(Portal Acrítica)
Educador em finanças afirma que é possível voltar a ter o nome limpo em 2016. Inadimplência atingiu mais de 50 milhões de brasileiros no ano passado
O
panorama econômico de 2015 não foi nada agradável para aqueles que
consumiram além da conta. O ano acabou, muitas dívidas se acumularam e o
13º salário virou fumaça devido ao Natal e Ano Novo. Embora o cenário
seja assustador aos olhos dos devedores, é possível “pensar positivo” e
tirar o pé da lama em 2016 renegociando os débitos e eliminando os
excessos.
Mais de 57 milhões de
consumidores brasileiros estão inadimplentes, segundo dados coletados
até setembro do ano passado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC
Brasil). Comparado ao mesmo período de 2014, o número de pessoas
aumentou 5,45%.
Entre os que possuem
dívidas, a Abefin (Associação Brasileira de Educadores Financeiros)
estima que a porcentagem de “devedores” possa chegar a 90%, número que
pode ser equiparado à quantidade de pessoas que detêm cartões de crédito
no Brasil.
“O problema está no
excesso de endividamento ou no superendividamento. É o primeiro passo a
ser olhado para recompor sua vida financeira para 2016”, alertou o
educador financeiro e presidente da Abefin, Reinaldo Domingos.
‘No vermelho’
Nesse
montante de endividados está a funcionária pública Ana Carla Santos,
34. Assim como milhares de brasileiros, ela possui um débito em aberto
com o seu banco e “estourou” o cartão durante uma viagem feita em
dezembro. Com a dívida, ela pretende quitar o valor e utilizar o cartão
somente no período de volta às aulas da filha.
“O
nosso poder de ganho diminuiu muito. Os impostos estão mais altos e os
valores de qualquer tipo de serviço você paga mais. Mesmo empregado, o
nosso salário não acompanha. A economia não está positiva. Queremos
manter o padrão de vida, mas precisamos nos conscientizar”, afirmou Ana
Carla.
Saída do buraco
"É preciso reunir a família", diz educador Reinaldo Domingos
Para
o terror do cartão de crédito, o educador Reinaldo Domingos traz como
dica a negociação com o banco. Parcelamento com juros baixos, guardar
dinheiro para futuros acordos e o crédito consignado são alguns
conselhos para quem deseja lutar contra o endividamento.
Análise,
cautela e controle também devem ser aplicados em compromissos como
IPVA, IPTU e material escolar. “O parcelamento tem que ser agendado...
Pode ser em um caderno. Antes das despesas, devemos canalizar um novo
modelo mental do orçamento. Fazendo isso você terá um grande avanço pro
ano que se inicia”.
Ainda segundo o
educador, é importante que a família participe do processo de
reorganização. “O provedor não irá superar essa fase sozinho. É preciso
reunir a família, apresentar o problema e solicitar esse apoio familiar.
Os sonhos também funcionam como um denominador comum nesse momento. É
um antídoto contra os excessos. Quando são colocados na sua casa
propósitos como brinquedos para os filhos, um carro, um videogame ou uma
viagem, a família se compõe em prol desses desejos”.
375 mil com o nome sujo
Até
setembro do ano passado, 375 mil pessoas estavam inadimplentes no
Amazonas, segundo dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). A maior
parte dos casos diz respeito ao não pagamento de dívidas em serviços
básicos como água, luz e bancos. Um dos órgãos que atuam na conciliação
de dívidas é o Programa Estadual de Proteção e Orientação ao Consumidor
do Amazonas (Procon/AM), que em março deste ano irá trabalhar na
renegociação dessas dívidas.
De
acordo com a coordenadora do Procon/AM, Rosely Fernandes, o órgão
pretende fazer dois mutirões de conciliação, um na Semana Estadual do
Consumidor, no início de março, e outro em novembro. A iniciativa,
segundo ela, tem o objetivo de tratar sobre o consumo consciente. Para
Rosely, a modalidade ainda está abaixo do ideal no Estado.
“O
consumo consciente ainda está abaixo do que a gente gostaria no
Amazonas. Percebemos pelos consumidores a existência de cidadãos que tem
dois cheques, dois cartões de crédito, enfim, um consumo desenfreado. É
preciso levar ao conhecimento da população as pesquisas de preço e o
superendividamento. No entanto, reparamos um avanço de cidadania na
questão da reclamação. Todos estão mais atentos e esse é o caminho”,
declarou.
DICAS
Compre à vista:
tudo que se compra em prestações paga-se mais caro na ponta do lápis.
Já quem pesquisa o melhor preço paga menos e aumenta a chance de comprar
à vista e obter desconto.
Fim do cheque especial:
proponha o cancelamento e troque por uma linha que não ultrapasse 3% de
juros ao mês. Parcele o valor dos juros com prazos alongados. Caso o
gerente não aceite, poupe para negociar futuramente.
Negocie o cartão:
negocie com a operadora do cartão ou banco um parcelamento com juros
que não passem de 3% ao mês. Outra estratégia é buscar crédito com taxas
mais baixas como o crédito consignado.
Financie por mais tempo:
se está difícil pagar as prestações da casa, corte excessos de gastos e
procure a financiadora. Proponha um alongamento da dívida, adequando a
prestação à real capacidade de pagamento.
Analise a necessidade de um carro:
analise o custo-benefício da compra do veículo. Se tê-lo é uma
necessidade e está difícil pagar é melhor rever o orçamento e tentar
renegociar o prazo da dívida considerando necessidades como IPVA e
seguro.
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