(portal Acrítica)
As construtoras Camargo Corrêa e OAS faturaram contratos de mais de R$ 1 bilhão no Amazonas nas obras do gasoduto e da Ponte Rio Negro
Construtora Camargo Corrêa ganhou mais de R$ 800 milhões na construção da ponte que recebeu aditivo de R$ 60%
Das
nove empresas envolvidas no esquema de propina da Petrobras,
denunciados pela Polícia Federal na Operação Lava Jato, duas ganharam
contratos milionários no Amazonas na última década. A construtora
Camargo Corrêa foi a principal responsável pela construção da ponte Rio
Negro, que teve custo total de R$ 1,099 bilhão. A construtora OAS fez
parte de um dos consórcios responsáveis pelo Gasoduto Coari-Manaus, que
custou R$ 4,5 bilhões, assim como a Camargo Corrêa.
A
obra do gasoduto é uma das 140 investigadas pela Operação Lava Jato e
está entre as quais foi apontado indícios de corrupção. A operação,
conjunta entre a Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF),
investiga formação de cartel entre as empreiteiras responsáveis pelas
obras, superfaturamento e desvios de recursos para executivos da
Petrobras e para os operadores dos esquemas.
Um
dos responsáveis pela execução do trecho Urucu/Manaus, o consórcio
liderado pela OAS ficou responsável por um contrato licitado em R$ 342,6
milhões. A previsão total de custo do trecho era de R$ 666,7 milhões,
mas, após aditivos, o custo total saltou para R$ 1,23 bilhão.
Todo
o Gasoduto Coari-Manaus foi estimado pela Petrobras em R$ 1,25 bilhão.
No entanto, as empresas que participaram da licitação orçaram a obra em
R$ 2,4 bilhões. Os aditivos e reajustes somaram quase o mesmo valor, R$
2,1 bilhões, ao fim da obra, de responsabilidade do Governo Federal.
Já
a obra da Ponte Rio Negro teve reajustes e aditivos que fizeram o valor
inicialmente previsto quase dobrar. Licitada por R$ 574,8 milhões, o
valor final da obra saltou para R$ 1,099 bilhão, um crescimento de
82,7%. A Camargo Correia, que conduziu as obras, ficou com a maior fatia
do valor pago ao consórcio, R$ 811,8 milhões.
A
ponte começou a ser construída em dezembro de 2007. O contrato assinado
pela Secretaria Estadual de Infraestrutura (Seinfra) e o consórcio Rio
Negro, capitaneado pela Camargo Corrêa, de 30 de novembro daquele ano,
fixou como prazo 825 dias corridos para a entrega da obra. Pelo
contrato, a ponte seria entregue em março de 2010 e o consórcio seria
responsável apenas pelas obras de engenharia e de infraestrutura viária
das “cabeceiras da ponte”: a ponta do Pepeta, em Iranduba, e a ponta do
Ouvidor, em Manaus.
Entretanto,
em julho de 2008, o contrato foi desmembrado e as obras viárias, no
valor total de R$ 68,2 milhões, cedidas a outra construtora – esse
contrato recebeu aditivo de R$ 17 milhões em 2009. Em julho do ano
seguinte, o contrato que ficou com o consórcio liderado pela Camargo
Corrêa recebeu mais R$ 305,3 milhões – um aditivo de 60,27% sobre o
valor original.
Os
dois contratos foram reajustados em R$ 65 milhões. Ainda foram
destinados mais R$ 25,1 milhões de assessoria para gerenciamento da
obra, R$ 67 milhões do sistema de iluminação, e R$ 14,2 milhões do
sistema de iluminação. A obra foi paga com recursos do Estado e do Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e de
responsabilidade do Governo do Estado.
Reforma do aeroporto e monotrilho
Outras
duas empresas investigadas pela Operação Lava Jato também registram
contratos públicos milionários no Amazonas. A Engevix Engenharia faz
parte do consórcio de reforma e ampliação do Aeroporto Eduardo Gomes,
orçada até o momento em R$ 452,5 milhões. A previsão inicial era de R$
345 milhões. Em 2013, uma equipe do TCU, em inspeção no local,
identificou sobrepreço de R$ 2,2 milhões na obra, descompasso entre o
ritmo das obras com a sua evolução financeira. À época, o ministro
relator do processo, Valmir Campelo, manifestou preocupação em relação a
possibilidade de as obras não serem finalizadas até o início da Copa do
Mundo deste ano, a qual Manaus foi uma das sedes. As obras, de
responsabilidade da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária
(Infraero), não foram concluídas a tempo do evento e ainda estão em fase
de conclusão.
Já a Mendes Júnior
participou do consórcio vencedor da licitação para a construção do
monotrilho em Manaus, que foi orçado em R$ 1,4 bilhão. No entanto, a
obra foi questionada pelo MPF e suspensa pela Justiça Federal, que
afirmou que a obra continha indícios de vícios legais em seu projeto
básico e na licitação.
Gasoduto sob suspeita de propina
Matéria
publicada no site do jornal gaúcho Zero Hora, no sábado, afirma que o
lobista Júlio Camargo, que trabalhou para a Camargo Corrêa, revelou ao
MPF que recebeu R$ 15 milhões de propina e pagou R$ 2 milhões para
Renato Duque, então diretor de serviços da Petrobras, para viabilizar a
aprovação da licitação de um dos trechos do gasoduto.
No
domingo, matéria do site do jornal Folha de S. Paulo, com base em um
relatório de fiscalização da obra do Tribunal de Contas da União (TCU)
de 2010, mostrou que a obra do gasoduto teve uma coleção de fraudes,
como falsificação de documentos e aditivos fora da lei. De acordo com a
publicação, uma das medidas do TCU foi abrir um processo para apurar o
superfaturamento trecho Urucu/Manaus, no contrato da OAS.
O
jornal afirma que o gasoduto foi a primeira grande obra da Petrobras a
seguir o “roteiro de frouxidão” no controle que resultou nos desvios
bilionários descobertos pela Operação Lava Jato. A empresa OAS liderou a
construção deste trecho do empreendimento, iniciado em 2006. O
processo, porém, foi arquivado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário