(Portal Acrítica)
Promotor de Justiça Edilson Martins afirma já ter indícios suficientes para mover ação contra o presidente da ALE-AM
Promotor afirma que há indícios suficientes para denunciar o
presidente da ALE-AM, deputado Josué Neto (PSD), por improbidade
administrativa
Após
ações do Ministério Público do Amazonas (MP-AM), 50% dos deputados da
Assembleia Legislativa do Estado (ALE-AM) abriram mão de bancar bolsas
de estudos para seus assessores. Por ano, cada deputado tem direito a
gastar R$ 96 mil com cursos superiores para servidores.
Mesmo
com o recuo dos parlamentares, o promotor Edilson Martins, que é quem
investiga os casos de irregularidades na concessão de bolsas, afirma que
há indícios suficientes para denunciar o presidente da ALE-AM, deputado
Josué Neto (PSD), por improbidade administrativa.
“O atual presidente (Josué Neto) recebeu uma recomendação
(em junho de 2014), que foi cessar a concessão de bolsas para cursos
que não guardam compatibilidade e afinidade com os objetivos do Poder
Legislativo do Estado do Amazonas, e ele continua concedendo bolsas
irregulares e ele vai responder por improbidade administrativa. Pode ter
certeza disso”, garantiu o promotor.
Martins
disse que ainda está estudando como irá ingressar com a ação civil
pública contra o presidente da ALE. “Se vai ter condenação é outra
coisa, mas o que a gente tem que fazer é punir o agente público que não
tem zelo, que não tem respeito pelo dinheiro público”.
Em
2014, o promotor Edilson Martins, afirmou que a ALE-AM violou os
princípios constitucionais da legalidade, impessoalidade, moralidade e
eficiência ao pagar cursos que não guardam nenhuma relação de
compatibilidade ou conexão com a atividade do Poder Legislativo. As
ações eram relacionadas ao pagamento de bolsas universitárias de
medicina para servidores comissionados. O MPE pede a devolução dos
recursos e diz que os bolsistas se locupletaram (tornaram-se mais
abastados) com o dinheiro público.
Todos
os dez servidores e ex-servidores comissionados da ALE acionados pelo
MPE cursavam Medicina na Faculdade Nilton Lins. Figuram na lista dos que
beneficiaram servidores com a bolsa de Medicina, entre 2007 e 2010, o
então presidente da ALE, deputado Belarmino Lins (PMDB), Sabá Reis
(2009-2011); Ricardo Nicolau do PSD (2007-2008); Vicente Lopes do PMDB
(2009-2010); e o deputado Wanderley Dallas também do PMDB (2003-2010).
“É
impressionante como esses agentes públicos não querem se enquadrar na
legalidade, na moralidade pública. Eles não têm noção de que conceder
bolsas para amigos é indecoroso, imoral e injusto. Essas ações estão
tramitando, eles estão se defendendo, pois pedi que os valores das
bolsas sejam devolvidos”, falou Edilson.
2015
Só
para este ano, a previsão de gasto com o benefício está fixada em R$
2,2 milhões, dos quais R$ 1,2 milhão já foi pago. Cada parlamentar pode
gastar, ao mês, R$ 8 mil com as bolsas. Encabeçam o ranking dos
parlamentares que mais beneficiaram servidores, no mês de junho, os
deputados Francisco Souza (PSC) e o líder do governo, David Almeida
(PSD), com 12, cada; Ricardo Nicolau (PSD), com 10; Abdala Fraxe (PMN),
Belarmino Lins (PMDB) e Cabo Maciel (PR), com nove, cada; Luiz Castro
(PPS) e Orlando Cidade (PTN), com 7, cada; Josué Neto (PSD), com 8;
Sinésio Campos (PT), com 4; e Vicente Lopes e Wanderley Dallas (PMDB),
com dois, cada. Sete bolsistas, de acordo com o portal da Transparência
da ALE (www.ale.am.gov.br), pertencem à “estrutura ALE”.
Os
outros 12 deputados estaduais, sendo dez novatos e dois veteranos (José
Ricardo (PT) e Adjuto Afonso (PP)), não possuem bolsistas. “Alguns
pararam com isso, mas outros continuam, e são justamente aqueles que são
cara de pau, mas a história vai exigir deles”, afirmou Edilson Martins.
Frente a Frente
Deputado Estadual David Almeida (PSD): Bolsas são benéficas
O
líder do governo na ALE-AM, deputado David Almeida (PSD), lidera o
ranking de assessores beneficiados com as bolsas de estudo, 12.
“As
bolsas são para qualificar os servidores. Todos estudam e prestam um
melhor serviço, logo, isso se traduz em qualidade de trabalho e é
benéfico. Mas também não vejo problema dessa concessão ser mais
detalhada no Portal da Transparência”, argumentou David Almeida.
Deputado Estadual Dermilson Chagas (PDT): Isso não é prioridade
Em
seu primeiro mandato como deputado, Dermilson Chagas (PDT), compõe a
lista dos 12 parlamentares que não pagam bolsas de estudo a assessores.
“Não
assumi o mandato com uma sanha de gastar todo o dinheiro público
disponibilizado para o gabinete. Nesse sentido, a maioria das pessoas
que vieram trabalhar comigo já tem uma profissão e formação em nível
superior. Neste momento, nosso ritmo e prioridade para organizar minha
assessoria são outros”.
Informações foram repassadas
Por
meio de sua assessoria, a ALE-AM informou que vem cumprindo desde 2010 a
determinação acordada com o Tribunal de Contas do Estado (TCE). Na
época, o TCE solicitou à Aleam que se limitasse a conceder bolsa de
estudos de acordo com as necessidades da estrutura da Casa e compatíveis
com as estrutura das comissões técnicas. A Aleam, de imediato, cumpriu o
acordado.
Ainda
segundo a assessoria, em 2014, o MPE pediu à ALE-AM explicações sobre a
concessão de bolsas de estudo. Toda a legislação foi encaminhada
juntamente com as devidas explicações sobre a forma como são concedidas.
“A ALE-AM vem cumprindo com a concessão de bolsa de acordo com a
resolução aprovada em plenário e de acordo com a Lei que regula a
matéria. Ao MP sempre prestamos todas as informações e, se aquele
colegiado decidir que a Aleam deverá suspender a concessão de bolsas,
certamente esta Casa irá avaliar a decisão daquele órgão de controle na
aplicação das leis”, informa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário