(portal D24am)
A aposta é que o estilo 'bateu-levou' do treinador e a disposição para o confronto com os críticos servirá de escudo para dirigentes
A reportagem ouviu cinco personalidades influentes do futebol brasileiro. Entre pessoas próximas ao presidente da CBF, José Maria Marin, dirigentes de federações e o ex-secretário geral da entidade Marco Antonio Teixeira, o discurso era semelhante.
"A CBF usou o Gilmar Rinaldi (nomeado coordenador geral de seleções) para chegar ao Dunga. Todo mundo sabe que o Dunga não deixa nada nem ninguém sem resposta. Marin e Marco Polo Del Nero (futuro presidente) acreditam que isso pode desviar um pouco o foco das investigações que o Congresso quer reavivar na entidade", disse Marco Antonio.
Um amigo de Marin contou que na semana passada, logo depois da definição sobre Gilmar Rinaldi, a CBF trabalhou com a hipótese de convidar Leonardo, também campeão em 1994, para ocupar o cargo de treinador. O nome do ex-atleta esteve na agenda de Marin e Del Nero, mas não se consolidou por causa de seu perfil, considerado 'brando' demais.
Segundo outra fonte, Rinaldi ratificou a indicação de Dunga e enfatizou algumas qualidades e características do amigo: competente, líder, disciplinador e também preparado para confrontos. Rinaldi e Dunga se conheceram nos anos 80, quando atuaram pelo Internacional.
Um presidente de uma influente federação estadual de futebol, que fez oposição ano passado a Marin e Del Nero, resumiu o que pensa sobre as mudanças na comissão técnica da seleção. "Felipão afirmou que iria até o inferno para proteger seus jogadores. Dunga faria o mesmo e mais um pouco: defenderia seus atletas e também a CBF. É um acordo tácito."
Várias enquetes feitas pelo Brasil mostram que o torcedor não aprova a volta de Dunga.
No início da tarde desta segunda, Dunga foi abordado pela reportagem do jornal Zero Hora quando chegava em sua casa, num condomínio da zona sul de Porto Alegre, e evitou confirmar seu novo vínculo com a CBF.
"Não sei de nada", declarou, sobre a sua volta à seleção - ele comandou o Brasil no Mundial de 2010, no qual o time acabou eliminado nas quartas de final ao perder por 2 a 1 para a Holanda.
Depois, saiu a pé, caminhou cerca de 100 metros e entrou em outra casa, que afirmou ser de seu advogado. Ficou lá por 45 minutos. Deixou o local com um documento em mãos.
Pressão
Em entrevista concedida no Rio no último dia 3, antes de o Brasil ser goleado pela Alemanha por 7 a 1, Dunga disse que jamais uma seleção foi tão pressionada como em 1994.
"Pressão como a minha geração teve em 94 não vai ter nunca. Até na final da Copa algumas pessoas, na hora dos pênaltis, já estavam escrevendo que o Brasil ia perder, porque nunca tinha vencido nos pênaltis", disse, referindo-se à decisão contra a Itália.
"Todo dia era pau o tempo todo, mas aquela geração tinha uma personalidade muito forte, jogadores com temperamento muito determinado."
No encontro, Dunga ressaltou que não se intimidava nas entrevistas. "Por mais que as pessoas falassem que eu era imaturo para ser treinador da seleção, nunca deixei ninguém sem resposta."
Ao ser apresentado como técnico do Inter, no fim de 2012, Dunga deu outra dica de como era seu trabalho antes e durante a Copa de 2010. "Ao meu favor tenho a experiência na seleção, onde fiquei por quatro anos. Nesse período, tomei muitas decisões que não cabiam a mim e acabei me desgastando".
Um dos cotados para integrar a nova comissão técnica é outro campeão mundial de 1994: Taffarel, que seria o preparador de goleiros. Ele ocupa o cargo no Galatasaray, da Turquia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário