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quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Partidos condenados por jogar 'santinhos' nas ruas serão obrigados a varrer vias públicas



(portal Acrítica)

Semulsp quer propor ao Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM) que os partidos políticos que jogaram no chão inúmeros 'santinhos' de forma irregular e indiscriminada, gerando ônus para a prefeitura, paguem os prejuízos

Dias antes da eleição, as ruas e calçadas da capital começaram a ficar cobertas por ‘santinhos’ de candidatos
Dias antes da eleição, as ruas e calçadas da capital começaram a ficar cobertas por ‘santinhos’ de candidatos (Winnetou Almeida)
O secretário Municipal de Limpeza e Serviços Públicos (Semulsp), Paulo Farias, afirmou que a Prefeitura de Manaus está fazendo um levantamento dos custos aos cofres públicos da sujeira causada na cidade com os “santinhos” espalhados pelas ruas no domingo. A Semulsp quer propor ao Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM) que os partidos políticos que causaram o problema assumam a conta.
“Nossa subsecretaria de operações está acompanhando todo o trabalho para saber os custos e apresentar ao TRE-AM. Possivelmente na quarta-feira tenhamos esses dados. Nossa ideia é conversar com o TRE para que os partidos assumam essa despesa”, declarou o secretário.
Paulo Farias afirmou que a previsão inicial é concluir a limpeza completa da cidade amanhã. No entanto, alguns “santinhos” ainda devem permanecer nas vias públicas por alguns dias. “O vento está espalhando muito os santinhos. Ontem entramos pela madrugada limpando a avenida Brasil, mas, hoje de manhã, por causa do vento, a avenida estava suja de novo”, afirmou.
O secretário informou que, a cada turno de limpeza das ruas, em todas as zonas da cidade, 300 pessoas se envolvem no trabalho. “Estamos com 300 pessoas desde ontem à noite (domingo), que entraram pela madrugada. Quando saíram do serviço e entraram outras 300”, explicou Paulo Farias.
Incômodo
A sujeira deixada pelos candidatos irritou a dona de casa Iza Araújo, 67, e a aposentada Elvira Santos, 58. Ontem, as duas reforçaram o cuidado ao caminhar pela calçada em frente à Escola Estadual Dom João de Souza Lima na avenida Timbiras, na Cidade Nova, Zona Norte. Elvira até trocou de sandália após escorregar num amontoado de “santinhos”. “Essas coisas deixam o chão liso. Estava de rasteirinha e troquei por uma de borracha”, contou.
Para Iza, a Justiça deveria punir severamente todos os candidatos que tivessem seu material de campanha encontrado sujando as ruas. “Toda a Cidade Nova está assim. Na frente da minha casa varri e limpei. Ao invés de eles jogarem panfletos, deveriam jogar dinheiro”, brincou.
O estudante Bruno Fabrício, 10, também olhava pensativo para os panfletos quando questionado sobre o que achou da sujeira. “Isso não está certo. Não deveriam sujar as ruas”, afirmou.
Outro que estava bastante irritado com os “santinhos” era o comerciante Antônio Jonas Cassimiro, 45. Ele começou a recolher os santinhos de frente do Pet Shop dele, na avenida Timbiras, às 7h e só terminou a limpeza às 10h. “Eu varri logo, porque não adianta esperar a prefeitura. Eles só limpam a principal. Não entram nas outras ruas não. E não estou reclamando do prefeito. Ele é bom. Acho que não sabe que na limpeza fazem assim com a gente”, declarou.
‘Sujões’ podem ser punidos
Candidatos e cabos eleitorais que forem identificados jogando “santinhos” nas ruas ou pregando cartazes e pendurando banners em locais não permitidos poderão ser penalizados a pagar a pena de prestação de serviço comunitário na Secretaria Municipal de Limpeza e Serviços Públicos (Semulsp), trabalhando na coleta de lixo. A informação é do juiz da Vara Especializada de Meio Ambiente e de Questões Agrárias (Vemaqa), Adalberto Carin.
O magistrado, que passou a maior parte do domingo atendendo denúncias de crimes praticados por candidatos e cabos eleitorais contra o meio ambiente, disse que, apesar de Manaus não estar entre as capitais que mais produziram lixo nessa eleição, a cidade ficou muito suja, principalmente pelos milhares de santinhos que foram espalhados pelas ruas da cidade, especialmente nas proximidades dos locais de votação.
O juiz disse que vai requisitar do Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops) e de particulares as imagens de ruas sujas, motociclistas e de veículos que espalharam santinhos pela cidade para tentar identificar os “porcalhões”. As imagens serão encaminhadas ao Ministério Público Estadual (MPE) e Federal (MPF) para que sejam tomadas as medidas cabíveis.
Os responsáveis poderão ser indiciados pelos crimes contra o meio ambiente e eleitoral. O magistrado não descarta a possibilidade de, se condenados, receberem uma pena alternativa, que poderá ser a prestação de serviço na Semulsp, coletando o lixo nas ruas, por exemplo. A medida, segundo Carin, é pedagógica e visa a conscientização da importância da preservação do meio ambiente e da economia do dinheiro público.

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