(portal Acrítica)
O documento produzido pelo conselheiro-relator, Raimundo Michiles, não identifica irregularidades financeiras, mas ressalta que obras de várias creches estão atrasadas e que existem falhas estruturais nas já inauguradas
Aprovadas
ontem por unanimidade pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), o
relatório das contas do primeiro ano da gestão do prefeito Artur Neto
(PSDB), de 2013, faz alertas para o andamento das obras de creches e
Unidades Básicas de Saúde Familiar (UBSF) do município. O documento
produzido pelo conselheiro-relator, Raimundo Michiles, não identifica
irregularidades financeiras, mas ressalta um pacote de problemas
estruturais nas construções.
Das
nove creches citadas pelo relatório de Raimundo Michiles, três já foram
inauguradas no ano passado, duas estão atrasadas e outras quatro,
segundo o relator, estão completamente paralisadas. Entre as que já
estão em funcionamento, o conselheiro destaca ter encontrado problemas
como infiltrações, rachaduras, vazamentos em caixas d’água e até risco
de desabamentos.
O
relatório “extra” do conselheiro disse que quatro creches estão com
obras paradas por conta de cancelamentos dos contratos com as empresas
que iniciaram as construções. Já duas últimas obras estão em andamento,
mas, segundo Michiles, tinham previsão de inauguração para o ano
passado, entretanto, “até a presente data não foram finalizadas”.
Outras
nove unidades foram destacadas pelo relatório. Dessas, apenas uma ainda
não está funcionando, apesar de pronta há cinco meses, por “falta de
poço artesiano”. A unidade fica no bairro Zumbi, na Zona Leste.
Unidades de saúde problemáticas
O
restante das UBSs apresentou problemas destacados como aparelhos
médicos quebrados, ausência de profissionais, rachaduras, infiltrações e
até furto de equipamentos. Em uma UBSF do bairro Novo Aleixo, também na
Zona Leste, Michiles relatou que os banheiros são utilizados para
“depósito de lixo hospitalar”. Em outra unidade, na mesma região, “a
gestão é compartilhada entre os servidores, não tendo um responsável
direto”.
O
pacote de alertas foi parte das recomendações feitas por Michiles a
prefeitura na análise das contas de Artur. As recomendações foram
acolhidas pela corte e pelo Ministério Público de Contas (MPC), que
também fez indicações de melhorias. “Essas falhas técnicas serão
analisadas mais profundamente nas prestações de contas das próprias
secretárias responsáveis pelos setores destacados”, disse Michiles.
Segundo
ele, a discussão dos problemas agora é “dever de casa” da Câmara
Municipal de Manaus (CMM). “São questões que poderão ser pauta,
inclusive, do parlamento”, disse. Os titulares da Semed, Humberto
Michiles e Semsa, Homero de Miranda Leão, não foram localizados pela
reportagem. O titular da Semef, Ulisses Tapajós, disse que o Executivo
“implementará as melhorias”.
Ele
disse que quer ter acesso ao relatório “o mais rapidamente possível”
para “implementar as melhorias apontadas”. “Ele (Michiles) fez um
trabalho muito detalhado ao longo do ano, tendo visitado as nossas
obras. Foi o nosso primeiro ano de trabalho. A gente estava numa fase de
arrumar a casa. Eu que vim da vida empresarial, a gestão pública foi
bastante diferente. O primeiro ano foi de muita aprendizagem, mas eu
saio muito feliz. As nossas contas foram aprovadas e há pouco eu
combinava com o presidente Josué para nós termos acesso a esse
relatório”.
Caixa no 'azul'
O
relatório das contas mostrou que as finanças da prefeitura em 2013 não
foram fechadas no vermelho. Segundo o documento, o saldo finaneiro
disponível era de R$ 558,2 milhões, o suficiente para pagar as dívidas
empenhadas, que somavam R$ 348,5 milhões.
Os
limites constitucionais impostos para gastos com pessoal (54%), com
educação (30%) foram respeitados pela administração do prefeito, segundo
a análise das contas. Em 2013, o número de admissões de novos
servidores atingiu o quantitativo de 869, equivalente a 8,73% do quadro
existente em 2012. Desse total, 289 são ocupantes de cargos
comissionados. Houve, no entanto, déficit na ordem de R$276,4 milhões
quanto à capacidade de adquirir recursos por meio de convênios.
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