(Portal Acrítica)
"Não
é autorizado reservar vaga exclusiva em via pública. À noite também tem
bares que reservam espaço público, sem autorização”, disse o diretor do
Manaustrans

A rua, cujo nome oficial é Brigadeiro Hilário Gurjão, tem apenas duas pistas.
“Quem
dera” que a Rua do Fuxico, no bairro São José, Zona Leste, fosse apenas
uma via repleta de “fuxiqueiros” (gente que fica falando mal da vida
dos outros). O problema, acreditem, é bem maior. A rua, cujo nome
oficial é Brigadeiro Hilário Gurjão, tem apenas duas pistas, mas virou
um dos maiores centros comerciais de Manaus, com aproximadamente 120
distribuidoras de mercadorias dos mais variados produtos. Muito dinheiro
circulando e inúmeros problemas também, só que na rua.
O
pior deles é a falta de estacionamento, até para quem vai ao local para
fazer compras. Por conta disso, a maioria dos empresários demarca
território, colocando ilegalmente, em frente ao estabelecimento, cones
com as cores amarelo e preto, típicas do Departamento Estadual de
Trânsito (Detran-AM), ação completamente irregular, para assegurar
espaço tanto a carretas desembarcando, quanto a carros de passeio
embarcando mercadorias.
De
acordo com o diretor do Instituto Municipal de Engenharia e
Fiscalização do Trânsito de Manaus (Manaustrans), Paulo Henrique
Martins, é proibido o uso de cones por particulares.
Mas,
sem nenhuma dificuldade, até “flanelinhas” (guardadores de carros) e
recepcionistas de estacionamentos particulares demarcam territórios nas
ruas de Manaus com cones comprados facilmente nas lojas especializadas.
Sobre a rua do Fuxico, Paulo Henrique admite que trata-se de uma área complexa, onde seus agentes correm até risco de morte.
“É
a área mais critica de toda a zona Leste. Constantemente placas são
roubadas. A situação é tão séria que a fiscalização precisa ser feita
com acompanhamento da Polícia Militar (PM). Agentes nossos já foram
ameaçados até com faca em pleno dia”, revela Martins.
Sobre
as normas da legislação municipal acerca do assunto, de acordo com o
diretor do Manaustrans, não há nenhuma dúvida. “Não é autorizado
reservar vaga exclusiva em via pública, principalmente com cones. À
noite também tem os bares que reservam espaço público, usando cavaletes,
sem autorização. O Manaustrans recolhe todos”, garante o diretor.
Reserva de vaga
Revoltado
com a situação, o vendedor ambulante Sidinelson Cavalcante Freire, de
55 anos, lembra que trabalha há seis anos comprando nas lojas para
revender nas ruas, e todo dia tem problema para estacionar seu veículo.
“Às
vezes, não consigo fazer minhas compras porque não há vaga para
estacionar meu carro. E ainda tem guarda de trânsito multando. O pessoal
que faz frete toma a vaga e acha que é dono do espaço. Tem funcionário
de distribuidora que chega com a gente dizendo que vai já chegar um
caminhão com mercadoria. Só que é enganação, porque esse caminhão nunca
chega. Eles colocam os cones na rua e a gente não pode encostar”,
protesta o vendedor.
Professora questiona área militar
A
professora de arte e atriz, Raquel Cardoso, moradora do bairro São
Jorge, Zona Oeste, fica revoltada com o isolamento que o Exército
Brasileiro faz num trecho da Rua Brasil. Embora seja uma área militar,
ocupada por residências de oficiais, e com permissão para usar medidas
de segurança, ela acha que a rua é pública, não é sem saída e por isso
não deveria ser interditada por cones.
“Sou
assessora pedagógica de uma escola municipal que fica no bairro Vila da
Prata (na mesma zona) e preciso fazer uma volta imensa para chegar ao
trabalho. A mesma situação enfrenta quem estuda ou trabalha na escola
estadual Fueth Paulo Mourão”.
É
até situação de constrangimento porque, para passar, as pessoas
precisam se identificar e dizer se moram ou não na rua. “Por que não
isolam a rua de uma vez por todas, em vez de colocarem cones, com guarda
armada, intimidando as pessoas? Acho isso ilegal, trancarem a rua. Os
militares ficam com medo de ser assaltados e colocam até guarda armado
na rua, isolada por cones e acabam intimidando as pessoas comuns que
moram em lugares sem segurança e ainda têm que se deslocar com
dificuldade até o local onde trabalham”, questiona a professora.
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