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quinta-feira, 2 de junho de 2016

Artur critica reordenamento da saúde: 'foi equivocado. Teria que cortar outras coisas'


(Portal Acrítica)
Prefeito de Manaus disse que, assim como a população, não foi consultado pelo governador José Melo em face das mudanças e prevê sobrecarga dos pronto-socorros e precarização dos serviços 01/06/2016 às 16:52 - Atualizado em 01/06/2016 às 17:45
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Melo e Artur durante comício da campanha de 2014. Foto: J.Renato Queiroz/Arquivo AC 
 

O prefeito Artur Neto (PSDB) criticou o reordenamento da rede estadual de saúde anunciado pelo Governo do Estado na semana retrasada e disse que não foi consultado pelo governador José Melo (Pros) sobre as mudanças, que incluem fechamento de algumas unidades de saúde.
Artur disse que, para ele, qualquer pessoa fica em segundo plano quando confrontada com os interesses da cidade de Manaus. "Entre Manaus e qualquer um, eu sou ''Manaus Futebol Clube", disparou.
"O governador não falou comigo. Ele tomou uma decisão sem me consultar", disse o prefeito, em entrevista à TV A Crítica na manhã desta quarta-feira (1º), durante a reinauguração da  Unidade Básica de Saúde (UBS) Mansour Bulbol, localizada na avenida Desembargador João Machado, bairro Alvorada I, na Zona Oeste.
"Eu tenho certeza que, quando ele [o governador] quiser falar comigo, ele vai me ligar. E eu vou esperar", ressaltou, ao definir como uma "atitude equivocada" o reordenamento do governo.
Artur Neto disse que deveria ter havido planejamento melhor e que a cidade não concordou com as mudanças. "Eu considerei que foi uma atitude não correta [o reordenamento], uma atitude equivocada. Teria que cortar em outras coisas", afirmou.
Como efeito negativo das mudanças, o prefeito acredita que deve haver sobrecarga dos pronto-socorros e precarização dos serviços. "Vamos ver o que vai dar. Tomara que eu esteja errado e que essa experiência não renda nenhum prejuízo para povo", afirmou.
O prefeito ainda espera que o governo reavalie os cortes porque, na avaliação dele, ainda tem "onde cortar" sem precisar fazer mudanças na saúde. "E isso é o que eu desejo que sua excelência [o governador] repita, medite e caminhe nessa direção porque... eu lamentei".
"Então, talvez, uma autocrítica, que é normal em uma pessoa humilde... eu votei num candidato humilde. Eu votei num candidato que ouve as pessoas, [que] pensa. Eu votei nisso. E essa pessoa humilde que mereceu o voto de tanta gente em Manaus, e ganhou a eleição aqui e não foi no interior, ganhou aqui na minha cidade, essa pessoa deveria refletir e quem sabe ver outras coisas para cortar e cumprir com esse dever básico", disse Artur Neto.
"Se está cumprindo esse dever básico [a saúde], pode fazer o Festival de Ópera, pode fazer o que quiser. Mas, se não tem o dever básico cumprido ainda deve suspender... quem sou eu para dar lição a uma pessoa tão experiente, mas, não ter porque financiar um festival de ópera e não financiar a saúde, enfim", completou.
Confira a declaração na íntegra:
O governador não falou comigo. Ele tomou uma decisão sem me consultar. Eu creio que ele é uma pessoa organizada, com boa memória. Ele tem meu telefone, o final é 1040, a coisa mais fácil do mundo decorar. Então, eu tenho certeza que, quando ele quiser falar comigo, ele vai me ligar. E eu vou esperar.
Eu considerei que foi uma atitude não correta [o reordenamento], uma atitude equivocada. Teria que cortar em outras coisas. Teria que fazer cortes no custeio e esse custeio da saúde para mim é investimento, investimento nas pessoas.
Agora, eu fico imaginando o que pode acontecer: sobrecarga dos pronto-socorros; a precarização dos serviços, porque uma pessoa que tem algo que é típico de [tratar em]  uma SPA aí vai para um pronto-socorro, onde estão esperando pessoas baleadas, esfaqueadas, acidentadas gravemente, e lá vai ficar misturado o baleado, por exemplo, com a pessoa que cortou a coxa. Enfim, algo que seria simples [de tratar] uma SPA.
Eu acho que deveria ter havido uma meditação maior porque a cidade não concordou com isso [o reordenamento]. A cidade exige serviços de saúde à altura.
Vamos ver o que vai dar. Tomara que eu esteja errado e que essa experiência não renda nenhum prejuízo para povo.  Se eu estiver certo, é porque com certeza as coisas estão indo bem e o governador que sabe reveja isso e faça uma análise de onde cortar recurso, porque tem [onde cortar]. Sempre tem uma hierarquia de recursos para serem cortados. E isso é o que eu desejo que sua excelência [o governador] repita, medite e caminhe nessa direção porque... eu lamentei.
A gente via pesquisas em que SPA's e Caic's, sobretudo os SPA's, eram uma parte da saúde do Governo do Estado elogiadas pela população, muito útil, muito bem trabalhadas. E a população sente falta disso.
Então, talvez, uma autocrítica, que é normal em uma pessoa humilde... eu votei num candidato humilde. Eu votei num candidato que ouve as pessoas, [que] pensa. Eu votei nisso. E essa pessoa humilde que mereceu o voto de tanta gente em Manaus, e ganhou a eleição aqui e não foi no interior, ganhou aqui na minha cidade, essa pessoa deveria refletir e quem sabe ver outras coisas para cortar e cumprir com esse dever básico.
Se está cumprindo esse dever básico [a saúde], pode fazer o Festival de Ópera, pode fazer o que quiser. Mas, se não tem o dever básico cumprido ainda deve suspender... quem sou eu para dar lição a uma pessoa tão experiente, mas, não ter porque financiar um festival de ópera e não financiar a saúde, enfim.
E tem outros cortes: ver se não tem carro alugado a mais;ver se os pagamentos se os pagamentos feitos são de primeiríssima necessidade, enfim.
Não é um desabafo. É apenas uma observação independente porque o meu compromisso, e eu tenho problemas familiares com isso, meu compromisso é com o povo de Manaus, como era com o povo do Amazonas quando eu era senador. Então, tudo ficava de lado, em segundo plano, até minha família. Então, qualquer pessoa para mim fica em segundo plano quando se trata de cotejar [pôr em confronto] essa pessoa com Manaus. Entre Manaus e qualquer um, eu sou "Manaus Futebol Clube". Eu entendo que Manaus precisa ser olhada com meditação e maturidade.
Adrianne Diniz e Luciano Falbo

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