Por
causa do acúmulo diário com o lixo, moradores relatam que boa parte das
famílias e as crianças que moram no beco Olaria, passam vários períodos
do ano com problemas sérios de saúde

A vida nos becos e vielas existentes na orla do igarapé do Mindu é marcada pela presença constante de todo tipo de lixo
Dos
36 anos de vida da autônoma Eliana Ferreira, 16 anos são de convivência
diária com lixo em frente à casa onde mora com marido e filhos. O lixo
também se espalha por toda a vizinhança dela nas proximidades da orla do
igarapé do Mindu quando atravessa a cidade e passa pelos bairros da
Zona Oeste, como é o caso do beco da Olaria, bairro Presidente Vargas –
mais conhecido como Matinha.
Nos
sábados, Eliana e outros moradores tiram o dia para realizar um mutirão
de limpeza nas proximidades do beco e diminuir o acúmulo de lixo. Eles
se consideram completamente esquecidos pelo poder público e afirmam que
se não adotarem atitudes como esta, a situação do local ficará pior
ainda.
“Desde
que eu e minha família resolvemos vir morar neste local, sempre foi
assim, cheio de lixo, e nunca vimos qualquer tipo de trabalho para
retirar o acúmulo, a não ser dos próprios moradores”, reforçou.
Eliana
contou que não há um período em que a orla do igarapé fique sem lixo.
“O acúmulo é maior quando estamos no período da cheia, mas depois que a
água começa baixar, ele se espalha pelo beco e por isso fazemos o
mutirão. Mas todo o lixo é empurrado deste braço para o centro do
igarapé, onde há a retirada com as máquinas”, contou.
Doenças
Por
causa do acúmulo diário com o lixo, a autônoma relatou que boa parte
das famílias e as crianças que moram no beco Olaria, passam vários
períodos do ano com problemas sérios de saúde. “É muito comum adoecermos
com problemas sérios de diarréia, dor de estômago e outras doenças
relacionadas com a contaminação da água e com o acúmulo do lixo”, disse.
No
caso da dona de casa, Taira Corrêa Barroso, 32, que mora na rua
Ambrósio Ayres, proximo a ponte do São Jorge, Zona Oeste, a situação não
é diferente. Ela relatou que há nove anos vive na orla do igarapé e
passa por problemas sérios com a presença do lixo, tanto na cheia como
na vazante.
“O
problema que aqui nesta área vem lixo de tudo que é canto da cidade e
as pessoas não tem consciência, pois nunca termina este lixo e também
não fica pouco”, desabafou.
Resíduos vêm da Zona Norte
O
subsecretário de operações da Secretaria Municipal de Limpeza Pública
(Semulsp), José Rebouças, informou que grande parte do lixo que se
acumula neste trecho do igarapé do Mindu vem do bairro Cidade de Deus,
na Zona Norte, onde estão localizadas as três nascentes dele.
O
subsecretário explicou que só no período da cheia, onde o trabalho de
retirada do lixo dos igarapés são itensificados, gera um custo mensal de
quase R$ 1 milhão, para os cofres públicos, que na opinião de Rebouças,
poderiam ser investidos em outras áreas, caso a população tivesse mais
consciência desses fatos e responsabilidade em evitar de jogar lixo nas
águas dos igarapés.
Rebouças
afirma ainda que diariamente equipes de limpeza da secretaria realizam
trabalhos de retirada de resíduos sólidos em toda a extensão do Mindu e
igarapé do 40, mas basta uma chuva para que o lixo doméstico volte a
aparecer nos cursos d’água.
No
período da cheia, a Semusp retira aproximadamente 10 mil toneladas por
dia. Sobre como é feito o processo no período da vazante, até o
fechamento deste material a secretaria não havia se pronunciado.
Aumento de lixo
A
Semulsp informou que só no primeiro trimestre desse ano houve um
aumento de 43,9% de lixo retirado dos igarapés. De janeiro a março, 2,1
toneladas de resíduos sólidos foram retiradas, enquanto que no mesmo
período do ano passado foram 1,5 toneladas.
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