(portal Acrítica)
Único
deputado eleito pelo partido do governador, cotado para assumir a
Secretaria Estadual de Produção, faz críticas à atuação do PCdoB na
pasta e afirma que pode disputar a presidência da ALE
Atual
líder do governador José Melo (Pros) na Assembleia Legislativa do
Estado (ALE-AM), o deputado Sidney Leite (Pros) não dá como encerrada a
discussão pela presidência da Casa, nem mesmo depois de ser anunciado
aos colegas como novo secretário de Produção Rural (Sepror).
Para
A CRÍTICA, o parlamentar fala sobre o que acredita que deve ser
prioridade no setor primário do Amazonas. E sobre a atual conjuntura
política do Estado, na relação de forças entre José Melo e por Eduardo
Braga (PMDB). Confira trechos da entrevista.
O
senhor acredita que esse “blocão” de oposição anunciado pelo senador
Eduardo Braga pode trazer algum tipo de dor de cabeça para o governo?
Eu entendo que é natural que num governo nós tenhamos uma situação e uma oposição.
Mas, uma oposição desse tamanho os governadores do Amazonas nunca tiveram...
Uma
coisa é a decisão de partidos, outra coisa é o parlamento. Não estou
dizendo que os parlamentares eleitos pela oposição não vão obedecer a
orientação partidária. Mas o compromisso que nós, deputados, temos com a
população é de fazer o correto. Oposição é fundamental.
Como
o senhor avalia a crítica do senador em relação à sua indicação para a
Sepror, quando ele diz que o governador havia prometido fazer uma
indicação técnica para a pasta e que o senhor tem um perfil político?
Quem
nomeia é o governador e quem ganhou a eleição foi o professor José Melo
e não o senador Braga. O atual secretário de Educação não é professor e
tem atuação muito positiva. No próprio governo que o senador é líder, a
maioria dos ministros é nomeado por critérios políticos. Nós tínhamos
um secretário (Eron Bezerra) que é agrônomo. Eu não tenho nada contra a
pessoa, mas os resultados dele na Secretaria de Produção são
questionáveis.
Já que o senhor falou indiretamente do ex-secretário Eron Bezerra, qual a sua avaliação da passagem dele na Sepror?
Os
resultados são muito pífios. Essa é a minha avaliação e de muitas
pessoas, muitos prefeitos. Esse setor é um grande desafio do governo.
Para o senhor, quais são os maiores desafios do setor agropecuário no Amazonas?
Existem
muitas culturas no Amazonas que são possíveis de serem exploradas, mas
que não são produzidas em plenitude. Em segmentos simples, como a
produção de mandioca e banana, não conseguimos ser autossuficientes.
Entendo que o Estado não pode mais abrir mão da adoção de tecnologia,
principalmente da mecanização. O governo tem que promover e avançar na
questão da regularização fundiária para que o produtor tenha acesso a
crédito mais robusto.
E o que é necessário fazer para ampliar esse crédito?
Precisamos
ter garantia real, que nós só vamos ter com regularização fundiária,
com o dono da terra não ser só dono de fato, mas de direito. E também de
investimentos para que a gente possa melhorar a assistência técnica e o
escoamento da produção, que passa pelas estradas vicinais, passa por
aquisição de tratores e política de fomento.
É possível conciliar produção agropecuária com conservação da biodiversidade?
Acredito
que sim. Temos que observar o zoneamento. Hoje temos uma quantidade
significativa de áreas que são preservadas por lei e temos outras áreas
que pertencem à União e áreas que não são propícias para a agricultura.
Se nós trabalharmos com mecanização e aproveitar as áreas degradadas,
nós só aumentamos a produtividade e diminuimos o impacto ambiental. Eu
defendo que o Estado crie condições e parcerias para elaborar os planos
de manejo para o pequeno produtor.
Na
campanha, o governador se comprometeu em aumentar os recursos do setor,
mas o orçamento de 2015 da Sepror é menor que a previsão deste ano...
O
orçamento foi elaborado independentemente de resultado de eleição. Há
uma série de empenhos que são feitos logo no começo do ano, como folha
de pagamento e os repasses, e também uma parte do empenho. O governo tem
uma margem de remanejamento, que é histórica, de 40%. Se no meio do ano
o governador quiser dobrar o orçamento da Sepror, em um ato ele faz
isso. Isso não é dificuldade. Outra coisa é que o governador vai
diminuir a máquina, vai extinguir e fundir secretarias para ter mais
recursos para fazer investimentos em todos os setores, inclusive no
primário.
O senhor já fala do setor primário como secretário. Aceitou do convite do governador para a Sepror?
Na
realidade, vai chegar o momento de eu conversar com o governador. Eu
estou aqui para somar e tenho responsabilidade com esse projeto. Eu sou
vice-presidente do partido do governador, sou líder do governo e vou ter
um espaço. E vamos chegar à conclusão em que posso somar e eu vou estar
disposto.
Como estão as articulações pela presidência da Assembleia Legislativa?
Eu
tive uma conversa com o deputado Josué Neto (PSD), ele na função de
presidente e eu como líder do governo, no sentido de nós trabalharmos na
construção de um nome do consenso. É uma conversa para construírmos uma
mesa diretora a partir do diálogo, inclusive com deputados que não
foram eleitos pela base, mas que nesse período não foram contra as
matérias do governo e não se colocaram na oposição.
O senhor tem interesse em ser o presidente?
Tenho.
Não ponho isso como questão de vida ou morte. Mas qual o deputado que
não tem interesse na presidência? Se eu dissesse que não tenho, eu não
estaria sendo verdadeiro. Começamos a conversa do consenso, mas ela
ainda não acabou. Precisamos de maturidade na condução desse processo.
Numa eventual saída sua da ALE, qual o nome ideal para o cargo de líder do governo?
Temos vários nomes bons. Mas essa função é uma escolha pessoal do governador.
E quais habilidades são necessárias?
Primeiro,
precisa ter trânsito na base e dentro do governo. Sem isso, ele terá
dificuldades porque precisará de informações, não só com o chefe da Casa
Civil, mas também com outras secretarias. Precisará estar afinado com
as políticas do governo e manter uma boa relação com a oposição.
Politicamente, o que é melhor para um candidato à presidência da Assembleia ou à titularidade da Sepror?
O
Belarmino Lins (PMDB), o Josué Neto e o Ricardo Nicolau (PSD) tiveram
as maiores votações depois de passar pela presidência. Já a Sepror,
historicamente, não tem dado grande visibilidade. Mas, veja, saí da
Prefeitura de Maués para ser candidato a vice-governador. Peguei o Idam
com um orçamento de R$ 11 milhões e entreguei com R$ 55 milhões,
mantendo escritórios nos 61 municípios. Não estou dizendo que tiro leite
de pedra, mas quando se tem boa vontade e se busca fazer, se faz.
Perfil
Nome: Sidney Ricardo de Oliveira Leite
Idade: 47 anos
Estudos: Superior incompleto
Experiência:
Presidiu o Idam entre 1998 e 2000. Prefeito de Maués entre 2000 e 2008.
Presidiu a Associação Amazonense de Municípios. Foi candidato a
vice-governador na chapa de Amazonino em 2006. Se elegeu deputado em
2010 e foi reeleito em 2014.
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