Segundo turno da campanha eleitoral, no Amazonas, é marcado por ataques pessoais de lado a lado no horário eleitoral gratuito na televisão e no rádio

Campanha de Braga veicula há uma semana matérias dos sites da Veja
e Folha sobre negociação de apoio para Melo com traficantes
Na
última semana de campanha para o governo do Amazonas, no segundo turno,
o espaço dedicado às propostas, na propaganda eleitoral gratuita, foi
tomado por ataques pessoais disparados pelos dois candidatos que
disputam o pleito. As propagandas das coligações na TV e no Rádio têm
sido pautadas pela veiculação de novos e antigos escândalos políticos
com o objetivo de angariar a simpatia do eleitorado com a desconstrução
da imagem do adversário.
O
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tem buscado coibir esse tipo de
campanha na corrida presidencial. Em um intervalo de 17 dias, entre o
fim do primeiro turno até ontem, o tribunal acatou 11 representações
apresentadas pela coligação “Muda Brasil”, de Aécio Neves (PT), por
propaganda negativa nos programas eleitorais de sua adversária, Dilma
Rousseff, candidata à reeleição. Já a coligação “Com a Força do Povo”,
de Dilma, teve 12 representações deferidas no período.
Entre
as representações da campanha petista deferidas está a que pedia a
suspensão do programa do PSDB que afirmou que o irmão de Dilma, Igor
Rousseff, foi nomeado em 2003 pelo então prefeito de Belo Horizonte,
Fernando Pimentel (PT), hoje governador eleito de Minas Gerais, mas que
“nunca apareceu para trabalhar”. Em outra representação, o TSE suspendeu
a inserção tucana que afirmava que “Dilma e o PT estão fazendo a
campanha mais baixa, agressiva e mentirosa de toda a história recente
democrática do Brasil” e que cravou o slogan “Aécio é o Brasil sem medo
do PT”.
Ao
acatar representação da coligação de Aécio Neves, o tribunal condenou a
perda de um minuto e 50 segundos do programa eleitoral petista da noite
desta quarta-feira (22). A coligação Muda Brasil afirmou que, em uma
inserção da campanha de Dilma, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
atacou a honra de Aécio ao afirmar que o mineiro tem “um comportamento
de um filhinho de papai”. A propaganda petista que afirmava que Aécio
construiu um aeroporto no terreno do tio para “caçar e pescar” também
foi tirada do ar por decisão do TSE. Outra propaganda negativa também
suspensa foi a que mostrava a recusa do candidato em fazer teste do
bafômetro em 2009.
Nas
decisões, os ministros do TSE têm ressaltado que as candidaturas devem
apresentar apenas publicidades de cunho propositivo, ou seja, os
programas devem transmitir ao eleitor as ideias de campanha e não
agressões. Em uma das decisões, o ministro Tarcísio Vieira afirmou que
“os holofotes devem estar direcionados para o candidato e para as suas
ideias, e não para pirotecnias ou artifícios técnicos que produzam
imagens artificiais e enganosas”.

No
Amazonas, a campanha de Braga, até esta quarta, explorava denúncias de
que o ex-subsecretário Justiça, Carliomar Barros, teria negociado apoio
de traficantes para o governador. Melo também foi chamado de informante
da Ditadura. A propaganda de Melo, porém, lembrou que seu adversário
responde a dez processos na Justiça e apresentou casos em que Braga
teria usado de farsas e armações para desqualificar adversários, e
derrubado a candidatura de Rebecca em 2012 com suposta chantagem.
Juiz acata pedido e proíbe programa
O
juiz Eleitoral Francisco Carlos de Queiros determinou nesta
quarta-feira (22), em decisão liminar (rápida e provisória), que a
campanha da coligação “Renovação e Experiência”, de Eduardo Braga,
retire do ar as propagandas que contém as denúncias publicadas pela Veja
e pela Folha de São Paulo. A multa por descumprimento da decisão é de
R$ 10 mil por dia.

Na
decisão, que atendeu parcialmente a um pedido de direito de resposta da
coligação “Fazendo Mais por Nossa Gente”, de José Melo, o magistrado
cita manifestação do presidente do TSE, ministro Dias Toffoli, que, na
sessão do dia 16 deste mês, afirmou que as propagandas eleitorais têm
que ser “programáticas e propositivas”. “O debate pode ser ácido ou
duro, mas relativo a questões programáticas e questões de política
pública”, completou.
De acordo com o
advogado Daniel Nogueira, da coligação de Braga, a liminar proíbe apenas
a propaganda veiculada na segunda-feira. “A liminar não proíbe o tema, e
iremos continuar falando sobre o assunto, que fere qualquer cidadão de
bem. Esta não é uma questão eleitoral, e sim social. Foi veiculada em
veículos nacionais de notícia. Iremos acatar a decisão do juiz, mas
também iremos recorrer por achar que ela está equivocada”, disse.
Advogados evitam fazer críticas
Os
advogados dos dois candidatos evitaram críticas ao TRE-AM. José
Fernandes, da coligação “Fazendo Mais por Nossa Gente”, de José Melo e
Henrique Oliveira (SDD), afirmou que os prazos para as ações
apresentadas estão sendo cumpridos. “É claro que o TSE tem decidido com
mais rapidez, mas eu entendo que não há demora. A legislação está sendo
cumprida. Tudo isso demanda participação do Ministério Público
Eleitoral, tem volta ao relator (...) Isso demanda um tempo”, afirmou.
De acordo com Daniel Fernandes, a coligação tem cerca de 20 processos a
serem julgados.

Para
o advogado da coligação “Renovação e Experiência”, de Eduardo Braga e
Rebecca Garcia (PP), Daniel Nogueira, os juízes eleitorais estão com uma
carga de trabalho muito grande. “Os nossos juízes têm recebido uma
quantidade grande de demandas tanto de um lado quanto de outro da
disputa. Os juízes têm muitos processos de cassação das candidaturas
parlamentares. O TSE, nesse momento, só tem processo de propaganda. Aqui
tem de propaganda, mas tem dezenas de outros. Então, não dá para
comparar as duas esferas”, disse. Segundo Daniel Nogueira, a coligação
tem apresentado ações quase que diariamente.
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