Gol

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Homilia Diária

28FEV2017

Jesus nos chama para um desprendimento de vida

“Quem tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos, campos, por causa de mim e do Evangelho, receberá cem vezes mais agora, durante esta vida e, no mundo futuro, a vida eterna.” (Mc 10,29)

Na mentalidade compensatória que o mundo tem, as pessoas dizem: "O que eu ganho se fizer isso?". Veja, as pessoas são assim: "o que vou ganhar com isso?". É uma mentalidade capitalista, fazem uma coisa para receber, ganhar outra: "Se eu deixo isso aqui, o que vou ganhar de volta?".

Jesus nos chama para um desprendimento de vida, um desapego. É mais desapegado quem mais recebe, porque tem o coração mais livre. Se você é apegado só com o seu filho, desculpe-me, você vai ter só aquele filho para você. Mas se você sabe ser desapegada e, sem deixar de amar seu filho, abre-se à amplitude, você vai ter mais filhos para amar. Eu vejo pessoas que são capazes de amar seus filhos e outros filhos que precisam ser amados. Que beleza é ver isso!

A virtude do desprendimento faz multiplicar aquilo que temos na nossa vida, já aqui. Eu digo desprender, não desprezar, pois são duas coisas diferentes. Muitas vezes, o apego demasiado é um exagero, um exagero de pegar e não querer largar; e o dia que perde, por causa da força natural das circunstâncias, a vida da pessoa acaba, porque não sabe viver o desprendimento.

O amor que devemos ter uns para com os outros é o amor profundo, sincero, é um amor em que damos o melhor de nós para o outro, mas nunca um amor doentio, pois este leva as pessoas a se tornarem consequentes e sofredoras na vida.

Estamos vendo o quanto as pessoas sofrem quando criam os filhos e estes, agora, têm de partir para fazer a sua própria vida, seja pra estudar, trabalhar ou formar uma outra família, e a vida da mãe acaba!

Aquela filha continua sendo sua filha, e uma vez que você desprende dela, ela vai lhe dar até mais filhos, pois virão os netos. Se ela for ser uma religiosa, que beleza vai ser!

Se vivermos a mentalidade do apego demasiado das coisas, das pessoas, não vamos experimentar a abundância do Reino de Deus.

Como Jesus diz, “aquele que desprende por causa de mim, já recebe aqui cem vezes mais e depois ainda tem a vida eterna como a consolação”.

A vida eterna já começa aqui, já vivemos essa dinâmica no desprendimento da vida, para que a vida eterna se encarne em nós, viva em nós. Que Deus nos ensine a termos um coração livre para servirmos como Ele merece ser vivido.

Deus abençoe você!

 

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Homilia Diária

27FEV2017

Para o Reino do Céus começar em mim preciso viver a dinâmica do desprendimento

“Bom Mestre, que devo fazer para ganhar a vida eterna?” (Mc 10,17)

Sabemos que este jovem, que se aproxima de Jesus, era um homem bom, virtuoso, praticava a lei de Deus e queria ganhar a vida eterna.

Uma coisa importante de dizer, na interpretação dessa passagem bíblica, é que as pessoas entendem a vida eterna como a vida depois da morte. Mas para Jesus a vida eterna é o Reino de Deus que vem até nós. Não vamos entrar na vida eterna, no Reino de Deus, só depois de morrermos, pois a vida eterna começa agora. Não é preciso morrer, esperar para entrar nos Reino do Céus. Deus veio até nós para instalá-lo em nosso meio.

O que é preciso para entrar agora, neste momento, no Reino do Céus? Não basta fazer uma coisa e deixar outra. Entramos no Reino dos Céus quando observamos os mandamentos.

Não podemos deixar os mandamentos de Deus do lado, aqueles 10 que aprendemos: Amar a Deus sobre todas as coisas; não tomar o santo nome d'Ele em vão; honrar pai e mãe; guardar os domingos... E todos os outros vividos na intensidade, na graça, pois eles nos introduzem no Reinos do Céus.

O homem diz: “Mas eu já os observo desde criança, aprendi em casa a observá-los”. O Senhor lhe diz: “Só te falta uma coisa”. Se o jovem está perguntando, é porque ele não está no Reino de Deus ainda. Ou seja, ele observa o que lhe falta agora. Eu já faço isso, o que está me faltando? Falta o desprendimento, porque o Reino dos Céus é dos desprendidos, de quem é solidário com quem sofre, com quem é pobre ou tem necessidades.

Jesus não diz que o jovem tem de deixar seus bens; o problema é que ele não divide o que tem com quem não tem nada. O problema é que o pouco que temos só pensamos em nós, na nossa vida, na nossa casa. Deixe-me lhe dizer: tornamo-nos pessoas egoístas, orgulhosas, por isso não temos espaço para o Reino dos Céus em nosso coração, o qual vive o egoísmo, o orgulho.

Podemos ser bons em tudo, mas falta a graça da partilha, do desprendimento. Jesus diz: “Vai e vende”, numa dimensão mais radical da Palavra, porque parece que tudo o que aquele jovem tinha deixava-o preso, amarrado.

Não vamos vender tudo o que temos, porque não é essa a dinâmica da vida à qual somos chamado a viver de uma forma mais radical, mas não podemos ser apegados a nada! Quando não conseguimos nos desprender, não vivemos a dinâmica do Reino de Deus; e o principal, não conseguimos seguir Jesus.  

A pior desculpa que escuto de alguém é: "Eu não tenho tempo para Deus. Sou de Deus, rezo em minha casa, mas não tenho tempo". Sabe por que as pessoas não têm tempo? Porque estão demasiadamente ocupadas em suas riquezas.

Às vezes, a riqueza da pessoa não é nada, mas é aquilo que ocupa o coração dela. Então, entramos, hoje, nos Reino dos Céus, por causa de três pontos: observar os mandamentos, desprender-me e partilhar o que tem, e seguir Jesus. Se fizermos isso, o Reino dos Céus, a vida eterna começará agora no meio de nós.

Deus abençoe você !

domingo, 26 de fevereiro de 2017

Homilia Diária

26FEV2017

Quem quer servir a Deus precisa ser uma pessoa desprendida

“Ninguém pode servir a dois senhores, pois, ou odiará a um e amará o outro, ou será fiel a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro. (Mt 6,24)

Há, nessa Palavra, uma afirmação categórica de Jesus: não dá para ocuparem o mesmo espaço, o dinheiro e Deus. Porque, se o dinheiro existe, é para estar a nosso serviço e a serviço de Deus. Nunca para colocar o Senhor a serviço do dinheiro nem para fazermos o pior, que é colocar o dinheiro como o "deus" da nossa vida.

Preciso dizer para que você não tenha nenhuma dúvida: o dinheiro é o "deus" deste mundo, ele manda neste mundo, compra as pessoas que se vendem por causa dele. Há pessoas que comandam pelo dinheiro que têm e pelo que não têm, e vivemos em função de ter ou não ter dinheiro. Enfim, as pessoas falam o tempo todo dele, preocupam-se em demasia com ele.

Muitas vezes, nossas igrejas vivem em função do dinheiro, mas nosso modelo é o Senhor e Salvador Jesus Cristo. Ele é para nós modelo primeiro de desprendimento. O desprendimento de Jesus está no Seu nascimento até a hora de Sua morte.

Ah, mas Jesus não pegou em dinheiro! É óbvio que sim! O grupo precisava de dinheiro, e havia alguém que cuidava disso. Você sabe que aquele que cuidava do dinheiro se corrompeu, porque fazia mau uso dele. O dinheiro, quando vem a nós, ele nos domina, corrompe-nos.

Não preciso dizer quantas pessoas são corrompidas por causa do dinheiro. Não falo nem da grande escala, porque isso já está nos noticiários, mas no nosso dia a dia, no cotidiano, o quanto as pessoas se deixam levar pela sedução que o dinheiro exerce. As pessoas até tratam melhor alguém pelo dinheiro que este tem, e desmerece aqueles que não o têm.

Que lógica mais diabólica, mais perversa e mundana! Estamos nos escravizando pelo "deus" deste mundo, que se chama dinheiro. Por isso, Nosso Senhor Jesus Cristo está dizendo: “Vós não podeis a Deus e ao dinheiro”. Quem quer servir a Deus precisa ser uma pessoa desprendida, não pode ser apegada, não pode ser refém do dinheiro.

Para que, afinal, ele serve? Para estar a serviço da vida, para torná-la melhor; não para fazer nossa vida difícil, complicada. E quando é que ela se torna complicada? Quando nos deixamos seduzir pelo dinheiro, quando não sabemos usá-lo, quando ele comanda as nossas ações.

Não é nenhum pecado trabalhar para ter honestamente o seu dinheiro, ter muito ou pouco, mas se soubermos usá-lo, nós nos perdemos, corrompemo-nos e nos deixamos seduzir. Precisamos ter ordem na coisa, e a ordem é justamente essa: só Deus pode ocupar o primeiro lugar da nossa vida. Se você já colocou outras coisas na frente de Deus, desculpe, é impossível realmente servir-Lhe, porque Aquele que você serve é quem manda no seu coração. Se servirmos a Deus, é ele quem nos comandará, que vai nos ensinar a usarmos corretamente o dinheiro, os bens, as coisas deste mundo.

Se quisermos, no entanto, servir a Deus, mas primeiro ao dinheiro, só nos perderemos. Desculpe-me, mas estamos endividados com situações complicadas, porque deixamos essa desordem entrar na nossa vida. Não é possível servir as duas coisas.

Que Deus seja Deus em nossa vida e que o dinheiro esteja a serviço do bem e da fraternidade, no cuidado dos outros e na construção do Reino dos Céus.

Deus abençoe você!

sábado, 25 de fevereiro de 2017

Homilia Diária

25FEV2017

Quando cuidamos das crianças, estamos cuidando do próprio Deus

“Deixai vir a mim as crianças. Não as proibais, porque o Reino de Deus é dos que são como elas.” (Mc 10,14)

Que maravilha! A grande graça é ver como Jesus acolhe as crianças, como ele as abraça, porque, na época d'Ele, as crianças eram deixadas de lado, elas não eram levadas em conta.

Vemos, na narração dos evangelistas, que quando Jesus realiza o milagre da multiplicação dos pães, as crianças não são contadas. Mas o Reino de Deus, na verdade, começa por elas e com elas, também com quem se parece com elas.

Acolhamos nossas crianças, tenhamos um lugar muito especial para elas na nossa vida, em nossas Igrejas, em tudo o que fizermos. Amemos, respeitemos, cuidemos e eduquemos. Como é primordial todo o trabalho voltado para cuidar dos nossos pequeninos! Não podemos nos descuidar, de forma nenhuma, da educação, do cuidado, da ternura e do amor que nossas crianças merecem.

A educação das crianças nunca deve ser à base da repreensão, de forma nenhuma! A coisa essencial que temos que dar a elas, em qualquer situação, é amor, ternura e acolhimento. Toda criança tem de ser acolhida e amada, porque elas precisam disso para crescer de forma sadia e completa.

Se você conhece uma criança que não é amada, por favor, leve amor para ela. Façamos um esforço para que crianças do mundo inteiro sintam-se amadas. É triste ver a situação de muitos países, muitos lugares onde as crianças sofrem tanto!

Estejam elas próximas ou distante de nós, precisamos dar o melhor para as crianças e cuidarmos delas, pois quando cuidamos delas, estamos cuidando do próprio Deus. Ele se fez homem no meio de nós como criança; já homem adulto, voltou-se às crianças como modelo do Reino do Céus.

Precisamos aprender com elas, porque é da simplicidade, da humildade, da pureza da criança que vamos conquistar também o Reino dos Céus. Por isso, é bom pegar a criança nos braços, levar afeto a ela.

Devemos repudiar toda e qualquer forma de abuso, seja por repreensão ou abuso de qualquer ordem que possam cometer com nossas crianças. Precisamos, no fundo do nosso coração, cuidar melhor delas.

Não me refiro apenas aos seus filhos, pois para muitas crianças falta o afeto, o aconchego dos pais, tios, amigos. Precisamos dar o melhor de nós para elas, porque, se assim o fizermos, você não precisa ter dúvida nenhuma, pois o Reino de Deus vai estar sempre acontecendo no meio de nós.

Deus abençoe você!

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Homilia Diária

24FEV2017

Amigo é aquele que está conosco na hora em que mais precisamos dele

Se queres adquirir um amigo, adquire-o na provação; e não te apresses em confiar nele. Porque há amigo de ocasião, que não persevera no dia da aflição. (Eclo 6,7)

Gostaria de meditar com você a primeira leitura do livro de Eclesiástico, porque amigo é uma coisa muito importante para a nossa vida. E todos nós temos amigos.

Há amigos que causam alegria ao nosso coração, mas há outros que causaram e vão causar decepção ao nosso coração. Digo a você, no entanto, que o problema não são os amigos, o problema é a nossa forma de nos relacionarmos com as pessoas.

A Palavra de Deus está nos dizendo, hoje, que, se quisermos ter um amigo, não o poderemos adquirir de uma hora para outra, pois isso é um erro, um engano, uma ilusão. "Conheci essa pessoa hoje e ela se tornou minha melhor amiga!". Não é verdade! Ela se tornou uma pessoa amigável, mas não podemos já considerar uma pessoa que nos fez um bem hoje, a melhor amiga da nossa vida. De forma nenhuma!

Só sabemos quem é amigo de verdade na hora da provação. Quando fazemos uma festa, um banquete, vemos a quantidade de amigos que querem estar conosco, e os que ficam aborrecidos se não foram convidados, lembrados, e assim por diante.

Adquirimos amigos na hora da provação, da aflição. É isso que está nos dizendo a Palavra de Deus, pois é nessa hora que se prova realmente a amizade. Amigo é aquele que está conosco na hora em que mais precisamos dele. Por isso, não queria ter um milhão de amigos, é um erro, um engano, uma ilusão, e acaba que não vai ter nenhum amigo.

Tenha poucos amigos, mas que estes sejam bons para você. Jesus tinha uma multidão junto dele, tinha discípulos, apóstolos, mas não tinha muitos amigos, esses eram poucos; até entre os 12, três eram mais íntimos d'Ele: Pedro, Tiago e João. Das multidões, era Seu amigo Lázaro, Marta e Maria, porque eram íntimos ao Seu coração.

"Não se apresse para adquirir um amigo", é o que nos diz, hoje, a Palavra de Deus. Procura ter uma relação amigável com todos, mas amigo mesmo, eu lhe digo, Deus vai lhe mostrar, e você o reconhecerá na hora da provação, da aflição, da dificuldade, do sofrimento.

Louve a Deus se você já adquiriu um amigo. E se você tem esses poucos amigos, reze por eles, peça a bênção de Deus sobre eles.

Mantenha com os outros relações amigáveis, não precisa cobrar muito deles. Se de alguém você esperava muito, mas ele não lhe correspondeu, volto a dizer que a culpa não é dela, mas nossa, pois depositamos confiança demais e não permitimos que o tempo e a graça de Deus nos mostre quem são os nossos verdadeiros amigos.

Deus abençoe você.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Homilia Diária

23FEV2017

Disciplinar os nossos membros para que sejam bênçãos, não maldições

“É teu pé te leva a pecar, corta-o! É melhor entrar na vida sem um dos pés, do que, tendo os dois, ser jogado no inferno” (Mc 9,45)

Quando escutamos esse Evangelho, parece que Jesus está sendo muito duro, exigente, porque manda cortar o pé, a mão, o olho... Indo nesta proporção da lógica, daqui a pouco não sobra nada no ser humano!

Na verdade, o mestre da vida está nos ensinando a encaminharmos nossos membros para o Reino do Céus, senão eles andarão soltos, indisciplinados, sem regras, indo para qualquer lado, levando-nos ao caminho da perdição, do inferno. Quantas vezes os nossos pés são conduzidos para o lado errado, para onde não devemos ir!

Quantas vezes a nossa mão, que é para fazer o bem, acaba fazendo o mal, aquilo que não é para fazer! Quantas vezes o nosso olhar, que é para olhar para as coisas do céu, olhar com olhar de Deus, reveste-se com um olhar do mal! O que Jesus quer é que nossas mãos sejam curadas, abençoadas, que nossos pés sejam abençoados e nos levem para o céu.

O que Jesus quer é que nossos olhos sejam iluminados pela graça divina. Então, corta o seu olho do que ele tem de humano, diabólico, infernal, para que ele seja iluminado pela graça de Deus. Tira as suas mãos, porque se elas estiverem muito indisciplinadas, estão fazendo coisas que não convêm, que é errado, precisamos discipliná-la, disciplinar os pés e todo nosso corpo.

Na verdade, o que o Mestre nos ensina é termos disciplina interior. Não é assim que fazemos com as nossas crianças quando estão aprendendo a usar a mão? “Menino, não pega isso, porque não pode!”. A criança vai aprendendo, vai se disciplinando, pois se não aprenderem muitas delas até morrem, põem o dedo onde não é para por e leva um choque. Tão cedo a criança já perde a vida!

Nós, muita vezes, perdemos também a nossa vida, a nossa comunhão com Deus, porque não disciplinamos nossos membros, nosso olhar, nossa mente e cabeça, nossos pés, mãos e todo nosso interior. Precisamos encaminhar o nosso corpo para a direção de Deus.

Não é simplesmente o coração que está em Deus, é o nosso ser inteiro, a vida inteira. Somos nós, por inteiro, que precisamos ir para Deus.

A língua, por exemplo, como precisamos discipliná-la para que seja um instrumento de salvação, para que não seja um instrumento que nos leve à perdição. Muitas vezes, palavras malditas saem também da nossa boca; e em vez de edificarmos com aquilo que falamos, perdemo-nos e levamos os outros a se perderem por causa das nossa palavras.

Que Jesus santifique tudo aquilo que somos – corpo, alma e espírito –, para que vivamos na Terra, mas na direção do céu.

Deus abençoe você!

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Homilia Diária

21FEV2017

Façamos da humildade um escudo da nossa vida

“Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos!” (Mc 9,35)

No mundo em que vivemos, o que importa é o primeiro lugar, o mais importante, a competitividade, onde as pessoas estão realmente em busca de serem valorizadas, estimadas, colocadas lá em cima. Só vale o que é o primeiro, quem tem o melhor nisso ou naquilo.

Realmente, é uma grande competição, muita vezes injusta, exalta a uns e desmerecem outros, elevam demais alguns e desqualificam pessoas. Enquanto alguns se sentem um máximo com aquilo que conseguem – e são poucos –, a grande maioria se sente oprimida, arrasada, depreciada, porque não consegue aquilo que poucos conseguem.  

A lógica do Reino de Deus não é essa, não é quem é melhor, o mais importante, quem pode mais, porém quem serve mais, quem se coloca em último lugar. Não que não devamos nos esforçar na vida, não entenda por esse caminho, é nos esforçarmos para conseguirmos o queremos, para vencermos as batalhas, para conquistar algo na vida é mais do que louvável e abençoado.

O que não é louvável e abençoado é conseguir algo na vida exaltando-se e diminuindo os outros, quando o orgulho, a soberba prevalecem naquilo que fazemos, é nos sentimos melhores que os outros, mais importantes que eles.

É tão bom ver uma pessoa que é capaz, mas sabe ser humilde naquilo que é capaz, sabe muita coisa, mas não prevalece aquilo que sabe. É bom ver pessoas que tem dom, talentos, títulos, são importantes, mas não se fazem importantes, isso é caminhar na lógica do Reino de Deus.

O Senhor olha para aqueles que buscam não serem os primeiros. Não é para deixar de ser o primeiro em uma corrida e ser o último para ser mais humilde. Ao contrário! É correr para dar o seu melhor, chegar na frente, mas não sou melhor do que aquele que chegou em último lugar.

Jesus pega uma criança, porque, em Sua época, a criança era sem importância, sem valor, não era levada em conta, por isso Ele a abraça; assim também com cada um de nós quando vivemos na humildade, quando fazemos da dela um escudo da nossa vida, quando não prevalecemos por aquilo que temos que somos ou fazemos, mas sim, quando nos escondemos em Deus e n'Ele colocamos tudo aquilo que fazemos.

Deus abençoe você!

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Homilia Diária

20FEV2017

Precisamos deixar que a fé conduza nossos passos

“Eu tenho fé, mas ajuda a minha falta de fé” (Mc 9,24)

É a súplica de um pai que precisa muito da cura do seu filho, que tem um espírito mudo, o qual o atormenta desde criança. Quanta coisa já aconteceu com esse menino por causa desse espírito que está agindo nele!

Os discípulos foram e não souberam lidar com essa situação, e isso causou um incômodo em Jesus, porque parece que eles não aprenderam nada. Quando demonstramos incredulidade, não sabendo usar a nossa fé ou não a usamos como graça maior que temos de Deus, estamos desperdiçando a ação d'Ele em nossa vida.

Esse pai vai pedir, por favor, que o Senhor tenha piedade e o ajude. Jesus diz: “Tudo é possível para quem tem fé”, e a resposta do pai é: “Senhor, eu tenho fé, mas me ajuda, porque minha fé é pouca, fraca, ainda não é suficiente”.

Que sinceridade desse pai! Ele crê em Jesus, sabe o que Ele pode, mas ainda não tem uma fé tamanha para alcançar a graça ou aquilo que ele está precisando em favor do seu filho. É isso que Deus está querendo nos dizer hoje.

A fé tudo pode, e precisamos viver dela, precisamos deixar que ela nos guie, conduza os nossos passos. Quando nos desesperamos diante de qualquer situação, é sinal de que a fé está em baixa, escondida ou foi jogada fora.

Por mais que seja calamitosa, por mais que seja difícil qualquer situação, não podemos deixar que o desespero tome conta do nosso coração nem comande nosso atos e atitudes. Precisamos deixar que a fé grite em nós.

Pode ser que a nossa fé esteja abalada, fraca, por isso não conseguimos nos expressar, mas podemos dizer como esse pai disse: “Senhor, ajude-me, socorre a minha falta de fé, minha fraqueza, a minha pouca fé. Eu creio, Senhor, e como eu preciso do teu socorro para a minha fé!”.

Jesus vem em socorro a nossa falta de fé, a nossa fraqueza, ele vem para alimentar nossa fé, para tirar todos os espíritos impuros que nos deixam mudos, que nos permitem falar demais, falar o que não deve ou o que não convém. Não podemos deixar reinar em nós os espíritos impuros, precisamos pela fé expulsar da nossa vida aquilo que não é do Senhor.

Deus abençoe você!

domingo, 19 de fevereiro de 2017

Homilia Diária

19FEV2017

O melhor de nós é a graça de Deus que está em nós, é o Deus que recebemos

“Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem!” (Mt 5, 44)

Precisamos aprender a medida do amor de Deus. Qual é essa medida? É o amor sem medidas, que se supera, que não pára nos ressentimentos, nas mágoas e nos entraves da vida.

A Palavra de Deus hoje nos diz que é muito simples, não precisa ser cristão para amar as pessoas que nos querem bem, é mais simples pra nós amar as pessoas que são mais afetuosas, que falam bem de nós, que fazem bem ao nosso ego, que faz bem a nossa vida.

O desafio é amar quem nos desafia, quem desafia o nosso próprio ser. O desafio é amar quem nos prejudicou, quem nos magoou, quem não nos quer bem, quem falou mal de nós, porque o amor deve ser para todos. Posso até ter um amor mais afetuoso, a quem eu tenho afeto, Jesus tinha, e não há problema nenhum nisto, o que pode é viver o desamor com ninguém.

Jesus está nos ensinando hoje como devemos amar os nossos inimigos, aqueles que não nos fazem bem ou nos perseguem. Você pode dizer: “Eu não tenho inimigos”, mas há pessoas que você não tem relações amigáveis, às vezes nos querem mal, nos prejudicam, falam mal de nós.

Como lidar com essas situações? A resposta concreta é dar a elas o melhor de nós. E o que é o melhor de nós? Temos virtudes, qualidades, e elas não são o melhor de nós; o melhor de nós é a graça de Deus que está em nós, é o Deus que recebemos, e é isso que devemos dar para o outro.

Damos Deus às pessoas quando elas dizem “eu preciso muito de Deus”, então, rezamos por elas, suplicamos que a graça que está em nós seja comunicada a tais pessoas, é isso que devemos fazer.

Se oramos pelos nossos, pedimos para que Deus os abençoe, não podemos dar outra coisa para aquele que não nos querem bem. Precisamos dar Deus a eles, porque isso vai nos fazer bem. Quando damos Deus ao outro, o Senhor permanece em nós, quebra em nós o ranço, o rancor, o mal estar que muitas vezes fica dentro de nós pelo mal que o outro nos faz, e assim o desmontamos.

Quem nos faz mal pensa, muitas vezes, que vamos reagir de uma forma negativa; ao contrário, respondamos com amor e graça de Deus.

O que o Senhor nos ensina é amarmos com amor sem medida, e se nos faltam forças humanas, que Deus nos dê a graça do Seu amor para amarmos como Ele nos ama, e que Seu amor esteja em nós, porque é assim que devemos amar uns aos outros. É isso que Ele quer e nos ensina a viver.

Deus abençoe você!

sábado, 18 de fevereiro de 2017

Homilia Diária

18FEV2017

É preciso nos retirarmos, para que Deus revele em nós a Sua face gloriosa

“Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, e os levou sozinhos a um lugar à parte sobre uma alta montanha.” (Mc 9,2)

Esse fenômeno que estamos lendo e meditando, no Evangelho de hoje, é a transfiguração de Jesus. Quando foi que Ele se transfigurou? Quando Ele pegou os três discípulos pelas mãos e os levou consigo, porque eles lhe eram muito próximos, íntimos, por isso Jesus queria mostrar-lhes algo muito íntimo.

Jesus os levou sozinhos, somente eles, e eles não levaram amigos e outras coisas, somente eles do jeito que estavam, foram para um lugar à parte, separado distantes de tudo e de todos, e dali foram para uma alta montanha. Montanha é um símbolo de lugar sagrado, do alto, do céu, do lugar do encontro com Deus. Não é a altura da montanha que nos coloca mais próximos de Deus, mas o símbolo do alto nos remete ao Deus altíssimo.

Quando subimos não é para nos elevarmos, mas para nos rebaixarmos, para irmos ao encontro d'Aquele que é mais alto e maior do que todos nós, o nosso Deus. Jesus nos quer próximos d'Ele, quer-nos mais íntimo d'Ele. Deus quer revelar Sua face para nós, quer nos mostrar Sua transfiguração, Sua face gloriosa. Primeiro, é necessário nos retirarmos, deixarmos as coisas, porque, muitas vezes, estamos apegados às pessoas, às coisas e situações, e não conseguimos nos desprender.

Achamos que, se nos apartarmos um pouco, tudo vai se perder, nada vai funcionar, tudo vai acabar. Isso não é verdade! Se queremos que Deus nos ajude a cuidar das coisas, precisamos deixar que Ele cuide de nós, e para Ele cuidar de nós precisamos nos retirar das coisas para estar com Ele, ir para um lugar reservado. Esse lugar, muitas vezes, é aquele onde não estamos acostumados a estar. Retirar-se na Igreja, na capela, no deserto, na montanha, tantos lugares que nos são propícios para irmos ao encontro do Senhor!

Se não pudermos fazer isso com frequência, pelo menos façamos a cada dia. Há um canto em nossa casa ou próximo de nós onde podemos e devemos nos  encontrar com o Senhor, porque, no meio da agitação do mundo em que vivemos, da televisão e internet existem pessoas que não conseguem largar nem seu celular. Parece que, na hora em que larga o celular, o mundo acaba. "Como vai ser? Não vou receber mensagens!" Não estamos recebendo mais mensagem do céu, porque estamos muito presos às coisas humanas.

Se quisermos que Deus fale conosco, temos de nos retirar para estar com Ele, para que Sua face se transfigura diante de nós e Ele transforme nossa própria face e semblante.

É difícil retirar-se! Os discípulos sentiram isso, mas quando foram nem quiseram mais descer da montanha sagrada.“É bom estarmos aqui, Senhor”.

Eu lhe digo: será muito bom para você, porque é bom para mim, para todos nós deixarmos as coisas que fazemos para estarmos a sós, inteiros na presença do Senhor.

Deus abençoe você!

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Homilia Diária

17FEV2017

Renunciar a si mesmo é a capacidade de ceder, de pensar mais amplo

“Se alguém quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga.” (Mc 8,34)

Você quer ser discípulo de Jesus? Você quer realmente ser um seguidor de Cristo? Você pode ser um admirador de Jesus, pode ser alguém que tem um gosto pela pessoa de Jesus, mas ser discípulo d'Ele é exigente.

Para entrar na escola de Jesus, para aprender d'Ele, é preciso realmente saber das regras, das condições, senão não teremos a vida em Deus. “Por que eu não levo uma vida em Deus?”, porque para levar uma vida em Deus não é preciso estar tudo bem, maravilhoso, ter a vida sem problemas e dificuldades. Para ser discípulo de Jesus, primeiro, é preciso renunciar a si mesmo. Talvez essa seja a grande exigência, porque somos muito orgulhosos, soberbos, temos uma vida muito fechada em nós e queremos que o mundo gire ou funcione em função de nós.

Não gostamos de ser contrariados, mas, para sermos discípulos de Jesus, ou melhor, para sermos seres humanos completos, precisamos aprender a lidar com as contrariedades. As coisas nem sempre vão funcionar do nosso jeito ou como nós queremos. Porém, uma vez que não sabemos lidar com as contrariedades, irritamo-nos, ficamos chateados, reclamamos, murmuramos e perdemos o essencial, que é a paciência. Por que perdemos? Porque fomos mexidos no nosso ego.

Para sermos discípulos de Jesus, a primeira lição é aprendermos a ser contrariados, aprendermos a lidar com aquilo que nem sempre vai ser do nosso jeito, do nosso agrado ou como queremos. Só assim a paciência se forma em nós, as virtudes crescem. Se não aprendermos a ser assim, se queremos que o mundo gire em torno de nós, vamos simplesmente sofrer por sofrer, é um sofrimento que não nos faz crescer.

Pelo contrário, tornamo-nos uma pessoa mais amargurada, azeda, briguenta, e não nos tornamos pessoas melhores. Renunciar a si mesmo não é perder a identidade, não é  ser uma pessoa sem opinião própria, sem determinação. Renunciar a si mesmo é ser humilde, é ter a capacidade de ceder, de pensar mais amplo, de ver que as coisas não funcionam em função de nós, mas em função de algo muito maior.

O mundo deve girar em torno de Deus; e se o mundo tem tanta desordens, é porque cada um quer que o mundo gire em torno de si e não em torno de Deus. Depois toma a sua cruz, sua vida, toma tudo aquilo que faz parte da sua própria história, cada um precisa abraçar a si mesmo, abraçar a família que tem o seu trabalho com as dificuldades, com as situações que muitas vezes podem parecer penosas, complicadas.

Cruz não é sinônimo de algo muito pesaroso, de algo desastroso. Cruz é símbolo, é sinal de salvação, de redenção. Por isso, muitas vezes, temos que nos dar com doenças, enfermidades, situações complicadas, e achamos que Deus está longe de nós.

Ao contrário, se a nossa cruz pesa muito, pode ter certeza que é o Senhor quem nos alivia e nos ajuda a carregar nossa cruz de cada dia. Não jogue fora a sua cruz, abrace-a, porque ela nos salva e nos aproxima do Redentor e do Salvador da humanidade.

Deus abençoe você!

 

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Homilia Diária

16FEV2017

Se queremos saber quem somos, temos de nos aceitar por inteiro

“Quem dizem os homens que eu sou?” (Mc 8,27)

Jesus está perguntando para Seus discípulos aquilo que o povo diz a respeito d'Ele; depois, Ele pergunta aos próprios discípulos quem eles também acham que Ele é.

Responder quem é alguém é responder sobre a identidade daquela pessoa, é dizer com propriedade e profundidade quem o outro é, isso é mais do que achar, porque achar, muitas vezes, não tem muita objetividade. Só quem mergulha com profundidade para acolher a pessoa do outro pode responder quem o outro é.

O povo dá respostas muito comparativas: “Uns dizem que o Senhor é João Batista, outros dizem que és Elias ou algum dos profetas”, ou seja, referências vagas, lembrando ou comparando Jesus com alguém ou com  outras pessoas. Assim também fazemos quando alguém nos lembra nosso pai, nossa mãe, alguém que conhecemos, “ele para mim é igual fulano”, a essência de cada pessoa é única.

É a identidade da pessoa, podemos até mesmo ter semelhanças com outras pessoas, mas não somos as outra pessoa, somo únicos, e cada pessoa que se aproxima de nós precisa ser única na nossa vida. Só quem acolhe com profundidade, com seriedade e amor a pessoa do outro pode responder na verdade quem o outro é. Senão, nossas respostas vão ver sempre superficiais.

A respeito de Deus é a mesma coisa, ou acolhemos Jesus em nossa vida com seriedade, amor e profundidade, e então saberemos que realmente ele é para nós, e não daremos respostas superficiais nem aleatórias, ou copiaremos aquilo que os outros dizem, repetindo-os.

Trata-se de uma experiência pessoal, por isso Jesus se volta para os que vivem com Ele e pergunta: “Para vocês, quem sou eu?”. O silêncio reinou, mas Pedro impetuoso diz: “Tu és o Cristo, tu é o Messias”.

Pedro falou da identidade de Jesus, não entendendo todo sentido daquilo que, de fato, Jesus é, porque Pedro pode tocar na unção de Jesus, ele pode ver a unção acontecendo com as curas, os prodígios e milagres, com a proclamação do Reino de Deus acontecendo. Não compreendia toda a dimensão, por isso Jesus o proíbe severamente, porque já tem a pista, já sabe por onde caminhar, para entender quem Ele é, mas é preciso entender toda a dimensão.

Jesus começa então a explanar, explicar, no sentido que Ele, mesmo sendo o Messias, ia passar pela via da cruz, sofrimento de tudo o que iria acontecer para finalmente chegar no seu reino glorioso. Pedro repreende Jesus à parte e Jesus diz: “Afasta-se de mim, satanás!”, porque tudo aquilo que vem do coração do homem, que quer impedir o Reino de Deus de acontecer, é humano, diabólico e não é de Deus, por isso Pedro foi mais do que repreendido por Jesus.

Se nós queremos saber quem somos, temos de nos aceitar por inteiro, por completo, do jeito que somos, com as qualidades, virtudes, mas também com as limitações, assumindo os sofrimentos e os dramas, para que tudo seja transformado.

Não queremos acolher apenas uma parte do Jesus glorioso, mas O acolher com aquilo que Ele é, com Sua Paixão, Seu sofrimento que nos redime e salva.

A vida humana é assim também, por isso precisamos acolher a alegria, os bons momentos, mas também os sofrimentos e as dificuldades, encarar a morte e tantas situações que, de repente, para nós são complicadas, mas é que nos faz ser pessoas inteiras de Deus e para Deus.

Deus abençoe você.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Homilia Diária

15FEV2017

Não podemos continuar enxergando as coisas só de um jeito limitado como muitas vezes enxergamos.

Jesus pegou o cego pela mão, levou-o para fora do povoado, cuspiu nos olhos dele, pôs as mãos sobre ele, e perguntou: “Estás vendo alguma coisa?”(Marcos 8, 23).

Levaram um cego até Jesus. Imagina o que é ser cego, é perder a capacidade de enxergar, perder para quem já enxergou um dia, ou ser cego de nascença sem poder enxergar a luz do dia.

Poderia me deter aqui na problemática da cegueira física, mas hoje com toda a evolução da medicina, dos tratamentos, dos métodos, da metodologia, fico impressionado como muitas vezes  os cegos , os deficiente visuais,  enxergam muito melhor do que muitos de nós.

E por que eles enxergam? Porque eles desenvolvem uma sensibilidade no resto do corpo, na mente, no toque, no ouvido e assim por diante. São capazes de enxergar até melhor do que nós em  realidades que muitas vezes com os dois olhos bem abertos que temos não enxergamos.

Com certeza esse cego que um dia já enxergou e chegou a essa situação, é para nós um exemplo do que acontece conosco quando a cegueira espiritual, psicológica nos envolve. A coisa está na nossa frente e não enxergamos, o problema está dentro de mim e eu não o enxergo, a solução está ao meu lado eu não a enxergo, porque eu me encontro verdadeiramente numa cegueira, eu perdi a sensibilidade de enxergar o essencial.

E aqui está um problema, muitas vezes até vivemos em e com Jesus como muitos viveram e vivem e não consegue se enxergar, não consegue enxergar o outro e vive numa situação como esta. E então Jesus cura esse cego em duas etapas: Jesus toca em seus olhos e lhe pergunta: “você está vendo alguma coisa?”, ele responde: “sim, vejo homens mas eles parecem árvores que andam”.

Nós, mesmo tocados por Jesus, enxergamos as pessoas como coisas, como realidades materiais, os olhos até se abriram mas não se abriram para enxergar a essência, o fundamental. Tem pessoas que só enxerga dinheiro, problemas, dificuldades, coisas materiais, outros só enxergam sensualidade e assim por diante. “Eu até enxergo, mas só enxergo dessa forma”, até abriu um pouco os olhos mas ainda enxergam de forma limitada.

Deus não nos quer enxergando dessa forma, não quer que enxerguemos o outro apenas como sensibilidade material, a materialidade que a aquela pessoa tem. É por isso que a cura desse cego é exemplo para nós a cura do homem no total.

Jesus colocou de novo as mãos sobre os olhos dele e agora ele passou a enxergar claramente. Se não enxergamos com clareza as coisas, se não sabemos enxergar as situações com os olhos de Deus, permita que Jesus toque nos nossos olhos. Não podemos continuar enxergando as coisas só de um jeito limitado como muitas vezes enxergamos.

A miopia da nossa fé é terrível porque nos mantém ofuscados da graça maior de Deus. Se Jesus já tocou na sua vida um dia que bom, mas permita Ele tocar agora com profundidade, não permita que Ele toque para você enxergar apenas de uma forma aparente das coisas.

Ele curou esse cego para que ele enxergasse de uma maneira plena, e é de forma plena que nós também precisamos enxergar o mundo, as pessoas e sobretudo enxergar as realidades espirituais.

Se não conseguimos tocar, enxergar, ver onde Deus está agindo em nós, precisamo pedir “Senhor eu quero enxergar, eu quero ver. Toca-me Senhor, porque a tua graça é que me ajuda a enxergar as coisas como eles realmente precisam serem vistas e enxergadas”.

Deus abençoe você!

 

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Homilia Diária

14FEV2017

Não transforme os problemas da sua vida em dramas, Deus é luz para qualquer situação

Por que discutis sobre a falta de pão? Ainda não entendeis e nem compreendeis? Vós tendes o coração endurecido? Tendo olhos, não vedes, e tendo ouvidos, não ouvis?

É uma série de questionamentos que Jesus começa a fazer aos Seus discípulos, porque eles estão muito inquietos com aquela multidão que não tinha o que comer. O que eles tinham era somente o pão. O que fazer diante daquela situação?

Sabe aquela situação da vida em que temos pouca solução para muitos problemas? Então, acrescentamos um problema maior e acabamos caindo na perturbação. O problema dos discípulos era que ficavam logo perturbados; e quando ficamos assim, a perturbação nos leva ao desespero que não resolve nada.

Quando é que o desespero já nos ajudou a resolver alguma coisa? Ao contrário, ele nos tira a lucidez, a capacidade de reflexão, afasta-nos da fé.

Algumas pessoas acham que Deus vai ouvi-las se ficarem desesperadas, se começarem a gritar, mas, ao contrário, Deus pode nos ajudar quando confiamos mais n'Ele. Em situações difíceis e complicadas, é mais fácil ajudar uma criança que um adulto, porque a criança cede, mas se o adulto se desespera, ele entra em pavor e não sabe o que fazer.

Quando olhamos para as situações da nossa vida, sejam financeiras, econômicas ou familiares, percebemos que temos problemas, mas não podemos os transformar em dramas. Quando é que os problemas da nossa vida se tornam dramas? Quando nos desesperamos por causa deles, ou seja, estamos com os olhos fechados, não conseguimos enxergar qual é, na verdade, a origem do problema, e não vamos enxergá-los, porque o desespero não nos permite raciocinar.

Ali, só havia aquele pão. O que fazer? Primeiro, ter calma, pensar, rezar e refletir. O que fazer com pouco? Se começamos a desesperar, criamos uma agitação, um clima, e percebemos que muitas coisas na vida se tornam desastrosas por causa de pessoas que são sempre desesperadas.

Desesperar-se significa perder a esperança, perder o rumo da fé, da solução, do caminho. Deus é luz para qualquer situação. O desespero não nos aproxima de Deus, pelo contrário, aproxima-nos das trevas, porque fica tudo pavoroso, tudo se apaga dentro de nós.

É preciso acalmar, é preciso ter serenidade, ter luz para que haja sabedoria, discernimento, e assim saber o que fazer em situações que exigem de mim. Faça-se luz para encontrar luz, solução e caminho para dar a direção do que fazer.

Deus abençoe você!

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Homilia Diária

13FEV2017

A inveja é uma desgraça, um mal que traz consigo o ressentimento e o ódio

Logo que chegaram ao campo, Caim atirou-se sobre o seu irmão Abel e matou-o” (Gênesis 4,8).

Nós estamos acompanhando o livro do Gênesis, que sempre vai nos lembrar as origens, o começo. Vamos percebendo como é o começo de todas as coisas, e estamos vendo hoje o primeiro fratricídio, um irmão que mata o outro irmão.

Se olharmos para as famílias no dia de hoje, claro que existem exemplos maravilhosos de irmãos que se dão bem, irmãos que se querem bem, mas não podemos deixar de ver que, muitas vezes, as diferenças separam irmãos, criam brigas, tumultos, relações complicadas entre irmãos filhos do mesmo pai da mesma mãe.

Muitas vezes, as situações se tornam tão complicadas, que irmãos não conseguem conviver num mesmo ambiente. Cada caso é um caso, cada caso tem um porquê, mas uns porquês que muitas vezes poderiam ser resolvidos se a humildade, a graça do Evangelho e os elementos de Deus estivessem dentro do coração. O ódio, o ressentimento e a mágoa não cresceriam tanto.

No caso de Caim e Abel, exemplos para nós dos primeiros irmãos que a Sagrada Escritura nos aponta, a primeira coisa foi que Caim teve inveja do seu irmão Abel. Os pais se agradaram da oferta de Abel; e então vemos o primeiro sinal de que a inveja é uma desgraça, um mal.

Nós deixamos que outros males se apoderem de nós quando damos vazão à inveja, quando começamos a ver o que o outro tem, faz, e é; com isso, queremos ser o melhor, ou então, menosprezamos aquilo que o outro é. Em vez de cuidarmos daquilo que somos e fazemos, acabamos cultivando a inveja dentro de nós.

O mal é que o invejoso nunca reconhece sua inveja, ele nunca chama isso de inveja, ele começa a dizer que o outro não presta, começa a colocar defeitos, problemas, dificuldades nas coisas dos outros. Não perca seu tempo, não perca você mesmo, não se estrague por dentro, não estrague seu coração.Comece a reparar, já de início, quando você fala mal do outro, porque, quando isso acontece, inquietamo-nos com aquilo que ele é, começa a nascer uma raiz do mal, da inveja. A inveja não se sustenta por ela mesmo, ela sempre traz consigo outros elementos como o ressentimento, a mágoa e a raiva.

Sabe qual foi a consequência [dessa raiva]? Caim, com tanta inveja – e esta se tornou tão insuportável –, eliminou seu irmão Abel. Pode ser que eu e você não peguemos numa faca nem num revólver, que não cometamos uma tragédia, e é bom que não a cometamos! Mas, infelizmente, olhamos para o mundo ao nosso lado e sempre há notícia de que um irmão matou outro, pois não se suportavam. Não cheguemos a esse ponto. Que Deus nos livre disso! No entanto, matamos as pessoas dentro de nós, não só irmãos do mesmo pai, da mesma mãe, mas irmãos de convivência, de comunidade, onde nós estamos. Quando o outro se torna insuportável demais para nós, em vez de resolvermos dentro de nós esse problema, preferimos matar o outro, eliminá-lo da nossa vida.

Permita dizer: nós não podemos ser fratricidas, não podemos ser homicidas, não podemos deixar crescer em nós o ódio, o ressentimento e a mágoa. Temos de resolver, dentro do nosso interior, a origem desse mal. Por que temos raiva do outro? Por que temos mágoa dele? Ele pode ter falhado, mas por que isso nos fez tão mal? Precisamos buscar a luz de Cristo, não as trevas, para resolvermos nossas situações com os irmãos.

Deus abençoe você!

domingo, 12 de fevereiro de 2017

Homilia Diária

12FEV2017

Não guardemos o ressentimento no coração, para que ele não nos faça mal

Portanto, quando tu estiveres levando a tua oferta para o altar, e ali te lembrares que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa a tua oferta ali diante do altar, e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão” (Mateus 5,23).

Nós estamos acompanhando, nesses domingos, o belo Sermão da Montanha com os ensinamentos maravilhosos de Jesus para a nossa vida e para o nosso próprio crescimento espiritual. Como é importante nos alimentarmos de cada coisa!

Eu pego só elementos do Evangelho neste domingo para nós, e entre tantos pontos essenciais, pegaremos o ponto que fala do amor fraterno, porque é necessário para a nossa vida resolvermos as coisas mal resolvidas que temos em relação ao outro.

O Senhor diz: “Não matarás”, mas quem de nós nunca sentiu raiva do outro? Há raiva pequena, média e raiva muito grande! Há raiva que é uma verdadeira cólera, e alguém só vai cometer a tragédia de matar o outro, porque a raiva se tornou grande, porque não foi cortada, não foi quebrada e só cresceu.

Jesus está nos advertindo: não podemos deixar que a raiva, a mágoa, o ressentimento e a decepção se tornem escalas maiores, porque tudo vai crescendo dentro de nós e vamos nos tornando homicidas, mesmo que não peguemos em uma arma para fazer uma maldade com o outro, mas, às vezes, a situação cresce tanto em nós, que alguém fala: “Minha vontade é de enforcar o outro”.

É preciso cortar essa vontade, é preciso ir à raiz daquilo que a originou. Onde começou? Começou ali, onde não resolvemos a ira. Não tem problema, quem é que não sente raiva de alguém? Agora, cultivar raiva é um problema gravíssimo, porque não cometemos só homicídio, cometemos até suicídio com a nossa alma quando deixamos crescer a raiva dentro de nós!

Por mais que o outro provoque a raiva em nós, ela não faz tão mal a quem nos provocou, mas a quem é provocado. É preciso vencer a provocação, é preciso não se deixar provocar, é preciso, na verdade, trabalhar no interior, porque isso vai fazendo de nós pessoas descontroladas, nervosas, e então sai aquelas palavras duras, pesadas, as quais, muitas vezes, soltamos nas discussões, nas brigas e nos desentendimentos.

Por que sai tanta coisa pesada, que leva a consequências que nós não queremos? Porque não resolvemos antes a cólera, a ira que entrou dentro de nós, e isso é muito sério.

Vamos para diante de Deus muito bonito, muito arrumado, vamos à Missa aos domingos, levamos nossa oferta, ofertamos nosso coração, mas deixamos lá guardados a mágoa que temos, o ressentimento que temos do outro, aquilo que ele nos machucou.

Não vale a pena deixar que o sol venha sobre o ressentimento que temos, porque, às vezes, queremos esquecer, mas não esquecemos; na verdade, guardamos e aquilo vai crescendo dentro de nós, vai tomando corpo, virando um embrulho dentro de nós. Às vezes, vira um câncer, porque o ressentimento por si já é um câncer. Às vezes, ele se torna tão grande, que se transforma num câncer físico dentro de nós.

O que não podemos é deixar que cresça em nós qualquer raiva ou ressentimento, porque isso vai fazer mal para o nosso coração e para nossa vida.

Deus abençoe você!

sábado, 11 de fevereiro de 2017

Homilia Diária

11FEV2017

Rompamos com o pecado para voltarmos a Deus

O Senhor Deus chamou Adão, dizendo: “Onde estás?” E ele respondeu: “Ouvi tua voz no jardim, e fiquei com medo, porque estava nu; e me escondi” (Gênesis 3,9-10).

Nós estamos acompanhando, na liturgia desses dias, o livro dos Gênesis, cuja primeira leitura está se referindo ou trazendo para nós o início de todas as coisas, desde a criação do mundo. Hoje, nós nos detemos, a partir de ontem inclusive, neste texto que traz para nós o início do mal e do pecado.

Adão e Eva, símbolos dos nossos primeiros pais, início da vida humana, desobedeceram a Deus e caíram no pecado. A primeira coisa que precisa ser dita é justamente isso, não é a desobediência por simplesmente desobedecer, mas é desobedecer por deixar de ouvir.

A palavra "obediência", em latim significa oboedire (ob "a"; audire "ouvir"), ou seja, a capacidade de ouvir com atenção. Quando um pai fala para uma criança, ela pode até escutar o que ele falou, mas não o ouviu. Ouvir é captar e praticar. Quando você diz: “Meu filho, não faça isso”, ele escutou você falar, mas não ouviu interiormente que não devia fazer isso. Ele faz e você sabe a consequência.

Quando a criança faz algo errado, é igual a Adão! A primeira coisa: medo. Quando fazemos alguma coisa errada, isso gera medo em nós. Então, procuramos fazer o quê? Esconder as coisas erradas que fazemos, colocando-as debaixo do tapete, fingindo que nada aconteceu e assim por diante.

Nosso primeiro erro, no entanto, está justamente em não saber ouvir, não saber escutar aquilo que, de fato, Deus está nos falando. Pecado não é outra coisa senão perder a capacidade de escutar Deus. Por que o mundo peca? Por que as pessoas pecam? Por que nós pecamos? Porque deixamos de ouvir Deus.

Sabemos o que não deve ser feito, mas fazemos, porque perdemos a comunhão, a comunicação com Deus; e o pecado é esse rompimento da nossa comunhão e da nossa comunicação com o Senhor.

As consequências estão aí: afastamo-nos de Deus. Ele não se afasta de nós, assim como não se afastou de Adão; pelo contrário, Ele veio ao encontro de Adão, este que correu, ficou com vergonha, fechou-se no seu medo; mas Deus tomou a iniciativa de nos salvar, de nos resgatar todas as vezes que caímos.

Permita-me dizer uma coisa ao seu coração: não rompa a comunicação com Deus, pois todo pecado é rompimento, todo pecado é barreira, todo pecado é uma comunicação mal feita. Se dentro de nós estávamos vivendo situações pecaminosas, é porque estava faltando a comunhão com Deus naquela situação, e essa comunhão não pode ser rompida.

Quando essa comunhão é rompida por nós, Deus toma a iniciativa de vir atrás de nós, mas corremos, escondemo-nos d'Ele. Precisamos assumir: “Não, eu realmente falhei, eu pequei, eu errei, eu fiz o que não era para fazer, mas eu quero voltar”.

O pecado não atinge Deus, ele atinge cada um de nós, ele nos quebra e quebra a nossa relação, a nossa comunhão com o Senhor. Deus, ao tomar a iniciativa, quer nos levantar, quer nos reerguer, mas é preciso que nós O encaremos do jeito que somos e do jeito que estamos, porque podemos até pensar que enganamos Deus, mas é uma ilusão, pois enganamos a nós mesmos.

Com Deus não podemos disfarçar, Ele nos conhece mais do que nós mesmos nos conhecemos. O que precisamos é nos assumir e pedir: “Senhor, restaura! Senhor, restabelece a comunhão que quebrei por causa do meu pecado, com a minha falha, com aquilo que eu fiz”.

Deus nos quer restaurados, Ele nos quer curados. Deus nos quer em comunhão com Ele.

Que o Senhor abençoe você!

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Homilia Diária

10FEV2017

Jesus nos quer íntimos d'Ele

Trouxeram então um homem surdo, que falava com dificuldade, e pediram que Jesus lhe impusesse a mão” (Marcos 7,32).

Veja que esse homem é surdo, mas fala, e fala com dificuldade. A primeira coisa que ele quer é escutar, até porque, para alguém falar bem, precisa primeiro saber escutar bem. Quem não escuta bem também não fala bem.

As deficiências que todos nós temos em falar, muitas vezes, é uma deficiência primeiro em saber escutar, pois só aprendemos a falar um dia, porque escutamos. A criança pequena, por exemplo, vai aprender a falar, porque vai escutando, e aquilo que ela escuta vai repetindo, repetindo e, daqui a pouco, ela fala.

Queremos falar bem, mas não me refiro a saber falar “bem” a ponto de fazer bom discurso, ter a arte da oratória nem uma semântica mais correta, mas é falar o que convém, falar o que edifica. Nós não podemos, por exemplo, falar de Deus se não temos a capacidade de ouvi-Lo; não podemos falar das coisas de Deus se não nos dedicamos a escutar as coisas d'Ele; não vamos ser voz de Deus se não temos ouvidos também voltados para Ele.

Não sei o que deixou esse homem da Palavra nessa dificuldade da surdez. O fato é que ele falava, escutava, mas, por alguma circunstância, ficou mesmo surdo. Ele precisava agora que Jesus fizesse algo por ele. Por isso, o Senhor, colocando os dedos nos seus ouvidos, cuspiu com a saliva. A saliva que saiu da Sua língua, é com ela que Jesus tocou os ouvidos daquele homem. Que Beleza!

Talvez você não tenha entendido a dimensão desse gesto de Jesus. Saliva é algo muito íntimo, é algo que é só seu, algo que está dentro de você, a sua saliva é intimidade. Jesus está tirando do Seu íntimo, daquilo que é mais profundo d'Ele, da Sua própria saliva, para tocar no ouvido daquele homem. É o toque de Jesus, a palavra de Cristo, 'Éfeta'. E o  Éfeta de Jesus quer dizer “abra os ouvidos”. Aquele ouvidos são tocados e eles se abrem. Primeiro, deixemos que a intimidade de Jesus entre em nós, e entremos na intimidade d'Ele. Não podemos ficar no superficial, no por cima, no ouvir falar de Jesus.

Esse homem só não tinha ouvido falar de Jesus, mas, agora, ele podia tocar a intimidade do Senhor, porque a intimidade d'Ele cura. Busque ser uma pessoa íntima de Jesus, busque estar próximo d'Ele.

A intimidade de Jesus é reservada para aqueles que buscam por Ele com toda a sinceridade e verdade de coração. Nós precisamos tocar na intimidade de Jesus, para que Ele toque em toda a nossa intimidade, intimidade escondida ou guardada, que precisa ser curada, transformada, renovada; e a presença de Jesus toca em toda a nossa intimidade, vai abrindo em nós o que está fechado, o que está escondido, o que está nos tornando surdos para não ouvirmos a voz de Deus. Ele quer nos dizer 'Éfeta' abra a mente, abra o coração e os ouvidos.

O toque íntimo de Jesus, quando toca nossos ouvidos, toca também nosso coração, e nós nos abrimos para a graça. Foi isso, então, que aconteceu com esse homem, porque ele foi tocado, foi curado, renovado pela intimidade de Jesus. Que nós sejamos tocados por essa mesma intimidade, para que todo o nosso ser seja renovado pela presença do Senhor.

Deus abençoe você!

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Homilia Diária

09FEV2017

Deus não deixa de amparar aquele que busca por Ele com fé sincera, verdadeira e ousada

É verdade, Senhor; mas também os cachorrinhos, debaixo da mesa, comem as migalhas que as crianças deixam cair” (Marcos 7,28).

Esse Evangelho, cada vez que eu o escuto, cada vez que eu o leio, cada vez que eu o proclamo, torno-me mais apaixonado por ele, porque fala de uma mulher siro-fenícia [não israelita], ou seja, que não fazia parte o povo eleito.

Jesus estava naquela região de Tiro e Sidônia. Por que Jesus estava ali? Claro que Ele veio primeiro para Israel, mas Israel precisa entender que Jesus não veio somente para ele, mas para todo o povo. É isso o que Jesus está fazendo aos poucos.

O que impressiona é o fato de essa mulher não ser judia, não fazer parte do povo de Israel. Ela tem uma filha, que está sofrendo com um espírito impuro; ao ouvir falar de Jesus, ouviu dizer que Ele expulsava os espíritos impuros, curava doenças e enfermidades. Ela queria, então, que Jesus fizesse isso também pela sua filha. E quando ela se aproximou d'Ele, pediu justamente isso, suplicou ao Senhor que expulsasse o demônio da vida de sua filha. O que deixou Jesus impressionado foi a fé, a ousadia dessa mulher, pois ela não pertencia àquele grupo, mas queria e sabia o que Ele poderia fazer.

Jesus usa uma expressão, que alguns talvez se escandalizem, não entendam, não compreendam, mas é uma expressão judaica: “Olha, não fica bem tirar o pão dos filhos”. Que filhos? Os filhos são Israel.“Estou semeando primeiro a eles, não fica bem agora eu tirar o pão que eu vim dar primeiro para os filhos, tirar deles para dar para os cães”. A mulher, no entanto, dá-Lhe uma resposta muito mais ousada: “É verdade Jesus, não fica bem, mas os cães comem as migalhas que caem da mesa dos filhos".

Em outras palavras, se não me pode dar o pão, dê-me as migalhas do pão, porque as suas migalhas me são suficientes. Que tamanha fé! Que tamanha ousadia! Porque a fé precisa também da ousadia, e a ousadia nos chama a colocar a nossa fé para fora.

Vejam, meus irmãos, nós nos sentimos pecadores, indignos, excluídos, sentimos que não somos merecedores de tamanha graça, de tamanha ação de Deus na nossa vida, mas isso não pode tirar a ousadia da nossa fé.

Essa mulher poderia ter ficado prostrada, ela poderia ter ficado no canto dela e não ter procurado Deus, não ter procurado Jesus; e é o que acontece com muita gente, o que acontece conosco em muitas situações, porque nos sentimos pecadores, menores. Precisamos mesmo nos sentir menores, porque pior é nos sentirmos orgulhosos, vaidosos ou ter a presunção de que somos melhores. Esse é o pecado que muitos de Israel cometeram.

Também não podemos ficar na exclusão, pensando: “Não, não é para mim! Não sou merecedor!”. Eu não sou merecedor, e se eu não mereço o pão por inteiro, eu mereço as migalhas do Senhor. Eu tenho visto muitas pessoas ousadas. Ser ousada, aqui, não quer dizer uma pessoa que abusa, que faz tudo o que é errado. Não estou dizendo isso!

Aquela mulher, vivendo a situação em que está, a opressão em que está, ela sai e vai buscar de Deus o que precisa, e Ele não deixa de amparar aquele que o busca com fé sincera, verdadeira e, digo mais, ousada.

A exemplo dessa mulher siro-fenícia, eu quero convidar você também a ser ousado na fé. Não é questão de mérito, mas uma questão de fé, de acreditar, buscar, jogar-se aos pés de Jesus, lançar-se na confiança em Deus. Essa mulher assim o fez e a graça de Deus lhe foi favorável. Se nós também o formos, pode ter certeza de que a graça de Deus vem em auxílio à nossa fé.

Deus abençoe você!

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Homilia Diária

08FEV2017

Preocupamo-nos tanto com a face exterior e não cuidamos do essencial, que é o nosso interior

“Escutai todos e compreendei: o que torna impuro o homem não é o que entra nele vindo de fora, mas o que sai do seu interior”(Marcos 7,14-15).

Continuamos aquele discurso de Jesus com os fariseus, porque eles estavam muito preocupados com as coisas externas, porque os discípulos comiam sem lavar as mãos, e aquilo era uma ofensa para a cultura, para o ritual, para a tradição, para a lei judaica. Eles têm uma série de prescrições até em como as mãos devem ser lavadas.

Não é que não temos que lavar as mãos, mas, às vezes, focamos tanto em práticas exteriores e não nos detemos no essencial, o que está no interior, na alma e no coração.

É aquela coisa: às vezes, a pessoa se preocupa tanto com a maquiagem, com aquilo que vai demonstrar aos outros! É bom que se cuidem, que tenham um boa aparência, não há problema nenhum nisso! No entanto, muitas vezes, retocamos demais a maquiagem, preocupamo-nos tanto com a face exterior, que não cuidamos do essencial, que é o nosso interior.

As maquiagens da vida podem até esconder as rugas que temos, mas elas não resolvem os males da alma e do coração. Por isso, é necessário aplicar-se em cuidar das coisas de dentro, porque, querendo ou não, vamos envelhecer, a pele vai sofrer suas deformações, não tem jeito!Entretanto, não é isso que nos torna sujos, impuros ou nos afasta de Deus.

Não é aquilo que vem de fora que nos estraga. É claro que existem coisas que vem de fora e trazemos para dentro de nós, mas é o que já está dentro de nós ou que entrou em nós que precisa sair.

Às vezes, você não fala nada, está até caladinho! “Olha como é silencioso!”, mas dentro de você há tanto mau pensamento, mau sentimento, têm tanta coisa impura e suja, que não demonstra, mas guarda, assimila, pensa. Você não falou mal, mas pensou mal. Às vezes, pensa tão alto, que dá até para ver o que está saindo do seu pensamento. Por isso, o trabalho na vida interior é cada dia purificar a alma, o coração e cuidar daquilo que está dentro de você.

Não viva uma religião de forma errada, porque o mundo já têm muitos artifícios para cuidar das coisas exteriores. Nós não estamos nos detendo no essencial, que é cuidar do nosso interior e do nosso coração. Basta ver o que acumulamos de mágoas, de ressentimentos, de coisas erradas que vêm e guardamos dentro dos porões da alma, do coração, da mente humana.

É preciso cuidar, acima de tudo e em primeiro lugar, daquilo que permanece para sempre! Não se detenha nem se engane com as aparências, porque nem tudo que aparenta ser é. Não seja também uma pessoa de aparências, que aparenta ser uma coisa, mas dentro de você é outra.

É preciso o trabalho interior de cuidarmos do nosso coração para tirarmos dele aquilo que, de fato, nos estraga, corrompe, torna-nos impuros, sujos e nos afasta do amor bondoso do Senhor.

Deus abençoe você!

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Homilia Diária

07FEV2017

Todos nós somos tentados a viver o farisaísmo ou a hipocrisia em nossa vida

“Bem profetizou Isaías a vosso respeito, hipócritas, como está escrito: ‘Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim” (Marcos 7,6).

É duro ouvir isso do coração de Jesus, porque o bom Mestre é doce, misericordioso e amável, mas é sincero, justo e verdadeiro. Porque não dá para ser doce todo tempo.

Se a mãe e o pai querem ser bons pais, se você quer ser um bom professor, ser bom naquilo que faz, não pense que o bom é aquele que é sempre bonzinho. Bom é aquele que é justo. Mas quem é justo? Aquele que é bondoso quando precisa ser bondoso, mas que corrige quando precisa ser corrigido.

Se Jesus tinha uma extrema bondade para com os pecadores e necessitados, Ele também era firme com os fariseus. Por que com os fariseus? Porque eles eram os mais religiosos da Sua época, procuravam viver a religião de forma muito estreita, muito reta, não deixavam passar um detalhe sequer da Lei.

Deixe-me dizer: era uma rigidez só por fora, porque por dentro, ela não acontecia. Quando vivemos uma vida que aparenta ser uma coisa, mas por traz é outra, isso se chama hipocrisia. A hipocrisia é uma tentação para todos!

Aqui não é questão de olhar para os fariseus e dizer: “Nossa, como eram hipócritas!”. Todos nós somos tentados a viver o farisaísmo ou a hipocrisia em nossa vida. Falamos bem, discursamos bem, defendemos bem, mas não vivemos bem aquilo que falamos aos outros. Pior ainda, porque a parte mais dura da hipocrisia não é essa, mas é cobrarmos dos outros, exigirmos dos outros, sermos duros com os outros e não vivermos aquilo que nós cobramos. Isso sim é a face mais dura da hipocrisia!

É sobre isso que Jesus está se referindo, hoje, aos fariseus, porque não era para eles deixarem de ser religiosos, não era para viverem a religião da hipocrisia, não era para deixarem que nossa religiosidade, nossa prática cristã caísse na prática da hipócrita.

Falamos uma coisa e fazemos outra, exigimos demais dos outros e relaxamos demais com nós mesmos; somos duros demais com as pessoas para que vivam e façam, mas não temos a mesma prática para conosco.

“Esse povo me honra com os lábios.” Então, muitas vezes, falamos o nome de Deus, louvamos a Ele, mas não basta ser somente com os lábios e com o coração; preciso ser com a vida! É preciso que na vida resplandeçamos, testemunhemos e demonstremos aquilo que nós cremos. Uma coisa é ter fraqueza, outra é viver na hipocrisia.

Cuidamos das nossas fraquezas, as reconhecemos, mas quando vivemos a hipocrisia, forma-se uma casta, uma parede, forma-se algo que cega os nossos olhos, a fim de que enxerguemos. Todo mundo enxerga as coisas erradas que nós fazemos, só nós não as enxergamos. Precisamos, de fato, combater esse mal para não cairmos na hipocrisia.

Deus abençoe você!

Homilia Diária

06FEV2017

Precisamos ter em nós a unção do toque da graça para sermos instrumentos de cura na vida das pessoas

“Colocavam os doentes nas praças e pediam-lhe para tocar, ao menos, a barra da sua veste. E todos quantos o tocavam ficavam curados” (Marcos 6, 56).

Onde Jesus está indo, levam até Ele os doentes, os enfermos, as pessoas que estão sofrendo de diversos males.

Na época de Jesus e nos dias que vivemos os males são diversos: as doenças, as enfermidades, os tormentos físicos, espirituais, psíquicos, psicológicos etc. Algum tipo de sofrimento sempre está se abatendo sobre nós.

De fato, os sofrimentos nos abatem, e, quando vêm sobre nós, derrubam-nos, prostram-nos. Muitas vezes, as doenças nos impedem de vivermos e fazermos o que precisamos e temos que nos reerguer. Às vezes, sozinhos não conseguimos nos reerguer, muitas vezes queremos e temos até vontade, mas não temos força física ou psicológica para tanto. Precisamos buscar ajuda, porque esses doentes foram levados por outros, precisamos permitir que outros nos levem. Não é ficar fazendo do outro sempre uma muleta ou ficar ancorado nele. Não é isso! Vamos depender sempre uns dos outros, daqui a pouco caminhamos por conta própria, mas quando cairmos, não custa nada pedir: Ajude-me! Levante-me!

Uma criança ou um idoso são dois extremos da vida, porque a criança precisa dos pais para tudo, e o idoso, dependendo da situação, também precisa de ajuda. Nesses dois extremos da vida, vamos aprendendo a nos virar sozinhos, mas vamos também colocando na cabeça e no coração que precisamos uns dos outros.

Duas coisas são importantes: saber que precisamos de ajuda e estarmos abertos para recebê-la, não sermos orgulhosos nem autossuficientes. Existem pessoas que sofrem caladas, sozinhas, passam por uma situação difícil na vida, mas basta a pessoa se abrir, partilhar, colocar para fora que ficará mais aliviada. Porém, existe o maldito orgulho, que deixa a pessoa fechada, ela prefere ficar sofrendo sozinha, não se abre, não busca ajuda. Todos nós precisamos de ajuda, agora e em toda a nossa vida!

A segunda coisa: todos nós precisamos ajudar, ser mãos estendidas. Precisamos ser como Jesus: estender a mão para ajudar o outro, e não é só quando o outro está muito mal, quando está caído, prostrado ou até morto, está numa situação mais emergencial. Em toda e qualquer situação, é preciso ter disposição de coração para socorrer, ajudar e levar os outros até Jesus, para que toquem n’Ele, para que sejam tocadas por Ele.

Precisamos ter em nós a unção do toque, o toque da graça para sermos instrumentos de cura na vida das pessoas. Muitas vezes, a pessoa pode sofrer de uma enfermidade que não tem cura medicinal, mas, pelo fato de ser amada, acolhida e tocada, já está curada no seu interior.

Sejamos instrumento da cura de Jesus na vida das pessoas, deixemo-nos ser levados até Ele e levemos os outros para também tocarem n'Ele.

Deus abençoe você!

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Homilia Diária

05FEV2017

Precisamos permitir que a luz de Jesus traga realmente sabor e gosto para nossa vida

“Assim também brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus”(Mateus 5,16).

Somos o sal da terra. O sal é aquilo que dá sabor, têmpera e gosto. Traz realmente algo palpável ao nosso paladar, por isso o sal é importante e toda cozinheira o tem. Não pode haver excesso de sal, mas ele tem toda sua importância e valor; e para todas as culturas tem um valor simbólico muito forte.

“Vós sois a luz do mundo”. Veja, estou aqui fazendo essa homilia para você e o quanto é importante a luz para iluminar, para que eu veja. Você está na sua casa e sabe a importância que a luz tem para você, porque o dia que a luz se apaga, que acaba a energia, fica tudo escuro e você precisa buscar outra luz, seja a luz da vela, a luz que vem da lua, porque sem luz caminhamos na escuridão.

Precisamos ser sabor e luz, precisamos do sabor de Deus em nós, precisamos do tempero d'Ele em nós, para que nossa vida não fique insossa, sem gosto, sem sabor, sem graça, sem sentido. Para que sejamos isso para o outro,precisamos ser isso em nós,precisamos permitir que a luz de Jesus traga realmente sabor e gosto para nossa vida.

Eu preciso dizer a você: precisamos ter gosto pelas coisas de Deus! É muito ruim fazer uma coisa que você não tem gosto por ela, não tem amor nem paixão. É verdade que nem sempre a nossa vontade é a melhor, mas temos que ter o cuidado. Aqui, chamo atenção para não nos descuidarmos, porque cada descuido que temos vai nos tirando do trilho, e quando saímos do trilho, perdemos a direção e vamos aos poucos perdendo o gosto.

Precisamos ter atenção com o tal do 'relaxo', porque quando começamos a relaxar com as coisas, elas se perdem na nossa vida. Isso vale para qualquer coisa, principalmente, para as coisas de Deus. Ou nós temos diligência e aplicação, com vontade ou até sem vontade, fazemos as coisas de Deus, ou perdemos o gosto e o sabor por Suas coisas.

Se eu não sinto o gosto pelas coisas de Deus, como vou fazer com que os outros também gostem? Se não sou iluminado pela luz de Deus, como a levo para os outros? Os outros precisam olhar em mim e ver resplandecer essa luz, para que Deus esteja em nós, para que a Sua luz esteja em nós, para que sejamos luz para os outros, sejamos sal na vida dos outros, para que levemos o sabor e o gosto das coisas de Deus para os outros!

As pessoas, às vezes, dizem: “Eu nem sou tão santo!”. A questão não é ser muito santo ou pouco santo. Temos a obrigação de testemunhar pelas nossas obras. Temos que dar bons frutos, testemunhar em casa, na família, no trabalho. Onde nós estamos a luz de Deus brilha em nós.

Sejamos testemunhas, sejamos sal e luz! Levemos o Deus que está em nós para os lugares onde estamos.

Deus abençoe você!

sábado, 4 de fevereiro de 2017

Homilia Diária

04FEV2017

Precisamos ter um coração como o de Jesus, o bom Pastor, precisamos nos compadecer de tantos que estão distantes do amor de Deus

“Ao desembarcar, Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor. Começou, pois, a ensinar-lhes muitas coisas”(Marcos 6,34).

Hoje, olhamos para Jesus o bom Pastor, o bom Mestre. E o que fazem um bom pastor e um bom mestre? Primeiro, o bom pastor preocupa-se com suas ovelhas, tem compaixão delas, ele vê o sofrimento, o abatimento, vê tudo aquilo que a ovelha está passando, sofrendo e vivendo. O bom pastor não deixa sua ovelha largada; pelo contrário, ele congrega, reúne, traz para junto de si e cuida.

A forma de cuidar da ovelha é ensiná-la por onde deve caminhar, para que não se perca, porque se ela está toda machucada, toda suja, se está do jeito em que está, é porque está andando por pastagens erradas. E com toda misericórdia e sabedoria, com toda unção divina, o pastor reconduz a ovelha para que ela não se perca.

Precisamos ter um coração como o de Jesus, o bom Pastor, precisamos nos compadecer de tantos que estão distantes do amor de Deus. Há tantas ovelhas feridas, machucadas e perdidas, e precisamos trazê-las para junto de Deus!

A Igreja precisa ser assim, porque ela é o redil de Jesus, precisa congregar; e mesmo que ela esteja cheia, a preocupação não é por ela estar cheia, mas com as ovelhas que estão perdidas, longe e distante; estão mais feridas e mais machucadas. Precisamos desdobrar nossa atenção para com elas.

Precisamos aprender a ser ovelhas! Primeiro, não perdermos a direção, precisamos ser conduzidos por Jesus o nosso bom Pastor, deixar que Ele ensine o nosso coração.

A ovelha mansa, por mais ferida, machucada e calamitosa que esteja, a situação no seu coração não desanima jamais, ela busca o seu refúgio no coração de Jesus, o bom Pastor.

O que o bom Pastor faz? Traz essa ovelha para junto de si e a ensina, por isso é importante escutar, sermos formados pela Palavra, pelos ensinamentos da Igreja, ensinamentos de Jesus. Porque toda pregação, todo ensino que vem do coração de Jesus é cura, direção, luz para nossa vida e para tudo aquilo que somos!

Deixemo-nos guiar por Jesus, deixemos que ele cuide de todos nós.

Deus abençoe você!

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Homilia Diária

03FEV2017

O amor fraterno é o ponto mais exigente da caridade, porque precisamos amar uns aos outros

“Perseverai no amor fraterno. Não esqueçais a hospitalidade; pois, graças a ela, alguns hospedaram anjos, sem o perceber. Lembrai-vos dos prisioneiros” (Hebreus 13,1-3).

O capítulo 13 da Carta aos Hebreus traz para nós ensinamentos essenciais para a vivência da nossa fé, pois esta não pode ser somente meditada e contemplada, mas tem de ser vivida e praticada. A fé tem de ter elementos que demonstrem aquilo que nós acreditamos, e um dos elementos essenciais e fundamentais são o amor fraterno e a vivência da caridade.

Não podemos nos esquecer de viver a caridade a cada dia de nossa vida. Não me refiro à caridade assistencialismo, como alguns traduzem: “Eu dou esmola para alguém! Ajudo aquela instituição!”. Maravilha! Isso são atos de caridade.

Caridade é algo muito mais supremo e sublime, caridade é nome de Deus. Ele é amor caridade! E caridade quer dizer cuidar do outro, caridade quer dizer eu dar o melhor de mim para a pessoa do outro. Caridade me leva a ver Deus na pessoa do outro, por isso eu cuido dele.

A Palavra de Deus está nos dizendo: é preciso perseverar no amor fraterno, um ponto mais exigente da caridade, porque precisamos amar uns aos outros. No entanto, o amor cansa, decepciona, passa por mágoas, ressentimentos e situações difíceis. Então, vamos nos fechando em relação às pessoas, deixando-as de lado, esquivando as pessoas do nosso coração, e o nosso amor vai esfriando, congelando.

Esquecemos, muitas vezes, do amor fraterno por tudo aquilo que ele compõe: amor, perdão, misericórdia e reconciliação. Tudo isso é necessário! O amor para aqueles que estão à nossa volta, que vivem, convivem e trabalham conosco.

Não podemos nos esquivar de forma nenhuma do amor fraterno, éuma tentação para nós fugir dele ou amar somente as pessoas que nos são aprazíveis. Não precisamos gostar de todo mundo, mas o nosso amor tem de ser para com todos. Temos que repensar nossa forma de amar? Temos! Mas não podemos deixar de amar.

Eu não posso deixar de citar outro ponto, que é a questão da hospitalidade.  Precisamos ser pessoas hospitaleiras, acolhedoras e fraternas. O acolhimento acontece no dia a dia. Acolher o outro, abraçá-lo, saudá-lo, cumprimentá-lo, dar atenção a ele é a nossa maneira de ser hospitaleiro. Mas é verdade que há pessoas mais necessitadas de nós, e quando o amor fraterno exige mais de nós, precisamos nos desdobrar, quebrar-nos mais para darmos mais de nós para acolher o outro.

Não existe forma mais sincera, real e concreta de vivermos a nossa fé, a não ser praticando o amor fraterno! Você não mede o tamanho da sua fé, mas expressa o tamanho dela vivendo gestos, atos e atitudes. Esses gestos, atos e atitudes acontecem na prática, amando uns aos outros de forma fraterna, como o Senhor nos ama.

Deus abençoe você!

Homilia Diária

02FEV2017

Precisamos deixar que Deus tome posse de nós, precisamosviver no mundo como consagrados a Ele

“Porque meus olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel” (Lucas 2, 30-32).

Hoje, celebramos a Festa da Apresentação de Jesus no Templo. Passou-se quarenta dias do Natal, quarenta dias do nascimento de Jesus, e para se cumprir o ritual judaico, Maria levou seu filho para ser apresentado no templo, a fim de cumprir o ritual de purificação da mãe e da criança.

Talvez você pergunte: “Mas eles não eram puros?”. Sim, a Mãe era toda pura, sem pecado. Jesus, Aquele que nos purifica de todo mal, já era puro, mas era preciso cumprir a tradição judaica.

Ao mesmo tempo, a tradiçãojudaica também diz que toda criança do sexo masculino, primogênito, deve ser consagrado ao Senhor. Por isso, Ele foi levado para ser consagrado.

Jesus é o primeiro consagrado, o consagrado por excelência, Ele é o ungido e consagrado do Pai, e todos nós somos consagrados a Ele no ritual do nosso batismo, somos ungidos com o óleo da unção.

A "unção" quer dizer consagração, entrega. Mas aqui não é mais todo primogênito do sexo masculino, porque todo homem, mulher e criança, todos nós somos consagrados ao Senhor.

Consagrado quer dizer "o sagrado que é entregue". A primeira coisa a saber é que nos tornamos sagrados e propriedade de Deus, pertencemos a Ele.

Quando consagramos alguma coisa a alguém, a este alguémpertence aquilo que você consagrou. Uma vez que somos sagrados e marcados por Deus, pertencemos a Ele. Precisamos tomar posse disso, precisamos assumir essa realidade em nossa vida, assumir que pertencemos a Deus e não podemos viver no mundo como se fôssemos uma pessoa qualquer.

Somos consagrados, pertencemos ao Senhor, somos propriedades d'Ele! Eu sei que, quando falamos de consagração, lembramos dos consagrados por excelência. O padre é consagrado pela unção sacerdotal para ser sacerdote, os religiosos são consagrados pelos votos religiosos para viver a vida religiosa, mas a consagração na igreja abraça e abrange todos os batizados.

O batismo fez de nós pessoas consagradas a Deus, mas nos esquecemos e não tomamos propriedade disso. A cada dia, quando tomo consciência disso, eu retomo a minha relação com Ele, a minha pertença ao Senhor.

Quando alguém lhe perguntar: “A quem você pertence? Você é propriedade de quem?”. Não somos coisas para ser propriedade, mas temos Aquele a quem pertencemos, Aquele que nos criou. Somos de Deus, pertencemos a Ele!

Precisamos deixar que Deus tome posse de nós, precisamosviver no mundo como consagrados a Ele.

Que a luz de Deus brilhe, porque hoje é a festa da luz, por isso levamos velas à igreja. Que a luz divina da consagração brilhe sobre nós pelos nossos atos, atitudes, em tudo aquilo que fazemos.

Deus abençoe você!

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Homilia Diária

01FEV2017

É importante, acima de tudo, proclamarmos o senhorio de Jesus em nossa vida e irmos para o combate

“Vós ainda não resististes até ao sangue na vossa luta contra o pecado” (Hebreus 12,4 ).

Ao meditarmos a Carta aos Hebreus, vemos que a Palavra de Deus é um convite para que possamos, de fato, lutar contra o pecado, porque, se não lutarmos, ele nos vence, derruba-nos. Temos de vencer o pecado, tirá-lo e derrubá-lo da nossa vida.

Talvez você possa dizer: “Eu sou tão fraco! Ele é mais forte do que eu!”. Por isso, não estamos lutando sozinhos, é o Senhor quem combate e vence o pecado em nós. Precisamos proclamar o senhorio de Jesus na nossa vida.

O nosso embate não é diretamente com o pecado, mas é para que Jesus seja o Senhor da nossa vida, dos nossos pensamentos e sentimentos, para que seja o Senhor da nossa vontade, daquilo que somos e fazemos. Precisamos permitir que Jesus reine em nós.

O combate é para tirar as forças do mal, os maus costumes, os maus pensamentos e sentimentos. Para tirar de nós outras coisas que não convêm a nós, à nossa fé nem à santidade à qual somos chamados a viver. É importante, acima de tudo, proclamarmos o senhorio de Jesus em nossa vida e irmos para o combate.

Deixe-me dizer: não lutamos ainda até o sangue. Às vezes, lutamos contra o pecado de maneira passiva e pensamos:“Eu até tento, mas não consigo!”. Lutar até o sangue quer dizer lutar com todas as forças, com toda alma e coração, resistir, não ceder à tentação.

Quando rezamos o Pai-Nosso, pedimos: “E não deixei-nos cair em tentação”. O “não cair em tentação” é não ceder à tentação, não quer dizer que não teremos mais tentações nesta vida, muito pelo contrário, as tentações podem ser ainda maiores, e o combate se torna ainda mais ágil em nossa vida.

Precisamos desarmar o maligno, precisamos desarmar a tentação dentro de nós. Aqui é necessário resistência da nossa parte, até o sangue, até a própria vida se for preciso!

Não desanime, mesmo que você tenha esta ou aquela fraqueza, mesmo que tenhamos caído muitas vezes no mesmo pecado. O que não podemos é nos entregar, desistir, ceder às forças do mal e entregar a nossa alma ao mal. Precisamos lutar e ser combatentes!

Muitos podem pensar: “Nossa, mas o meu temperamento é difícil!”. Não tem problema, o temperamento difícil é amansado pela graça de Deus, é moldado pela Sua graça e, daqui a pouco, ele vai cedendo ao senhorio de Jesus.

Deus abençoe você!