(Portal Acrítica)
O registro na Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas não pode ser realizado por falta de kits de coleta de sangue
Os namorados Ruan e Ana Caroline Silveira querem ser doadores de medula óssea, mas não conseguem se cadastrar
Enquanto
muitos pacientes esperam por um transplante de medula óssea, doadores
voluntários têm dificuldades para se inscrever no Registro Nacional de
Doadores de Medula Óssea (Redome) em Manaus. A informação que eles têm é
de que a Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (FHemoam)
está sem os kits de coleta de sangue e, desta forma, não pode concluir o
procedimento.
A
estudante Ana Caroline Silveira da Silva, 21, foi à FHemoam fazer o
cadastro para se tornar doadora de medula óssea em setembro do ano
passado. Conforme ela, os funcionários pegaram os dados pessoais dela e
disseram que iriam entrar em contato para fazer a coleta de sangue. Até
o momento ninguém ligou. “Dei três números de telefone diferentes, não é
possível que não me encontrasse para dar essa informação”, afirmou a
estudante.
Ana
Caroline revelou que foi, no último dia 26, ao hemocentro para saber o
motivo de tanta demora e quando chegou lá recebeu a notícia que não
havia kits de coleta de sangue, por isso ainda não havia sido chamada
para fazer o procedimento. O fato a deixou revoltada. “É um simples
cadastro! Quanto mais doadores tivermos, aumenta a probabilidade de as
pessoas que estão na fila de espera por um transplante de medula
encontrar um doador compatível. Enquanto isso, ninguém consegue se
cadastrar para ser doador”, desabafou.
O
universitário Ruan Carolino, 20, passa pela mesma situação. Conforme
ele, quase cinco meses após ir ao hemocentro não recebeu nenhuma ligação
informando sobre o dia da coleta de sangue. “A princípio fui bem
atendido pelos servidores da FHemoam, fizeram meu cadastro e pediram
para aguardar que em pouco tempo entrariam em contato a fim de que
voltasse novamente para tirar uma amostra de sangue, que é feito alguns
testes de compatibilidade. Só que isso já faz bastante tempo e até agora
não me ligaram”, disse.
Ruan,
que é namorado de Caroline, também ficou revoltado com a situação. Para
ele, a demora em ter seu cadastro como doador de medula óssea efetivado
é uma negligência do poder público para com o paciente que aguarda
ansioso no leito de um hospital por um transplante. “Vemos várias
campanhas na TV nos chamando para sermos doadores, mas quando tomamos a
iniciativa de ir, vemos que é totalmente diferente do que é pregado”,
frisou.
Reagentes
Ruan
foi informado que a FHemoam está com reagentes insuficientes, só tem
reagente para fazer cadastro dos familiares da pessoa com leucemia. Ou
seja, só quem pode se cadastrar são familiares de pessoas doentes.
Procedimentos
Conforme
o Ministério da Saúde, o sangue retirado do doador voluntário de medula
óssea é tipificado por exame de histocompatibilidade (HLA), teste de
laboratório para identificar suas características genéticas que podem
influenciar no transplante. O HLA é incluído no cadastro e os resultados
são confidenciais e servem apenas para fins do Registro Brasileiro de
Doadores de Medula Óssea (Redome).
Mais exames
Os
dados são cruzados constantemente com os dos pacientes que precisam de
transplante de medula óssea. Se o doador for compatível com algum
paciente, outros exames de sangue serão necessários.
Orçamento remanejado pela Susam
A
Secretaria Estadual de Saúde (Susam) informou que está readequando o
orçamento da pasta, para disponibilizar recursos da ordem de R$ 2,5
milhões, necessários para aquisição dos kits importados, para a
realização dos exames de compatibilidade neste ano.
O
órgão ressaltou, a título de esclarecimento, que o Amazonas não possui
serviço de transplante de medula. Os pacientes do Estado que necessitam
deste tipo de procedimento estão inscritos em cadastro nacional do
Ministério da Saúde. Da mesma forma, os candidatos a doadores do estado
são inscritos no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome),
que tem hoje aproximadamente 3 milhões de pessoas registradas, para
atender a demanda do País.
A
secretaria informou ainda que não há uma relação direta entre o número
de pessoas que precisa do transplante no Estado e o número de doadores
locais, uma vez que o que norteia essa relação é a compatibilidade
genética da medula do doador com o possível receptor. A chance de
compatibilidade entre doador e receptor é de 1 para 200 mil.
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