(Portal Acrítica)
Invasão Cidade das Luzes se expande e continua destruindo o meio ambiente
Prefeitura
de Manaus afirmou que terras no bairro Tarumã são particulares e não
tem atribuição legal para atuar. Enquanto isso, a invasão vai se
consolidando
Manaus (AM), 26 de Agosto de 2015
OSWALDO NETO
A cada dia mais e mais pessoas chegam para tentar conseguir um lote de terra na invasão Cidade das Luzes
(Márcio Silva)
m
novo bairro construído na velocidade da luz. Assim podemos caracterizar
a formação da Cidade das Luzes, invasão localizada no Tarumã, Zona
Oeste. Devido à omissão dos proprietários daquelas terras e a falta de
iniciativa do poder público, a Cidade das Luzes ganhou milhares de novos
donos dispostos a destruir tudo.
Andando
em terra batida e debaixo de um sol forte do mês de agosto, os
moradores da Cidade das Luzes tocam as vidas e vão dando uma nova cara à
invasão. Nela existem mais de 95 ruas que cortam a região e a maioria
dos barracos são feitos de madeira e ripas. Outra curiosidade da Cidade
das Luzes é que boa parte das vias tem nomes de planetas ou palavras
relacionadas ao sistema solar. As duas ruas principais, por exemplo, são
a Cometa Halley e avenida das Estrelas.
De
acordo com o vice-presidente da comunidade, identificado como
“Paulinho”, cerca de 4,5 mil famílias ocupam hoje a invasão. No
entanto, ele estima que a área tem capacidade total para 6 mil. “O que
nós queremos é que as pessoas vejam que Cidade das Luzes tem potencial
para ser um bairro, com pessoas de bem. É claro que há muita gente ruim,
mas isso não vem escrito na testa”.
Enquanto
isso, novos rostos chegam todos os dias em busca de um espaço para
viver no local. Eliene Marques, por exemplo, está há duas semanas em um
espaço cedido por Paulinho na comunidade. “Vim da Zona Norte pra cá
porque não tinha pra onde ir. Tenho nove filhos, mas todos eles estão
com a minha mãe. Quando conseguir resolver tudo aqui eles vem pra cá
comigo”, relatou Eliene Marques.
Novos barracos
Pelo
fato do poder público não tomar providências sobre o destino a ser dado
aos invasores, vários barracos continuam sendo erguidos no espaço, que
segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade
(Semmas), é composto por um conjunto de áreas particulares. Alguns dos
barracos, porém, só vêm sendo melhorados com a perfuração de poços,
cacimbas, e até mesmo com a instalação de antena de TVs por assinatura.
De
acordo com moradores, a coleta de lixo parou de ser realizada dentro da
Cidade das Luzes. Atualmente, todos precisam depositar os seus resíduos
em dois camburões de lixo colocados no ramal da Anaconda, via de
entrada e saída da comunidade. “Eu pretendo conversar com o Paulo Farias
para saber o motivo do lixo não ser mais recolhido”, afirmou Paulinho,
referindo -se ao secretário Municipal de Limpeza Publica.
O
transporte público se resume a uma linha, a 011, que atende a
comunidade. Os moradores enxergam a mobilidade como um dos principais
problemas da Cidade das Luzes. “Se aqui fosse asfaltado as coisas iam
mudar, com certeza. Os ônibus saem daqui lotados e quando chove atola
tudo”, disse uma moradora.
Semmas
Sobre
a invasão, a Semmas manteve a resposta informada em julho, em que diz
que após ser acionada para averiguar a denúncia, foi ao local e
verificou que se tratavam de terras particulares, onde o órgão não tem
atribuição legal para atuar, cabendo as proprietários requisitarem na
Justiça a reintegração de posse.
Comércio aumenta na comunidade
Em
junho deste ano, A CRÍTICA visitou a invasão Cidade das Luzes. Ao
contrário do que foi visto da última vez, a equipe de reportagem
constatou a construção de postes de concreto com transformadores de
energia elétrica. Também foi observada a inauguração de novos
empreendimentos como lojas de materiais de construção, padarias, salões
de beleza e mercadinhos que abastecem a área.
Apesar
do crescimento, calculado pelos representantes em um ano e nove meses, a
Cidade das Luzes ainda não dispõe de serviços básicos como escolas e
creches. Sobre o assunto, Paulinho diz que vem buscando parcerias com
políticos e órgãos responsáveis.
A
expansão da comunidade e a reversão do quadro atual é avaliada como um
desafio para os órgãos competentes. O Instituto de Proteção Ambiental do
Amazonas (Ipaam) informou que encaminhou informações da invasão à
Delegacia Especializada em Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema) e ao
Ministério Público do Estado (MPE), visto que a área é particular.
Ainda
segundo o órgão, após os procedimentos judiciais, o Ipaam irá atuar no
que diz respeito aos danos ambientais causados pela invasão. O Instituto
diz ainda que os responsáveis pelos prejuízos, conforme apontar o
inquérito, deverão ser autuados mediante a legislação ambiental.
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