados, porque eram religiosos que observavam a Lei judaica, mas não tinham o mínimo de caridade com a realidade daquele homem.

Vivemos numa época de corações secos e obcecados pelo egoísmo e pelo orgulho, como os homens daquela época. Quando uma pessoa só pensa em si ou só quer as benesses do mundo e de Deus para si, o coração dela vai secando. Nada mais seca o coração humano do que o egoísmo e o orgulho, pois estes geram em nós o individualismo, o “eu” em primeiro lugar, a graça de Deus somente para ele.

As relações familiares estão corroídas pelos corações secos, onde cada um está pensando somente em si. Você casou não para viver para si, mas para o outro; não ensine seu filho a ser um menino de coração seco, que só pensa em si, nas suas coisas e no que é bom para ele.

O lema de uma geração obcecada pelo individualismo é: “É bom para mim? O que vai me render?”. Quando só pensamos em nós, o mundo gira em torno de nós, a religião gira em torno de nós.

Jesus curou este homem, colocando-o no meio. Jesus coloca no meio as necessidades, os sofrimentos e aqueles que são deixados de lado.

Não deixemos ninguém de lado, coloquemos no centro da nossa vida a preocupação com os que sofrem, com os nossos e com aqueles que estão ao nosso lado. Não façamos um drama da nossa vida só porque achamos que o mundo tem de girar em torno de nós. Nem a nossa vida gira em torno de nós! Estejamos em torno de Deus, porque Ele, sim, coloca no centro aquilo que nos faz sofrer e nos preocupar.

Amemos uns aos outros e não tenhamos esse coração seco e fechado. Estendamos nossas mãos e o nosso coração, porque Jesus não nos quer secos, Ele nos quer curados.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

domingo, 9 de setembro de 2018

Homilia Diária

09SET2018

É preciso deixar que Jesus toque em nossos ouvidos para que eles se abram à graça divina

Jesus afastou-se com o homem, para fora da multidão; em seguida, colocou os dedos nos seus ouvidos, cuspiu e com a saliva tocou a língua dele.”(Marcos 7,33).

Ao contemplarmos o Evangelho de hoje, vemos que levaram um homem surdo que falava com dificuldade até Jesus. O próprio Jesus pegou aquele homem pela mão, porque queriam apenas que Ele impusesse as mãos sobre ele. Às vezes, não basta o Senhor colocar as mãos sobre nós, é preciso que Ele nos pegue pela mão, porque Ele precisa nos refazer.

Alguns computadores precisam ser reprogramados, mas não somos computadores, somos criaturas divinas que Deus criou à Sua imagem e semelhança; porém, o mundo e as circunstâncias nos desprogramam daquela graça original. É preciso que Deus nos pegue à parte.

Deus pegou Adão à parte, levou-o para um sono profundo e, então, nasceu uma criatura tão divina quanto ele, que foi Eva, sua esposa. Do mesmo modo, Jesus pegou esse homem pela mão e o afastou da multidão. É importante nos afastarmos dos outros para entrarmos na comunhão com Deus, porque, às vezes, estamos no meio de todo mundo, estamos naquela correria, naquela confusão, naquela vida frenética, estamos vivendo como máquinas. Precisamos nos afastar para encontrar o silêncio original, deixar que a mão de Deus nos toque e nos refaça novamente. Por isso, Jesus, com seus dedos, tocou nos ouvidos daquele homem para que eles se abrissem. 

Nossos ouvidos estão, muitas vezes, fechados. A Palavra de Deus não entra mais neles, não conseguimos mais ouvir a sintonia com Deus. Por isso precisamos deixar que o Senhor toque nossos ouvidos, para que eles se abram à graça divina.

Não há nada mais íntimo do que a nossa saliva, e foi com a saliva da intimidade de Deus que Ele tocou na língua daquele homem, para que ele voltasse a falar, para que a sua língua se abrisse. Deus precisa tocar a nossa língua, pois não sabemos mais louvá-Lo, adorá-Lo, proclamar o Seu nome nem falar a verdade. Precisamos do toque da graça.

Aquele homem foi tocado e a sua língua se soltou, mas há muita língua solta para falar o que não deve, para falar da vida dos outros, para fazer fofoca e trazer maledicências. Há muitas línguas soltas, que não param de falar coisas negativas, que é muito melhor que elas se prendam.

Precisamos do toque da graça de Deus, porque o que mais existe são línguas travadas para proclamar a glória do Senhor, para fazer e falar do bem aos outros e para falar bem dos outros. Se a nossa língua está travada, é porque nossos ouvidos estão fechados para ouvir o Senhor.

Aquilo que os ouvidos escutam é o que a boca fala. Se ouvirmos Deus, se escutarmos a Sua Palavra, falaremos d’Ele. Que o Senhor nos toque por dentro, por fora e nos restaure.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

sábado, 8 de setembro de 2018

Homilia Diária

08SET2018

Não tenhamos medo de amá-la, de recebê-la em nossa casa, não tenhamos medo de ter nela um referencial de vida, de entrega e doação

José, Filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo” (Mateus 1,20).

Hoje, celebramos a Natividade de Nossa Senhora, o dia em que a Virgem Maria nasceu. Sabemos o quanto nos alegramos com toda a vida que nasce, a vida dos filhos. Olhemos a nossa própria vida, como celebramos, como gostamos de recordar o dia em que viemos a esse mundo, onde tantos se alegraram com o nosso nascimento.

Toda a vida é para rendermos graças ao Senhor e, hoje, queremos louvar, agradecer e bendizer o dia em que a Virgem Maria nasceu do ventre de sua mãe Ana. Toda a vida reflete para nós a bondade de Deus à Virgem Maria, resplandece na vida dela toda a graça divina de renovação da humanidade. Nasceu aquela que nos deu o Salvador da humanidade, nasceu aquela que foi toda de Deus, nasceu aquela que fez da sua vida uma oblação e entrega de toda a sua existência ao Senhor.

Celebramos o nascimento daquela que fez de cada dia da sua vida uma eternidade e um hino de louvor ao Criador. Maria foi toda de Deus desde o ventre da sua mãe, por isso ela nasceu para ser de Deus e viveu para ser toda d’Ele. Não tenhamos medo de amá-la, de recebê-la em nossa casa, não tenhamos medo de ter nela um referencial de vida, de entrega e doação.

Celebremos o nascimento da Virgem Maria e tenhamos nela um referencial para sermos aquilo que ela foi em excelência: discípula do Mestre Jesus, filha prediletíssima do Pai, a mulher do Espírito.

A vida de Maria foi marcada por esse três traços: primeiro, ela foi uma filha de Deus, honrou o Pai em todos os seus atos. Segundo, mais do que Mãe de Jesus, ela foi discípula de Jesus, a Mãe que aprendeu com o Filho, aquela que ensinou seu Filho a andar, a viver e ser homem. Ela aprendeu d’Ele o sentido da eternidade e da vida evangélica. Terceiro: Maria é Mãe e Mestra, filha de Deus e discípula de Jesus, porque foi a Mulher do Espírito, viveu uma espiritualidade, uma entrega a Deus; e o Espírito tomou posse dela como propriedade única, do seu ventre, do seu seio virginal e de toda a sua vida.

O Espírito fez dela a sua morada preferida. Ele a conduziu, iluminou e direcionou. Queremos pedir a essa dádiva a intercessão da Virgem Maria; também queremos ser filhos do Pai, discípulos do Mestre Jesus e homens e mulheres cheios do Espírito Santo como Maria foi.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Homilia Diária

07SET2018

Ter a mente fechada é o pior atraso que podemos conceder a nós e a quem convive conosco

Vinho novo deve ser posto em odres novos” (Lucas 5,38).

A Palavra diz que Deus é aquele que faz nova todas as coisas. Às vezes, queremos nos acostumar com o que é velho, mas o que é se acostumar com o velho? É fazer aquilo que sempre fizemos, aquilo que sempre acreditamos e ficamos sempre naquela mesma atoada, não sabemos nos abrir para acolher o novo, para ver novas aspirações, inspirações e direções. Ter a mente fechada é o pior atraso que podemos conceder a nós e a quem convive conosco. A mente velha não é a mente de uma pessoa idosa, é aquela mente fechada, que não se abre para o novo.

O "novo", aqui, não se refere às novidades, porque há pessoas que só gostam de novidades, e a pergunta é: “Qual é a novidade?”. Não se trata de novidade por ser coisas que apareceram na moda ou assim por diante. O novo que a Palavra de Deus se refere é aquilo que nos renova e nos refaz, restaura-nos e nos dá a recuperação daquilo que é a graça original. Não confunda a busca de novidades no mundo em que vivemos com o novo do Evangelho.

O novo que Deus realiza em nós acontece quando o coração se abre para o novo. Temos muitas coisas velhas no nosso coração, coisas estragadas que precisam ser mudadas, tem muitos pensamentos nossos que estão opacos, que nos estragam e não ajudam as coisas a serem melhores. Como é bom esvaziarmos a mente! Eu tenho insistido muito nisso. Para que o novo venha até nós é preciso tirar de nós aquilo que estamos acostumados a querer que seja assim.

Sabe por que as coisas não mudam em nossa casa? Porque achamos que mudar a casa é mudar a disposição dos móveis ou tirar todas as "tranqueiras". Isso ajuda, é bom para o ambiente. Outros acham que é mudar de casa, acham que a casa não presta, que tem espíritos negativos nela e decidem mudar, porém, ao se passarem alguns meses, aquela outra casa também fica velha.

A mudança acontece dentro de nós, mas é preciso que a mentalidade e a cabeça sejam novas, porque se temos aquele mesmo modo de agir, se somos aquela pessoa impulsiva, negativa e grossa, não tem ambiente nem vida que renove. É sempre aquela pessoa que espera e cobra dos outros, e é sempre o outro que tem que mudar. Não é isso, pois a mudança da humanidade começa em nós.

Vivemos num tempo de muitos conflitos, onde o espírito da acusação é agido e pervertido às relações humanas. Renovemos o novo de Deus para a nação em que vivemos. Que as mentes novas sejam capazes de se abrir para o sopro do Espírito e não fiquem naquelas coisas velhacas, estragadas e corrompidas de sempre acusar, cobrar e esperar do outro.

Se mudarmos, se permitirmos nos renovar, metade do mundo já vai mudar, pelo menos dentro de nós, próximo de nós e no mundo em que estamos!

Deus abençoe você.

Padre Roger Araújo

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Homilia Diária

06SET2018

Jesus quer que lancemos nossas redes em águas mais profundas, a começar por esse mar, que é o nosso coração

Simão respondeu: ‘Mestre, nós trabalhamos a noite inteira e nada pescamos. Mas, em atenção à tua palavra, vou lançar as redes’” (Lucas 5,5).

O desânimo toma conta dos discípulos do Senhor, o desânimo que vem do desalento de terem tentado, de passarem a noite tentando pescar e nada dos peixes virem. Quando, no entanto, Jesus se aproxima deles e, também quando se aproxima de nós, tem uma ordem: é preciso avançar para águas mais profundas.

Os discípulos estavam somente na beira do lago, lançando as redes nos lugares que sempre lançaram, mas até os peixes cansaram daquele lugar e de lá saíram!

Muitas vezes, acostumamo-nos a fazer uma coisa na vida e até temos uma forma de dizer: “Sempre foi assim. Eu sempre fiz assim. Por que vou mudar?”. Quando não mudamos, o mundo muda; e não é que temos de acompanhar ou fazer o mesmo que o mundo faz, mas temos que transpor a mudança no mundo. Se as águas mudam de direção, temos de acompanhar a direção que elas estão indo para lançarmos nossas redes.

A sabedoria divina sabe em qual direção o vento está indo e qual direção a barca tem que andar; e, muitas vezes, precisamos andar na direção contrária. Precisamos dar atenção à Palavra do Mestre, pois Ele quer que lancemos nossas redes em águas mais profundas, a começar por esse mar que é o nosso coração. Muitas vezes, cuidamos da nossa vida de maneira muito superficial, e não aprofundamos as coisas.

Fico impressionado como os nossos relacionamentos ficam apenas na berlinda, e não os aprofundamos. Preferimos ficar no superficial, do jeito que está, e chega um tempo em que o mar não está para peixe, e é preciso dar muita atenção à Palavra do Mestre.

Às vezes, você está desanimado, porque seu emprego está do mesmo jeito. Você não consegue produzir nada de novo, a criatividade não vem. O Espírito é o vento criativo, é aquele que sopra o novo, mas é preciso ter a disposição de sair da zona de conforto, da comodidade, de ter a coragem de avançar na vida.

Muitas vezes, dizemos: “Eu posso afundar. Não vou dar conta. Eu não tenho mais forças”. Se, realmente, entrarmos na Palavra do Senhor e deixarmos que ela direcione nossa vida, Ele vai nos apontar outros mares e outras direções para onde a nossa vida precisa andar.

Não fiquemos estagnados no ponto em que estamos, não fiquemos parados naquilo que sempre fomos acostumados a fazer. Não nos acostumemos só com o "arroz e feijão". Podemos muito mais, basta que não abaixemos a cabeça nem digamos: “É assim mesmo. Eu já tentei várias vezes”. A graça da vida é morrer tentando, buscando e avançando, ainda que, algumas vezes, tenhamos de regredir para depois progredir, mas Deus sempre nos dá a graça de avançarmos.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Homilia Diária

05SET2018

Precisamos confiar a Jesus o cuidado das nossas emoções, porque Ele vai cuidar para que as grandes doenças e enfermidades do mundo não venham sobre nós

Ao pôr do sol, todos os que tinham doentes atingidos por diversos males, os levaram a Jesus. Jesus punha as mãos em cada um deles e os curava” (Lucas 4,40).

Devemos levar até Jesus os males da nossa vida, nossas doenças e enfermidades. Buscamos primeiro a cura, e a queremos imediatas e mágicas, e achamos que Jesus realiza isso. Ele, no entanto, cuida e cura as nossas enfermidades, Ele cuida de nós. O que mais precisamos, na vida, é sermos cuidados por Ele, por isso precisamos levar até Ele todas as nossas enfermidades.

Não podemos recorrer a Jesus apenas quando estivermos com uma doença grave e incurável, mas sim desde uma febre que tenhamos, uma dor de cabeça, uma gripe, os incômodos que vivemos na nossa alma e no nosso coração, sobretudo os que originam boa parte de nossas enfermidades. Precisamos confiar a Jesus o cuidado das nossas emoções, porque, quando confiamos a Ele a nossa saúde profissional, Ele vai cuidar para que as grandes doenças e enfermidades do mundo não venham sobre nós.

Leve a Jesus a sua saúde, entregue as suas dificuldades. Ore sobre elas e por elas, confie-as ao encontro do Senhor. Não é na angústia nem no desespero, mas é na fé e na confiança. Leve para o Senhor os doentes da sua casa, a começar por você. É verdade que há aqueles que estão mais afligidos, estão muito sofridos e machucados. Permitamos que cada um dos nossos conheçam e experimentem, na sua enfermidade, o poder de Jesus que dá ânimo, vida nova e um gosto novo, ainda que seja enfermo em cima de uma cama.

Jesus veio para sanar os males do mundo e cuidar de nós. O que pode acontecer de pior ao ser humano é, no meio de tanta saúde ou de tanta enfermidade, deixar a sua alma se perder.

É Jesus que vai percorrendo cidades e vilas, é Ele que vai passando para resgatar as almas. Em excesso de saúde, a pessoa cai na euforia da vida e não cuida da sua alma e do seu coração. No excesso de doença e enfermidade, ele cai na depressão, na angústia,  perde o rumo do essencial e não deixa que Deus direcione a sua vida para lá, onde não haverá mais choro, doença nem enfermidade. Pertencemos ao Senhor e precisamos permitir que Ele cuide de nós.

Reze pela sua saúde e pelas doenças, as mínimas que sejam. Queremos confiar ao Senhor aquilo que tem sido tão difícil nos dias de hoje: a nossa saúde emocional. Que Ele cuide de nós, que esteja conosco, que Ele esteja nos curando e abençoando.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

terça-feira, 4 de setembro de 2018

Homilia Diaria

04SET2018

Precisamos conquistar a pureza das crianças, porque Jesus é aquele que expulsa o mal e as impurezas da nossa vida

Que palavra é essa? Ele manda nos espíritos impuros, com autoridade e poder, e eles saem”(Lucas 4,36).

Jesus estava na sinagoga e havia um homem possuído por um espírito impuro, que gritava em alta voz: “Quem és tu, Jesus de Nazaré? Vieste aqui para perder-nos”. É muito importante salientar que o espírito maligno é impuro, sujo, e a obra dele é sujar o mundo, torná-lo imundo e impuro, é deixar toda a humanidade suja.

Já deu para ver que é horrível uma casa suja, uma cidade suja, um mundo totalmente sujo e impuro, mas pense como é horrível uma alma impura, suja e imunda, e a obra dele é justamente essa.

Não fique pensando que possessão é o fato de uma pessoa começar a gritar ou falar palavras desordenadas. É óbvio que existem casos de possessões por todo o mundo, mas a grande possessão do mundo é a impureza. 

O maligno não se conforma só com o coração, ele começa pela mente. Uma mente suja tem muitas maldades, ela vê tudo pela ótica do mal. Não é difícil ver quando as pessoas vão conversar, e logo no início da conversa alguém já traz o negativo e o maldoso. O problema é a maldade que já está na cabeça, depois do coração que fala por meio da boca e sai mais coisas maldosas e impuras que estragam a melhor coisa que queremos conversar, pensar ou fazer.

A forma de o inimigo agir no mundo em que estamos é para nos tornar pessoas impuras. E de que maneira isso acontece em nós? Somos uma mistura, o bem está em nós, a graça de Deus está em nós, as virtudes estão na nossa vida e no nosso coração, entretanto, deixamos misturar aquilo que é sujo e impuro, e então vem palavras, pensamentos e sentimentos. As coisas estão se misturando dentro de nós, e por isso precisamos da autoridade de Jesus.

Jesus tem autoridade e poder sobre os espíritos impuros. Em outras palavras, Jesus tem o poder de nos purificar e de expulsar aquilo que tira de nós o esplendor de sermos à imagem e semelhança do Senhor.

Não permitamos que os espíritos impuros dominem nossas casas, nossas famílias, relações familiares, amizades e tudo aquilo que fazemos, pois temos muitas discórdias, acusações, brigas, ciúmes, invejas, e prevalece, no nosso coração, o rancor, o ressentimento e a mágoa, porque isso tira a pureza de Deus em nós.

Olhe para uma criança ou pegue um bebê no colo. Neles não há nenhuma impureza, não há nenhum sentimento mal, não há a mistura do mal com o bem, por isso o Reino dos Céus é das crianças, e precisamos conquistar a pureza delas, porque Jesus é aquele que expulsa o mal e as impurezas da nossa vida.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Homilia Diaria

03SET2018

Procuremos ser bons profetas dentro da nossa casa, pois, mesmo que não sejamos acolhidos, ninguém pode nos impedir de amar

“Em verdade eu vos digo que nenhum profeta é bem recebido em sua pátria” (Lucas 4,24).

O Evangelho de hoje mostra Jesus voltando para Nazaré, a cidade que Ele cresceu e viveu. Não vou dizer que era a cidade natal d'Ele, porque Ele nasceu em Belém, mas toda Sua vida foi desenvolvida em Nazaré. Ele estava vivendo em Cafarnaum e todos conheciam seus milagres e bênçãos. Tudo aquilo que Ele realizava foi questionado: “Por que não realiza agora o bem e tudo aquilo que realizas em Cafarnaum?”. A partir disso, veio o famoso e conhecido provérbio que diz que nenhum profeta é bem recebido em sua pátria. Quando Jesus disse isso, Ele não estava afirmando que tem de ser assim, porém, na prática tem sido assim. A Palavra de Deus precisa mudar aquilo que os homens estabeleceram como prática de vida.

Precisamos ser profetas em nossa pátria, em nossa casa, na nossa família e no meio de nós. A prática tem sido mal vivida e, muitas vezes, temos sido bons para os de fora, para os de longe, para os que estão distantes, mas não somos profetas em nossa casa. Precisamos ser profetas com a vida. O profeta testemunha com a vida aquilo que ele acredita, por isso, na casa, na família, no trabalho, onde ele está, precisa profetizar com a vida, dando bons exemplos e boas práticas.

Muitas vezes, conseguimos ter paciência com todo mundo lá fora, então, sejamos profetas da paciência em nossa casa e no meio dos nossos. Pode ser que, na nossa casa, não consigamos pregar a Palavra de Deus com maestria, mas preguemos com a vida.

Recordo-me, agora, de São Antônio de Pádua: “Cessem as palavras e falem as obras”. Se não podemos dar muitas palavras para mudar as nossas responsabilidades de casas e famílias, jamais podemos deixar de testemunhar em nossa casa, a vivência evangélica e o Evangelho que acreditamos e queremos viver. Por isso, é importante ser profeta em nossa casa.

Profeta não é aquele que vive pregando em casa, porque, às vezes, o excesso de pregar e falar leva os nossos a esmorecerem, desanimarem ou criarem repulsa pela fé que nós temos. Muitas vezes, é contraditório o que falamos com aquilo que fazemos. É preciso procurar criar a boa empatia no meio dos nossos.

A boa empatia acontece quando nós testemunhamos, por isso é preciso tomar cuidado com o azedume e a amargura que criamos no meio de nós por causa das diferenças no modo de crer e de ver o mundo.

Procuremos ser bons profetas dentro da nossa casa, pois mesmo que não sejamos acolhidos, ninguém pode nos impedir de amar uns aos outros. Isso tem que começar dentro do nosso lar.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

domingo, 2 de setembro de 2018

Homilia Diária

02SET2018

Precisamos, cada vez mais, mergulhar no nosso interior e contemplar as belezas que temos dentro do nosso coração

O que torna impuro o homem não é o que entra nele vindo de fora, mas o que sai do seu interior”(Marcos 7,15).

O Evangelho de hoje nos apresenta o drama dos fariseus e de boa parte dos judeus, porque eles só comiam depois de lavar bem as mãos, segundo a tradição que receberam dos antigos.

Lavar as mãos para fazer as refeições é uma atitude higiênica, e não tenha dúvida de que faz muito bem à saúde! A questão, no entanto, é ficarmos somente no ato de lavar as mãos, pois isso quer dizer lavar o corpo, ou seja, cuidar do exterior para que tudo aparente estar bem, mas não cuidamos daquilo que é o essencial.

Muitas vezes, há um exagero na maneira de ver as coisas! “Temos de lavar bem esse alimento, se não, ele vai 'nos estragar'”. Sabemos os danos que um alimento não lavado pode causar, por isso é muito importante cuidarmos da higiene, e aqui não discutimos esse fato. O problema da humanidade e de cada um de nós são os extremos da vida, porque cuidamos excessivamente de um lado e, às vezes, relaxamos ou descuidamos do outro.

O Evangelho de hoje nos aponta a necessidade de cuidarmos do nosso interior, pois o que o faz se deteriorar e ficar impuro não é o que comemos, não é aquilo que vem de fora, mas o que já está dentro de nós: os maus pensamentos, os maus sentimentos, a cobiça, o adultério, o sentimento negativo em relação ao outro e a inveja. É dentro do nosso coração que guardamos ressentimentos, mágoas, rancores e acumulamos o ódio.

Precisamos cuidar daquilo que guardamos em nosso interior, porque a beleza humana reflete aquilo que vem de dentro e não de fora. O cuidado que precisamos ter é para não vivermos de cascas nem de aparências. Vivemos na era da maquiagem e do retoque, para darmos atenção só àquilo que as pessoas vão ver em nós. Mas, na verdade, a Palavra de Deus diz que a essência humana está dentro do coração do homem.

Precisamos, cada vez mais, mergulhar no nosso interior e contemplar as belezas que temos dentro do nosso coração, porque, graças a Deus, muita coisa bela foi semeada em nós. No entanto, nossa beleza está se estragando com as coisas velhas e estragadas que deixamos acumular dentro do nosso coração.

Que beleza e que pureza de vida aquela criança que é carregada no colo! Mas, à medida que cresce, o mundo vai jogando coisas velhas dentro daquele coração; então, crescem e alguém diz: “Nem parece aquele menino que eu conheci: tão bonzinho, tão bonito, tão cheio de coisas belas e bonitas!”. A verdade é que o tempo pode nos melhorar, mas ele também pode nos piorar. E não é melhorar a aparência para ser bela segundo os critérios mundanos. O que nos torna piores é não cuidarmos daquilo que está dentro de nós e se acumula dentro do nosso coração.

Hoje, a Palavra de Deus nos convida a irmos no fundo da nossa alma e olharmos o que está dentro de nós para purificar, limpar e renovar. Algumas coisas são importantes: exame de consciência diário, olhar para nossa consciência, rever os nossos atos, as nossas atitudes e práticas, e não abrirmos mão de uma boa confissão para renovar, lavar, purificar e não nos conformarmos com o mal que quer morar em nós.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

sábado, 1 de setembro de 2018

Homilia Diária

01SET2018

A questão não é ter mais ou menos, a grande questão da vida é o uso que fazemos dos nossos talentos

“‘Servo mau e preguiçoso! Tu sabias que eu colho onde não plantei e que ceifo onde não semeei? Então devias ter depositado meu dinheiro no banco, para que, ao voltar, eu recebesse com juros o que me pertence’” (Mateus 25,26-27).

A bonita parábola dos talentos mostra-nos o investimento que Deus realiza em nossa vida. Deus é aquele que coloca os talentos da vida em nossas mãos. Recebemos dons, capacidades e disposição para realizar muitas coisas na vida, portanto, todos nós temos talentos, dons e capacidades. A questão não é a quantidade de dons e talentos, a questão não é ter mais ou menos, a grande questão da vida é o uso que fazemos dos nossos talentos.

O Senhor está, hoje, repreendendo o servo que é mau e preguiçoso. Então, são duas coisas que não podemos fazer com os talentos que temos. O primeiro é sermos maus ou usarmos de forma errada e má os talentos que temos, usá-los para realizar maldades. E aqui todo o problema do pecado, da corrupção que, muitas vezes, entram em nós e vão corrompendo os melhores dons que nós temos. Até podemos multiplicar os dons, mas os usá-los de forma má é o mesmo que não os usar, porque destroem o bem em nós e o bem que está no outro.

O ponto-chave do Evangelho de hoje é que o servo não só foi mau, mas foi preguiçoso. E ser preguiçoso é sinônimo de ser relaxado, é uma pessoa inerte, que não leva adiante e, simplesmente, quer ver o mundo acontecendo, não é capaz de se virar nem de fazer as coisas acontecerem.

Nenhum de nós pode deixar a vida cair na inércia, não importam as dificuldades que tenhamos nem os limites que possamos conhecer. Eu sou um profundo admirador das pessoas que têm limites físicos; elas se superam e dão exemplos para nós, porque são capazes de fazer algo mesmo com esse limite que têm na vida. Não são os limites que nos podam, mas é a preguiça que nos retêm, é a falta de nos lançarmos e nos jogarmos; é, muitas vezes, ficarmos parados reclamando, murmurando ou invejando o talento que o outro tem, porque é algo muito mais danoso para o nosso espírito e criatividade olhar o que o outro tem e não o que nós temos ou somos capazes e podemos.

Não seja mau nem permita que a inveja e a preguiça impeçam você de crescer, de ir para frente, de superar-se e dar mais com o dom e o talento que você tem. 

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo