(portal G1)
A cúpula do PSDB acusou nesta terça-feira (26) o deputado estadual
licenciado do PT Simão Pedro de forjar um documento para incriminar
políticos tucanos do governo paulista. O parlamentar nega as acusações,
segundo o Jornal Nacional.
O PSDB anunciou que não aceita o rumo das investigações sobre o chamado
caso Siemens. Integrantes do partido criticaram o ministro da Justiça,
José Eduardo Cardozo, por ter recebido e repassado à Policia Federal -e
não à Procuradoria Geral da República- um dossiê sobre a suposta prática
de cartel em licitações dos trens e do metrô de São Paulo e do Distrito Federal.
“Da forma açodada com que agiu o ministro da Justiça e a sua omissão em
determinados momentos desse episódio tiram dele, na nossa avaliação, as
condições de conduzir essas investigações”, declarou o presidente do
PSDB, senador Aécio Neves. O ministro afirmou que agiu de forma correta.
Além de defender a demissão do ministro, o PSDB vai entrar com uma
representação na Comissão de Ética Pública contra José Eduardo Cardozo e
quer convocá-lo para prestar esclarecimentos na Câmara e no Senado.
Entre os documentos apresentados pela direção do PSDB, e que constam do
inquérito da Polícia Federal sobre o suposto cartel, está a cópia de
uma carta anônima em inglês datada de junho de 2008 e sua tradução para o
português. Os documentos têm carimbos do departamento da Polícia
Federal de São Paulo. A carta é endereçada à direção da Siemens na
Alemanha e denuncia práticas ilegais da própria Siemens no Brasil.
Em vários trechos, a tradução para o português não bate com o texto
original em inglês. Logo na abertura, lê-se em inglês que "autoridades
brasileiras estão investigando o envolvimento de pagamento de propina a
funcionários de governo". Na versão para o português esse trecho vira
"durante muitos anos a Siemens vem subornando políticos na sua maioria
do PSDB e diretores da CPTM, metrô de São Paulo e metrô de Brasília”.
Em um outro trecho, em inglês, ao se referir novamente às fraudes, a
carta diz: "Cada parte tinha a sua própria maneira de pagar comissões a
funcionários do governo". Em português a tradução ficou assim: "cada
empresa tinha sua própria forma de pagar a propina ao pessoal do PSDB e a
diretoria da CPTM".
Para o PSDB, a tradução foi feita pelo deputado licenciado Simão Pedro
(PT-SP), hoje secretário de Serviços de prefeitura paulistana. “Isso é
um crime. Isso está adendo, não está no original. O original está aqui,
dentro do dossiê. Esse aqui é a cópia da tradução ‘padrão Simão Pedro’”,
acusa Jose Anibal, secretário de Energia de São Paulo. Simão Pedro diz
que repassou o material ao Ministério da Justiça, e negou que tenha
feito a tradução.
Na semana passada, o jornal “O Estado de São Paulo” revelou que outra
carta, esta escrita em abril deste ano pelo ex-executivo da Siemens
Ewerton Reinhemer, foi anexada ao inquérito da Polícia Federal, em que
diz que existiu um forte esquema de corrupção no estado de São Paulo,
durante os governos Covas, Alckmin e Serra.
Em nota, Everton diz que a carta é anônima e que a investigação corre
em sigilo. A advogada de Reinhemer diz que não pode negar ou confirmar
que ele é o autor dessa carta, mas cinco fontes de órgãos públicos
diferentes, ouvidas pelo Jornal Nacional, garantem que a carta-denúncia é
dele.
Nesta carta de 2013, Reinheimer afirma que, em 2008, enviou uma carta à
direção da Siemens na Alemanha denunciando as práticas ilegais da
filial brasileira. Na tarde desta terça, o ministro da Justiça, José
Eduardo Cardozo, deu entrevista para responder as acusações dos tucanos.
Ele confirmou que os documentos, em inglês e em português, fazem parte
do material que recebeu e repassou à Policia Federal.
Cardozo contou que, no começo de maio, o deputado licenciado Simão
Pedro foi à casa dele, em São Paulo, e entregou as cartas que recebeu,
sem dizer quem tinha lhe repassado os documentos. Segundo o ministro,
quando ele viu os nomes citados nas cartas decidiu entregar à Polícia
Federal para que a PF analisasse se valeria a pena ou não incluir no
inquérito.
“Não importa quem seja, o ministro da Justiça tem o dever de solicitar a
investigação, a análise da procedência para que a polícia delibere o
que fazer com o material. O ministro da Justiça que não o fizer, a meu
ver, prevarica”, afirmou o ministro. Ele acrescentou que não analisou os
acréscimos de referência a políticos tucanos na tradução da primeira
carta do funcionário da Siemens à empresa em 2008.
O diretor-geral da Polícia Federal disse que a PF não fez a tradução
dos documentos que recebeu e que ainda investiga a veracidade deles. O
diretor afirmou ainda que a investigação corre sob sigilo e que não há
pessoas com foro privilegiado, entre os suspeitos.
“Nós vamos praticar diligências para ver se existe dentro de um
inquérito já existente, e nesse inquérito se algum personagem de foro
privilegiado surgir indícios de envolvimento, esse inquérito aí sim será
remetido para o tribunal respectivo. Ponto. No momento, nós não temos,
nessa investigação, nenhum personagem de foro privilegiado sendo
investigado ou sequer indícios de seus envolvimentos. Ponto”, garante
Leandro Daiello, diretor-geral da Polícia Federal.
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