(Portal Acrítica)
Mesmo em condição de extrema pobreza e ocupando indevidamente o espaço público muitos batalham para transformar o pequeno espaço em um lugar que possa chamar de lar 03/04/2016 às 18:31 - Atualizado em 03/04/2016 às 18:33
Além da beleza do rio Negro, outro detalhe chama a atenção dos
olhares atentos de quem passa pela orla da Manaus Moderna, no Centro: os
barracos improvisados, montados por moradores de rua nas calçadas, nos
passeios públicos e nas escadarias que dão acesso às balsas de embarque e
desembarque. Mudando de lugar à medida que chegam as vazantes e cheias,
eles contrastam com o recém-reformado Mercado Municipal Adolpho Liboa,
mas passam despercebidos em meio à correria da rotina do maior porto
público de Manaus.
Acostumados com os olhares indiferentes dos que passam, a maioria carrega histórias tristes e conflituosas que dificilmente ganham voz no meio da multidão. “Minha irmã chora pedindo para a mamãe ir morar com ela, mas ela não quer ir. Prefere morar aqui na rua porque lá ela diz que é maltratada”, conta Cibele de Oliveira, 23, que mora com a mãe, Maria Oliveira, 60, num barraco feito com paletes e papelão em que mal cabem duas pessoas sentadas.
Mesmo em condição de extrema pobreza e ocupando indevidamente o espaço público, muitos batalham para transformar qualquer cantinho em um novo lar, após serem abandonados pelas famílias ou terem enveredado no mundo das drogas.
É o caso do casal Maria Elias Pereira, 40, e Cleiber Pedro da Silva, 45, que mora há mais de 20 anos no entorno da Manaus Moderna. Eles contam que têm família em Manaus, mas por não se darem bem com os parentes e não conseguirem emprego fixo, preferem viver ao relento. Porém com expectativa de uma vida melhor. “Morar na rua é um negócio muito cruel. Mas temos esperança de que um dia alguém nos ajude a sair daqui”, comenta Cleiber, que veio de Goiás para Manaus aos 10 anos de idade.
Assim como outros moradores de rua, eles sobrevivem vendendo frutas, verduras e legumes colhidos dos refugos das feiras da Banana e Manaus Moderna. É com esse dinheiro que eles compram comida, inclusive, para a filha de 14 anos, que mora com os dois. “Aqui a gente se vira como pode. Mas, apesar de todos os sofrimentos, eu prefiro ficar aqui do que em casa de parente, sendo humilhada”, afirma Maria Elias, que é natural do município de Fonte Boa.
Das drogas às ruas
O caso de Maria Auxiliadora de Souza Bernardo, 34, é diferente. Ela foi parar nas ruas por conta do vício em drogas, que a “consumiu” quando tinha apenas 10 anos de idade. Desde então, vive nas ruas e, nos últimos meses, na Manaus Moderna, onde, grávida de quase oito meses, deve viver com o filho. “Só saio daqui para visitar minha mãe. Às vezes passo dois dias na casa dela, mas sinto falta dos colegas. Depois que acostuma fica mais difícil abandonar as ruas”, desabafou Auxiliadora.
Assistência
A Prefeitura de Manaus informou que os moradores de rua dessa área foram cadastrados pela Secretaria Municipal da Mulher, Assistência Social e Direitos Humanos (Semmasdh) e pela Secretaria de Estado da Assistência Social (Seas). Mas como o município não tem um centro para abrigá-los, eles permanecem nas ruas pelo período que eles querem. “A secretaria trabalha de forma a recuperar os laços familiares, desfeitos por diversos motivos, como álcool e drogas. Mas a volta pra casa, só acontece quando o morador de rua decide voltar”, disse em nota.
Ninguém (do poder público) vem nos ajudar. Quando aparecem é só para destruir nossas barracas e jogar dentro do carro coletor de lixo as verduras que vendemos. Na maioria das vezes não dar tempo de salvar nada, mas depois nós voltamos para o mesmo lugar porque não temos para onde ir. (...) Eu espero que o prefeito olhe pela gente e der uma casa pra me morar com a minha filha, que tem 14 anos e mora na rua comigo. Esse ano tem eleição, quando eles querem voto vem aqui, mas quando a gente mais precisa, eles não enxergam a gente. Silane Souza
Acostumados com os olhares indiferentes dos que passam, a maioria carrega histórias tristes e conflituosas que dificilmente ganham voz no meio da multidão. “Minha irmã chora pedindo para a mamãe ir morar com ela, mas ela não quer ir. Prefere morar aqui na rua porque lá ela diz que é maltratada”, conta Cibele de Oliveira, 23, que mora com a mãe, Maria Oliveira, 60, num barraco feito com paletes e papelão em que mal cabem duas pessoas sentadas.
Mesmo em condição de extrema pobreza e ocupando indevidamente o espaço público, muitos batalham para transformar qualquer cantinho em um novo lar, após serem abandonados pelas famílias ou terem enveredado no mundo das drogas.
É o caso do casal Maria Elias Pereira, 40, e Cleiber Pedro da Silva, 45, que mora há mais de 20 anos no entorno da Manaus Moderna. Eles contam que têm família em Manaus, mas por não se darem bem com os parentes e não conseguirem emprego fixo, preferem viver ao relento. Porém com expectativa de uma vida melhor. “Morar na rua é um negócio muito cruel. Mas temos esperança de que um dia alguém nos ajude a sair daqui”, comenta Cleiber, que veio de Goiás para Manaus aos 10 anos de idade.
Assim como outros moradores de rua, eles sobrevivem vendendo frutas, verduras e legumes colhidos dos refugos das feiras da Banana e Manaus Moderna. É com esse dinheiro que eles compram comida, inclusive, para a filha de 14 anos, que mora com os dois. “Aqui a gente se vira como pode. Mas, apesar de todos os sofrimentos, eu prefiro ficar aqui do que em casa de parente, sendo humilhada”, afirma Maria Elias, que é natural do município de Fonte Boa.
Das drogas às ruas
O caso de Maria Auxiliadora de Souza Bernardo, 34, é diferente. Ela foi parar nas ruas por conta do vício em drogas, que a “consumiu” quando tinha apenas 10 anos de idade. Desde então, vive nas ruas e, nos últimos meses, na Manaus Moderna, onde, grávida de quase oito meses, deve viver com o filho. “Só saio daqui para visitar minha mãe. Às vezes passo dois dias na casa dela, mas sinto falta dos colegas. Depois que acostuma fica mais difícil abandonar as ruas”, desabafou Auxiliadora.
Assistência
A Prefeitura de Manaus informou que os moradores de rua dessa área foram cadastrados pela Secretaria Municipal da Mulher, Assistência Social e Direitos Humanos (Semmasdh) e pela Secretaria de Estado da Assistência Social (Seas). Mas como o município não tem um centro para abrigá-los, eles permanecem nas ruas pelo período que eles querem. “A secretaria trabalha de forma a recuperar os laços familiares, desfeitos por diversos motivos, como álcool e drogas. Mas a volta pra casa, só acontece quando o morador de rua decide voltar”, disse em nota.
Ninguém (do poder público) vem nos ajudar. Quando aparecem é só para destruir nossas barracas e jogar dentro do carro coletor de lixo as verduras que vendemos. Na maioria das vezes não dar tempo de salvar nada, mas depois nós voltamos para o mesmo lugar porque não temos para onde ir. (...) Eu espero que o prefeito olhe pela gente e der uma casa pra me morar com a minha filha, que tem 14 anos e mora na rua comigo. Esse ano tem eleição, quando eles querem voto vem aqui, mas quando a gente mais precisa, eles não enxergam a gente. Silane Souza
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