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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Quase 90% da capital não tem saneamento básico, apontam dados da Arquidiocese de Manaus



(Portal Acrítica)

Falta de saneamento implica sobre a saúde. Especialistas alertam que ingerir água contaminada, por exemplo, pode causar doenças gastrointestinais e até levar à morte. As crianças costumam ser as mais prejudicadas

As crianças são as mais afestadas com a precariedade do sistema de saneamento básico, que traz consequências à saúde
As crianças são as mais afestadas com a precariedade do sistema de saneamento básico, que traz consequências à saúde (Euzivaldo Queiroz )
 
As consequências da falta de saneamento básico são graves. Especialistas alertam que ingerir água contaminada, por exemplo, pode causar doenças gastrointestinais e levar à morte. As crianças costumam ser as mais prejudicadas. Esses e outros problemas causados pela precariedade do sistema de saneamento básico, que atrapalha o desenvolvimento, saúde e qualidade de vida da população, serão debatidos nos próximos 40 dias durante a Campanha da Fraternidade 2016 (CF).

De acordo com a Arquidiocese de Manaus, 90% da capital amazonense - que tem aproximadamente 2 milhões de habitantes ao todo - não tem saneamento básico. O acesso a água tratada, coleta e tratamento de esgoto ainda são assuntos negligenciados, constatados não só nos bairros periféricos, onde ocorrem muitas invasões, mas também nas áreas nobres da capital, como em bairros da Zona Sul.

Moradores que residem à margem do igarapé do 40, bairro Raiz, numa área que ainda não foi revitalizada, convivem com um ambiente praticamente encoberto pelo lixo. No local, as pessoas adoecem com frequência, principalmente as crianças que, por não terem espaço de lazer, brincam em meio aos resíduos descartados de qualquer forma. “As crianças que moram aqui vivem com diarreia, vômito, gripe e febre”, relatou a doméstica Alessandra Simões Maciel, 32.

A dona de casa Tuane Lopes Assis, 25, afirma que o cenário piora em épocas de chuva e em cheia dos rios, uma vez que, a área é inundada. “A anchente aumenta a nossa preocupação porque aqui alaga tudo. A água, que já é contaminada, fica mais ainda porque não há nenhum tipo de tratamento”, comentou salientando que o local também é propício para a proliferação de mosquitos, como o Aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya e zika vírus.

Um dos pontos mais afetado em Manaus é o Igarapé do 40, na Zona Sul
Na rua Canumã, comunidade São Sebastião, bairro Petrópolis, o problema é o acúmulo de lixo ao longo das margens do rip rap. Conforme os moradores, apesar da coleta de lixo ser constante ainda tem muitas pessoas que acabam descartando os entulhos a céu aberto. “Tem muita gente que não tem noção, joga o lixo em qualquer lugar. Acho que a população deveria ajudar também nessa questão de saneamento básico”, disse o mecânico Elson Júlio Souza Barreto, 38.

Mas a frente, na rua Rio Andirá, os moradores utilizam água de cacimba, uma espécie de poço improvisado de onde a água sai limpa. Mas a preocupação é com a contaminação da água tendo em vista que o esgoto deságua na área. “Aqui tem vários olhos d’água e onde a pessoa cavar sai água limpa, mas ninguém dar valor. O cano do esgoto passa próximo das cacimbas do pessoal e os dejetos caem no pequeno manancial”, afirmou o morador Emerson Porto, 36.
Preservação com  solução ambiental
A Manaus Ambiental informou que desde 2012, ano que a iniciou a operação na capital, a concessionária não tem medido esforços e investimentos para prestar serviços com qualidade, acompanhando o acelerado crescimento econômico e demográfico da cidade de Manaus da última década.

“O compromisso social da Manaus Ambiental não se restringe apenas em promover a sustentabilidade do sistema de saneamento básico da cidade, contribuindo para a melhoria da saúde pública da população, mas também, em preservar o meio ambiente através do tratamento dos esgotos sanitários”.

A concessionária informou ainda que fechou o ano de 2015 com 97% de cobertura com rede de distribuição de água, levando água tratada para mais de 1 milhão e 970 mil habitantes, além de possuir 19% de cobertura com rede de esgoto, que após passar por todo o processo de tratamento, o efluente atende a 100% dos padrões estabelecidos nas legislações ambientais.

Reiterou que, desde 2013, com a entrada do Programa Águas para Manaus (Proama), a concessionária investiu mais de 35 milhões de reais na área de saneamento, beneficiando uma média de 500 mil pessoas das zonas Norte e Leste da cidade, que passaram a ter o abastecimento regular.

Na área de esgotamento sanitário, a concessionária possui infraestrutura disponível para atender quase 20% da população, cerca de 100 mil habitações (400.000 habitantes), entretanto, infelizmente, 50% ainda não aderiram ao sistema, mesmo tendo a rede de coleta disponível em frente às residências.

Metas
Além de manter a universalização do sistema de abastecimento de água, redução do desperdício e promover a sensibilização da população em relação a utilização da água tratada, a Manaus Ambiental informou que tem como meta elevar a cobertura de rede de esgoto durante os próximos anos e o grande desafio é alinhar as metas de ampliação de rede com o respectivo aumento da adesão da população aos serviços prestados.

“Sem uma atuação conjunta entre os órgãos reguladores e a concessionária toda e qualquer ação de ampliação se inviabiliza a partir do momento em que há baixa adesão aos serviços já disponível. Sensibilizar a sociedade sobre a importância do saneamento básico e da necessidade de interligação ao sistema de coleta e tratamento de esgotos é um grande desafio da Manaus Ambiental”.
Avanço nos últimos anos, segundo a Manaus Ambiental
Melhoria no abastecimento em qualidade e disponibilidade especialmente nas Zonas Norte e Leste, atingindo um patamar de mais de 96% de cobertura de rede;
Investimentos em eficiência energética;
Monitoramento do sistema de distribuição, com a implantação do Centro de  Controle Operacional (CCO), localizado no Complexo da Ponta do Ismael, Zona Oeste, Compensa. Na área de esgotamento sanitário o índice de cobertura na última década passou de 4,5% para 18%.
 

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