(portal Acrítica)
A decisão do TCE de liberar os gastos da Ceap com combustíveis para os vereadores que não são candidatos provocou a reação dos parlamentares afetados pela medida. Eles acusam a corte de dar tratamento diferente aos deputados estaduais
Dos 41 membros da Câmara Municipal de Manaus, 26 são candidatos na
eleição deste ano aos cargos de deputado estadual, federal, senador e
suplente de senador
Os
vereadores-candidatos da Câmara Municipal de Manaus (CMM) declararam,
nesta quinta-feira (14), que não irão recorrer da decisão do Tribunal de
Contas do Estado (TCE-AM) que liberou, na quarta-feira, 13, o uso da
Cota para Exercício da Atividade Parlamentar (Ceap) para a compra de
combustível somente aos parlamentares que não são candidatos. Apesar de
aceitarem a decisão, os vereadores voltaram a declarar que o TCE trata
de forma distinta os vereadores dos deputados estaduais.
O
autor da decisão, conselheiro Júlio Cabral, declarou que apesar da
decisão de liberar o uso do ‘Cotão’ para os vereadores que não são
candidatos nesta eleição, isso não implica em dizer que o processo foi
extinto. “Eles (vereadores-candidatos) estão proibidos, mas a liberação
para os demais não significa que o processo vai parar. As medidas estão
sendo tomadas e o processo segue”, avisou Cabral.
Dos
41 parlamentares da CMM, 25 querem trocar os R$ 15 mil de salário por
mês por um contracheque de R$ 20 mil da Assembleia Legislativa do Estado
(ALE-AM) ou de R$ 26,7 mil da Câmara Federal e Senado. Buscam vagas na
ALE-AM 19 vereadores. Outros cinco parlamentares querem se eleger
deputados federais. E um quer ser senador.
Entre
eles, está o vereador Mário Frota (PSDB), que se disse “suspeito” para
falar da decisão do TCE. “Antes mesmo de haver a suspensão eu entrei com
um requerimento junto à Mesa Diretora para não usar a Ceap durante os
meses da campanha eleitoral. O que eu acho é que o TCE avançou os termos
da lei, por que não cabe a ele (TCE) proibir ou retirar sequer uma
vírgula numa lei aprovada pela Câmara Municipal. E essa questão de usar
ou não usar seria da consciência política de cada um”, comentou Frota.
Para
o vereador, não há dúvida de que o Tribunal de Contas oferece
tratamento diferenciado para a ALE-AM. “Sem nenhuma duvida há uma
distinção no tratamento dado à ALE pelo TCE, se compararmos com a CMM.
Você vê que estão até agora calados em relação ao uso do ‘Cotão’ na
Assembleia. A única pessoa que até agora, na minha opinião, se
manifestou de maneira coerente, até porque conhece muito mais de direito
do que o Júlio Cabral foi o conselheiro Raimundo Michiles. E repito
novamente: o TCE agiu como leões rugindo para os vereadores, e como
gatinhos de colo de madames com a Assembleia”, criticou Mário Frota.
Inexistente
Candidato
a deputado estadual, o vereador Elias Emanuel (PSB) lembrou que não usa
a Ceap quando é candidato desde o ano de 2006. “Isso para mim já são
favas contadas. Eu não uso a Ceap quando sou candidato, portanto,
independe a decisão do TCE. Agora, para aqueles parlamentares que não
são candidatos acho legítima a utilização do recurso. Mas para mim,
neste momento, e até o final do pleito, a Ceap é uma ferramenta
inexistente”, disse Elias, frisando que o TCE-AM “deveria aplicar a
mesma regra tanto para um lado (CMM) quanto para outro (ALE)”.
Vereador
de segundo mandato, Reizo Castelo Branco (PTB) afirma que sempre houve
uma distinção de tratamento entre a ALE-AM e a CMM. “Os vereadores são
os costa-largas, que estão aqui para apanhar. A questão é: O uso da Ceap
já foi proibido para os deputados? Não. Está aí a melhor resposta sobre
a distinção. Nós somos candidatos assim como eles, então, o TCE deveria
suspender para todo mundo”, julgou Reizo.
O
vereador Jairo da Vical (PROS), também candidato a deputado estadual,
disse que há um questionamento em comum entre a maioria dos
parlamentares, que é o do porquê da diferenciação de tratamento. “Todos
os vereadores se fazem essa pergunta. E é no mínimo estranho não
estender a mesma medida para a ALE”, analisou.
Tribunal recebe informações
No
Ministério Público de Contas (MPC) do Tribunal de Contas do Estado
(TCE-AM), a procuradora Fernanda Cantanhede, desde o dia 17 de julho,
está investigando de que forma a Assembleia Legislativa do Estado
(ALE-AM) controla os gastos por meio da Cota para o Exercício da
atividade Parlamentar.
Ontem,
a reportagem do A CRÍTICA foi informada que a ALE-AM já enviou resposta
ao MPC a respeito da Ceap, porém a procuradora está de licença especial
por problemas de saúde.
Por
mês, cada deputado estadual tem direito a R$ 25,6 mil para cobrir
gastos relativos ao mandato. A procuradora expediu um ofício pedindo
informações da ALE-AM. De acordo com a assessoria do TCE, “os documentos
e esclarecimentos apresentados estão sob análise”.
Segundo
o procurador-geral da ALE-AM, Vander Góes, a procuradora de Contas
pediu cópias da legislação que trata da Ceap na ALE e os procedimentos
para prestação de contas. “No mês passado, por exemplo, nenhum deputado
apresentou pedido para o uso da cota. Neste período é vedado”, adiantou
Góes.
Medida foi sensata e coerente
A
decisão do TCE-AM, que liberou o uso da Ceap para a compra de gasolina e
lubrificantes aos vereadores não candidatos da CMM nas eleições de
2014, foi considerada pelo procurador da Câmara, Daniel Fernandes, como
uma medida sensata, coerente, prudente e conciliadora e que proporcionou
o restabelecimento da relação democrática entre os poderes.
Segundo
a assessoria da Câmara, na manhã de ontem, um dia após a decisão do
TCE, o presidente da CMM, vereador Bosco Saraiva (PSDB), determinou o
envio de uma cópia da certidão com o teor da decisão a todos os 41
vereadores para que tomem conhecimento da medida.
Outros conselheiros
Ao
anunciar sua decisão na quarta-feira, o conselheiro Júlio Cabral
afirmou que tomou a decisão depois de conversar com alguns conselheiros.
“Minha decisão, a partir de agora, será estendida somente aos
vereadores candidatos. Eles continuam proibidos, mas a liberação para os
demais não significa que o processo vai parar. As medidas estão sendo
tomadas e o processo segue”, anunciou.
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