(portal G1)
 O corpo do ex-presidente da África do Sul e líder antiapartheid Nelson 
Mandela foi enterrado neste domingo (15) em seu vilarejo ancestral de 
Qunu, na África do Sul, após dez dias de homenagens e funerais. Mandela morreu no dia 5 de dezembro aos 95 anos, e foi enterrado ao lado dos restos mortais de três de seus filhos.
 O ganhador do Nobel da Paz, que ficou preso durante o Apartheid por 27 
anos, antes de emergir para pregar o perdão e a reconciliação no país, 
foi colocado para descansar na casa de seus ancestrais em Qunu, depois 
de uma despedida que misturou pompa militar e os ritos tradicionais de 
seu clã Xhosa abaThembu.
 O enterro foi acompanhado por cerca de 450 convidados – familiares de 
Mandela, integrantes da comunidade de Qunu e amigos pessoais e alguns 
dignitários.
 O presidente sul-africano, Jacob Zuma, ficou de pé no momento em que o 
caixão foi colocado no túmulo. Helicópteros militares e aviões de 
combate sobrevoaram a região e disparos de canhão foram realizados, 
antes de uma cerimônia tradicional privada, que não teve a presença da 
imprensa.
 "A sua foi realmente uma longa caminhada até a liberdade, e agora você 
conseguiu a liberdade definitiva no seio de seu criador", disse um 
capelão militar durante a cerimônia no jazigo da família, onde três dos 
filhos de Mandela já estão enterrados.
 Antes do enterro, foi realizada uma cerimônia de três horas na qual 
amigos, familiares e líderes mundiais fizeram discursos relembrando a 
vida e o trabalho de Mandela.
 A cerimônia de Estado foi acompanhada por cerca de 4,5 mil pessoas.
 Estiveram em Qunu o reverendo americano e ativista dos direitos civis 
Jesse Jackson, o magnata britânico Richard Branson, o 
ex-primeiro-ministro francês Lionel Jospin, o político norte-irlandês 
Gerry Adams, a apresentadora de televisão americana Oprah Winfrey e os 
atores Forrest Whitaker e Idris Elba, que interpreta Mandela no cinema, 
além do príncipe Charles.
 Diversos discursos foram realizados – todos eles com toques pessoais 
sobre a personalidade de Mandela e lembranças da vida do líder. "A 
melhor lição que nos deixou foi: fazer o bem, e também que dentro de 
cada um de nós está a capacidade de fazer o que queremos na vida", disse
 Nandi Mandela, uma das netas Mandela.
 "Sentiremos saudades de sua voz severa, de quando estava aborrecido, 
seu riso, porque tinha um grande senso do humor, e de suas histórias; 
era um grande contador de histórias", lembrou.
 Zuma expressou seu agradecimento Mandela por ser e representar “o que 
toda uma nação necessitava em um momento tão crítico”, na luta contra o 
regime racista do Apartheid.
 O atual líder, que antes entoou uma canção política sobre a opressão, assegurou que a África do Sul vai continuar o caminho que Mandela trilhou aplicando as lições que ainda se extraem de “tão extraordinária vida”.
 As ruas próximas à tenda onde foi realizada a cerimônia – em uma 
propriedade da família Mandela – e ao local do enterro foram bloqueadas -
 mesmo assim, dezenas de pessoas foram até a região para tentar 
participar, em vão.
 Ao fim da cerimônia de Estado, o corpo de Mandela seguiu em um cortejo 
acompanhado de uma banda militar. A bandeira da África do Sul que 
envolvia o caixão foi retirada, e caças da Força Aérea sul-africana 
sobrevoaram o local para homenageá-lo.
 Na noite anterior ao enterro, o corpo de Mandela ficou sob a guarda de 
sua família e dos anciãos de Qunu. Diversos rituais tribais haviam sido 
anunciados antes do funeral - incluindo o sacrifício de um boi. Não se 
sabe se eles ocorreram antes das cerimônias deste domingo ou durante o 
enterro, quando as imagens do local deixaram de ser transmitidas para 
preservar a intimidade da família.
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