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terça-feira, 25 de março de 2014

Dilma vai dividir conta por uso de termelétricas com consumidores



(portal G1)

Em 2013, essa conta passou de R$ 9,5 bilhões.
Governo pode anunciar nesta quinta plano para o setor elétrico.

Fábio Amato Do G1, em Brasília

Os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e de Minas e Energia, Edison Lobão, devem anunciar um plano para custeio do uso das usinas termelétricas em 2014 que pretende, ao mesmo tempo, socorrer as distribuidoras de energia e reduzir o impacto nas contas de luz. O anúncio pode ocorrer ainda na tarde desta quinta-feira (13).
O G1 apurou que, entre as medidas a serem anunciadas, está o rateio, entre consumidores (via conta de luz) e governo (via Tesouro Nacional), da fatura bilionária que vem se formando desde o início do ano pelo uso mais intenso das termelétricas. (ATUALIZAÇÃO: no início da noite, o governo oficializou as medidas; leia em "Governo vai pagar mais R$ 4 bi por térmicas, e contas só sobem em 2015".)

Na quarta-feira (12), o governo já havia informado que os consumidores vão pagar, em cinco anos, o aporte de R$ 1,2 bilhão definido na semana passada às distribuidoras de energia, para compensar os gastos extras com a compra de eletricidade no mercado à vista neste início de ano.
A definição desta quinta-feira é sobre quem vai pagar a conta do custo extra da energia gerada pelas termelétricas em 2014 – ela é mais cara que a hidrelétrica e deve ser responsável por boa parte do fornecimento, já que os reservatórios das hidrelétricas seguem baixos. Em 2013, essa conta ultrapassou os R$ 9,5 bilhões, e foi bancada integralmente pelo Tesouro, que decidiu repassá-la totalmente aos consumidores, porém em cinco anos.
Durante o anúncio, devem ser informados detalhes dessa operação, que inclui o prazo de parcelamento da conta que será transferida aos consumidores e também qual o tamanho da fatia que deve ser bancada pelo Tesouro. O objetivo é evitar um salto nas contas de luz e ainda socorrer as distribuidoras de energia, que deveriam pagar pelo uso das térmicas neste primeiro momento, mas alegam não ter recursos suficientes para isso.
Novo leilão de energia
O plano vai incluir ainda a previsão de realização de um novo leilão em que as distribuidoras vão poder contratar, de geradoras, o fornecimento de energia de maneira imediata.A previsão é que este leilão ocorra em maio.
Com essa medida, o governo pretende reduzir a chamada exposição involuntária de parte das distribuidoras, ou seja, a necessidade que elas têm hoje de comprar parte da energia para atender aos seus consumidores no mercado à vista, o que também contribui para encarecer a conta de luz.
O preço da energia no mercado à vista costuma ser mais alto mas, neste início de ano, o valor atingiu patamar recorde por conta da queda no nível dos reservatórios das principais hidrelétricas. E esse custo a mais que as distribuidoras estão tendo também vai ser repassado aos consumidores via tarifa – é esse o custo que somou R$ 1,2 bilhão neste começo de ano.
Essa exposição tem pelo menos duas causas. Uma delas é que as distribuidoras não conseguiram contratar toda a energia que precisavam para complementar o atendimento de suas demandas em 2014 no leilão anterior realizado pelo governo, em dezembro. A outra foi a decisão de Cesp, Cemig e Copel de não aderirem ao plano de barateamento da conta de luz anunciado pela presidente Dilma Rousseff, e que começou a valer no início de 2013.
Esse dinheiro virá de uma antecipação, pelo Tesouro, de parte dos R$ 9 bilhões previstos no Orçamento deste ano para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), fundo usado pelo governo para fazer repasses de recursos para diversas ações no setor elétrico.
A CDE também deve ser usada agora pelo governo para custear o uso das térmicas. Esses R$ 9 bilhões, porém, não serão suficientes para bancar toda a conta de 2014 e, para fazer o rateio com os consumidores, o Tesouro terá, provavelmente, que fazer novo aporte.
Conta bilionária
Ainda não é possível dizer de quanto será a conta pelo uso mais intenso das termelétricas em 2014. Isso vai depender de alguns fatores, entre eles a intensidade das chuvas nas principais bacias do país até o final de abril, o patamar de preço da energia no mercado à vista nos próximos meses e a entrada em operação de novas usinas de geração de energia.
Entretanto, a expectativa é que essa fatura supere a do ano passado, que foi de cerca de R$ 9,5 bilhões. Assim como em 2013, agora as usinas termelétricas estão gerando mais energia por conta da falta de chuvas e consequente queda no nível de armazenamento dos reservatórios de hidrelétricas. Ao acionar as térmicas – que geram por meio da queima de combustíveis como óleo, gás, carvão e biomassa -, poupa-se água dessas represas, medida necessária para garantir o abastecimento durante o período seco.
A estiagem levou os reservatórios de hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste a atingirem o menor nível de armazenamento desde 2001, ano em que houve racionamento de energia. A preocupação é maior com os lagos dessas regiões porque eles respondem por cerca de 70% da capacidade de geração de energia do país.
Na quarta-feira (12), dado mais recente, essas represas estavam com armazenamento em 35,82%. De acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), elas precisam chegar ao final de abril, quando termina o período de chuvas, com nível médio mínimo de 43% para que não haja risco de dificuldades no fornecimento de energia no restante do ano.

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