Empresa
do Distrito Industrial de Manaus é denunciada por poluir o meio
ambiente por indústria vizinha, mas Ipaam afirma que medida é
emergencial para conter erosão de solo

Centenas de pneus velhos foram jogados num barranco para conter a erosão
Funcionários
de uma distribuidora alimentícia denunciaram uma empresa de incineração
de resíduos, localizada na rua Hibisco, Distrito Industrial 2, Zona
Leste, por descarte irregular de pneus em área verde e emissão de fumaça
tóxica. No entanto, empresários negam o crime ambiental e afirmam que
os pneus serão utilizados para a construção de um “talude”, uma espécie
de aterro para conter erosões.
Um
dos funcionários da empresa alimentícia, Adauto Dias, conta que a
fumaça emitida pela queima de todos os tipos de resíduos - desde pneus a
lixo hospitalar - prejudica a saúde de quem trabalha próximo à fábrica.
“É uma fumaça preta que causa danos respiratórios. Nossos automóveis
também ficam cobertos por fuligem”, relata.
Atrás
da empresa, uma montanha de pneus se acumula. Ainda segundo os
denunciantes, os pneus estão sendo despejados na mata há dois meses. “Um
pneu demora quase 500 anos para se decompor na natureza e por isso
estamos denunciando esta degradação”, comentou outro funcionário, que
preferiu não ter o nome divulgado.
O
diretor da empresa de incineração, Roberto Ferreira, negou as denúncias
e explicou que “foi tudo um mau entendido”. “Há 45 dias sofremos com
uma erosão de barranco que por pouco não atingiu nossa estrutura.
Contratamos um engenheiro ambiental para criar um projeto ecológico para
conter as erosões”, afirmou.
Roberto
ainda não possui autorização do Instituto de Proteção Ambiental do
Amazonas (Ipaam), mas garante que apresentou o projeto para a construção
do talude ao órgão no início deste mês. “O especialista que elaborou o
projeto achou viável fazer a recuperação com pneus. É um trabalho muito
comum e ecologicamente correto. Optamos por este tipo de material para
evitar ter que pegar barro de outras áreas para fazer o aterro”, disse.
Os
pneus serão cobertos por barro do próprio deslizamento, segundo
Ferreira. “Nós já demos início aos trabalhos porque temos apenas 120
dias para concluir, por conta da chegada do inverno. É uma medida
emergencial”. Segundo o projeto, esta é uma técnica já bastante
utilizada, iniciado nos Estados Unidos e posteriormente difundida para
outros países.
Sobre
a fumaça, o empresário contou que a empresa é uma das únicas de Manaus
que possui autorização para incinerar drogas, lixo hospitalar e lixo
industrial. “Nós já tivemos um problema em relação à fumaça, mas nos
adaptamos e colocamos filtros especiais. Esta fumaça não prejudica nem
nossos funcionários, como prejudicaria funcionários de outras
fábricas?”, questiona.
Licenciada
O
Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) informou que a
empresa Amazon Clean Serviços de Incineração possui licença ambiental,
conforme a legislação. Quanto à obra do talude, a medida está dentro do
plano emergencial da empresa, que consta no verso da licença ambiental, e
segundo a Amazon Clean, foi tomada para conter um desmoronamento.