(portal Acrítica)
Candidato
do PMDB ao Governo aponta problemas na administração atual, do seu
ex-aliado José Melo, e afirma que, em sua gestão no Estado, parceria com
a prefeitura de Manaus só não sai se prefeito não quiser
Dono
de dois mandatos no Governo do Estado, o senador Eduardo Braga (PMDB)
quer voltar a sentar na cadeira que deixou há quatro anos nas mãos dos
agora adversários na disputa – José Melo (Pros) e Omar Aziz (PSD).
Líder
das pesquisas de intenção de votos, o candidato critica a atual
administração estadual, afirma que não guarda mágoa do rompimento dos
seus sucessores, mas dispara críticas à atual gestão estadual. Eduardo
Braga defende a volta de programas criados na gestão dele e apresenta
propostas. Confira a seguir trechos da entrevista.
O
senhor ainda tem quatro anos de mandato como senador. Em uma eventual
vitória sua, o Amazonas vai ficar sem representante do Estado no Senado?
Não.
Minha esposa (Sandra Braga) é minha suplente. Ela é super identificada
com meu projeto político, com o projeto do Amazonas. É uma pessoa que
conhece profundamente os problemas e os programas do Estado. Meu braço
direito a vida inteira, sempre foi parceira. É maldade quererem
subestimar o valor da Sandra como militante política.
O
prefeito Artur Neto sugere que, se o senhor ganhar, Prefeitura de
Manaus e Governo do Estado não irão se entender. É possível?
Quem
pela primeira vez fez ação conjunta entre governo e prefeitura no
Amazonas fui eu e o Amazonino, quando eu era prefeito e ele governador.
Depois, quando fui governador, ofereci a parceria a todos os prefeitos
com quem convivi. Alguns não quiseram, outros sim. O meu compromisso é
com o trabalho.
Qual será a tônica desse mandato?
Trabalho.
Grandes obras?
Não
só grandes obras. O meu governo não foi marcado só por grandes obras,
foi marcado por importantes projetos sociais. Fizemos uma revolução na
educação com o Reescrevendo o Futuro, com o mediado tecnológico,
biblioteca e laboratórios de informática em todas as escolas, Jovem
Cidadão, o Bolsa Floresta, Amigos da Saúde, Doutores da Alegria,
assistentes e psicólogos nas delegacias. Tudo isso são programas sociais
intensos.
Os
produtores rurais reclamam das condições das estradas vicinais. O
governo faz reparos, mas que não duram. Por que isso não é resolvido?
Primeiro,
porque nós estamos na Amazônia e o clima é adverso, temos enchentes,
muita chuva e isso é um desafio. Agora, a presidenta Dilma (Rousseff-PT)
fez um esforço e entregou para cada município uma retroescavadeira, uma
patrol (máquina motoniveladora), caçamba e esses equipamentos visam
criar uma política de manutenção das estradas vicinais. Mas, esses
equipamentos estão parados no interior porque o Governo do Estado não
fez nenhuma parceria com os municípios para transformar essa ação do
Governo Federal em efetiva. Nós queremos asfaltar algumas estradas
principais e os ramais mais produtivos, dentro do que é plausível no
horizonte de quatro anos.
O senhor ainda acredita que o modelo Zona Franca Verde é uma alternativa à Zona Franca de Manaus?
Continuo
acreditando. A Zona Franca de Manaus tem 47 anos. O Zona Franca Verde
durou sete enquanto estive no governo, depois eles acabaram e não
criaram nenhuma política para o setor primário. Em um projeto desse, o
tempo de maturação não são sete anos. A primeira meta do Zona Franca
Verde será realinhar o orçamento do sistema de produção. Eu, quando
governador, recriei a Sepror (Secretaria de Produção Rural), implantei o
Idam (Instituto de Desenvolvimento) em todo Estado . Temos como meta
dos quatro anos chegar a 2%, 2,5% do orçamento para o setor primário.
Hoje, se gasta 0,7% da receita do Estado.
Quanto a ganhar dinheiro com a floresta em pé, com fundos internacionais, o senhor ainda acredita?
Acredito
e digo mais: se não fosse a floresta em pé, nós não teríamos prorrogado
a Zona Franca de Manaus por mais 50 anos. Se não fosse assim, não
teríamos feito a Zona Franca ser reconhecida como o maior projeto de
compensação ambiental que o Brasil tem. Quando a União Europeia quis
questionar os benefícios, a presidenta Dilma foi à Europa e disse: ‘como
é que nós podemos conservar a floresta se não dermos incentivos a Zona
Franca?’. Só por isso já seria importante a questão da floresta em pé.
O
senhor se sente traído pelo governador José Melo e pelo ex-governador
Omar Aziz? Afinal, o senhor ajudou a elegê-los enquanto o PT nacional
pressionava por apoio à candidatura de Alfredo Nascimento.
Quanto ao Omar e o Melo, eu já entreguei nas mãos de Deus.
Não guarda mágoa?
Deus haverá de prover.
Essa
semana, o governador fez um gesto de aproximação à presidente Dilma, ao
dizer que nunca se comprometeu com a candidatura de Aécio Neves. Como o
senhor vê isso?
Isso
não é gesto de aproximação. É o famoso faz me rir. Ele diz isso e pega
os prefeitos que persegue, influencia e trata no cabresto. Coloca numa
sala e não aparece, manda seu candidato a vice para, junto com o Aécio,
assinarem um termo de apoio. Esse é o jogo da malandragem. Eu defendo a
Dilma porque eu acredito no projeto da Dilma. Eu não defendo a Dilma
porque estou interessado em me aproveitar da imagem da Dilma no
Amazonas.
E quanto ao Ronda no Bairro, que o senhor já disse ser boa ideia...?
É
uma boa ideia mal gerida. Sabemos das denúncias de estupro em viaturas,
da corrupção. É óbvio que não são todos, a maioria é de bons policiais.
Mas, não há uma gestão eficiente. Não há disciplina e hierarquia que
possa dar tranquilidade à população. E tem mais. Hoje, com o contrato
com essa empresa Delta, que é uma empresa cheia de escândalos no Brasil,
o que tem de carro rodando não é nem a metade do que pagamos todos os
meses. Portanto, é uma boa ideia que na prática está funcionando mal.
Precisamos voltar a ter uma polícia que tenha hierarquia, funcionamento
claro, tropa orientada corretamente. Não dá para tenente coronel mandar
em coronel. Não dá para relação familiar de tenente coronel com o
governador alterar a hierarquia dentro da PM.
E o que o senhor pretende fazer para mudar?
O
Ronda precisa de readequação tecnológica. Tem que haver interatividade
com a comunidade. Se perderam no meio do projeto. Houve uma perda na
gestão e nos princípios do projeto. A corregedoria da PM tem que
funcionar. Há uma acomodação do governo. Tem secretários que vão fazer
30 anos em secretarias.
Que critérios o senhor vai adotar para a escolha dos secretários dessa gestão?
Critérios técnicos.
Sai todo mundo que está no governo?
Não
que saia todo mundo. Há pessoas de valor. Agora, não dá para manter a
situação como está em determinados órgãos. É preciso dar uma chacoalhada
para que haja uma renovação. Dar oportunidade aos jovens talentos, que
podem ter um espaço na vida pública.
Quando
apresentou o seu plano de governo, o senhor disse que vai trazer à
pauta a construção do monotrilho. Essa é a melhor alternativa para a
mobilidade?
Vou
trazer à pauta a mobilidade e também o monotrilho. Com isso, não quero
dizer que o monotrilho é a única solução. Mas, aqueles que dizem que o
monotrilho não é a melhor solução tem que apresentar a melhor. Ninguém
apresenta nada e faz nada pela mobilidade e pelo transporte público. Eu
quero ajudar a resolver esses problemas. Precisamos reduzir o tempo que
as pessoas passam para se deslocar. Isso melhora a qualidade de vida e
até dá mais competitividade à cidade.
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