O 
ex-governador Omar Aziz (PSD), poderá ser condenado por danos difuso em 
Ação Civil Pública impetrada pelo Ministério Público, que pede a 
desativação da Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa, 
localizada na Avenida 7 de Setembro, Centro de Manaus. De acordo com o 
MP, mesmo sabendo das péssimas condições e das mortes ocorridas na 
penitenciária o chefe do executivo estadual (na época governador) 
manteve o estabelecimento prisional em atividades e ainda negou-se a 
assinar o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) de providências a serem 
tomadas pelo governo do estado.
O 
ex-secretário de Justiça, Carlos Lélio Lauria Ferreira, e o ex-diretor 
da Cadeia Pública, também poderão ser penalizados pela mesma pena 
imposta a Omar Aziz, danos difusos.
Os autos
 estão conclusos ao juiz Ronnie Frank Torres Stone, da 1ª Vara da 
Fazenda Pública Estadual da Comarca de Manaus, que decidiu no dia 16 do 
mês passado julgar o mérito da Ação Civil Pública, impetrada dia 22 de 
novembro de 2010, pela promotora Liani Mônica Guedes Freitas Rodrigues, 
da 58ª Promotoria de Justiça Especializada na Proteção e Defesa dos 
Direitos Constitucionais do Cidadão.
Com base
 no artigo 330 do Código de Processo Civil (CPC), o magistrado decidiu 
que não existe a necessidade de produção de provas em audiências e dará a
 sentença onde poderá determinar a desativação da Cadeia Pública 
Desembargador Raimundo Vidal Pessoa e condenar por danos difusos (por 
atos comissivos e omissos) Omar Aziz, Lélio Lauria o ex-diretor da 
prisão Frank dos Santos.
Os atos 
ilegais alegados pelo Ministério Público na ação seria o fato de como 
governador o estado, Omar Aziz, tendo conhecimento das mínimas condições
 de salubridade e demais falhas, manteve a Cadeia Pública, em 
funcionamento, onde já teve mortes e várias rebeliões.
Ao pedir
 da decretação da impossibilidade do prédio da Vidal Pessoa, o MP, 
afirma que o prédio é anacrônico e inadequado aos padrões atuais de 
segurança e respeito a dignidade humana, está localizado em área urbana e
 coloca em risco a integridade da comunidade e inviabilização de 
ampliação da estrutura por ser  tombado pelo patrimônio estadual.
CNJ mandou desativar ano passado
O 
Conselho Nacional de Justiça (CNJ) recomendou em setembro do ano passado
 a desativação da Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa, 
que funciona no Centro de Manaus, Zona Sul. Considerada a "porta de 
entrada" do sistema prisional do Estado, a unidade foi inaugurada em 
março de 1907 e recebe os presos provisórios - que aguardam julgamento.
"Esse 
presídio precisa ser desativado, não tem a mínima condição de manter 
seres humanos. Isso aqui é cruel, desumano e não podemos permitir que 
continue. Como membros do Poder Judiciário, temos o dever da pacificação
 social, do cumprimento da lei e não podemos pensar em ressocialização 
de presos com essas condições", foi a declaração ano passado do 
ex-presidente do Tribunal de Justiça do Amazonas, desembargador Ari 
Moutinho, ao final do primeiro dia de atividades da comissão que 
realizará o mutirão carcerário, formada por membros do CNJ e do 
Judiciário estadual, após visita à cadeia pública.
O 
conselheiro do CNJ e desembargador do Tribunal Regional Federal (TRF) da
 2ª Região, Guilherme Calmon, lembrou que "no ano de 2010, o CNJ já 
havia recomendado a desativação da 'Vidal Pessoa' por força da ausência 
completa de condições de manutenção de pessoas, ainda que presas 
provisoriamente". Calmon disse ainda que, de 2010 até este ano, a 
situação do presídio piorou muito. "Se naquela época já era caso de 
desativação, agora com muito mais urgência", disse.
De 
acordo com o conselheiro, o Estado do Amazonas tem hoje um dos maiores 
percentuais de presos provisórios em relação à média nacional 
brasileira. "Temos aqui 78% de presos provisórios da população 
carcerária, ultrapassando a média nacional de 48%, que já é um número 
significativo e elevado. É preciso que haja uma conscientização de todas
 as autoridades envolvidas, em especial dos juízes, promotores de 
justiça, defensores públicos, dos advogados e demais autoridades do 
sistema carcerário", disse.
Para 
Calmon, a situação da "Vidal Pessoa" precisa, com urgência, ser 
modificada, sob pena de se decretar a falência do Estado e do poder 
público, que não tem a mínima condição de manter seus presos. "É 
importante destacar que o Brasil já foi e ainda é, em alguns lugares, 
denunciado internacionalmente por violações frontais aos direitos 
humanos. Não tenho dúvida de que o exemplo aqui, desta cadeia pública, é
 de grave violação dos direitos humanos, passível de denúncia 
internacional", concluiu.
Fonte: Fato Amazônico 
 
 
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