(portal Acrítica)
Oficiais garantem que descontentamento atinge outras companhias e acusam comando de retaliações para ‘manter ordem’
Crise na Polícia Militar do Amazonas pode se agravar
A
crise que tomou conta da Polícia Militar do Amazonas (PM-AM) nos
últimos dias deve se agravar. Outros comandantes planejam entregar os
cargos por não concordarem com a gestão do então subcomandante-geral e
agora comandante da PM, coronel Eliézio Almeida, e só não o fizeram
ainda por medo de represálias.
Esse
mesmo medo motivou o cancelamento da entrevista coletiva, agendada para
ontem, às 9h, no Clube dos Oficiais da Polícia Militar do Amazonas, com
o major Wilmar Tabaiares (ex-comandante do Batalhão Ambiental), o major
Herlon Gomes (ex-comandante 24ª CICOM), o major Juan Pablo Morrilas
(ex-comandante da 1ª CICOM) e o tenente-coronel Fabiano Bó
(ex-comandante da Companhia de Policiamento Especializado). Na coletiva,
os oficiais falariam das exonerações e da entrega de comandos na
corporação.
As
informações são do major Herlon Gomes. Segundo ele, os ex-comandantes
receberam a informação de que pessoas da Corregedoria da PM estariam
presentes na entrevista para pressionar e tolir as declarações
fornecidas. A promessa era de que haveria retaliações.
A Corregedoria Geral negou que haja inquérito ou investigação em andamento para avaliar a conduta dos oficiais.
Mandado para longe
Ainda
segundo o major, que foi exonerado da função de comandante de uma Cicom
em Manaus e transferido para o município de Tabatinga, um dos mais
distantes da capital, a transferência dele foi pedida por Eliézio como
forma de punir o oficial por discordar dele durante uma reunião sobre o
encaminhanto das negociações com os praças, que no mês de abril
realizaram greve, pedindo, entre outras coisas, a mudança nas escalas de
trabalho adotadas pelo comando.
De
acordo com Herlon, essa negociação foi realizada sem a participação dos
oficiais, o que acabou prejudicando o serviço diário nas ruas e,
consequentemente, influenciou no aumento da criminalidade da cidade.
“Não somos contra as melhorias para os praças, mas isso deveria ter sido
discutido e melhor avaliado, pois a população é quem se prejudica”,
disse o major.
Ex-comandante
O
major ainda lembrou que as divergências são com o coronel Eliézio, e
não com o ex-comandante Almir David. “O coronel Almir David sempre
esteve aberto a conversa e negociação, porém, a questão tomou uma
proporção política e todos os envolvidos viram naquele momento de greve
uma oportunidade eleitoreira”, acrescentou Herlon.
Após
a exoneração do cargo, a Agência de Comunicação do Estado do Amazonas
(Agecom) informou que Almir David foi nomeado como secretário
extraordinário de Governo e assume o novo cargo como um conselheiro na
área de segurança pública. O ex-comandante foi procurado pela
reportagem, mas não atendeu as chamadas.
Oficiais terão novas rotinas
Transferido
de Manaus para Tabatinga pelo que ele classificou como um ato de
retaliação do novo comandante-geral, Eliézio Almeida, o major Herlon
Gomes tem oito dias para se apresentar no novo local de trabalho.
O
pouco tempo fará com que o major tenha que deixar a família em Manaus.
Herlon Gomes disse ainda que entrou com pedido de férias, mas não foi
aceito. “O que resta agora é aceitar, mas o que me deixa indignado é que
a transferência não aconteceu por uma necessidade técnica, e sim por
questões pessoais”, disse.
O
ex-comandante da Companhia de Policiamento Especializado,
tenente-coronel Fabiano Bó, disse que iria entrar com pedido de férias
ontem para, depois, decidir o que fazer. “Vou continuar na coorporação,
mas por enquanto não sei onde. O que sei é que da forma que estava não
dava para continuar”.
Silêncio
A
reportagem entrou em contato com a assessoria da PM, para marcar uma
entrevista com o novo comandante, mas não obteve resposta.
Troca de comando
A
assessoria da PM informou que Eliézio Almeida só irá se pronunciar na
terça-feira, quando a nomeação dele for publicada no Diário Oficial do
Estado. A PM já anunciou uma coletiva para terça-feira, quando ocorrerá a
troca de comando da corporação.
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