(Portal Acrítica)
MPE
vai investigar supostos atos de improbidade administrativa em contratos
das duas instituições. Contratos da UEA com a empresa Bibliotheca
Sistemas do Brasil Ltda e licitação feita pela Manauscult para escolha
da empresa VIP Master Serviços de Engenharia e Navegação Ltda estão sob
suspeita de fraude
A empresa VIP Master ganhou licitação da Manauscult para realizar
serviços em diversos festivais folclóricos realizados na cidade em junho
e julho
O
Ministério Público Estadual (MPE) investigará supostos atos de
improbidade administrativa em contratos da Universidade do Estado do
Amazonas (UEA) e da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos
(Manauscult). As portarias com a instauração dos dois inquéritos civis
assinadas pela promotora de Justiça Neyde Trindade foram publicadas na
edição de ontem do Diário Eletrônico do MPE.
Representação
anônima encaminhada à 13ª Promotoria de Justiça questiona a
regularidade do processo de compra de equipamentos para atender as
necessidades das bibliotecas da UEA decorrente de compra direta sem
licitação. Na portaria, a promotora de Justiça informa que documentação
de posse do órgão sugere direcionamento à empresa Bibliotheca Sistemas
do Brasil Ltda. Os documentos demonstram a existência de outras
empresas detentoras dos mesmos serviços contratados pela universidade.
A
compra sem licitação, segundo a portaria, seria feita mediante dois
contratos de números 073 e 077 de 2014 que se destinam à aquisição de
equipamentos e implantação de solução integrada RFID (Radio Frequency
Identification) nas bibliotecas da UEA na capital. A promotoria apurará
eventual prejuízo aos cofres públicos e enriquecimento ilícito. Dentre
as providências determinadas pela promotoria está a requisição da UEA
da cópia integral, preferencialmente em mídia digital, dos
procedimentos administrativo que resultaram nos contratos com a
Bibliotheca Sistemas do Brasil Ltda. O MPE pede também os processos de
liquidação de despesas já efetuados, bem como da cópia da ficha
funcional da servidora Sheila Lobo Mota.
Consulta
ao portal da Transparência do Governo do Estado mostra que, no ano
passado, a UEA chegou a firmar um contrato de R$ 1,7 milhão com a
Bibliotheca Sistemas do Brasil. Esse contrato foi dividido em três notas
de empenho. Uma no valor de R$ 1,6 milhão e outras duas no valor de R$
42,9 mil cada. O objeto do contrato é o fornecimento de Smartstock
200, que se conecta com os sistemas de gerenciamento de bibliotecas
(LMS) comuns, utilizando protocolos genéricos, interface com tela
touchscreen colorida, leitor de código de barras e teclado completo.
Outro
contrato no valor de R$ 65 mil com a empresa prevê a prestação de
serviços de implantação de gestão de acervo bibliográfico, incluindo a
conversão do controle via código de barras para a tecnologia RFID. O
portal também informa a celebração de outro contrato.
Não
há registro de pagamento de nenhum desses valores. Contudo, na execução
orçamentária deste ano, que também pode ser acessada no portal da
Transparência, consta restos a pagar de R$ 339,8 mil à empresa.
‘Carta marcada’
A
promotora Neyde Trindade também vai investigar denúncia apresentada
pela Comissão Folclórica Zona Leste de Manaus, que questiona a
licitação feita pela Manauscult, tachada pela agremiação de “carta
marcada”, para a escolha da empresa VIP Master Serviços de Engenharia e
Navegação Ltda, que presta serviços de montagem de estrutura de som,
palco, luz e tablado em diversos festivais folclóricos de Manaus este
ano. A comissão argumenta que VIP Master não possui estrutura para
atender todos os festivais, estando funcionando no “depósito da antiga
starlight, onde o mato toma conta do depósito desta empresa”.
A
Comissão Folclória da Zona Leste também denuncia a contratação da
empresa por valor superfaturado, “uma vez que o valor pago pela
Manauscult em diárias à VIP Master (R$ 5.500,00), não corresponderia aos
valores pagos às empresas terceirizadas que efetivamente executaram o
serviço, listando os festivais já realizados, as empresas terceirizadas e
os valores por elas recebidos”.
Ao
determinar a abertura do inquérito, Neyde Trindade cita que a
investigação abrangerá a execução do contrato de prestação de serviços
relacionados ao Festival Folclórico de Manaus, objeto do Contrato nº
023/2015. O MPE determinou o encaminhado pela Manauscult de cópia do
processo de licitação desses serviços, dos documentos de contratação da
Vip Master e dos pagamentos porventura já ocorridos, bem como a
identificação do fiscal do contrato, encaminhando cópia de sua ficha
funcional. A promotora também agendou audiência para ouvir os
representantes das empresas EDS Som; Bahia Som e Night Sound; e
requisitou da Junta comercial do Amazonas (Jucea) cópia dos contratos
sociais e suas alterações posteriores da empresa Vip Master.
Reposta Manauscult
A
Manauscult informou que o pregão 133/2013 para contratação da empresa
Vip Master, que está sob investigação do Ministério Público Estadual
(MPE), foi realizado pela Comissão Municipal de Licitação (CGM) sem
interferência da fundação. Diz ainda que o resultado do processo e o
registro de preços foram colocados à disposição da fundação para
contratação dos serviços. A fundação também informou que nesta
segunda-feira (6) foi notificada da abertura do procedimento
investigatório da 13ª Promotoria de Justiça e está prestando todas as
informações solicitadas.
O
secretário municipal de Governo, Márcio Noronha, disse nesta
segunda-feira (6) que o suposto problema na licitação tem a ver com o
processo feito pela prefeitura para viabilizar a participação das
agremiações no festival folclórico de Manaus. Ele disse que foi dada a
opção dos grupos procurarem uma associação para organizar a apresentação
deles. “Um grupo folclórico se aliou a uma entidade que se habilitou à
licitação, mas na hora de apresentação dos documentos não estava com os
documentos em dia, o que causou prejuízos a esses grupos. Já determinei à
Manauscult e à CGM que deem total transparência ao MP”, disse o
secretário.
Posição UEA
A
assessoria de comunicação da UEA informou nesta segunda-feira (6) que o
setor jurídico da instituição se pronunciará sobre o inquérito aberto
pelo Ministério Público Estadual assim que tomar conhecimento detalhado
do conteúdo da denúncia. A UEA informou, ainda, que está à disposição
do MP para prestar os esclarecimentos necessários e que preza, nos seus
atos, a obediência aos critérios legais para contratação de serviços.
O
Sistema Integrando de Bibliotecas da Universidade do Estado do Amazonas
(SIB/UEA), de acordo com dados do portal da UEA, é formado de uma
Biblioteca Central, responsável pelo gerenciamento administrativo e
coordenação, cinco bibliotecas setoriais em Manaus, localizadas nas
unidades acadêmicas da Escola Normal Superior, Escola de Artes e
Turismo, Escola Superior de Ciências da Saúde, Escola Superior Ciências
Sociais, Escola Superior de Tecnologia, e nos 61 municípios do interior
do Amazonas, onde estão divididos em centros, núcleos e sub-núcleos.
A
universidade atualmente dispõe de 43 cursos de graduação distribuídos
em 57 municípios com uma oferta de 223 cursos para uma comunidade de
22.562 estudantes, sendo 13.395 no interior e 9.167 na capital.
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