(portal Acrítica)
Semulsp quer propor ao Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM) que os partidos políticos que jogaram no chão inúmeros 'santinhos' de forma irregular e indiscriminada, gerando ônus para a prefeitura, paguem os prejuízos
Dias antes da eleição, as ruas e calçadas da capital começaram a ficar cobertas por ‘santinhos’ de candidatos
O
secretário Municipal de Limpeza e Serviços Públicos (Semulsp), Paulo
Farias, afirmou que a Prefeitura de Manaus está fazendo um levantamento
dos custos aos cofres públicos da sujeira causada na cidade com os
“santinhos” espalhados pelas ruas no domingo. A Semulsp quer propor ao
Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM) que os partidos
políticos que causaram o problema assumam a conta.
“Nossa
subsecretaria de operações está acompanhando todo o trabalho para saber
os custos e apresentar ao TRE-AM. Possivelmente na quarta-feira
tenhamos esses dados. Nossa ideia é conversar com o TRE para que os
partidos assumam essa despesa”, declarou o secretário.
Paulo
Farias afirmou que a previsão inicial é concluir a limpeza completa da
cidade amanhã. No entanto, alguns “santinhos” ainda devem permanecer nas
vias públicas por alguns dias. “O vento está espalhando muito os
santinhos. Ontem entramos pela madrugada limpando a avenida Brasil, mas,
hoje de manhã, por causa do vento, a avenida estava suja de novo”,
afirmou.
O
secretário informou que, a cada turno de limpeza das ruas, em todas as
zonas da cidade, 300 pessoas se envolvem no trabalho. “Estamos com 300
pessoas desde ontem à noite (domingo), que entraram pela madrugada.
Quando saíram do serviço e entraram outras 300”, explicou Paulo Farias.
Incômodo
A
sujeira deixada pelos candidatos irritou a dona de casa Iza Araújo, 67,
e a aposentada Elvira Santos, 58. Ontem, as duas reforçaram o cuidado
ao caminhar pela calçada em frente à Escola Estadual Dom João de Souza
Lima na avenida Timbiras, na Cidade Nova, Zona Norte. Elvira até trocou
de sandália após escorregar num amontoado de “santinhos”. “Essas coisas
deixam o chão liso. Estava de rasteirinha e troquei por uma de
borracha”, contou.
Para
Iza, a Justiça deveria punir severamente todos os candidatos que
tivessem seu material de campanha encontrado sujando as ruas. “Toda a
Cidade Nova está assim. Na frente da minha casa varri e limpei. Ao invés
de eles jogarem panfletos, deveriam jogar dinheiro”, brincou.
O
estudante Bruno Fabrício, 10, também olhava pensativo para os panfletos
quando questionado sobre o que achou da sujeira. “Isso não está certo.
Não deveriam sujar as ruas”, afirmou.
Outro
que estava bastante irritado com os “santinhos” era o comerciante
Antônio Jonas Cassimiro, 45. Ele começou a recolher os santinhos de
frente do Pet Shop dele, na avenida Timbiras, às 7h e só terminou a
limpeza às 10h. “Eu varri logo, porque não adianta esperar a prefeitura.
Eles só limpam a principal. Não entram nas outras ruas não. E não estou
reclamando do prefeito. Ele é bom. Acho que não sabe que na limpeza
fazem assim com a gente”, declarou.
‘Sujões’ podem ser punidos
Candidatos
e cabos eleitorais que forem identificados jogando “santinhos” nas ruas
ou pregando cartazes e pendurando banners em locais não permitidos
poderão ser penalizados a pagar a pena de prestação de serviço
comunitário na Secretaria Municipal de Limpeza e Serviços Públicos
(Semulsp), trabalhando na coleta de lixo. A informação é do juiz da Vara
Especializada de Meio Ambiente e de Questões Agrárias (Vemaqa),
Adalberto Carin.
O
magistrado, que passou a maior parte do domingo atendendo denúncias de
crimes praticados por candidatos e cabos eleitorais contra o meio
ambiente, disse que, apesar de Manaus não estar entre as capitais que
mais produziram lixo nessa eleição, a cidade ficou muito suja,
principalmente pelos milhares de santinhos que foram espalhados pelas
ruas da cidade, especialmente nas proximidades dos locais de votação.
O
juiz disse que vai requisitar do Centro Integrado de Operações de
Segurança (Ciops) e de particulares as imagens de ruas sujas,
motociclistas e de veículos que espalharam santinhos pela cidade para
tentar identificar os “porcalhões”. As imagens serão encaminhadas ao
Ministério Público Estadual (MPE) e Federal (MPF) para que sejam tomadas
as medidas cabíveis.
Os
responsáveis poderão ser indiciados pelos crimes contra o meio ambiente
e eleitoral. O magistrado não descarta a possibilidade de, se
condenados, receberem uma pena alternativa, que poderá ser a prestação
de serviço na Semulsp, coletando o lixo nas ruas, por exemplo. A medida,
segundo Carin, é pedagógica e visa a conscientização da importância da
preservação do meio ambiente e da economia do dinheiro público.
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