'Eu vou provar que eles não vão reajustar a passagem', dispara Artur Neto
(Portal Acrítica)
O prefeito de Manaus tachou de desonesta e
imprudente a decisão anunciada pelos empresário de, amparados por
decisão judicial, aumentar a tarifa dos ônibus de R$ 3 para R$ 3,54
28/06/2016 às 00:11
O prefeito de Manaus, Artur Neto (PSDB), disse na noite desta
segunda-feira (27) que vai provar para os empresários do transporte
coletivo da capital que "eles não vão reajustar a passagem na
sexta-feira". "Custe o que custar, der no que der e doe em quem doer",
emendou. O áudio foi divulgado no perfil de Artur no Facebook. Mais cedo, o Sindicato das Empresas Transporte de Passageiros do
Estado do Amazonas (Sinetram), em nota distribuída à imprensa, afirmou
que o aumento do valor da tarifa dos ônibus já tem data e hora para
começar a vigorar: 00h da próxima sexta-feira (1º de julho). A passagem,
conforme o Sinetram, passará de R$ 3,15 (tarifa técnica) para R$ 3,54.
O sindicato informa que dará cumprimento à decisão dos
desembargadores da segunda câmara cível do Tribunal de Justiça do
Amazonas (TJ-AM), tomada no último dia 20, e publicada na edição de hoje
do Diário de Justiça Eletrônico.
Artur Neto classificou a decisão de aumentar o valor é "um gesto
imprudente, impensado e anti-povo". "É uma atitude atrevida e
desonesta", disse, irritado.
O gestor ressaltou que nem todas as instâncias recursais foram
percorridas para barrar o aumento na Justiça. "Se nós percorremos todas
[as instâncias] e perdermos, não vamos a aumentar a tarifa de ônibus.
Não vai", disse.
Para A Crítica , o advogado do sindicato, Fernando Borges, afirmou que "todos recursos contra a decisão foram utilizados pelo município".
"Inclusive no STJ, em Brasília, o qual manteve a decisão do TJ-AM.
Agora a decisão judicial deve ser cumprida", completou Borges.
O representante do Sinetram, disse ainda que "o respeito às decisões
judiciais e aos contratos são imperativos de uma sociedade democrática".
"A situação é grave. Precisamos manter o sistema operacional e os
salários em dia", acrescentou.
Briga na Justiça
A decisão judicial pela qual o Sinetram se baseia para aumentar a
tarifa foi tomada no último dia 20 pela segunda câmara cível do TJ-AM.
Por dois votos a um, os desembargadores aceitaram o pedido de reajuste
da tarifa do transporte coletivo em ação apresentada pelas empresas.
No mês de abril deste ano, o TJ-AM, em decisão monocrática e
contrariando decisão do juízo de primeira instância, já havia autorizado
o reajuste de 12,37% no valor atual da tarifa. A Prefeitura de Manaus,
por sua vez, recorreu da decisão, ganhou um fôlego ainda no TJ-AM com a
suspensão da liminar pelo reajuste imediato e o caso foi parar no
Superior Tribunal de Justiça (STJ), que também decidiu por conceder o
aumento.
Na nota em que confirma a data da vigência do aumento, o Sinetram
afirma que o reajuste concedido pela Justiça é inferior à inflação do
período, a contar do início do contrato em 2011. Segundo o Sinetram, de
agosto de 2011 a fevereiro de 2016, "os custos específicos do transporte
coletivo em Manaus aumentaram em 49,91%.
"A inflação, segundo o INPC/IBGE, foi de 38,91% no período. A tarifa
em Manaus, no entanto, foi reajustada em apenas 14,58%, sendo que, no
mesmo período, o reajuste foi de 50,73% em São Paulo, 339,62% em Belo
Horizonte, 52% no Rio de Janeiro, 33,33% em Cuiabá, 48% em Curitiba,
38,9% em Porto Alegre e 37,50% em Fortaleza", compara.
De acordo com o presidente do Sinetram, Carmine Furletti, a nova
tarifa vai trazer fôlego para as empresas poderem honrar seus
compromissos com os colaboradores e fornecedores, pois as mesmas,
também, estão passando por dificuldades.
À Justiça, o Sinetram solicitou o reajuste com base no estudo
realizado pela consultoria Ernst & Young, que apontou o percentual
necessário para o reajuste na tarifa do transporte coletivo da cidade,
que está congelado há três anos. Com base em estudos próprios, o
Sinetram afirma que a Superintendência Municipal de Transportes Urbanos
(SMTU) reconheceu a defasagem.
Base de cálculo
O cálculo para o aumento de 12,37% é feito com base na tarifa técnica
de R$ 3,15. Os R$ 0,15 não cobrados diretamente do usuário são bancados
pelo contribuinte como forma de subsídios concedidos pela prefeitura e
pelo Governo do Estado.
Prefeitura vai recorrer
A Prefeitura de Manaus já havia informado que vai recorrer. No dia 16
de maio, o prefeito Artur Neto (PSDB) disse que irá até as últimas
consequências para manter o preço da passagem. "Não haverá aumento de
tarifa sob nenhuma circunstância. Se for preciso irei às últimas
consequências e assinarei um decreto mantendo a tarifa em R$ 3", disse à
época.
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