Nesta segunda-feira (28), a presidente do TRE/AM, Socorro Guedes, deve decidir sobre o pedido de afastamento de Melo e ordenar a posse de Braga
A
instabilidade política provocada pela possível troca-troca de
governador do Amazonas ampliará os prejuízos econômicos e sociais
causados pela crise econômica, que resultou só no ano passado queda de
mais de R$1 bi nas receitas do Estado. Essa é a opinião de economistas e
sociólogos ouvidos por A CRÍTICA.
Para
esta segunda-feira (28) está previsto o desfecho de mais um capítulo do
duelo jurídico entre o governador José Melo (Pros) e o Ministro de
Minas e Energia, Eduardo Braga (PMDB), pela chefia do Executivo
estadual: a presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE/AM), Socorro
Guedes, deve decidir sobre o pedido de afastamento de Melo e ordenar a
posse de Braga.
Segundo
a conselheira federal de Economia (Cofecon), Denise Kassama, este
governo, assim como o federal, depende de credibilidade em suas ações.
“Uma
eventual troca no Governo do Estado inevitavelmente vai atrasar o
processo político e econômico. Não há garantias que um novo governo dê
continuidade as políticas econômicas atuais”, analisou.
A
economista afirma que período de turbulência econômica sempre retraem
novos investidores. “Nenhum empresário investe no setor produtivo em
período de instabilidade política-econômica. Tão grave como a crise
atual é a indefinição quanto ao futuro”, avaliou.
O
maior temor, de acordo com Denise, é que com a retração de
investimento, o governo estadual dê descontinuidade para alguns
segmentos que recebem incentivos fiscais.
“Hoje
existem uma série de produtos, cujo incentivo fiscal é uma redução de
55%, mas o Governo tinha aumentado para 100% por se tratar de segmentos
com problemas de competitividade. O Governo atual está revendo todos
estes segmentos”, explicou.
O
economista Martinho Azevedo afirma que a crise econômica, independente
do cenário político, está posta. “A crise independe de uma mudança de
governador, pois ela está posta em todo o País. Agora, o ambiente no
Estado é preocupante, porque tende a se agravar. E se agravando as
autoridades tem que adotar outras decisões”, disse Azevedo.
O
sociólogo e cientista político, Carlos Santiago, afirma que o cenário
apresentado só prejudica a população. “A instabilidade política atinge a
máquina administrativa, por consequência os servidores ficam em alerta,
e o mais grave é que para o modelo econômico adotado aqui, que é o do
Polo Industrial, as indústrias começam a não assinar mais contratos,
porque acham que há grande chances de não receberem. Ninguém ganha com
isso”, declarou.
Políticas públicas afetadas
Sociólogo
e cientista político da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Tiago
Jacaúna, diz que em um panorama de instabilidade política nacional e
local, existe pouco espaço para pensar em cenários futuros antes que se
resolva o problema político.
“O
campo das políticas públicas (saúde, educação e economia) fica
comprometido diante das incertezas, principalmente porque em uma
eventual troca de governantes, todo o staff dos cargos de confiança deve
ser alterado e um novo planejamento administrativo deverá ser
realizado”, observou.
Para
Jacaúna, o que está em jogo é a sobrevivência política de José Melo. “A
queda de arrecadação enfrentada pela União e estados é um problema
nacional em decorrência da desaceleração da economia. Cabe aos estados
criarem uma estratégia de pagar suas dívidas sem penalizar sua
população”, concluiu o cientista político.
O
processo em que Melo foi cassado é de autoria da coligação “Renovação e
Experiência”, que denunciou suposta compra de votos a favor do
governador José Melo, apontando Nair Blair como responsável por uma
“empresa-fantasma” que recebeu verba pública ilegalmente destinada à
captação ilícita de sufrágio. A Polícia Federal apreendeu R$ 11,7 mil e
documentos que incluíam notas fiscais, listas de eleitores e recibos.
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