(portal Acrítica)
Rotina de quem procura atendimento nas unidades de saúde inclui vigílias noturnas na fila, longas esperas e desconforto
Quem
procura atendimento médico no sistema público de saúde pode padecer de
tanto esperar. Além de madrugar na fila, as horas de espera para receber
uma senha de atendimento às vezes se transformam em semanas e até meses
quando não há vagas para o especialista desejado, como acontece na
Unidade Básica de Saúde (UBS) Leonor Brilhante, no São José 3, na
Policlínica Codajás, nas fundações Alfredo da Mata e Adriano Jorge, na
Cachoeirinha, além da Policlínica Gilberto Mestrinho, no Centro.
Há
três meses sem conseguir marcar uma consulta com um ortopedista e
dermatologista, por meio da UBS Leonor Brilhante, durante uma semana, a
dona de casa Bianca Carvalho, 40, chegou às 3h para ver se conseguia uma
vaga mas, um mês depois da data do encaminhamento, ela não conseguiu o
que queria.
“Anda
não sei nem o que vai acontecer. Estou com alguns problemas, sinto
dores nas costas, peito e coluna. O meu exame de sangue deu reumatismo.
Até no Hemoam uma amiga tentou, mas não conseguiu, enquanto isso estou
aqui, esperando”, lamentou a dona de casa.
Sisreg
Para
a maioria dos pacientes que peregrinam por uma consulta médica, o
grande problema está no Sistema de Regulação (Sisreg). Como nas unidades
de saúde só há a especialidade de Clínico Geral, os encaminhamentos
para outros especialistas nas policlínicas são feitos pela UBS por meio
do Sisreg. Eles reclamam que o sistema trava muito, há lentidão, e
quando normaliza não há mais vagas disponíveis para determinadas
especialidades, pois o Sisreg atende a todo o Amazonas.
A
dona Maria Silvana Bernardes de Lima, 44, precisa fazer exames de
raios-x. Ela está com o encaminhamento médico, mas desde fevereiro que
tenta uma vaga, às vezes chegando por volta de 21h30 para pernoitar na
fila, mas mesmo assim não conseguiu. O único exame que ela conseguiu
fazer foi a ultrassonografia, realizada na “Carreta da Mulher”, da
Prefeitura. “As senhas começam a ser distribuídas às 6h. Tem dias que
são 25 senhas para o Clínico Geral, às vezes 15 ou 14”, ressaltou.
Despesas
Cansada
de tentar por três meses marcar uma consulta na Policlínica Codajás
para a realização de um exame de endoscopia e biópsia, a alternativa da
aposentada Pedrina Santiago de Lima, 72, foi ter que pagar R$ 900 em uma
clínica particular para ter o serviço realizado. Tudo porque o
encaminhamento para o exame foi emitido pelo Serviço de Pronto
Atendimento (SPA) do Alvorada e a Policlínica da Codajás não aceitou o
documento. “O pessoal da Policlínica disse que o SPA tinha que marcar
por lá a consulta, mas é um pronto socorro. Eles que pediram para eu vir
aqui na Policlínica com esse encaminhamento, mas não consegui”,
reclamou.
Espera por senha passa de dez horas
Na
Policlínica Governador Gilberto Mestrinho, no Centro, o “chá de espera”
também acontece. Há casos em que o paciente tem que chegar até 1h para
poder pegar uma senha para marcar a consulta. O tempo de espera chega a
ultrapassar dez horas.
A
dona de casa Lourdes Maria Cardoso, 35, demorou três semanas para
conseguir marcar uma consulta com um urologista para o pai, de 68 anos.
Além de passar a madrugada na fila, correndo o risco de ser assaltada,
ela tinha que aguardar pelo atendimento, que começa às 7h. “Quando
conseguia a senha, geralmente no sistema não havia mais vagas”.
Na
Fundação Adriano Jorge, na Cachoeirinha, a fila começa a se formar
durante a madrugada. A agricultora Maria do Socorro Silva, 32, veio do
município de Autazes tentar uma consulta médica com o otorrino para o
filho, mas como chegou depois das 6h não conseguiu mais vaga. “Uma
pessoa disse que se não conhecer alguém lá dentro da fundação é mais
difícil marcar a consulta”.
Problemas
De
acordo com o secretário adjunto de Atenção Especializada da Capital,
Wagner William Souza, a maior parte das unidades de saúde de Manaus
utiliza o Sisreg para marcar as consultas. Como exige Internet, ocorre o
problema na conexão, o que causa a lentidão no sistema. Segundo
William, problemas no Data SUS, do Ministério da Saúde, também afetam
todo o sistema nacional.
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