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terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Deficientes têm dificuldades para obter Carteira Nacional de Habilitação em Manaus



(Portal Acrítica)

De acordo com familiares do aposentado Francimar Soares, 32, que é surdo, a falta de um examinador que domine a Língua Brasileira de Sinais (Libras) prejudicou o aluno, que tenta tirar a CNH desde o ano passado

De acordo com o Detran, o órgão está em fase de aquisição de dois carros adaptados para deficientes físicos
De acordo com o Detran, o órgão está em fase de aquisição de dois carros adaptados para deficientes físicos (Antônio Lima)
O aposentado Francimar Soares, 32, tem uma perda auditiva severa, mas a deficiência dele não o impede de tentar realizar um sonho e se tornar mais independente no dia a dia:  tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e poder dirigir um veículo.
Mas ele, que mora no município de Iranduba (a 22 quilômetros de Manaus), teve o sonho retardado por mais alguns meses por falta de preparo dos examinadores do Departamento Estadual de Trânsito (Detran/AM), alegam os familiares dele.
A esposa de Francimar, Francilene Souza, 32, conta que o marido iniciou o processo de habilitação para as categorias A e B no ano passado e em janeiro deste ano realizou os testes práticos nas duas categorias, porém a inexistência de um examinador especializado na Língua Brasileira de Sinais (Libras),  prejudicou a realização do  exame.
'Ele usa aparelho auditivo, mas como tem perda severa da audição é necessário que a gente indique, faça gestos para ele compreender o que estamos falando. Antes de fazer a prova, eu avisei o examinador, porém ele ignorou a deficiência do meu marido e o reprovou  na prova de rua”, relatou Francilane, acrescentando que no teste de moto o marido não teve nenhum problema e conseguiu executar o percurso.
De acordo com Francilene, o problema aconteceu no percurso de carro, quando o examinador pediu para o aluno trocar de faixa, mas ele  não entendeu o pedido feito verbalmente, e acabou  reprovado. “Os examinadores têm que estar preparados para realizarem provas com  pessoas com deficiência auditiva. Eu avisei sobre a deficiência dele, mas isso foi ignorado”, reclamou a mulher, que pretende procurar o órgão, para questionar o resultado.
Outros casos
E Francimar não é o único a enfrentar esse tipo constrangimento. Isso porque, em Manaus, apenas uma autoescola treina os  instrutores com a Língua Brasileira de Sinais (Libras), enquanto o Departamento Estadual de Trânsito (Detran/AM) ainda está em fase de treinamento dos examinadores, para dominarem o idioma.
Para a empresária Claudete do Nascimento, dona da autoescola Padrão, única na capital a atender surdos com aulas teóricas e práticas, com auxílio de intérprete em Libras, ainda falta muito para que pessoas com deficiências sejam bem atendidas. “Não adianta a autoescola ter intérpretes, se no próprio Detran ninguém fala a Libras. O órgão precisa se preparar para isso desde o teste psicotécnico, nas clínicas, até aos testes práticos”, explicou. “Isso chateia os alunos surdos, que enfrentam muitas dificuldades para conseguir obter a CNH”, completou.
Segundo a empresária, uma das principais queixas dos alunos é referente as provas de legislação, porque o exame é aplicado todo em português e o órgão possui apenas um intérprete para tirar dúvidas dos alunos, durante o exame.  “Em outras cidades, os Detrans já estão fazendo provas com intérpretes de Libras para facilitar o entendimento dos alunos, mas ainda falta isso aqui”, criticou.
Formação em Libras  é novidade
O diretor-presidente do Detran-AM, Leonel Feitoza, admitiu a deficiência e afirmou que o órgão está preparando os examinadores para dominarem a Libras. Este  projeto iniciou no fim de 2015 e a meta é de até março   todo o quadro de servidores  esteja apto a falar a  linguagem de sinais.
“A procura por CNHs para pessoas com deficiência ainda é baixa, mas sabemos que essas pessoas têm o direito de dirigir, desde que estejam aptas para isso. Estamos treinando o nosso pessoal porque isso também é inclusão social e uma possibilidade a mais para que pessoas entrem no mercado de trabalho”, ressaltou o diretor-presidente.
“O aluno que possui deficiência, seja ela física ou auditiva, é submetido a uma junta médica e psicológica que avalia a condição dele dirigir ou não”, concluiu.
Licitação
De acordo com o Detran, o órgão está em fase de aquisição de dois carros adaptados para deficientes físicos. “Vamos oferecer carros adaptados para o aluno fazer a aula e assim, vamos baratear o valor cobrado pela autoescola”, afirmou Leonel Feitoza.
 

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