(portal Acrítica)
Moradores de comunidades da capital distantes da área urbana também querem estar na pauta de debates da eleição
Eleitores
da Zona Rural de Manaus querem discutir mais propostas que afetam o seu
dia a dia. Na comunidade Nossa Senhora do Livramento, a 30 minutos de
barco do Cento da capital, que fica dentro da Reserva de Desenvolvimento
Sustentável (RDS) do Tupé, a principal reclamação é a falta energia
elétrica regular. Os eleitores também dizem que não vão tolerar
irregularidades das campanhas dos candidatos.
No
sábado, uma equipe do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-AM), comandada
pela presidente da Corte, desembargadora Socorro Guedes, esteve na
comunidade para orientar os eleitores sobre os crimes eleitorais e a
responsabilidade do voto. O encontro também teve a presença de líderes
de outras comunidades da bacia do Igarapé Tarumã Mirim.
Um
dos fundadores da comunidade do ‘Livramento’ – como é popularmente
conhecido o local –, o aposentado Naval Xavier de Carvalho afirma que
gosta do contato “olho no olho” com os canidatos. “Eu voto desde o tempo
do Álvaro Maia e nunca deixei de votar. Faço questão porque gosto. Eu
gosto de ouvir os homens falar. Prefiro que o candidato venha aqui para
gente conhecer e conversar”, observa Naval Xavier. “Temos que mostrar
que estamos com uma crise de falta energia”, emenda o aposentado de 84
anos.
“O
cara que é moco (surdo, na linguagem popular), como diz a história, que
não pára para ouvir, não é sujeito bom. O cara tem que sair para ver
como são as coisas. Por exemplo, aqui é uma situação, mas lá em Fonte
Boa é outra totalmente diferente. Se o caro não sai, não sabe como é que
está. Mas, não basta só ouvir e fingir que vai fazer. Tem que é
arregaçar as mangas e partir pra luta.”, afirma Naval. “Grana tem, só
que o dinheiro vai ficando nas mãos dos governantes, dos deputados, dos
prefeitos, dos vereadores e quando chega pra nós é quase nada”, reclama o
aposentado.
O
presidente da comunidade, Paulo Messias, também aponta a energia como
principal demanda da localidade a energia elétrica. “A luz está indo
embora todo dia. Segundo o que eles dizem lá é o alimentar que não está
jogando luz suficiente pra cá”, afirma.
Para
José Salmarco, presidente da comunidade Agrovila que também fica
localizada na bacia do Tarumã Mirim, todos os eleitores tem que se
envolver no processo eleitoral para garantir um pleito limpo.“Tem muita
gente que fica chateada comigo porque eu não fecho com candidato nenhum
por dinheiro. As pessoas não entendem que o nosso voto não é mercadoria.
Você pega uma certa quantia e aquilo acaba. Durante os quatro anos você
vai viver do quê? Você vai bater na porta de um político desse e ele
vai dizer: eu já te paguei”, afirma.
Orientação
A
equipe do TRE-AM distribuiu cartilhas pediu ajuda dos eleitores na
fiscalização. A professora do ensino fundamental Maria do Céu sugeriu
que todos comunitários presentes no encontro (40 pessoas) se tornem
multiplicadores dos esclarecimentos e no trabalho da fiscalização. “A
gente sozinho não é nada. Mas, se agente se junta, fica forte”, disse.
O
juiz da propaganda, Henrique Veiga, fez alerta aos eleitores sobre a
importância dos cargos disputados. “Vamos colocar agora cinco dos
maiores e mais relevantes cargos. São os que fazem as leis e que
administram os recursos”, disse.
Henrique
Veiga também explicou sobre a eleição proporcional, “que possibilita a
coligação eleger mesmo aquele que não teve a maioria dos votos”. “Por
isso o eleitor deve estar atento e vefiricar se a coligação também está
de acordo com suas expectativas”, afirmou o juiz.
“Dizer
que a política não presta é um engano. Se todos os políticos não
prestam, então nós estamos sendo coniventes porque nós os elegemos.
Vamos parar com isso, vamos buscar saber quem é aquela pessoa em que
vamos votar”, alertou.
Crime eleitoral
A
desembargadora Socorro Guedes, presidente do TRE-AM, reforçou aos
comunitários que a compra, e venda, de voto é crime eleitoral. “O voto
é, antes de tudo, um instrumento de mudança. Com o voto, posso escolher
quem me represente”, afirmou. “Não se deixem envolver por promessas. Não
viemos aqui ensinar os senhores a votar. Viemos afirmar a importância
do voto para a vida de todos nós. Essas pessoas que estamos colocando em
pontos importantes da sociedade vão fazer as leis, que vão gerir os
recursos e aplicar”, acrescentou.
Socorro
Guedes também alertou sobre a importância do acompanhamento do mandato
dos políticos eleitos. “Para ver se aquele candidato que mereceu
confiança será digno de voto no outro pleito”, explicou. A magistrada
disse que no dia do pleito o eleitor pode levar uma cola com os números
dos cinco candidatos no caso de não lembrar. Esclareceu, também, que a
biometria só será utilizada em alguns municípios da região
metropolitana.
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