(portal Acrítica)
Vereadores
da oposição em Coari (distante 370 quilômetros de Manaus) denunciam que
o atual prefeito interino, Iranílson Medeiros (DEM), articula, com sua
base no Parlamento e com o ex-prefeito Adail Pinheiro (PRP), a eleição
indireta (pela Câmara Municipal) de Adail José Figueiredo (filho do
prefeito cassado) como prefeito da cidade e de um dos filhos de
Iranílson como vice.
A
estratégia, segundo os parlamentares, é aproveitar uma liminar
concedida pelo juiz Eleitoral Dídimo Santana, na quarta-feira (8), que
ao dar posse ao vereador Márcio Almeida, no lugar de Márcio Oliveira,
garantiu maioria dos votos da situação, que estaria se articulando para
fazer a eleição indireta.
"Isso
começou lá atrás, na eleição do Iran como presidente da Câmara. Os
vereadores aliados ao Adail Pinheiro votaram no Iran com a condição de
ser um mandato rápido para eles fazerem uma eleição indireta e colocar o
Adail Filho prefeito eleito pela Câmara. Em troca de ceder a cadeira
interina o Iran colocaria o filho dele como vice. Isso é algo que está
em curso", disse o vereador Adinamar Guimarães (PMN), para A CRÍTICA, na
tarde desta quinta-feira (9).
"Ontem
(8), antes de sair a liminar, o Iran foi a rádio anunciar a decisão.
Precisamos parar com isso", completou Adinamar Guimarães.
"Essas
coisas são ouvidas nos bastidores. Acontece, que, agora, é possível.
Ontem (8), o juiz Eleitoral do Dídimo Santana concedeu uma liminar
empossando um vereador da base no lugar de um vereador da oposição,
dando maioria de votos a eles (8 a 7)", afirmou o vereador Raimundo
Branco (PTN).
"Essas
decisões só causam revolta à população. Há informações que eles
pretendem, talvez hoje mesmo (9), eleger pessoas alheias ao processo
político, ligadas à eles", disse o vereador Mário Jorge (PTC).
Para
o deputado estadual Luiz Castro (PPS), "o crime organizado, comandado
pelo Adail, está manipulando, instrumentalizando o Tribunal Regional
Eleitoral (TRE-AM) para beneficiar o seu grupo político". "Essas
liminares , sempre à favor do grupo do Adail, são muito coincidência",
acrescentou.
"Não
estou acusando ninguém de má fé, mas os magistrados que concedem essas
decisões no plantão devem pensar nas consequências delas. Agora, a nova
maioria no Parlamento quer fazer uma nova eleição e passar por cima da
decisão do TSE e só criar mais um imbróglio para impedir a posse do
Magalhães", disse.
O outro lado
O
secretário de Comunicação de Coari, Franklin Thompson, disse que não
existe manobra. "Acho difícil a Justiça se prestar a esse papel. Não há
manobra, mas é claro que estamos satisfeitos de ter maioria. Agora, eles
(vereadores de oposição) têm alardeado que o Adail tem ingerência na
prefeitura e isso não existe.
"Juridicamente,
o TRE tem dois caminhos possíveis, uma vez que os votos do Magalhães
estão em vias de serem anulados. O primeiro, e mais provável, é realizar
uma eleição suplementar. O segundo é transformar o mandato do prefeito
interino em mandato tampão, dessa forma a cidade estará em boas mãos",
completou Thompson.
O
advogado de Iranílson, Elton Rodrigues, disse que as denúncias de
articulação entre Iranilson e Adail "são totalmente inverídicas". "Visto
que o presidente da Câmara jamais se aliou em sua carreira política ao
ex-prefeito Adail Pinheiro e o seu filho (de Inranílson) sequer pode ser
candidato em razão do cargo que o pai ocupa. A lei proíbe", afirmou.
"Isso
não passa de uma manobra política daqueles em que a própria população
de Coari disse um basta no dia em ateou fogo e destruiu imóveis desses
políticos, que querem retornar à chefia do Executivo, comandados pelo
ex-presidente da Câmara Iliseu Monteiro", afirmou.
Iranílson rebate acusações
“É
mentira! Se tiver nova eleição, vamos indicar alguém do nosso grupo
político, é claro, mas não o Adail Filho. Os vereadores que agora
denunciam isso, dando uma de bons moços, estavam e sempre estiveram
todos do lado do Adail. Eu é que nunca estive do lado dele. Inclusive,
fui o único vereador com mandato a disputar numa coligação contra ele. A
política é assim mesmo: quem tá fora quer entrar e quem tá dentro não
quer sair. Eles estão com raiva porque a administração está indo bem.
Estamos sendo transparentes Vamos pagar amanhã (10) o 13º atrasado dos
professores, esse atraso que gerou aquela confusão enquanto eles estavam
na administração”.
O processo
O
juiz Eleitoral Dídimo Santana decidiu dar posse a Márcio Almeida ao
acatar um mandado de segurança impetrado pelo político. Márcio Almeida
recorreu da decisão de primeira instância no município que, ao cassar a
vereadora eleita Cleiciane Cruz Silva, anulou os votos dela. Ao anular
os votos de Cleiciane Cruz, o primeiro suplente da coligação, Márcio
Oliveira, tomou posse.
Márcio
Oliveira estava no grupo contrário a Iranilson Medeiros, o que
garantia, até então, maioria de votos de oito a sete para oposição. Sem a
maioria, a Câmara Municipal, que tem 15 vereadores, não conseguiria
realizar uma eleição indireta.
Representação contra juíza
O
advogado Elton Rodrigues, que também advoga para Márcio Almeida, disse
que em nome do seu cliente vai representar no Conselho Nacional de
Justiça (CNJ) contra a juíza Dinah Câmara, que anulou os votos da
vereadora cassada. "Ela não poderia fazer isso. A jurisprudência do TSE,
em uma decisão do ministro Dias Tóffoli, é muito clara quando diz que
'os votos obtidos por candidato, cujo registro encontrava-se deferido na
data do pleito eleitoral, não são anulados, mas contados a favor da
legenda pela qual o parlamentar posteriormente cassado se candidatou'",
disse.
Segundo
Elton Rodrigues, a decisão da juíza favoreceu indiretamente o pai dela,
Miquéias Fernandes, que advoga para os vereadores oposicionistas em
Coari. "Segunda-feira (9), vamos acionar o CNJ, denunciando o agir
contraditório e arbitrário das normas eleitorais. A decisão foi um
absurdo. Pela Corregedoria do TRE, ela já está tendo conduta apurada",
afirmou.
A
reportagem tentou falar com a juíza Dinah Câmara no telefone da Comarca
de Coari (97 3561-3324), mas não conseguiu resposta até o fechamento
desta matéria.
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