As calçadas da avenida Eduardo Ribeiro, desocupadas há três meses pela Prefeitura de Manaus, voltaram a ser ocupadas por vendedores ambulantes estrangeiros atraídos pela Copa do Mundo de 2014, na capital amazonense
Venezuelanos disseram desconhecer a ação da prefeitura de retirar
ambulantes daquele espaço e percorreram vários pontos da cidade vendendo
produtos. Jamaicano conta com ajuda de amazonenses para escapar da
fiscalização
Três
meses e meio após a Prefeitura de Manaus retirar os camelôs que
ocupavam as calçadas, há mais de duas décadas, da avenida Eduardo
Ribeiro, no Centro de Manaus, o espaço voltou a ser ocupado por
vendedores ambulantes de nacionalidade estrangeira atraídos pela Copa do
Mundo. Eles comercializam produtos nas calçadas, na última
quarta-feira, horas antes do jogo Croácia e Camarões na Arena da
Amazônia, na avenida Contantino Nery, zona Centro-Sul.
Os
venezuelanos Carlos Eduardo Quemba e Samuel Sheckler enfrentavam a
chuva fina da tarde de quarta-feira para vender brincos e pulseiras,
incluindo acessórios nas cores verde e amarelo para melhor agradar a
clientela. Os dois contaram que vieram para Manaus por causa do Mundial,
embora não tenham adquirido nenhum ingresso para assistir aos jogos na
Arena da Amazônia.
Carlos
Eduardo afirmou que circulou com os acessórios para serem vendidos por
toda a cidade, inclusive no Fifa Fan Fest que sendo realizado na Ponta
Negra, Zona Oeste, e que, naquela quarta-feira, estavam no Centro porque
achavam que lá haveria grande circulação de turistas.
Tanto
ele quanto Samuel disseram desconhecer a ação da prefeitura de retirar
vendedores ambulantes daquele espaço. “Não sabíamos disso. Mas se vierem
nos tirar, vamos carregar nossas coisas no braço e saímos daqui para
outro lugar”, declarou o estrangeiro.
Os
dois planejam ficar em Manaus até o final da Copa. Samuel afirmou que o
dinheiro que eles faturam vendendo os produtos que trouxeram da
Venezuela está ajudando os dois a se manterem na cidade. “Tem dia que
faturamos R$ 30, R$ 50. Depende muito”, informou.
Jamaica
O
jamaicano, que se identificou apenas como Benjamin, de 22 anos, há
cerca de um ano trabalha no Centro de Manaus vendendo e comprando
aparelhos de telefone móvel. Para o serviço, Benjamin conta com uma
pequena banca de madeira, fácil de fechar e carregar. A pequena
estrutura também estava montada na Eduardo Ribeiro, na quarta-feira.
Com
dificuldade para falar português, Benjamin conta com a ajuda de
vendedores ambulantes amazonenses, com os quais fez amizade no Centro,
para negociar com os clientes. Os mesmos ambulantes amazonenses o ajudam
a “escapar” da fiscalização da prefeitura. “A prefeitura daqui é muito
ruim com a gente. Só quero trabalhar. A gente não quer roubar”, disse.
Benjamin
relatou que veio sozinho para Manaus sem familiares e não sabe quanto
tempo ainda permanecerá aqui. Revelou ainda que tem planos de viajar
para Brasília.
Um
adolescente de 17 anos, que confirmou ser um dos apoios de Benjamin
para facilitar a comunicação com os brasileiros, também estava na
calçada da Eduardo Ribeiro, na quarta-feira, com os braços cheios de
sombrinhas. “Ando com o meu produto na mão. Quando vejo o fiscal saio
fora. Tem que ter cuidado. Senão eles levam nossas coisas e ficamos no
prejuízo”, declarou.
Calçadas foram limpas em fevereiro
A
retirada dos camelôs que ocupavam as calçadas das avenidas Eduardo
Ribeiro, 7 de Setembro e também a Praça da Matriz foi concluída no dia
23 de fevereiro deste ano pela Prefeitura de Manaus. Os comerciantes
destes espaços foram abrigados em locais provisórios batizados de
Camelódromos até que as galerias definitivas fiquem prontas.
Os
ambulantes recebem auxílio alimentação (cestas básicas) e uma bolsa de
R$ 1 mil. Mas, por causa do baixo movimento de clientes nos
camelódromos, muitos estão insatisfeitos com a mudança.
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