(portal Acrítica)
Em meio ao lixo, 14 moradores de rua se escondem e passam despercebido dos olhares da sociedade
Funcionários da Semasdh, comandados pela secretária Goreth Garcia,
abordaram 14 pessoas que moravam embaixo da ponte Benjamin Constant, na
Sete de Setembro. Elas, se quiserem, serão acolhidas em programas
sociais
Quem
passa pela ponte Benjamin Constant, na avenida Sete de Setembro, sobre o
igarapé do Mestre Chico, no bairro da Cachoeirinha, na correria diária
nem sempre repara que ali se escondem diversas histórias. Em meio ao
lixo, 14 moradores de rua se escondem e passam despercebido dos olhares
da sociedade.
Filha
mais velha de uma família de sete irmãos, Adria Bastos Santos, 38, é
uma das moradoras de rua que dizem ter encontrado um lar debaixo da
ponte. Adria conta que foi morar na rua aos nove anos porque brigava
muito com os irmãos e o pai a espancava. “Eu preferia estar na rua do
que em casa, então resolvi sair de vez”, disse Adria.
Seguindo
o caminho da maioria dos moradores de rua Adria se tornou dependente
química e há mais de cinco anos fixou moradia no local junto com o
companheiro. Ela lembra que para conseguir manter o vício vendeu
droga, mas deixou o tráfico depois que levou um tiro em confronto com a
polícia.
Ainda
segundo a moradora há três semanas não usa drogas e se recupera de uma
queda que a fez fraturar a perna. “Eu estou tentando sair do vício e
espero conseguir porque sofro muito”, acrescentou.
Nascida
em Itacoatiara, a história de Maria Rodrigues, 28, assim como de Adria,
é de uma vida difícil nas ruas motivada pelo convívio complicado com a
família. Maria conta que veio para Manaus ainda pequena e foi morar no
bairro do Crespo, Zona Sul, mas logo saiu de casa para se tornar
moradora de rua.
Sem
usar droga há quatro meses, Maria diz que se tivesse oportunidade não
estaria mais morando na rua. “Se eu tivesse um lugar para morar que
fosse meu e pudesse conseguir um emprego sem que as pessoas julgassem
pelo que já fiz, seria muito bom”, disse Maria.
O
julgamento é a maior reclamação de Maria, pois muitas vezes procurou
emprego, mas não conseguiu porque as pessoas sabem do passado dela.
“Não quero trabalhar em um lugar onde tudo de ruim que acontecer, as
pessoas vão me culpar”, explicou.
Com
curso de pintura em tecido, Maria gostou do que aprendeu, mas nunca
trabalhou com isso. Se pudesse, ela seria cozinheira, pois gosta muito
de cozinhar. “O pessoal gosta da minha comida acho que seria uma boa
cozinheira”, aposta Maria.
Sobre
os sonhos para o futuro, Maria diz que gostaria de ter uma casa,
trabalho e filhos. “Nunca engravidei porque não posso ter um filho para
sofrer junto comigo”, enfatizou Maria.
Tanto
Adria quanto Maria dizem que as pessoas que moram debaixo da ponte são
suas únicas famílias e que todos se ajudam. “Muitas pessoas vão embora e
outros aparecem e alguns nem são de Manaus, mas sempre que chegam nós
ajudamos porque só temos isso”, explicou Adria.
Ontem,
Adria e Maria foram abordadas pela Secretaria Municipal de Assistência
Social e Direitos Humanos e poderão ganhar uma nova chance de inserção
social.
Apoio da prefeitura
Ontem
a Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos
(Semasdh) realizou uma ação de abordagem para retirar as 14 pessoas que
moravam debaixo da ponte da Sete de Setembro. Todos foram levados e
serão acompanhados pelos centros de referência. De acordo com a Semasdh,
em 2014, 91 moradores em situação de rua (82 homens e nove mulheres)
foram atendidos pelo Serviço de Acolhimento Institucional (SAI) Amine
Daou e pelo Centro de Referência Especializado para População em
Situação de Rua (Centro POP) em Manaus. A ação foi realizada por
servidores do Departamento de Proteção Social Especial (DPSE) da
secretaria e contou com assistentes sociais, psicólogos e abordadores
que fizeram o trabalho de convencimento dos moradores.
Blog: Sec. Mun. de Assist.Social e Dir. Humanos, Goreth Garcia
“Vamos levá-las para os centros de referência”
“Essas
pessoas serão encaminhadas para os centros de apoio para que possam
resgatar vínculos familiares, encontrar emprego, melhorar a aparência. O
nosso trabalho é de convencimento para que essas pessoas entendam que o
melhor para elas é sair da rua e ir para um lugar que ofereça condições
melhores de vida. Não é o caso desta ponte da Sete Setembro, mas nós
recebemos, no Serviço de Acolhimento Institucional (SAI) Amine Daou e no
Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua
(Centro POP), pessoas que são usuárias de drogas e para eles nós também
acolhemos e trabalhamos em conjunto com a Secretaria Municipal de Saúde
porque é um problema de saúde pública.
Essas pessoas normalmente têm família, mas não conseguem mais se
inserir nesse meio porque são muito cobrados pela fraqueza do uso da
droga e são evitados pela família porque furtam para usar drogas. Nós
procuramos trabalhar em conjunto para atender essas pessoas, sejam
adultas, crianças e adolescente, da melhor forma possível”.
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