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segunda-feira, 27 de junho de 2016

Moradores lutam para preservar fontes d’água existentes no Planalto



(Portal Acrítica)

No conjunto Jardim de Versalles, bairro Planalto, Zona Centro-Oeste de Manaus, onde há pelo menos cinco nascentes, moradores tentam proteger as fontes d'água de uma área de proteção ambiental 25/06/2016 às 22:13 - Atualizado em 26/06/2016 às 10:34
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Águas são límpidas e transparentes nas nascentes encontradas na APA Tarumã Ponta Negra (Fotos: Euzivaldo Queiroz)

Silane Souza Manaus (AM)
As nascentes ajudam no processo de evapotranspiração da floresta, têm papel importante para o ecossistema, a qualidade do solo e a recomposição do aquífero. É imprescindível que estas áreas não sejam aterradas e que tenham seus entornos limpos e com vegetação. Mas, de um modo geral, as pessoas desconhecem esse valor e o trabalho de conscientização é um desafio e tanto para aqueles que se preocupam com o meio ambiente, pensam no futuro, e no que será do planeta sem água.
Quando as nascentes estão situadas na área urbana, os desafios são maiores ainda, visto que elas são constantemente ameaçadas pela ação danosa do homem, como explica um grupo de moradores do conjunto Jardim de Versalles, no bairro Planalto, Zona Centro-Oeste, onde há pelo menos cinco nascentes.
Há anos eles vêm lutando para proteger as fontes d’água presentes naquela região que, apesar de fazer parte de uma Área de Proteção Ambiental (APA), sofre as consequências da urbanização.
O empresário Antônio Nonato da Costa, 53, conta que muitas pessoas não entendem que a área deve verde permanecer como está: sem interferência humana.
“Tem gente que adentra a mata para colher frutos como açaí, buriti, cacau e banana não se importando com o mal que está causando a floresta e as nascentes. Nós fazemos ações para manter esse local preservado, mas é um desafio grande porque muitas pessoas não têm conscientização da riqueza que nós temos”, afirma o empresário.
A aposentada Maria Brás de Matos, 75, mora de frente para umas das áreas preservadas, onde passa um pequeno córrego, que um dia, foi um lindo igarapé. “Eu e minha vizinha lavávamos roupa e tomávamos banho nele. A água era limpa. Mas quando começou as construções no entorno todo o lixo veio parar dentro dele e acabou sendo aterrado. Hoje, ainda há a nascente, fazemos de tudo para mantê-la conservada, mas ainda tem gente que joga lixo na mata”, diz triste.
No dia 18 deste mês, que é dedicado ao meio ambiente, os moradores do conjunto se juntaram a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas) e ao Conselho Consultivo da APA Tarumã Ponta Negra, que engloba aquela região, numa ação de envolvimento e sensibilização. O objetivo foi implantar uma mentalidade de preservação e proteção para garantir a conservação das nascentes e também a vida natural nas matas ciliares que ficam próximas de igarapés.
De acordo com a gestora da APA Tarumã Ponta Negra, Angeline Ugarte Amorim, a ação de envolvimento das comunidades do entorno da bacia deste afluente, que é importante para o Igarapé do Gigante, visa sensibilizar os moradores das comunidades onde estão as nascentes que constituem o igarapé. “Vamos levar a programação até a sua foz que fica na região da Marina do Davi, onde foram identificados grandes acúmulos de resíduos mostrados, inclusive, em matéria de A Crítica no dia  3 de março deste ano”, comenta.
 (Foto: Márcio Silva)
Microbacias
Conforme a Semmas, é impossível quantificar o número de nascentes que há em Manaus, mas a cidade é inteiramente irrigada por igarapés de pelo menos quatro microbacias hidrográficas (Tarumã-açu, Puraquequara, Educandos e São Raimundo). O que significa dizer que ela é totalmente permeada por águas escuras em muitos pontos e águas claras em outros por conta da formação geológica destas bacias.
Proteção
Para proteger as nascentes, a Semmas se vale de algumas ações que permitem essa proteção, como o caso de criar Unidades de Conservação (UCs), previstas na Lei Federal 9.985/2000. “Muitas nascentes existentes na cidade estão em área urbana. A Prefeitura de Manaus criou um parque, o Nascentes do Mindu, no bairro Cidade de Deus, Zona Leste, para proteger as nascentes do maior igarapé da cidade de Manaus, o do Mindu”, informou o Departamento de Áreas Protegidas da pasta.
Outro instrumento de gestão ambiental que prevê essa proteção é o Licenciamento Ambiental, que é composto por uma análise do projeto de um determinado empreendimento e a verificação por meio de base cartográfica se ele está em área de nascentes ou de Preservação Permanente (APP). “Fazemos sinalização das APP, áreas verdes e o trabalho de sensibilização por meio da Educação Ambiental sobre o descarte inadequado de resíduos e o tempo de decomposição dos mesmos na natureza”.
A gestora da APA Tarumã Ponta Negra, Angeline Ugarte Amorim, destaca que as nascentes prestam serviços ambientais imensurável, que muitas pessoas desconhecem. “Nós precisamos ter áreas verdes na urbanidade porque elas trocam gases com a atmosfera, minimizam a sensação térmica e prestam serviços para toda região além de serem responsáveis pela chuva. Essas informações precisam ser levadas a população”, aponta.

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