(portal Acrítica)
Secretaria
de Estado de Produção Rural teria deixado de pagar a pescadores de
Maraã (AM), desde ano passado, valor referente à venda de 150 toneladas
de pirarucu
Alguns pescadores estão na cidade estão trabalhando como carregador na Manaus Moderna para custear despesas
Aproximadamente
30 pescadores do município de Maraã (distante 634 quilômetros de
Manaus) estão na capital reivindicando o pagamento da venda de mais 150
toneladas de carne de pirarucu à Secretaria de Estado de Produção Rural
(Sepror), referente a despesca do ano passado. De acordo com eles, a
dívida do Estado com os pescadores é de R$ 933 mil há quase quatro
meses.
Ao
todo, 584 pescadores que atuam no “Lago Preto”, dentro da Reserva
Mamirauá, estão prejudicados com a falta do pagamento. Para sustentar a
família, eles compram mantimentos “fiado” com um comerciante da cidade.
Somando as contas de todos os pescadores, a dívida no comércio chega a
R$ 227 mil com juros.
“Os
pescadores são cobrados e pressionados todos os dias por causa da conta
com o comerciante da cidade. Além disso, estamos com uma dívida de R$
30 mil com o único posto de gasolina que fornece combustível fiado para
que os pescadores possam pescar em suas rabetas”, comentou o presidente
da Colônia de Pescadores de Maraã, Raimundo Torres.
Os
pescadores chegaram em Manaus na segunda-feira passada e estão
abrigados em uma embarcação regional. Alguns estão trabalhando como
carregadores de carga no porto da Manaus Moderna para garantir o
alimento e a passagem de volta ao município.
“Estive
várias vezes na Sepror e não há nenhuma resposta. Eles também fizeram
um empréstimo com o banco, em nome dos pescadores, para pagar o nosso
próprio produto. Compraram o pescado com o dinheiro do pescador e depois
não pagaram o empréstimo. Agora os pescadores estão negativados”, disse
o presidente do Sindicato dos Pescadores de Maraã, Manoel Nascimento.
No
ano passado foram 13 dias de manejo do pirarucus. A parceria existe há
cinco anos, mas os pescadores não estão satisfeitos. “Não vamos vender
mais uma escama de peixe se não nos pagarem adiantado. Quando se falava
na industria do ‘bacalhau da Amazônia’ em Maraã, diziam que era para
melhorar a vida do pescador, mas foi o contrário. Teve pescador que
morreu endividado”, complementou Raimundo.
O
pescador Raimundo Nonato da Silva, 51, também veio para Manaus para
cobrar o pagamento. “Estou trabalhando como vigia da embarcação onde
estamos alojados porque não tenho mais dinheiro. Nossa situação está
muito difícil. Só queremos receber pelo pescado que vendemos”,
finalizou.
Secretaria afirma não haver atraso
A
Secretaria de Estado da Produção Rural (Sepror) informou que “não
reconhece atraso no pagamento da produção referente ao pirarucu de
manejo de Maraã em 2014”. Segundo a pasta, foi firmado convênio entre a
Agência de Desenvolvimento Sustentável (ADS) e a Colônia de Pescadores,
em que foi adiantado R$ 124 mil referente à produção de 2014.
O restante do valor deve ser pago até abril de 2015, ainda segundo a
Sepror. A pasta afirmou, ainda, que não fez empréstimo em nome dos
pescadores junto ao banco, “embora tenha conhecimento do problema
enfrentado pela colônia por um processo conduzido pela Associação dos
Amigos do Inpa (Assai), que, antes da atual gestão tomar posse, era a
responsável por gerir os recursos do Estado relacionados ao manejo de
Maraã”.
A
saída da Assai e o repasse da condução do processo para a ADS, segundo a
pasta, foram uma das primeiras ações da atual gestão para reorganizar o
setor, segundo a Sepror.
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