(Portal Acrítica)
Prefeitura pretende realiza obras de drenagem em igarapé e, com isso, desapropriar as moradias do local; obras dependem do Ipaam
Moradores questionam notificação da prefeitura para se retirarem do local
Medo
da próxima chuva e da desapropriação. É assim que se descrevem alguns do
moradores da comunidade Nossa Senhora de Fátima I, na Cidade Nova, Zona
Norte de Manaus. Desde a última quarta-feira (20), quando uma forte
chuva inundou diversas casas no local, eles temem que uma nova
tempestade corra antes da ação da prefeitura, trazendo ainda mais
prejuízos como perdas de móveis e eletrodomésticos. Somado a este temor,
está o da desapropriação por parte das secretarias municipais e da
Defesa Civil.
Alguns
proprietários de moradias da rua Apocalipse, por exemplo, que fica às
margens do Igarapé do Mindú, cruzando o local, receberam notificações
para se retirarem do local em até 30 dias.
Polêmica
Porém,
alguns dos comunitários disseram ter recebido notificação verbal se
retirarem em até sete dias, sob risco de ter a casa demolida. “Eu não
posso correr esse risco, por isso resolvi me mudar logo”, contou João
Dias, 66, que reside na rua Apocalipse há 23 anos.
A
dona Vanderleia da Silva, 40, diz que a principal queixa dos
comunitários é em relação ao pagamento de indenização para retirada do
local, negado pela prefeitura. “Nós compramos essa casa. Ninguém nos
disse que era área de preservação. Agora eles querem nos tirar daqui e
que agente pague um aluguel com R$ 300 por mês, por um ano. E depois? E
o investimento que fizemos aqui”, questionou.
A
Prefeitura respondeu por meio de assessoria, que as notificações são de
responsabilidade do Gabinete de Gestão Integrada do Município (CGIM) e
que o cumprimento do documento dá direito ao recebimento de aluguel
social e cesta básica.
Obras dependem do Ipaam
De
acordo com a Secretaria Municipal de Infraeatrutura (Seminf), além da
desocupação das moradias necessárias para a entrada das máquinas e
obras de dragagem do igarapé, a prefeitura aguarda apenas a liberação
por parte do Instituto Proteção Ambiental do Estado (Ipaam), para dar
início aos trabalhos de manutenção e ação preventiva.
O
caráter da intervenção é considerado urgente uma vez que diversas
áreas de Manaus exigem reparo do tipo a serem feitos antes que o período
de chuva se instale completamente. Por esse motivo, a prefeitura, já
pediu celeridade ao órgão para obter autorização.
Com
esse propósito, na última sexta-feira, 22, o prefeito em exercício de
Manaus, vereador Wilker Barreto (PHS), acompanhado do diretor de
Manutenção de Infraestrutura Urbana da Seminf, José Roberto da Costa, se
reuniu com a presidente do Ipaam, Ana Aleixo.
Ela
garantiu que o órgão vai montar uma força-tarefa no sentido de dar
celeridade às demandas do município de Manaus para que essa intervenção,
aonde precise ser feita, seja efetuada antes que efetivamente o inverno
se instale.
“Vamos
dar celeridade na análise de pedidos de intervenção. Serão dez pontos
aonde às Áreas de Proteção Ambiental (APPs) foram invadidas pela
população. Foram construídas casas em cima de Áreas de Proteção
Permanentes, em cima do leito de igarapés e que merecem uma intervenção
mais direta, mesmo a gente entendendo todo o processo social em torno
disso”, argumentou.
Pontos Críticos
A
Prefeitura informou já ter mapeado os pontos críticos de alagamentos
crônicos que precisam de uma intervenção para desassorear os igarapés.
Entre eles estão os igarapés de Nossa Senhora de Fátima 1, Guayanás,
Praça 14, Cachoeirinha e Ponta Negra que deverão estar inclusos no plano
de trabalho de dragagem.
Segundo
Wilker Barreto, um estudo preliminar já foi realizado identificando os
pontos mais críticos de cada igarapé, ocasionados principalmente pela
construção de moradias nos leitos e pela grande quantidade de lixo
jogado nas águas.
“Com
a essa chuva de quarta-feira, por exemplo, a sucata de uma geladeira
dificultou ainda mais o escoamento da água. Para a retirada dos entulhos
do leito, o caminhão usado na ação foi preenchido nove vezes com restos
de geladeiras, televisores, ferros, entre outras sucatas”, explicou em
relação ao igarapé da comunidade de Nossa Senhora de Fátima I.
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