(portal Acrítica)
Na área conhecida como 'Comunidade José Melo', no Distrito Industrial, o retorno dos ocupantes ocorre de forma acelerada
Cinco dias depois de a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas
(SSP-AM) e a Polícia Federal cumprirem reintegração de posse na área,
já é possível verificar dezenas de barracos sendo reerguidos e lotes
demarcados
Conforme
haviam prometido, os invasores da “Comunidade José Melo”, na Zona
Leste, que foram retirados no último dia 16 por decisão judicial, estão
retornando ao local. Dezenas de casebres estão sendo reerguidos na área,
de aproximadamente 160 mil metros quadrados, que pertence a uma empresa
privada e à Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa). A área
que foi invadida seria utilizada para a expansão industrial.
A
parte mais ocupada até o momento é a que começa na Avenida Flamboyant,
denominada “José Melo 2”, no Distrito Industrial 2. O retorno e a
chegada de novos ocupantes está ocorrendo de forma acelerada. Como o
terreno já está praticamente todo devastado, a ação dos invasores, sem
nenhuma resistência, fica mais fácil.
O
número de barracos é menor na parte que fica próximo ao bairro João
Paulo, onde a maioria dos invasores já estava há cerca de um ano.
Entretanto, quase toda a área está novamente loteada e demarcada com
madeira de árvores que foram derrubadas pelos próprios invasores.
O elemento novo, no retorno dos ocupantes, é a presença de focos de incêndio em vários pontos da área ocupada
Na frente de muitos lotes existe placa afixada
contendo o nome e, em algumas, até o número do telefone do “dono”, numa
clara demonstração de que o invasor pretende, unicamente, negociar a
terra com terceiros. Noutras placas a ousadia chega ao extremo e pode-se
ler “Propriedade particular”.
Outro
problema é o grande número de focos de incêndio verificado na ocupação.
Os ocupantes estão ateando fogo na madeira ressequida das árvores
derrubadas há um mês e meio.
Mesmo
em carro descaracterizado, a equipe de A CRÍTICA, ao transitar pelo
local, foi recebida com desconfiança e até com certa hostilidade. Um
motoqueiro chegou a circular ao redor do carro e fez questão de
demonstrar que seu gesto era uma ameaça.
Reintegração
No
dia 16 de abril, equipes Comando de Policiamento Especial (CPE), da
Ronda Cândido Mariano (Rocam), Tropa de Choque, Batalhão Ambiental,
Força Tática e Polícia Federal cumpriram reintegração de posse na
comunidade “José Melo”, desalojando cerca de 5,5 mil famílias.
A
operação começou pacífica, mas, por volta das 7h30, algumas famílias se
rebelaram. Durante a derrubada dos barracos, os ocupantes resistiram,
atirando pedras e paus em direção à polícia, que reagiu, usando balas de
borracha e bombas de gás lacrimogêneo.
Durante
a reintegração de posse, o delegado do Gabinete de Gestão Integrada da
Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), Frederico Mendes,
informou que a polícia estava trabalhando na identificação dos líderes
das invasões. O delegado prometeu reunir informações e encaminhar ao
Centro de Apoio Operacional de Combate ao Crime Organizado (CAO-Crimo) e
ao Departamento de Repressão ao Crime Organizado (DRCO). Até o
fechamento desta edição, a assessoria da SSP-AM não informou sobre o
andamento do caso.
Saiba mais: Suframa
A
assessoria de imprensa da Superintendência da Zona Franca de Manaus
(Suframa) disse que a direção do órgão já tem conhecimento do retorno
dos invasores. Inclusive, ontem à tarde, uma equipe teria sido escalada
para ir até o local a fim de averiguar a situação e hoje deve apresentar
um relatório. No órgão, a ideia é de que o processo de reintegração de
posse, iniciado no dia 16 de abril, não teria sido concluído.
Crime
De
acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Estado, os suspeitos de
liderarem invasões podem vir a ser presos por estarem cometendo crimes
ambientais, estelionato, extorsão, esbulho, entre outros delitos.
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