Governador
José Melo deve reunir neste sábado (4) seu secretariado para definir
onde ainda é possível efetuar cortes. Quase 80% das despesas do semestre
são referentes a pessoal e encargos sociais (35,3%) e custeio da
máquina administrativa (44,3%)
Afonso Lobo afirmou que o governo vem fazendo o dever de casa,
desde quando aprovou a reforma administrativa cortando 800 cargos
comissionados, fundindo secretarias e reduzindo despesas operacionais
Diante
da queda de 5,8% na arrecadação tributária do primeiro semestre deste
ano (R$ 252 milhões a menos no caixa) em comparação ao ano passado, o
governador do Estado, José Melo, deve realizar amanhã uma reunião com o
secretariado para definir mais cortes no já exprimido orçamento.
O
corte pode sobrar para todos os lados: saúde, educação, segurança
pública e área social. A ordem é enxugar. Há previsão de corte de
contratos de médicos plantonistas, por exemplo. Em junho, o Estado já
cortou 10% dos recursos destinados às cooperativas de saúde que atendem
serviços de urgência e emergência nos hospitais e prontos-socorros
adulto e infantil.
O
secretário da Sefaz-AM, Afonso Lobo, ressaltou que se for preciso o
Estado vai enxugar mais as despesas para dar conta do orçamento, mas sem
detalhar onde seriam reduzidas essas despesas. “Estamos tentando
racionalizar os gastos melhorando a eficiência da máquina. No serviço
público, sempre tem gorduras. Estamos buscando redesenhar os nossos
processos para que possamos fazer mais com menos. Tanto na saúde,
educação, segurança, área social. Por isso que chegamos em situação de
equilíbrio, com as contas em ordem no primeiro semestre”.
Lobo
afirmou que o governo vem fazendo o dever de casa, desde quando aprovou
a reforma administrativa cortando 800 cargos comissionados, fundiu
secretarias reduzindo despesas operacionais e diminuiu o número de
contratos de prestação de serviços. “Dependendo do quadro, vamos
aprofundar as reformas que foram feitas no início do ano. Vamos avaliar
numa reunião que teremos em breve”, disse Lobo sem mais detalhes.
Arrecadação menor
Nos
seis primeiros meses do ano, o Amazonas teve receita de R$ 6,943
bilhões, entre receitas tributárias, contribuições, transferências
federais e receitas de capitais. Só em tributos foram R$ 4.121 bilhões,
ou seja, 5,8% a menos que os R$ 4,373 bilhões realizados no primeiro
semestre do ano passado. Os números foram explicados ontem, durante
entrevista coletiva da Secretaria de Estado de Fazenda do Amazonas
(Sefaz-AM)
O
principal tributo é o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços (ICMS) que teve redução de R$ 300 milhões no período. O ICMS
representa 95% do que o Estado recolhe. O setor que mais causou impacto
na arrecadação foi a indústria, responsável por 55% do recolhimento do
ICMS.
Prejuízo de R$ 150 milhões
A
greve da Suframa que já dura um mês e meio também é um agravante para a
baixa na arrecadação, segundo o titular da Sefaz-AM, Afonso Lobo. Neste
período, o Estado está deixando de recolher cerca de R$ 150 milhões em
ICMS por conta de 198.385 notas fiscais que estão represadas aguardando
liberação dos fiscais em greve. Essas notas somam R$ 2.723.404 bilhões
em valores reais.
Esta
semana, o governador José Melo autorizou a ida de dez servidores da
Sefaz-AM para auxiliar o funcionamento das atividades de fiscalização,
concessão de licenças de importação, desembaraço de mercadorias e
análise de projetos de empresas do Polo Industrial de Manas (PIM).
Mas
Afonso Lobo disse que eles ainda não estão conseguindo executar o
serviço por impedimento dos grevistas. “Não questiono o mérito da greve.
No entanto, estão penalizando o Estado do Amazonas e a sociedade como
um todo. O protesto é voltado para o governo federal, mas estão atirando
na direção errada. Pelo visto o governo federal não está preocupado”,
criticou.
A
situação efeta ainda mais o setor produtivo, a exemplo do faturamento
do polo eletroeletrônico - o mais significativo do PIM - que teve queda
de 21% só de janeiro a março. “Se a nossa arrecadação não atingir as
metas fixadas, obviamente que temos que ajustar o gasto para poder
mantermos o orçamento equilibrado”, ressaltou Lobo. O que se explica
esse prejuízo à indústria local, segundo Lobo, é que o PIM se concentra
na produção de bens duráveis e produtos não-essenciais comprados por
crediário, que não estão na lista de prioridades dos consumidores
brasileiros.
Cenários macroeconômicos
O
secretário da Sefaz-AM, Afonso Lobo, fez questão de ressaltar que os
indicadores macroeconômicos são desfavoráveis para a economia regional,
como a inflação que já chega a 8,47% - bem acima da meta do Banco
Central de 6,5%; o nível de confiança do empresário que está a 38,9%, o
que indica pessimismo; a taxa básica de juros está em 13,75% encarecendo
o crédito ao consumidor; e o dólar já chega a R$ 3,12.
A
produção industrial do Amazonas acumula perdas de 20% no primeiro
quadrimestre deste ano. O comércio amarga redução de 3,7% nos primeiros
quatro meses do ano, enquanto a atividade de serviços do Amazonas foi
reduzida em 0,3% no quadrimestre, se comparado ao mesmo período de 2014,
segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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