(Portal Acrítica)
O
empresariado local se une às entidades nacionais que lutam contra a
recriação da CPMF; Nesta semana, cinco entidades (OAB, CNI, CNT, CNDL e
CNS) divulgaram nota em protesto à intenção da presidente Dilma Rousseff
(PT) em recriar a contribuição
Aumento na alíquota modal de ICMS foi aprovada na Assembleia Legislativa do Estado em outubro do ano passado
O ano
de 2016 deve ser marcado pelo aumento da carga tributária em todo o
País, com consequências danosas para a economia. No Amazonas, assim como
em outros Estados, já está valendo a nova alíquota de ICMS, e o governo
federal pressiona pela recriação da CPMF como alternativa para fazer
caixa em face da queda na arrecadação. Diante disso, lideranças
políticas e empresariais se posicionam contra o aumento da carga de
impostos.
O
empresariado local se une às entidades nacionais que lutam contra a
recriação da CPMF. Nesta semana, cinco entidades (OAB, CNI, CNT, CNDL e
CNS) divulgaram nota em protesto à intenção da presidente Dilma Rousseff
(PT) em recriar a contribuição. As entidades acusam Dilma de não ter
“legitimidade política” para propor aumento de carga tributária, já que
não tratou do tema em sua campanha de 2014.
Empresários amazonenses dizem que têm se “preparado para o pior” em 2016. Por conta do aumento da alíquota modal do ICMS de 17% para 18%, aprovado ano passado pela Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM), alguns setores já observam consequências.
Todos
os setores componentes da economia local - indústria, comércio e
serviços - amargam a mudança. A última prova disso foi dada ainda em
novembro, onde a mão de obra do Polo Industrial de Manaus (PIM) chegou a
recuou 4,83%.
Impostômetro de Manaus (Foto: Evandro Seixas/Arquivo)
O
vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas
(Fieam), Nelson Azevedo, avalia que a criação de tributos não vai
atenuar o caos econômico instalado no País, pelo contrário, a atitude
deve impactar no consumo. “Não havendo consumo não tem venda no
comércio. Não tendo venda no comércio, não vai ter encomenda pra
indústria”, disse ele.
O
presidente do Centro da Indústria do Amazonas (Cieam), Wilson Périco,
compartilha da mesma opinião, e aponta que a redução da carga tributária
seria a melhor medida a ser adotada. “Se você tivesse uma redução dessa
carga tributária, você teria um menor custo, ou seja, o produto seria
mais barato para o consumidor, e você poderia alavancar a atividade,
vender mais. Vendendo mais você arrecada também”, explica.
Redução de custos
De
acordo com o vice-presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de
Manaus (CDL), Raul Andrade, o comércio sente os efeitos do reajuste no
ICMS. Segundo os lojistas, o aumento da alíquota em 1 ponto percentual
deve impactar em torno de 6% nos preços aos consumidor.
Para
Raul Andrade, o aumento atrapalha as medidas de ajuste realizadas pelo
próprio setor. “Tanto os empresários da industria quanto do comércio vem
reduzindo seus custos, e aí o governo aumenta ainda mais a carga
tributária. Todo um esforço de execução em equilibrar nossas contas fica
prejudicado”, explicou.
Meta fiscal
Em
dezembro do ano passado, a ALE-AM também aprovou projeto que tratava da
redução da meta fiscal do governo para um déficit de R$ 1,7 bilhão. Na
ocasião, deputados da oposição criticaram a aceitação da proposta e
alegaram falta de transparência e aprofundamento nas contas do Governo.
Antes da queda, a meta de resultado previa superávit de R$ 331 milhões.
Em números: 26.850
foi
a redução no número de empregos no PIM em novembro do ano passado
comparado ao mesmo mês de 2014. Em novembro de 2014, a mão de obra
efetivada no PIM era de 119.531 trabalhadores, enquanto no ano passado, o
número caiu para 92.681.
Realinhamento para recompor perdas
Em
outubro de 2015, o titular da Secretaria de Estado da Fazenda do
Amazonas (Sefaz), Afonso Lobo, disse, antes do projeto ser aprovado no
plenário da Assembleia, que o aumento do ICMS representaria um acréscimo
na arrecadação do Estado em R$ 350 milhões ao ano. O montante pretende
abater parte dos prejuízos que atingiram os cofres do governo estadual
por conta da crise econômica que assola o País.
“Nós
já temos vários Estados que fizeram esse alinhamento no ICMS como São
Paulo, Paraná, Paraíba, Tocantins, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Rio
de Janeiro. Então, está havendo, em nível Brasil, um alinhamento da
alíquota modal do ICMS para 18%, justamente como uma maneira de recompor
minimamente as perdas em repasse, que são grandes por conta da queda na
atividade econômica e que afetou nossas produções, que sabemos que não
são de produtos essenciais”, disse Lobo na ocasião.
Na época, cinco deputados votaram contra o projeto do Executivo Estadual, o qual entrou em vigor neste mês.
A reportagem tentou contato com o titular da Sefaz, Afonso Lobo, mas as ligações não foram atendidas.
Blog, Marco Aurélio Choy presidente da OAB-AM
"A
OAB é contrária à alta carga tributária no País e estamos apoiando
todas as atitudes que tentem restringir isso. Inclusive temos, em âmbito
nacional, uma ação no Supremo para correção da tabela do imposto de
renda, que está defasada. Ela foi distribuída mas não foi pautada no
pleno do STF. Até hoje estamos aguardando julgamento. Hoje o cidadão,
por exemplo, tem gastos de educação que ele não consegue descontar do
Imposto de Renda porque essa tabela está desatualizada. Isso gera um
aumento do pagamento de tributos. Nós entendemos que o momento não é
adequado pra isso. Não é o momento legítimo para que os tributos sejam
aumentados. Há prioridades no País como a retomada do crescimento
econômico, medidas de contenções de despesa por parte da administração
pública, medidas que devem ser objeto de aposta, e não o aumento da
carga tributária".
Nenhum comentário:
Postar um comentário