Capa
da semana da publicação, Manaus tem suas peculiaridades analisadas pelo
suíço Thomas Renggli, que escreve: ‘É impossível não se apaixonar pelo
charme dessa cidade’
Publicação exaltou a animação do povo amazonense que tornou Manaus destaque entre as demais sedes da Copa
A
revista oficial da Federação Internacional de Futebol (FIFA), “The FIFA
Weekly”, publicada semanalmente, escolheu Manaus para a capa de sua primeira edição sobre a Copa do Mundo no Brasil.
“Magic Manaus – A Magia de Manaus” foi o título da edição, que traz um
perfil da cidade escrito pelo suíço Thomas Renggli, tendo como
fio-condutor o embate entre Inglaterra e Itália, ocorrido no último dia
14 de junho.
“Nenhuma
cidade-sede foi tão discutida quanto Manaus, localizada no coração da
Amazônia. No entanto, como descobrimos em nossa jornada pela floresta, é
impossível não se apaixonar pelo charme dessa cidade”, escreveu o
repórter, fazendo a primeira de várias referências ao calor nativo no
texto. “A experiência de presenciar uma partida da Copa do Mundo em
Manaus não é igual a nenhuma outra, e não é recomendada para os fracos
de coração ou avessos ao calor”, alerta, logo de cara, o suíço.
Renggli
descreve o fascínio da cidade desde a viagem – “(...) a descida do
avião na chegada é de tirar o fôlego: o Amazonas parece menos um rio do
que um oceano no meio da floresta úmida (no original, rainforest, o equivalente americano para a nossa floresta equatorial)”.
As particularidades de Manaus, como o seu isolamento do restante do
país e o jeito solícito, porém tímido, dos locais, são apontados como
diferenciais em relação às outras capitais do Brasil. “A localização
isolada da cidade parece ter moldado o caráter de seus habitantes, e os
turistas são recebidos com uma mistura de simpatia e reserva, que
contrasta bastante com o clichê do brasileiro barulhento, que fala
alto”, observa Thomas.
Como Foreman x Ali
A
partida entre Inglaterra e Itália ganha destaque no texto, com os
efeitos do calor – mais uma vez – marcando a diferença entre a vitória e
a derrota. “No fim das contas, foi o veterano da Itália, com sua barba
esvoaçante, quem comemorou, tendo feito uma partida que foi uma aula
tanto de economia quanto de inteligência”, escreve o repórter suíço
sobre Pirlo, o capitão da Itália, seleção que se preparou para jogar em
Manaus treinando em saunas, e que melhor soube se poupar em campo.
Thomas
faz uma comparação entre o jogo e a famosa luta dos boxeadores Muhammad
Ali e George Foreman no Congo em 1974, pelo inusitado do local e a
importância do evento. “A única diferença é que desta vez são Wayne
Rooney e companhia contra a Itália de Pirlo, mas a batalha é a mesma”,
observa. Ele também relembra a famosa final entre Suíça e Áustria na
Copa de 1954, na própria Suíça, quando, sob um calor de 40 graus, a
disputa resultou num placar de 7 a 5 para os austríacos, o maior já
registrado numa partida de Copa do Mundo – e que, tal como aqui, foi
marcada por estratégias das duas seleções para driblar o calor.
“Manaus
não é a sua típica arena de futebol, como vários dos turistas mais
intrépidos descobriram, para seu prazer e espanto. Nenhuma cidade-sede
da Copa é mais excitante ou surpreendente do que esta metrópole da
selva, onde as águas escuras do rio Negro e as mais claras do Solimões
correm lado a lado, para criar uma das visões mais majestosas da
Amazônia”, conclui o suíço, constatando, com tristeza, a baixa
probabilidade de que Manaus venha a sediar novamente uma partida dessas
proporções: “Assim como Foreman nunca teve uma revanche, a Inglaterra
não deve mais encontrar a Itália no Brasil, já que a única maneira dos
dois times se reencontrarem novamente seria se ambos fossem para a
final. Um embate como esse em Manaus, lamentavelmente, é ainda mais
improvável”.
O
prefeito de Manaus, Artur Neto, comemorou a visibilidade que o artigo
proporcionou à capital amazonense. “Fomos bombardeados com notícias
ruins e sem nexo de parte da mídia, mas provamos que nada disso é
verdade. Já conversei com turistas de vários países e todos são unânimes
em afirmar que a cidade e as pessoas são apaixonantes. Não podemos
negar que nossa floresta é o diferencial. Temos que saber usar isso a
nosso favor”, apontou.
É hora, como diz, a revista, de usar a “magia de Manaus”.
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